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1) Tipicidade objetiva:
“Caracteriza o tipo do art. 214 do Código Penal – atentado violento ao pudor – o fato de o
agente haver abraçado e beijado a vítima, tirando-lhe a roupa e despindo-se para, a seguir, colocar o
órgão genital entre as pernas da primeira” (STF – 2.ª T. – HC 76.992 – Rel. Marco Aurélio)
“O ato de ‘encostar o pênis’ nas nádegas de uma menor constitui, do ponto de vista objetivo e
finalístico, um ato sexual, de desafogo da libido. Inclui-se, portanto, entre as atitudes libidinosas do
atentado violento ao pudor” (TJSP – AC 113.999-3 – Rel. Luiz Betanho).
“Simples solicitação verbal, repudiada pelo destinatário, não configura ato de libidinagem. O
mesmo se pode dizer do ato que não chega a ofender o pudor do ‘homo medius’, embora praticado
‘propter obletationem carnis’”(TJRJ – AC – Rel. Raul Quental – RT 404/353).
“Fazer cócegas na barriga, pura e simplesmente, não se traduz, prima facie, em manifestação
sexual. Pode tratar-se de brincadeira inocente, sem nenhuma conotação libidinosa. É verdade que em
determinadas situações esse gesto pode ter conteúdo lúbrico. Basta, para tanto, que o agente, através de
um contato físico ativo (dele para com a vítima) ou passivo (da vítima para com ele), vise a satisfação de
um impulso sexual. (TJSP – AC 113.999-3 – Rel. Luiz Betanho).
2) Tipicidade subjetiva:
satisfação da libido não faz parte do tipo subjetivo, mesmo que faça parte da intenção do
agente.
Não há previsão da modalidade culposa.
3) Sujeitos do delito:
4) Consumação de tentativa:
“Não ocorre o atentado violento ao pudor, mesmo na forma tentada, se o acusado não chega a
praticar ato algum que o caracterize, escusando-o sua desistência. Aplica-se o instituto da desistência
voluntária” (TJSP – AC – Rel. Silva Leme – RT 563/304).
Caso a conduta seja praticada fora de local público ou acessível ao público, desde
que seu grau de lesão ao bem jurídico não seja relevante, o fato é atípico (alguns autores
aplicam o princípio da insignificância no caso). Por exemplo, o agente apalpa levemente
os seios da vítima em local particular, sem acesso ao público.
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“O toque superficial e fugaz em partes pudendas da mulher, por sobre as vestes, não configura o
crime de atentado violento ao pudor, mas sim a contravenção penal prevista no art. 61 da LCP” (TJSP –
Ap. – Rel. Geraldo Xavier – RT 754/600).
A Lei 8.072/90 incluiu o atentado violento ao pudor no rol dos crimes hediondos.
Por isso, a necessidade de analisar o caso concreto no momento de classificar a conduta,
a fim de evitar conseqüências graves a condutas sem grande lesividade.
Assim como no estupro, o atentado violento ao pudor praticado mediante
violência presumida não é crime hediondo. A hediondez está tanto em sua forma simples
quanto na forma qualificada (se resulta lesão corporal grave ou morte).
“Exsurge claramente da redação da Lei 8.072, art. 1.°, que o crime de atentado violento ao pudor
foi considerado hediondo em qualquer de suas formas, simples e qualificada” (STJ – RE 136.504/SP – Rel.
Edson Vidigal).
7) Concurso de delitos:
“Coito anal não é elemento constitutivo, conduta inicial ou meio para a realização estupro; mas,
sim, autônomo, distinto deste em seus aspectos subjetivos e materiais. Portanto, possível o concurso entre
os crimes de estupro e atentado violento ao pudor” (TACRIM-SP – AC – Rel. Valentim Silva –
JUTACRIMSP 57/334).
“Sendo diverso o modo de agir e havendo um lapso temporal superior a um mês nos crimes de
atentado violento ao pudor cometidos contra menores, tem-se caracterizado o concurso material e não a
continuidade delitiva, que necessita de unidade de desígnios” (STJ – REsp – Rel Anselmo Santiago – RT
756/538).
Parágrafo único - Se o crime é praticado contra mulher virgem, menor de 18 (dezoito) e maior
de 14 (catorze) anos:
1) Considerações iniciais:
A redação dada ao tipo penal foi modificada pela Lei 11.106/2005. Foi retirado o
termo “honesta”, para ficar claro que qualquer mulher pode ser sujeito passivo do delito.
O conceito de “mulher honesta” é dos mais subjetivos. Trata-se de um juízo de
valor revelado por determinada sociedade, dentro de certos padrões ético-sociais
vigentes. Não havia mais sentido o direito diferenciar a vítima por fundamentos
irrelevantes aos seus princípios.
Conforme Hungria, a mulher honesta é aquela que ainda não rompeu com o
mínimo de decência exigido pelos bons costumes. Como não se pode determinar qual é
esse mínimo de decência, o legislador optou pela revogação do conceito na legislação
penal.
2) Tipicidade objetiva:
A ação tipificada consiste em ter conjunção carnal com mulher, mediante fraude,
ou seja, manter cópula vagínica de modo fraudulento.
Fraude, no sentido do tipo penal, é o artifício que leva ao engano, é o meio idôneo
para enganar a mulher sobre a identidade do agente ou sobre a legitimidade da conjunção
carnal.
“A posse sexual mediante fraude é de difícil caracterização, pois não é qualquer meio enganoso
que serve de suporte a essa entidade criminal. É preciso emprego de artifícios e estratagemas, uma
situação de fato ou uma disposição de circunstâncias que torne insuperável o erro” (TJPB – AC –
870004692-2 – Rel. José Norat).
“A fraude, tal como posta no art. 215 do CP, não se confunde com as promessas dolosas de
sedução, mas exige mais que isso, vale dizer, o engano da mulher sobre a identidade pessoal do agente ou
sobre a legitimidade da conjunção carnal a que se presta” (TJSP – AC – Rel. Coelho de Paula – RT
548/305).
“A posse sexual mediante fraude se apresenta quando a mulher é levada a erro, pelo meio
empregado pelo agente, a consentir na conjunção carnal. O apelante armou um cenário iludente, fazendo-
se passar pelo marido da vítima, para possuí-la sexualmente. Aproveitou-se do fato de estar viajando o
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marido da vítima, apagou as luzes, desligando a chave geral e se introduziu no quarto como se fosse o
marido. Deitou-se ao lado da mulher e a possuiu sexualmente. Só depois de completado o ato é que se
percebeu a fraude, tendo a mulher gritado por socorro aos vizinhos” (TJMG – AC – Rel. Maurício
Delgado – JM 104/214).
“Por fraude, se deve entender todo meio astucioso, o ardil, o engano, ou outras práticas exigentes
de apreciação ‘in concreto’ para serem consideradas como tais. São consideradas a simulação do
casamento, substituir-se ao marido na escuridão da alcova ou ainda casar-se somente na igreja,
convencendo a vítima de ser tal casamento o único válido” (TJSP – HC – Rel. Goulart Sobrinho – RT
114/410).
“Crime contra os costumes – Posse sexual mediante fraude – Apelante que fazia-se passar por
‘pai-de-santo’ – Hipotética incorporação de uma entidade e pedidos para que as ofendidas se despissem e
praticassem relações sexuais. Narração harmônica e coerente das vítimas. Réu que é um verdadeiro
‘estelionatário sexual’” (TJSP – AC – 197.613-3 – Rel. Lineu Carvalho – Boletim IBCCrim n.° 40, p. 136).
3) Tipicidade subjetiva
4) Sujeitos do delito:
5) Consumação e tentativa:
6) Forma qualificada:
Art. 216. Induzir alguém, mediante fraude, a praticar ou submeter-se à prática de ato libidinoso
diverso da conjunção carnal:
1) Considerações iniciais:
Não há crime de atentado violento ao pudor mediante fraude, uma vez que
inexiste violência ou grave ameaça. Somente há o atentado ao pudor.
O termo “mulher honesta” foi substituído por “alguém” pela Lei 11.106/2005. Ou
seja, o homem também pode ser sujeito passivo.
2) Tipicidade objetiva:
A conduta é similar ao art. 215, com a diferença que o ato visado pelo agente é
outro que não seja a conjunção carnal. Valem as mesmas observações ao crime de
atentado violento ao pudor.
Há necessidade de fraude para a consumação do crime.
“Comete o delito do art. 216 do CP aquele que se vale da condição de enfermeiro para abusar da
doente, submetendo-a a atos de libidinagem a pretexto de aplicar-lhe as injeções de que necessitava”
(TJSP – AC – Rel. Acácio Rebouças – RT 380/155).
“Réu que abusa da ingenuidade da vítima e, a pretexto de dar-lhe ‘aula de ginecologia’, com ela
pratica atos libidinosos diversos da conjunção carnal. Aquiescência da vítima exclui o crime de atentado
violento ao pudor” (TJSP – AC – Rel. Adriano Marrey – RJTJSP 19/443).
3) Forma qualificada: