Departamento de Direito Econômico, Financeiro e Tributário
Disciplina: DIREITO TRIBUTÁRIO II
Professores: Humberto Ávila Turma: 4º Ano Diurno/Noturno
Seminário – 2º semestre de 2020
Caso 08 – Parcelamento
A CONSTRUTORA OBRA BOA LTDA. desenvolve uma série de projetos
habitacionais em vários Estados do Brasil, especialmente no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida. No Estado de Sergipe, a construtora estava sendo compelida ao pagamento da “taxa de aprovação de projetos de construção e taxa anual de segurança contra incêndio”, prevista na Lei Estadual 4.184/1999. Por considerar que essa taxa violaria o art. 145, II, da Constituição Federal, o contribuinte impetrou Mandado de Segurança, em 2013, para declarar o seu direito pretensamente líquido e certo ao não recolhimento da taxa em questão. Foi proferida sentença de total improcedência do feito, da qual o contribuinte apelou. Em março de 2017, o Estado de Sergipe editou a Lei fictícia 7.891/17, que concedeu parcelamento em 120 (cento e vinte) parcelas, com redução de 100% (cem por cento por cento) das multas de mora e de ofício, de 80% (oitenta por cento) dos juros de mora e de 50% (cinquenta por cento) do valor da correção monetária, condicionado à desistência, por parte do contribuinte, de quaisquer medidas judiciais e à renúncia ao direito em que se fundam. Considerando os riscos de sua apelação não ser provida, as vantagens atrativas do programa de parcelamento e a necessidade de obtenção de Certidão Negativa de Débitos, a CONSTRUTORA OBRA BOA LTDA. resolveu aderir ao programa, desistindo do seu recurso e renunciando ao direito em que se fundara a ação. Com isso, foi certificado o trânsito em julgado da sentença que havia considerado improcedente o pedido de declaração do direito ao não recolhimento da taxa e o contribuinte passou a recolher as parcelas. Contudo, em outubro de 2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu, nos autos da ADI 2.908 (DJe 06/11/2019), que a referida taxa é inconstitucional, pelos exatos argumentos que haviam sido veiculados na petição inicial da CONSTRUTORA OBRA BOA LTDA. Nesse contexto, a construtora ajuizou novo Mandado de Segurança, visando à declaração do seu direito pretensamente líquido e certo de não recolher as prestações vincendas do parcelamento, em razão da decisão proferida pelo STF, com eficácia erga omnes. A sentença julgou improcedente o pedido, ao fundamento de que o contribuinte havia renunciado ao direito em questão. A empresa apelou. Desse modo, à luz da matéria “parcelamento” elaborem: (i) como representantes do contribuinte (grupo 5), os argumentos cabíveis para sustentar a procedência do pleito da CONSTRUTORA OBRA BOA LTDA.; (ii) como representantes do Fisco (grupo 1), os argumentos cabíveis sustentar a improcedência do pleito da CONSTRUTORA OBRA BOA LTDA. Esclareça-se que demais argumentos que transbordem da mencionada matéria poderão ser suscitados, devendo, porém, os debates em sala centrar-se no tema da aula para a resolução do caso.