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FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Departamento de Direito Econômico, Financeiro e Tributário

Disciplina: DIREITO TRIBUTÁRIO II


Professores: Humberto Ávila
Turma: 4º Ano Diurno/Noturno

Seminário – 2º semestre de 2020

Caso 03 – Sujeitos da Obrigação Tributária

O MERCADO ABERTO S.A. é plataforma digital que, exercendo a atividade de


marketplace, permite que lojistas e pessoas físicas localizados em qualquer parte do
Brasil possam realizar vendas de mercadorias para consumidores localizados em outras
partes do País. A empresa disponibiliza um site para tanto, em que os vendedores
podem cadastrar os seus produtos e os compradores podem adquiri-los, optando, ou não,
por serviços adicionais, como o pagamento de seguro e de garantia estendida. A
MERCADO ABERTO não é responsável pela entrega física dos produtos vendidos por
intermédio da plataforma Por essas atividades, o MERCADO ABERTO cobra dos
vendedores uma comissão de 12% do valor da venda.

Em face do crescimento das operações da empresa e de seus concorrentes no


Estado da Paraíba, este ente federativo passou a preocupar-se com o ICMS devido nas
operações de venda a pessoas físicas residentes no Estado, que deve ser recolhido ao seu
fisco, na forma do art. 155, § 2º, VII, da CF/88, inserido pela Emenda Constitucional
87/15. As autoridades tributárias estaduais queixavam-se da dificuldade de fiscalização,
haja vista os contribuintes estarem localizados em diversos estados da federação. Em
face dessa situação, a Lei Estadual 11.615/19 adicionou o inciso X ao art. 32 da Lei
Estadual 6.379/96, atinente ao ICMS, prevendo a responsabilidade solidária das
empresas de marketplace:

Art. 32. Respondem solidariamente pelo pagamento do imposto e


respectivos acréscimos legais:
X - as empresas que, por meio de aplicativos, softwares e/ou
plataformas de informática, realizem intermediação, entre dois ou
mais contribuintes ou entre contribuintes e consumidores finais, de
operações e/ou prestações de serviços sujeitas à incidência do ICMS,
quando forem responsáveis pelo recebimento e repasse dos
pagamentos realizados para a concretização de tais operações e/ou
prestações.
Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta
benefício de ordem.

Irresignada com esse dispositivo, especialmente por não possuir meios de


fiscalizar os vendedores que anunciam produtos pelo seu site, muitos dos quais não são
contribuintes do ICMS (pessoas físicas) ou estão sujeitos ao Simples Nacional, o
MERCADO ABERTO impetrou Mandado de Segurança pedindo a declaração de
ilegalidade do dispositivo em questão, por violação ao CTN. A sentença julgou
procedente o pedido. Desse modo, considerando-se a Apelação do Estado da Paraíba, à
luz da matéria “Sujeitos da Obrigação Tributária” elaborem:

(i) como representantes do Fisco (grupo 5), os argumentos para sustentar a


conformidade do dispositivo com o CTN;
(ii) como representantes dos contribuintes (grupo 1), os argumentos para
sustentar que o dispositivo viola o CTN;
Esclareça-se que demais argumentos que transbordem da mencionada matéria
poderão ser suscitados, devendo, porém, os debates em sala centrar-se no tema da aula
para a resolução do caso.

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