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EXCELENTÍSSIMO JUZO DE DIREITO DA ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL DE

FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE MACAPÁ-AP.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, brasileiro, solteiro, funcionário público, endereço


eletrônico alvesalfaiaserrao.adv@gmail.com, portador de cédula de identidade nº
239216/AP e CPF sob nº 592.033.582-34, residente e domiciliado à Avenida Caramurú, nº
631, Bairro do Zerão, Macapá-AP, CEP: 68.903-430, cidade de Macapá, estado do Amapá,
CEP 68.900-000, vem respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, por meio de seu
advogado in fini assinado, propor

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER c/c COBRANÇA DE RETROATIVO

em face do MUNICÍPIO DE MACAPÁ, pessoa jurídica de direito público, inscrito no


CNPJ sob o nº. 05.995.766/0001-77, com endereço hábil a receber citações e intimações na
Av. Procópio Rola, n°. 158, Central, Macapá⁄AP, CEP 68.900-081; expondo e ao final
requerendo o quanto segue:

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1. DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Nobre Julgador, esclarece, que no momento é inviável o Requerente realizarem o


pagamento pecuniário, visto que, se encontra com dificuldade financeira. Assim, de acordo
com o entendimento jurisprudencial, pode-se, haver, a concessão da Justiça Gratuita, ou
custas mínimas e o pagamento das custas processuais ao final do processo.
O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, já se manifestou nesse
sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA. AJG. DEFERIMENTO


DE PAGAMENTO DE CUSTAS AO FINAL. EXCEÇÃO. CONSTRUÇÃO PRETORIANA.
NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DAS DIFICULDADES FINANCEIRAS. Evidenciada
a momentânea dificuldade financeira da recorrente, não há falar em concessão da
AJG, mas viável deferir o pagamento das custas ao final do processo. PROVIDO EM
PARTE O RECURSO. (Agravo de Instrumento Nº 70054345319, Oitava Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alzir Felippe Schmitz, Julgado em 29/04/2013).
(Grifo nosso)

Com o mesmo entendimento, o Superior Tribunal de Justiça, afirma que:


PROCESSUAL CIVIL. CUSTAS. PREPARO. PRÉVIO. CPC, ARTIGO 257. INTERPRETAÇÃO
AMOLDADA À REALIDADE DO CASO CONCRETO. 1. A interpretação das
disposições legais não pode desconsiderar a realidade ou a chamada "natureza das
coisas" ou a "lógica do razoável". Com afeição à instrumentalidade do processo-
meio e não fim, deve guardar o sentido equitativo, lógico e acorde com as
circunstâncias objetivamente demonstradas. O direito não é injusto ou desajustado
à dita realidade.
2. No caso, considerada a situação financeira da parte interessada, se
inarredável a exigência do recolhimento prévio, o valor das custas, por si,
impediria a defesa, interditando o acesso ao Poder Judiciário. Demais, adiar o
recolhimento para o final do processo, não significa ordem isencional. 3.
Precedentes. 4. Recurso sem provimento.’ (Resp 161440/RS, 1ª Turma, STJ, Rel Min.
Milton Luiz Pereira). (Grifo nosso)

Assim, diante da situação financeira do Requerente, sendo inviável para o mesmo


realizar o pagamento das custas processuais, requer a Gratuidade de Justiça, nos termos
dos artigos 98 e 99 do Código de Processo Civil. Caso, não seja este o seu entendimento,
requer a concessão do pagamento das custas parceladas ou ao final do processo.

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2. DO RESUMO FÁTICO

O Requerente é servidor público do quadro ativo da funcionários do Município de


Macapá, sendo admitido por meio de concurso público, exercendo e cumprindo com
todas as suas obrigações nos termos da norma jurídico. Ressalta-se, que o presente
processo versa sobre o não pagamento do benefício do PIS/PASEP, na qual o Requerente
não recebe a mais de 5 anos.
O requerente não recebe seu Pis/Pasep a algum tempo, conforme se verifica no
estrato do PIS/PASEP, por conta que o Requerido deixou de realizar os depósitos do
benefício, conforme se faz provas os extratos RAIS- RELAÇÃO ANUAL DE INFORMAÇÕES
SOCIAS, anexo.
Todos os servidores do Município de Macapá que recebe até dois salários mínimos
como vencimento base tem direito ao recebimento do benefício PIS/PASEP que
corresponde a um salário mínimo vigente.
O PIS Pasep é um direito de todo trabalhador brasileiro por ser um abono salarial, é
o benefício mais buscado já que ajuda o trabalhador que tem carteira assinada e aqueles
que se enquadram nos termos do recebimento do benefício. Logo abaixo vamos falar mais
sobre esse benefício, confira.
O PIS/Pasep nada mais é que contribuições sociais que são recolhidas pelas
empresas, essas contribuições são transformadas em benefícios aos trabalhadores tanto
dos setores privado, quanto do setor público.
Neste contexto, todos os trabalhadores que tem carteira assinada são inscritos de
forma automática pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). As contribuições são
realizadas no Banco do Brasil para servidores públicos incluídos pelo PASEP, e na Caixa
Econômica Federal para quem contribui pelo PIS, ressalta-se, que o governo todos os anos,
por meio de programas, distribui partes do fundo a trabalhadores em forma de abono

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salarial, que garante o direito aos saques de abonos do PIS ou do PASEP, precisam estar
dentro dos seguintes requisitos.
Portanto, tem-se caracterizada a omissão e inadimplência da Administração Pública,
descumprindo com uma obrigação que afeta, prejudica e lesa o direito do Requerente que
é estabelecido por lei, motivo pelo qual não restou outra alternativa senão socorrer-se
através da presente ação.

3. DA OBRIGAÇÃO

(escrever alguma coisa antes)

Art. 1º - A partir do exercício financeiro a iniciar-se em 1º de julho de 1976, serão


unificados, sob a denominação de PIS-PASEP, os fundos constituídos com os recursos do
Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público (PASEP), instituídos pelas Leis Complementares nº 7 e 8, de 7 de setembro
e de 3 de dezembro de 1970, respectivamente.
Parágrafo único - A unificação de que trata este artigo não afetará os saldos das
contas individuais existentes em 30 de junho de 1976.
Art. 2º - Ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo, são mantidos os
critérios de participação dos empregados e servidores estabelecidos nos arts. 7º e 4º,
respectivamente, das Leis Complementares nº 7 e 8, referidas, passando a ser considerado,
para efeito do cálculo dos depósitos efetuados nas contas individuais, o valor global dos
recursos que passarem a integrar o PISPASEP.
Por meio da Lei Complementar n° 7/1970, foi criado o Programa de Integração
Social (PIS). O programa buscava a integração do empregado do setor privado com o
desenvolvimento da empresa.
O pagamento do PIS é de responsabilidade da Caixa. Paralelamente à criação do
PIS, a Lei Complementar n° 8/1970 instituiu o Programa de Formação do Patrimônio do

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Servidor Público (PASEP), com o qual União, Estados, Municípios, Distrito Federal e
territórios
contribuíam com o fundo destinado aos empregados do setor público. O pagamento do
PASEP é feito pelo Banco do Brasil. O valor do PIS 2020 é referente ao abono salarial, que
desde o ano de 2015 é calculado proporcionalmente em relação ao tempo trabalhado no
ano-base em que é solicitado.
Desse modo, o cálculo corresponde ao número de meses trabalhados multiplicados
por 1/12 do salário mínimo vigente. Logo, o valor para cada trabalhador é diferente e
necessita de um cálculo para se chegar à conclusão.
No caso em tela restou evidente que o Ente Municipal, ora Réu, contrariando seus
fundamentos e sua própria razão de ser, agiu no sentido descumprir a Lei, razão pela qual
a importância do pronto repúdio a este tipo de ato, da contenção e da reparação parte do
Poder Judiciário, o que ora aqui se pretende.
Assim é que o Tribunal de Justiça do Estado do Amapá tem segue esta linha de
raciocínio, conforme expressado nas decisões que colaciono, vejamos: Sobre o tema em
questão, trago à colação os seguintes precedentes de nosso Tribunal:
"1) Restando provada a efetiva prestação do labor à Administração Pública pelo
servidor contratado, impõe-se o pagamento das verbas remuneratórias, ainda que
o contrato seja nulo ou ineficaz, sob pena de permitir-se o inaceitável
enriquecimento sem causa de uma parte em detrimento da outra; 2) Na hipótese
de pleito cuja prova seja de natureza negativa, opera a inversão do onus probandi,
cabendo ao réu a demonstração de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito postulado na inicial (CPC, art. 333, II), pena de arcar com as consequências
de sua omisão" (TJAP: AC n.º 2879, Acórdão n.º 9968, Rel. Des. Mário Gurtyev,
Câmara Única, j. 05/09/2006, v. Unânime, p. 19/09/2006, DOE n.º 3851).
"1) (..) omisis. 2) Na ação ordinária de cobrança cabe ao réu o ônus da prova
quanto a fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, ou seja,
deve o contratante fazer prova no sentido de demonstrar que não ocoreu o desvio
de função ou que as verbas pleiteadas foram efetivamente quitadas. 3) () 4) (..) 5)

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(..)". (TJAP: AC n.0009489-59.2007.8.03.0001, Rel. Des. GILBERTO PINHEIRO, Secção
Única,

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unânime, acórdão n.13791, DJ 16/12/2008, DR 25/03/2009, D.Public. DJE n.14, de
01/06/2009).

Neste contexto, tem como jurisprudência, in verbis:


O Pasep, instituído pela Lei Complementar nº 008/1990, é o pagamento anual de
um salário mínimo ao trabalhador de empresas, entidades privadas e órgãos
públicos contribuintes do PIS-PASEP - Programa de Integração Social - Programa
de Formação do Patrimônio do Servidor Público.
De acordo com a legislação, tem direito ao PIS-PASEP o trabalhador ou o servidor
público que, no ano anterior ao do início do calendário de pagamento: esteja
cadastrado há pelo menos 5 (cinco) anos no PIS-PASEP; tenha recebido, em média,
até dois salários mínimos mensais; tenha trabalhado, no mínimo 30 dias para
empregadores. Pois bem. Analisando a ficha financeira da autora, referente ao
período reclamado, isto é, de setembro/2016 a dezembro/2020, tem-se que, em
2016, a mesma recebeu como remuneração, isto é, salário base de R$ 993,51,
anuênio de R$ 168,90, totalizando R$1.162,41, isso porque o adicional de
insalubridade e a gratificação recebida não constam como remuneração por não se
tratarem de verba de caráter permanente, mas transitória. O salário mínimo no
referido ano (2016) foi no valor de R$ 880,00. Assim, pode-se concluir que a
remuneração da autora no valor de R$1.162,41, mostra-se inferior a 02 (dois)
salários mínimos de R$1.760,00, tendo, portanto, o reclamado a obrigação de
efetuar o pagamento do benefício. E, assim, nos demais anos de 2017 a 2020.
Sabe-se que o recebimento do abono do Pasep é direito do servidor público,
mediante o preenchimento dos requisitos legais, o que no caso ocorre. Após
análise do Extrato da conta PASEP da parte autora, verifica-se a ausência de
pagamento do aludido benefício somente no ano de 2016 a 2020, o que ocorreu
em virtude de o Município reclamado ter deixado de cumprir sua obrigação de
prestar as informações devidas. Logo, deve ser ele condenado a pagar o valor
correspondente ao abono, um salário mínimo por ano em que o PASEP não foi
recebido pelo reclamante. O pagamento deverá ser realizado com base no salário
mínimo vigente a cada ano, com a correspondente atualização. Diante do exposto,
reconheço a prescrição referente a 05 anos anteriores ao ajuizamento desta ação.
No mérito, JULGO PROCEDENTE em parte o pedido inicial e condeno o Município
de Macapá a pagar à autora os valores relativos ao Pasep dos anos de 2016, 2017,
2018, 2019 e 2020, correspondentes a um salário mínimo por ano, devendo o
cálculo ser feito com base no salário mínimo vigente em cada exercício,
observando o prazo prescricional. A atualização do valor deverá ser efetuada pela
incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, do índice da taxa referencial
do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), acumulado mensalmente,
conforme estabelece o artigo 3º da Emenda Constitucional no 113/2021. O valor
retroativo a ser pago será aferido por meio de simples cálculo aritmético a ser
trazido pela parte credora por ocasião do início da fase de execução, com a juntada
da respectiva memória de cálculo, compreendendo todo o período fixado pela
sentença até a efetiva implementação. Julgo o processo, com resolução do mérito,
nos termos do art. 487, inc. I, do CPC. Sem custas e honorários advocatícios, nos
termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995.

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Publique-se. Intimem-se.

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 Regime de Incidência Cumulativa

A base de cálculo é a receita operacional bruta da pessoa jurídica, sem deduções


em relação a custos, despesas e encargos. Nesse regime, as alíquotas da Contribuição para
o PIS/PASEP e da COFINS são, respectivamente, de 0,65% e de 3%.
As pessoas jurídicas de direito privado, e as que lhe são equiparadas pela legislação
do imposto de renda, que apuram o IRPJ com base no Lucro Presumido ou arbitrado estão
sujeitas à incidência cumulativa.
As pessoas jurídicas, ainda que sujeitas á incidência não cumulativa, submetem à
incidência cumulativa as receitas elencadas no artigo 10, da Lei 10.833/2003.

 Regime de Incidência Não Cumulativa

Os regimes de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS foram


instituídos em dezembro de 2002 e fevereiro de 2004, respectivamente. O diploma legal da
Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa é a Lei 10.637/2002, e o da COFINS a Lei
10.833/2003.
Neste regime é permitido o desconto de créditos apurados com base em custos,
despesas e encargos da pessoa jurídica. Nesse regime, as alíquotas da Contribuição para o
PIS/PASEP e da COFINS são, respectivamente, de 1,65% e de 7,6%.
As pessoas jurídicas de direito privado, e as que lhe são equiparadas pela legislação
do imposto de renda, que apuram o IRPJ com base no Lucro Real estão sujeitas à
incidência não cumulativa, exceto: as instituições financeiras, as cooperativas de crédito,
as pessoas

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jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos imobiliários e financeiros, as
operadoras de planos de assistência à saúde, as empresas particulares que exploram
serviços de vigilância e de transporte de valores de que trata a Lei 7.102/1983, e as
sociedades cooperativas (exceto as sociedades cooperativas de produção agropecuária e
as sociedades cooperativas de consumo).
Tendo em vista que o Réu descumpriu a Lei Federal em vigor sem nenhum
embasamento legal, deixando de pagar o PIS/PASEP ao Requerente.
Desta forma, requer o Autor que o Réu seja compelido a efetuar o pagamento das
diferenças de 05 (cinco) anos do salário vigente, correspondendo no montante de R$
6.600,00 (seis mil seiscentos reais).
Pois bem, pelo acima explanado, aplicando a Teoria da Causa Madura e; visando os
Princípios da Razoável Duração do Processo; Celeridade e da Boa-Fé, requer-se se assim V.
Ex. entender, o julgamento antecipado do mérito.

4. HONORARIOS SUCUMBENCIAIS
Vale esclarecer a necessidade do pagamento dos honorários sucumbenciais no
percentual de 20% (vinte por cento), em caso de condenação da parte Requerida. Nestes
termos, a jurisprudência pátria, in verbis:
HONORÁRIOS SUCUMBENCIAS. Reformada a sentença de origem, devidos os
honorários sucumbenciais à reclamante. Apelo provido.
(TRT-4 - RO: 00203049320185040861, Data de Julgamento: 01/08/2019, 1ª Turma).

5. DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, vem por meio deste requerer o seguinte:

 Notificada a Requerida no endereço acima mencionado, para, querendo, responder,


aos termos da presente ação, sob pena de serem tidos como verdadeiros;

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 Concedido os benefícios da Justiça Gratuita, por não poder arcar com as custas e
depósitos processuais sem prejuízo no seu sustento e de sua família, nos termos
dos artigos 98 e 99 do CPC;
 Que o Réu seja condenado ao pagamento do benefício do PIS/PASEP desde janeiro
de 2017 até dezembro de 2021 que, gira em torno de R$ 7.272,00 (sete mil
duzentos e setenta e dois reais), conforme planilha de cálculo apresentada nos
autos;
 Que a Requerida seja condenada a realizar constantemente ao pagamento
anualmente do PIS/PASEP, no valor em que é de direito do Requerente, haja visto
que a mais de cinco anos não realiza, podendo em caso de descumprimento ser
condenada em multa em favor do Requerente;
 Condenar a requerida nos honorários sucumbenciais no percentual de 20% (vinte
por cento) sobre a condenação;
 Pretende provar o alegado com os documentos que instruem a presente lide, o
depoimento pessoal do representante legal da Requerida, a oitiva de testemunhas a
serem oportunamente arrolados e documentos novos.

Dá-se o valor da causa de R$ 7.272,00 (sete mil duzentos e setenta e dois reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Macapá-AP, 14 de março de 2022.

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