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VOTO
Vale dizer que a lei processual exige, daquele que pretende ser beneficiado com a
tutela de urgência, a demonstração de elementos de informação que conduzam à
probabilidade do direito de suas alegações, o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo decorrente da demora na prestação jurisdicional e a reversibilidade
dos efeitos antecipados.
Não se quer com isto afirmar ser necessária prova capaz de formar juízo de certeza.
Basta que o interessado junte aos autos elementos de informação consistentes,
robustos, aptos a proporcionar ao julgador o quanto necessário à formação de um
juízo de real probabilidade (e não possibilidade) a respeito do direito alegado.
No presente caso, a demanda versa sobre o ato judicial que indeferiu, em sede de
tutela de urgência, o pedido antecipação de parcela do quinhão hereditário aos
recorrentes, como medida de subsistência.
Como se não bastasse tal fato, é de se invocar, ainda, o princípio da igualdade entre
filhos, de modo que, se houve o deferimento de valor mensal ao herdeiro Luiz
Henrique Rodrigues Guimarães, a título de ajuda de custo para ajudar em seu curso
universitário, no Alvará nº 5118907-63.2020.8.09.0051, razão não há para que o
recorrente ALLAN GUIMARÃES não se sujeite às mesmas condições.
E na mesma linha de raciocínio, verifica-se, ainda, que cota parte devida somente ao
agravante ALLAN GUIMARÃES, na condição de herdeiro e sucessor testamentário,
supera 4.000.000,00 (quatro milhões de reais), montante muito superior ao valor que
será adiantado, levando à conclusão de que a liberação autorizada na decisão em
discussão em nada prejudicará qualquer outro herdeiro, tampouco o pagamento de
eventuais dívidas do espólio.
Dessarte, não vislumbro que haverá prejuízo aos outros herdeiros e credores o
adiantamento de legítima, visto que, ao final, deverá ser feita compensação dos
valores antecipados em favor dos agravantes, para apuração do quinhão que estes
efetivamente devam receber.
Por derradeiro, não há que se falar em irreversibilidade da medida, uma vez que os
valores adiantados serão compensados.
É o voto.
1008/CR