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Código Penal
1
social sob o ponto de vista sexual1, reprimindo as condutas que afetassem
a moral média da sociedade. Com o advento da nova lei, o objeto
jurídico passou a ser a dignidade da pessoa humana no que concerne à
sexualidade, adaptando-se inclusive à Constituição Federal de 1988.
Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que
com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se
a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2º Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
1
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. v. 3. Saraiva: São Paulo, 2004. p. 1.
2
NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes contra a dignidade sexual : comentários à lei
12.015, de 7 de agosto de 2009. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 14.
2
O bem jurídico ainda é, por excelência, a liberdade
sexual, mas agora não se limita apenas à mulher. Tanto homens quanto
mulheres podem, portanto, ser sujeito ativo e passivo do crime de estupro
(crime bi-comum3). Ademais, de acordo com Rogério Greco, consideram-
se também a dignidade e o desenvolvimento sexual como bens
juridicamente protegidos.
3
CUNHA, Rogério Sanches; GOMES, Luiz Flavio; MAZZUOLI, Valerio de Oliveira.
Comentários à reforma criminal de 2009 e à Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 37.
4
GRECO, Rogério. Adendo. Lei nº 12.015/2009 : Dos crimes contra a dignidade sexual.
Niterói/RJ: Impetus, 2009. p. 12.
5
GOMES, Luiz Flávio; MOLINA, Antonio García-Pablos de. Direito Penal. v. 2. Parte Geral.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 100.
3
No mesmo sentido:
4
conjunção carnal. Esta corrente parte do pressuposto de que se trata de
tipo misto cumulativo, caso contrário, o legislador não teria feito a
distinção entre a conjunção carnal e outro tipo de ato libidinosos.
5
pois apresenta várias formas de violação do mesmo objeto
jurídico – a liberdade sexual. Assim, mesmo que o agente
pratique, no mesmo contexto fático e sucessivamente, mais de
uma ação típica – como na hipótese de conjunção carnal
seguida de sexo anal ou oral –, por força do princípio da
alternatividade, responderá por crime único, devendo, no
entanto, a pluralidade de verbos efetivamente praticados ser
considerada na fixação da pena (art. 59 do CP).
Na hipótese, considerando o novo enquadramento legal do
crime de estupro (CP, art. 213), forçoso concluir que o apelante
praticou crime único, ensejando a aplicação retroativa da Lei n.
12.015/09, por se tratar de norma penal mais benéfica, nos termo
do art. 2º, parágrafo único, do Código Penal.
No mesmo sentido:
9
CUNHA, Rogério Sanches; GOMES, Luiz Flavio; MAZZUOLI, Valerio de Oliveira.
Comentários à reforma criminal de 2009 e à Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. pags. 36-37.
6
Pode-se argumentar, nesse caso, que não se trata de
crime de ação múltipla ou conteúdo variável, pois não se estabelece mais
de um núcleo do tipo (como no caso do tráfico de drogas, previsto no
artigo 33 da Lei n° 11.343/06), limitando-o apenas ao verbo “constranger”.
O que varia é o complemento verbal, que não integra o núcleo do tipo e
pode, portanto, ser duplo, ensejando a caracterização de dois crimes
distintos.
10
NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes contra a dignidade sexual: comentários à lei
12.015, de 7 de agosto de 2009. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 65-66.
7
Fase executória (com trânsito em julgado): nesta hipótese,
podem-se citar duas orientações a respeito. Pela primeira,
compete ao juiz da execução criminal, segundo dispõe a Súmula
611 do Supremo tribunal Federal, que tem o seguinte enunciado:
“Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao
juízo das execuções a aplicação da lei mais benigna”.
Quando a lei mais benigna consistir em lei nova, a Lei de
Introdução ao Código de Processo Penal dá respaldo legal a essa
interpretação pretoriana, estabelecendo: “A aplicação da lei
nova a fato julgado por sentença condenatória irrecorrível, nos
casos previstos no art. 2º e seu parágrafo único, do Código Penal,
far-se-á mediante despacho do juiz, de ofício, ou a requerimento
do condenado ou do Ministério Público (art. 13 da Lei de
Introdução ao Código de Processo Penal). Mais recentemente, a
Lei de Execução Penal, na mesma linha, estabelece: “Compete
ao juiz da execução: aplicar aos casos julgados lei posterior que
de qualquer modo favorecer o condenado” (art. 66, I, da Lei n.
7.210/84).
Esse é o entendimento majoritário da doutrina, embora, convém
que se registre, os dois diplomas legais citados refiram-se sempre a
“lei posterior” mais benigna, não havendo nada a respeito da
anterior com ultra-atividade. No entanto, nessa hipótese, aplica-se
a analogia in bonam parten.
Pelo segundo entendimento, cabe ao tribunal conhecer, decidir e
aplicar, por meio da revisão criminal. Essa posição é defendida
fundamentalmente por Alberto Silva Franco, para quem algumas
complexidades excepcionais justificariam o deslocamento da
competência nos termos propostos. Para sustentar seu
entendimento, Silva Franco invoca as hipóteses de participação
de menor importância ou participação em fatos menos graves,
que, segundo pensa, demandariam exame mais aprofundado da
prova, para o qual o juiz da execução não estaria aparelhado.
Conclui que entendimento contrário transformaria “o juiz da
execução penal em um 'superjuiz', invadindo, inclusive, seara
privativa da Segunda Instância”.
Adotamos o entendimento que sustenta a competência do juiz
da execução, que, a nosso juízo, é o juiz natural para conhecer e
julgar todos os conflitos, direitos, ações e exceções, após o início
da execução penal, que interessarem ao sentenciado, afora o
fato de, com essa providência, evitar-se a supressão de um grau
de jurisdição. Nada impede, contudo, que a excepcionalidade
do caso concreto recomende, nessa hipótese, a competência de
uma Instância Superior. 11
8
BENÍGNAS, QUANTO À PENA, MAS POSTERIORES À CONDENAÇÃO
DEFINITIVA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DAS EXECUÇÕES CRIMINAIS:
SÚMULA 611 DO S.T.F. 1. Os fatos delituosos ocorreram a 29/4/1993.
2. A sentença de 1º grau foi proferida a 22/10/1993, e repeliu
adequadamente a aplicação do § 4º do art. 159 do Código
Penal, introduzido pela Lei nº 8.072, de 25/7/1990. 3. Em grau de
apelação, o acórdão do extinto Tribunal de Alçada Criminal do
Estado do Rio de Janeiro, datado de 21/8/1995, manteve a
sentença em sua integralidade, sem incidir em qualquer omissão,
pois, desse modo, também rejeitou a aplicação da norma
referida. 4. Sobreveio a Lei nº 9.269, de 2/4/1996, que deu nova
redação ao referido § 4º do art. 159 do Código Penal. E, depois, a
Lei nº 9.807, de 13/7/1999, com seu art. 14. Ambas conferindo,
aparentemente, tratamento mais benigno, quanto ao montante
da pena. Mas posteriores à condenação definitiva. Tais questões,
por isso mesmo, não foram submetidas às instâncias ordinárias e
não poderiam ser suscitadas diretamente, em "Habeas Corpus",
perante o Superior Tribunal de Justiça, nem perante esta Corte,
porque o julgamento implicaria supressão de instâncias, já que
seu exame cabe, primeiramente, ao Juízo das Execuções
Criminais, nos termos do art. 66, I, da L.E.P. e da Súmula 611 do
Supremo Tribunal Federal. 5. No caso, na impetração do H.C.
9.130, perante o S.T.J., foi pleiteada a aplicação do § 4o do art.
159 do Código Penal, acrescentado pela Lei nº 8.072/90, e
também a alteração resultante da Lei nº 9.269, de 2.4.1996. O
S.T.J. rejeitou ambas as pretensões. A primeira correta e
explicitamente. E a segunda apenas de modo implícito. Quanto a
esta última, não poderia, desde logo, repelir o pedido, que deve
ser submetido, em primeiro lugar, ao Juízo das Execuções
Criminais, por se tratar de lei posterior à condenação definitiva
ocorrida em 21.8.1995, com o improvimento da Apelação. 6.
"Habeas Corpus" deferido, em parte, apenas para se excluir, do
acórdão do Superior Tribunal de Justiça, o exame do "writ", em
face da Lei nº 9.269, de 2/4/1996, que deu nova redação ao § 4º
do art. 159, porque posterior à condenação definitiva. Sendo
assim, o pedido de redução de pena, com base nesse diploma,
ou, mesmo, no art. 14 da Lei nº 9.807, de 13/7/1999, deve ser
submetido pelo paciente ao Juízo das Execuções Criminais, nos
termos do art. 66, I, da L.E.P. e da Súmula 611 do Supremo Tribunal
Federal. 12
9
DESNECESSIDADE DA PRODUÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS
PROBATÓRIOS. RESPEITO AO CONTRADITÓRIO E COISA JULGADA.
COAÇÃO ILEGAL DEMONSTRADA.
1. Ao Juízo da Execução compete, nos termos do art. 66, I, da LEP,
"aplicar, aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo
favorecer o condenado". Exegese também da Súmula n. 611 do
STF.
2. Compete ao Juízo da Execução decidir sobre o
preenchimento, ou não, pelo condenado definitivamente por
sentença transitada em julgado antes da entrada em vigor da Lei
n. 11.343/06, dos requisitos exigidos para a aplicação do § 4º do
art. 33 da citada legislação, que podem ser aferidos pelo
conjunto probatório coletado no processo principal, não se
exigindo a produção de novas provas nesse sentido.
3. A decisão do Juízo Executório que conclui pela incidência do §
4º do art. 33 da Lei n. 11.343/06 está sujeita à prévia manifestação
do órgão ministerial, em fiel observância ao princípio do
contraditório, e submete-se ainda ao duplo grau de jurisdição.
4. A Constituição Federal excepciona a regra da intangibilidade
da coisa julgada, prevista no art. 5º, XXXVI, quando estabelece a
retroatividade de lei penal nova mais benigna (art. 5º, LX).
REDUÇÃO NO PATAMAR MÁXIMO. QUESTÃO NÃO DEBATIDA PELA
CORTE ORIGINÁRIA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. NÃO
CONHECIMENTO DO WRIT NESSE PONTO.
1. Não tendo a questão referente ao quantum utilizado pelo
magistrado singular para diminuir a sanção do paciente sido
objeto de exame pela Corte originária, mostra-se impossível a sua
análise por este Superior Tribunal, sob pena de indevida supressão
de instância.
2. Ordem parcialmente conhecida e, nesse ponto, concedida
para, cassando o acórdão impugnado, restabelecer a decisão
do Juízo da Execução que reduziu a pena do paciente por força
da entrada em vigor do § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/06. 13
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus 123413/RJ. Relator Ministro Jorge
13
10
de caracterizar estupro qualificado quando o constrangimento decorresse
14
de grave ameaça . Sobre o tema:
14
Nesse sentido: O legislador, no caput, menciona “se da violência resulta...”, ao passo
que no parágrafo único usa a expressão “se do fato resulta...”. O legislador refere-se
sempre à violência. A expressão usada no parágrafo único não pode ser interpretada
em sentido mais amplo que a expressão utilizada no caput. (JESUS, Damásio E. de.
Código Penal anotado. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 773.)
15
NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes contra a dignidade sexual : comentários à lei
12.015, de 7 de agosto de 2009. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 24-25.
16
GRECO, Rogério. Adendo. Lei nº 12.015/2009 : Dos crimes contra a dignidade sexual.
Niterói/RJ: Impetus, 2009. p. 15.
11
tanto por dolo quanto por culpa. [...] Constitui equívoco, em nosso
entendimento, pretender a divisão, na última hipótese, em
concurso de crimes, vale dizer, levar o agente a responder por
estupro em concurso com homicídio, desde que haja dolo quanto
ao resultado morte. Afinal, o crime qualificado pelo resultado
existe como figura típica autônoma e destacada justamente para
permitir ao legislador fixar a pena adequada a esses delitos com
resultado duplo, num mesmo contexto, sem que o juiz se valha do
instituto do concurso de crimes. Separar o crime qualificado pelo
resultado, a bel prazer, significa lesão ao princípio da legalidade.17
12
meio deve ter conotação fraudulenta. Sobre o tema, Rogério Greco
esclarece que:
19
NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes contra a dignidade sexual : comentários à lei
12.015, de 7 de agosto de 2009. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 28-29.
13
vulnerável (art. 217-A do CP), o agente que usa psicotrópicos
para vencer a resistência da vítima e com ela manter a
conjunção carnal. 20
Assédio sexual
Art. 216-A. [...]
§ 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor
de 18 (dezoito) anos.
Estupro de vulnerável
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no
caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou
que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
§ 2º (VETADO)
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4º Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
20
CUNHA, Rogério Sanches; GOMES, Luiz Flavio; MAZZUOLI, Valerio de Oliveira.
Comentários à reforma criminal de 2009 e à Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 43.
14
O artigo 224 do Código Penal, que arrolava os casos em
que se presumia a violência, foi expressamente revogado pela Lei n.
12.015/09. Destarte, não será mais possível a utilização de norma de
extensão para que o agente incida nas penas do artigo 213.
15
penal. Sem afetar o bem jurídico, no mínimo colocando-o em
risco efetivo, não há infração penal. 21
21
Op. cit. p. 22.
22
Op. cit. p. 224.
23
GRECO, Rogério. Adendo. Lei nº 12.015/2009 : Dos crimes contra a dignidade sexual.
Niterói/RJ: Impetus, 2009. p. 72.
16
Guilherme de Souza Nucci salienta que a discussão a
respeito do caráter absoluto conferido à vulnerabilidade não se encerra
com a nova redação legal, in verbis:
17
nessa hipótese, é mais gravosa, não alcançando os fatos
anteriores. 25
Corrupção de menores
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a
lascívia de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Parágrafo único. (VETADO).
25
CUNHA, Rogério Sanches; GOMES, Luiz Flavio; MAZZUOLI, Valerio de Oliveira.
Comentários à reforma criminal de 2009 e à Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 51.
26
Op. cit. p. 47.
18
vítima menor de 14 anos, não pode consistir em conjunção carnal
ou atos libidinosos diversos da cópula normal, pois, nesses casos,
haverá o crime de estupro de vulnerável (Art. 217-A do CP). Limita-
se, portanto, às práticas sexuais meramente contemplativas,
como por exemplo, induzir alguém menor de 14 anos a vestir-se
com determinada fantasia para satisfazer a luxúria de alguém. 27
27
CUNHA, Rogério Sanches; GOMES, Luiz Flavio; MAZZUOLI, Valerio de Oliveira.
Comentários à reforma criminal de 2009 e à Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 53.
28
Op. cit. p. 87.
19
Cuida-se de novo tipo, que criminaliza duas condutas:
20
O artigo em análise criou uma modalidade especial de
delito de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração
sexual, com a diferença de que a vítima é considerada vulnerável. Por
conseguinte, criminaliza-se a exploração sexual de pessoa menor de 18
(dezoito) anos ou que não tenha o discernimento necessário à prática do
ato - conceito de pessoa vulnerável mais amplo do que o constante do
artigo 217-A, haja vista que inclui o menor de 18 (dezoito) anos -,
tipificando ainda a conduta de impedir ou dificultar que abandone a
prostituição.
29
Op. cit. p. 107.
21
Cabe lembrar que o § 2º, I, menciona apenas vítimas
menores de 18 (dezoito) e maiores de 14 (catorze) anos, pois, caso se trate
de vítima menor de 14 (catorze) anos, restará caracterizado o crime de
estupro de vulnerável.
Ação penal
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,
procede-se mediante ação penal pública condicionada à
representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal
pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos
ou pessoa vulnerável.
22
parâmetro o § 1º do artigo 217-A. Assim, consideram-se vulneráveis para
fins de aplicação do parágrafo único do artigo 225 aqueles que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tenham discernimento ou, por
qualquer outra causa, não possam oferecer resistência.
a norma como parte de um todo. (BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal.
v. 1. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 160.)
31
Op. cit. p. 23.
32
Op. cit. p. 62.
23
advento da Lei 12.015/09, aplicando-se o princípio da legalidade,
afirma, categoricamente, ser ação pública condicionada à
representação. Logo, deve o magistrado, nesses casos, determinar
a intimação da vítima, a fim de colher, de imediato (não há novo
prazo de seis meses para tanto) a sua manifestação. Se pretender
a continuidade da ação penal, conduzida pelo MP, deve
formalizar a representação – ou simplesmente demonstrar
assentimento, que pode, inclusive, ser obtido tacitamente. Se não
quiser o prosseguimento da ação penal, basta negar e o juiz
deverá julgar extinta a punibilidade. Retira-se a legitimidade do
Ministério Público para prosseguir na demanda, pois a vítima não
foi consultada e a nova lei determina que assim seja feito. A
retroatividade é imperiosa, pois o art. 225 tem sérias implicações
de ordem material.33
33
Op. cit. pags. 68-69.
24
Para uma terceira posição, além de admitir a especialidade do
art. 225 sobre o art. 101 e, por isso, derrogá-lo, este último não tem
aplicação aos crimes de estupro e de atentado violento ao
pudor, porque nenhuma dessas infrações é complexa. Tanto uma
quanto a outra compõem-se de um único fato típico: o
constrangimento ilegal, dirigido a uma finalidade especial, qual
seja, à realização da conjunção carnal ou do ato libidinoso
daquela diverso. Estes (ato libidinoso diverso da conjunção carnal
e a própria conjunção carnal) não constituem, por si sós, ilícito
algum. 34
34
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. v. 1. São Paulo: Atlas, 2008. p. 549-550.
25
O fato constitutivo da violência, pois, não se inclui na tipificação
do constrangimento ilegal (C. Penal, art. 146, caput), como aliás
se infere da objetividade jurídica deste; mas, inclui-se ela, ao
contrário, no de estupro ou atentado violento ao pudor mediante
violência real: as formas simples englobam as vias de fato e a
lesão corporal leve (C. Penal, art. 213, caput; e art. 214. caput) e,
as qualificadas a lesão corporal grave ou a morte (C. Penal, art.
223 e parág. Único).
Não se trata, data venia, ao menos quando praticado com
violência real, de mero constrangimento ilegal com finalidade
específica, mas de delitos efetivamente complexos.35 (grifos
constantes do texto original)
35
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus 86.058-3/RJ, Relator Ministro Sepúlveda
Pertence, julgado em 25/10/2005. Disponível em www.stf.jus.br Acesso em 4 set. 2009.
36
Op. cit. p. 532.
26
Entendemos, com o devido respeito, que a ação penal, para os
casos praticados antes da vigência da nova lei, deve continuar
sendo privada (queixa-crime), vez que, do contrário, estar-se-ia
subtraindo inúmeros institutos extintivos da punibilidade do
acusado (ex.: renúncia, perdão do ofendido, perempção etc.). A
mudança da titularidade da ação penal é matéria de processo
penal, mas conta com reflexos penais imediatos. Daí a imperiosa
necessidade de tais normas (processuais, mas com reflexos penais
diretos) seguirem a mesma orientação jurídica das normas penais.
Quando a inovação é desfavorável ao réu, não retroage. 37
37
CUNHA, Rogério Sanches; GOMES, Luiz Flavio; MAZZUOLI, Valerio de Oliveira.
Comentários à reforma criminal de 2009 e à Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 63.
27
O legislador incluiu no artigo 228 o termo “exploração
sexual”, criminalizando um rol maior de condutas. No que concerne à
diferença entre prostituição e exploração sexual, extrai-se da obra de
Guilherme de Souza Nucci:
38
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 275.
39
CUNHA, Rogério Sanches; GOMES, Luiz Flavio; MAZZUOLI, Valerio de Oliveira.
Comentários à reforma criminal de 2009 e à Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 65-66.
28
Casa de prostituição
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro,
estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não,
intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente:
[...]
40
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. v. 4. São Paulo: Saraiva, 2009. p.
69.
41
Idem. p. 70.
42
GRECO, Rogério. Adendo. Lei nº 12.015/2009: Dos crimes contra a dignidade sexual.
Niterói/RJ: Impetus, 2009. p. 138.
29
A profunda inovação introduzida pela Lei 12.015/2009 foi substituir
casa de prostituição ou lugar destinado a encontro para fins
libidinosos por estabelecimento em que ocorra a exploração
sexual, expressão muito mais pertinente (para o fim de
incriminação da conduta), permitindo abranger não só os
prostíbulos, mas qualquer espaço que venha a servir de abrigo
habitual para a prática de comportamentos contra a dignidade
sexual de alguém, ou seja, comportamentos que denotem
“exploração” sexual. 43
43
CUNHA, Rogério Sanches; GOMES, Luiz Flavio; MAZZUOLI, Valerio de Oliveira.
Comentários à reforma criminal de 2009 e à Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 69.
44
Idem. p. 145.
45
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal comentado. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 852.
30
eventual leniência social ou mesmo das autoridades públicas e
policiais não descriminaliza a conduta delituosa.
2. A Lei Penal só perde sua força sancionadora pelo advento de
outra Lei Penal que a revogue; a indiferença social não é
excludente da ilicitude ou mesmo da culpabilidade, razão pela
qual não pode ela elidir a disposição legal.
3. O MPF manifestou-se pelo provimento do recurso.
4. Recurso provido para, reconhecendo como típica a conduta
praticada pelos recorridos, determinar o retorno dos autos ao Juiz
de primeiro grau para que analise a acusação, como entender
de direito. 46 (grifamos)
Rufianismo
Art. 230. [...]
§ 1º Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze)
anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto,
madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou
curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem
assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção
ou vigilância:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 2º Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça,
fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre
manifestação da vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena
correspondente à violência.
46
Recurso Especial n° 020406/RS, Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, julgado em
05/03/2009.
31
Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual
Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de
alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma
de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no
estrangeiro.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou
comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento
dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la.
§ 2º A pena é aumentada da metade se:
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato;
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão,
enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou
empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma,
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.
§ 3º Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem
econômica, aplica-se também multa.
32
conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-
la.
§ 2º A pena é aumentada da metade se:
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o
necessário discernimento para a prática do ato;
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão,
enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou
empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma,
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.
§ 3º Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem
econômica, aplica-se também multa.
Aumento de pena
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada:
I – (VETADO);
II – (VETADO);
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima
doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber
ser portador.
33
(direto e eventual) ou também de culpa. Sobre o tema, Rogério Greco
afirma que:
47
Op. cit. pags. 22-23.
48
NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes contra a dignidade sexual : comentários à lei
12.015, de 7 de agosto de 2009. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 99.
34
Lei de Crimes Hediondos
35
da metade quando a vítima encontrar-se em qualquer das
hipóteses referidas no art. 224 do CP. Com a revogação deste
dispositivo, parece clara a conclusão de que referida majorante
também foi abolida.
[…]
Havendo violência real, dispensava-se a presunção do art. 224,
respondendo o agente pelo crime do art. 2134 ou 214, conforme
a conduta, majorado de ½ de acordo com determinação
prevista no art. 9º da Lei dos Crimes Hediondos, gerando uma
baliza punitiva de 9 a 15 anos. A nova pena é mais benéfica (8 a
15 anos), retroagindo (art. 2º, parágrafo único, do CP). 49
36
unissubjetivo (pode ser cometido por uma só pessoa);
plurissubsistente (cometido por mais de um ato); admite tentativa,
embora de difícil configuração.50 (grifamos)
50
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 231.
51
CUNHA, Rogério Sanches; GOMES, Luiz Flávio (org.). Legislação criminal especial. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 150-153.
52
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus 92014/SP, Relator Ministro Ricardo
Lewandowski, julgado em 02/09/2008.
37
elencadas no artigo em estudo podem ser praticadas com a utilização de
quaisquer meios eletrônicos (§ 1º). Ademais, estabeleceu aumento de
pena caso a infração cometida esteja dentre as previstas na Lei de Crimes
Hediondos (§ 2º).
38