Você está na página 1de 3

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro

PJe - Processo Judicial Eletrônico

19/04/2023

Número: 0808103-38.2023.8.19.0038
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 4º Juizado Especial Cível da Comarca de Nova Iguaçu
Última distribuição : 15/02/2023
Valor da causa: R$ 12.299,00
Assuntos: Indenização por Dano Material, Obrigação de Fazer / Não Fazer, Indenização Por Dano
Moral - Outras
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
RIANNE PACHECO CARDOSO DA SILVA (AUTOR) BETHANIA FIGUEIREDO ROCHA DAS NEVES (ADVOGADO)
VIA VAREJO (RÉU) EDUARDO CHALFIN (ADVOGADO)
ATLAS INDUSTRIA DE ELETRODOMESTICOS LTDA (RÉU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
54563 19/04/2023 07:22 Projeto de Sentença Projeto de Sentença
070
Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro
Comarca de Nova Iguaçu

4º Juizado Especial Cível da Comarca de Nova Iguaçu

Avenida Doutor Mário Guimarães, 968, 2º PAVIMENTO, Centro, NOVA IGUAÇU - RJ - CEP: 26255-230

PROJETO DE SENTENÇA

Processo: 0808103-38.2023.8.19.0038

Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436)

AUTOR: RIANNE PACHECO CARDOSO DA SILVA

RÉU: VIA VAREJO, ATLAS INDUSTRIA DE ELETRODOMESTICOS LTDA

I – Relatório

Relatório dispensado pelo art. 38 da Lei n° 9.099/1995.

II - Fundamentação

Sustenta a parte autora, em síntese, que adquiriu um fogão a primeira ré (Via Varejo),
por meio de seu site na internet, fabricado pela segunda ré (Atlas Industria). Alega que recebeu o
produto com a avarias, solicitou a troca, mas não foi atendido. Requer a substituição do produto e
indenização por danos morais.

Rejeito a preliminar de ilegitimidade, pois as condições da ação são analisadas à luz


das assertivas feitas na inicial.

A relação jurídica travada entre as partes é notadamente de cunho consumerista, uma


vez que a parte autora se amolda ao conceito legal de consumidor (CDC, art. 2º, caput), já que
adquiriu o produto/serviço como destinatário final, assim como a sociedade empresária ré se
enquadra na definição de fornecedor trazida pelo art. 3°, caput, do CDC, pois desenvolve
atividade de fornecimento de produtos/prestação de serviços (CDC, art. 3º, §2°).

A natureza da responsabilidade civil da empresa ré, na qualidade de fornecedora de


produto/prestadora de serviço e, portanto, sujeita à teoria do risco do empreendimento, é objetiva,
tanto em razão do teor do art. 14 do CDC, como diante dos termos do parágrafo único do art. 927
do Código Civil.

Das provas produzidas nos autos restou demonstrado que houve a compra e o pedido
de troca. Em que pese a primeira ré sustentar em sua defesa que substituiu o produto, a autora
informa em audiência que ainda está com o fogão defeituoso. Não socorre a segunda ré sua
alegação de que a responsabilidade pelo dano foi da transportadora, pois, a empresa é
responsável pela conduta de seus contratados e prepostos. Neste contexto, resta evidente a falha
na prestação do serviço por ambas as rés, solidariamente, que conduz para procedência dos
pedidos.

Assinado eletronicamente por: ARILSON RHODES DE PAULA - 19/04/2023 07:22:32 Num. 54563070 - Pág. 1
https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23041907223264000000052095920
Número do documento: 23041907223264000000052095920
Nesse contexto, entendo que estão presentes os requisitos in re ipsa para a fixação de
indenização por danos morais, pois a parte autora foi prejudicada pelo vício na prestação do
serviço, pois perdeu várias horas de seu dia para tentar resolver administrativamente a questão,
sem sucesso, fato que gerou transtorno que ultrapassou a barreira do mero aborrecimento diante
do abuso do direito, sendo certo que não há que se dissociar o dano moral do dano do desvio
produtivo, pois este também é levado em consideração quando da valorização do dano moral.
Portanto, tendo em vista a ausência de solução administrativa para a reclamação da
consumidora, lhe obrigando a procurar o Judiciário, quando a ré poderia ter facilmente
solucionado o problema, fez com que a autora fosse onerada com a perda de tempo útil
caracterizador de dano moral.

III- Dispositivo

Isso posto, RESOLVO O MÉRITO, JULGANDO PROCEDENTE EM PARTE os


pedidos da exordial, com fulcro no art. 487, I, do Código de Processo Civil, para: (i) Condenar
ambas rés, solidariamente, a indenizar a parte autora por danos morais na quantia de R$
2.000,00, corrigida monetariamente a contar da intimação desta sentença e acrescida de juros de
mora de 1% ao mês, a contar da citação; (ii) Condenar ambas rés, solidariamente, a restituir a
parte autora o valor de R$ 2.199,00, corrigidos monetariamente a contar do desembolso do valor
e acrescido de juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação.

Faculto à parte ré, solidariamente, a retirar o produto da casa da parte autora em até
30 dias sob pena de perda do bem.

Sem condenação em despesas processuais e honorários advocatícios.

A parte ré fica intimada de que deverá depositar a quantia acima fixada, referente à
condenação em pagar quantia certa, no prazo de 15 dias após o trânsito em julgado,
independentemente de nova intimação, sob pena de multa de 10% prevista no artigo 523, §1º do
CPC, sendo certo que a comprovação do depósito deverá vir aos autos no prazo de até 05 dias
após o término do prazo. Fica desde já, cientificado o credor de que não incidem, em sede de
Juizados Especiais Cíveis, honorários na fase de execução, eis que o rol do art. 55 da Lei
9099/95 é taxativo, o que atende, ainda, à atual redação do Enunciado nº 97 do FONAJE.

Submeto o projeto de sentença à homologação pelo MM. Juiz de Direito, nos termos
do artigo 40 da Lei nº 9.099/95.

NOVA IGUAÇU, 19 de abril de 2023.

ARILSON RHODES DE PAULA

Assinado eletronicamente por: ARILSON RHODES DE PAULA - 19/04/2023 07:22:32 Num. 54563070 - Pág. 2
https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=23041907223264000000052095920
Número do documento: 23041907223264000000052095920

Você também pode gostar