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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 4 JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA


COMARCA DE NOVA IGUACU - RJ

Parte Autora: DAIANA OLIVEIRA DA SILVA


Processo n.º: 0829091-17.2022.8.19.0038
GERPRO: 170484980

LIGHT SERVIÇOS DE ELETRICIDADE S/A (“LIGHT”), empresa concessionária de


serviços públicos de energia elétrica, inscrita no CNPJ do MF sob nº 60.444.437/0001-46, com sede
na Avenida Marechal Floriano nº 168, Centro, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20.080-002, nos autos da
ação em referência, vem, por seus advogados, na forma da legislação processual civil, apresentar
sua CONTESTAÇÃO aos termos da petição inicial, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas:

RESUMO DA DEFESA
Do julgamento antecipado da lide
Do mérito:
 Da inexistência de defeito na prestação do serviço – Art.. 14§3º, I do CDC
 Do exercício regular do direito – Aplicação da súmula 83 TJ/RJ
 Da Impossibilidade de inversão do ônus da prova - CPC, art. 373, I e Súmula nº 330 do
TJERJ
 Inexistência do Dano Moral

DA CONCORDÂNCIA COM O JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE

Em razão de não haver mais provas a produzir e considerando a determinação deste


Magistrado para que a empresa ré se manifeste sobre o julgamento antecipado da lide, antes de
adentrar no mérito da demanda, informamos que, a parte ré concorda com o julgamento
antecipado da lide, destacando-se que, ainda que a Ré atue sempre com boa-fé e cooperação
processual, infelizmente, para esta demanda e no presente momento, não há proposta de
acordo a ser ofertada, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

SÍNTESE DA INICIAL

Trata-se de ação ajuizada pela parte autora sob o fundamento de ter tido
indevidamente suspenso, o serviço de fornecimento de energia elétrica prestado pela ré, apesar de

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não possuir qualquer débito em aberto, alegando desta forma, ter sofrido prejuízos de ordem moral e
material.

Contudo, a despeito da veemência com que a parte Autora reclama da conduta da


parte ré, destaca-se a ausência de qualquer contato ou pedido de atendimento ao setor de
emergência da acionada na(s) data(s) informada(s) na exordial, devendo os pedidos ser julgados
IMPROCEDENTES, à vista do que adiante expõe este contestante:

DO MÉRITO

Ao analisar os fatos narrados na peça exordial, não localizou a ré sequer indício


de ato ilícito supostamente causado à parte autora.

A acionada é concessionária de serviços públicos (consoante a CF/88, art. 21, XII,


b), com atividades reguladas pela Lei nº 8.987/95, através de contrato de concessão e demais
normas regulamentares editadas pelo Poder Concedente - Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL) - nos termos da Lei nº 9.427/96, que a institui e disciplina o regime das concessões de
serviços públicos de energia elétrica (art. 3º, XIX).

Com efeito, o Decreto nº 41.019/57 (art. 25 e seu parágrafo único), já regulava as


atividades fiscalizadoras dos serviços de energia elétrica, inclusive, estabelecendo a possibilidade de
aplicação de penalidades quando constatadas infrações cometidas pelos consumidores.

Assim, convém esclarecer, que apesar dos fatos trazidos a este Juízo,
destaca-se a inexistência de comprovação de defeito na prestação do serviço prestado pela
requerida, (CPC, art. 373, II e CDC, art. 14, §3º, I).

A parte autora é responsável pela unidade consumidora situada à R DAVI 50


CA 2 CENTRO(NI) NOVA IGUACU RJ, local cadastrado junto à ré como instalação nº
0414079866.

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Desta forma, esclarece-se que em 23/08/2022 foi efetuado pela ré, a


suspensão do serviço em razão do não pagamento do débito de R$ 212,27 (duzentos e doze
reais e vinte e sete centavos), referente às faturas de consumo de energia elétrica, vencidas
em 07/2022 e 08/2022, conforme telas adunadas a presente.

Destaca-se, ainda, que foi encaminhado à parte autora, em 07/2022, aviso


prévio acerca da possibilidade de suspensão do serviço, oportunizando o pagamento dos

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débitos antes da suspensão do serviço, o que não foi feito até a presente data.

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Ante o exposto, verifica-se a inexistência de qualquer ilícito praticado pela ré,


estando sua conduta em estrita consonância aos preceitos da legislação (Lei nº 8.987/95, art. 6ª, 3º,
II) e (Resolução Normativa ANEEL nº 414/2010, art. 172, I), agindo, portanto, em exercício regular do
direito (CC, art. 188, I).

Ademais, é de se ressaltar não haver nos autos qualquer comprovação


efetiva de eventuais danos morais sofridos, destacando-se lícita a suspensão do serviço em
razão da inadimplência, na forma da Súmula 83 do TJERJ.

Assim, resta evidente que eventuais danos sofridos pela parte autora, foram
exclusivamente causados pela sua inércia em arcar com os débitos contraídos junto à ré.

Quanto à prova, sua distribuição e ônus, ressalte-se que devem ser obedecidas as
regras estabelecidas no artigo 373, inciso I, do CPC/2015, as quais impõem à parte autora o ônus de
comprovar o fato constitutivo de seu direito, e, ainda que se trate de relação de consumo e que seja
deferida a inversão de seu ônus, é imperioso apresentar-se ao menos uma prova mínima do alegado.

Incide, na espécie, o verbete sumular nº 330, do TJ/RJ, in verbis:

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"Os princípios facilitadores da defesa do consumidor em juízo, notadamente


o da inversão do ônus da prova, não exoneram o autor do ônus de fazer,
a seu encargo, prova mínima do fato constitutivo do alegado direito."

Desta forma, deve-se concluir, desde já, que esta Ré não foi responsável por
qualquer prejuízo supostamente causado à parte autora, devendo, portanto, o pleito autoral, ser
julgado IMPROCEDENTE, por ser esta medida a da mais salutar Justiça.

Inobstante a clareza solar dos argumentos já expostos, requer ainda a parte ré,
por amor ao debate, sejam analisadas as seguintes questões ainda pertinentes ao mérito da
demanda:

DA INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL:

O dano moral está compreendido na lesão ao bem jurídico que integra os direitos
da personalidade, tais como, a honra, a dignidade, intimidade, a imagem, o bom nome, etc., como se
infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e que acarreta ao individuo lesado, a dor, o
sofrimento, a tristeza, o vexame, a humilhação, etc.

Para que se alcance a procedência do pedido de reparação por danos morais,


deverá a parte autora comprovar que foi ultrapassado o patamar dos meros aborrecimentos, bem
como dos desgastes normais próprios de qualquer relação comercial, colocando-o em situação difícil
com os seus credores, a ponto de atingir-lhe a moral e a honra, o que claramente não ocorreu no
caso em comento, pois sequer os dados da parte autora foram inseridos nos órgãos de proteção ao
crédito, tendo existido, tão somente, a mera cobrança, a qual, por si só, não é capaz de configurar o
suposto dano que alega ter sofrido.

Não basta, portanto, alegar ter sofrido o dano moral, há de ser comprovada a
ocorrência efetiva de determinada situação, o que não foi feito nestes autos pela parte autora
(CPC, art. 373, I).

Destaca-se, ainda, não haver nos autos qualquer comprovação efetiva de


eventuais danos morais sofridos, salientando-se como lícita a suspensão do serviço em razão
da inadimplência, na forma da Súmula 83 do TJERJ.

Desta forma, resta prejudicado este pedido da parte autora. Ora, o caso concreto
não ultrapassou o mero dissabor, não sendo capaz de acarretar o dano à personalidade que a parte
autora alega ter sofrido, restando comprovado que a conduta empreendida pela ré, não configura ato
ilícito indenizável, conforme disposto no art. 188, I do CC, o que afasta cabalmente a suposta

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ocorrência de danos morais.

DA INEXISTÊNCIA DE DANO MATERIAL:

Conforme demonstrado a este Juízo, resta evidente que eventuais danos


sofridos pela parte autora foram exclusivamente causados pela sua inércia em cumprir o
ordenamento jurídico vigente, face às condições inadequadas das instalações elétricas de sua
unidade consumidora, não tendo esta logrado êxito em provar qualquer responsabilidade da ré
acerca dos fatos trazidos à baila neste processo.

No caso em tela, não há que se falar em reparação de prejuízo patrimonial,


haja vista a falta de prova quanto à ocorrência do evento danoso, bem como de que tenha
realmente sido este o causador dos supostos danos materiais alegados parte autora.

Dessa forma, resta claro que qualquer condenação nesse sentido


configuraria enriquecimento imotivado à parte autora, o que não se pode admitir.

Por estas razões, resta prejudicado também este pedido da parte autora. Isto
porque, a ausência de provas capazes de demonstrar o nexo de causalidade entre eventuais danos
causados e a suposta conduta ilícita praticada pela ré, não configura ato ilícito indenizável, conforme
disposto no art. 188, I do CC, o que afasta cabalmente a suposta ocorrência de danos materiais no
caso concreto.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

De outro giro, em relação ao pleito exordial de inversão do ônus da prova, este


resta totalmente impugnado, tendo em vista que cabe à parte autora provar os fatos constitutivos do
seu suposto direito.

Ainda que a legislação consumerista ofereça ao Magistrado, de modo geral, a


possibilidade da aplicação do instituto da inversão do ônus da prova, sob o fundamento maior de
equilibrar as relações advindas do consumo, tal instituto não é absoluto, e, portanto, não deve ser
aplicado a todos os casos.

A aplicação de tal instituto deve ser precedida de um lastro probatório mínimo que
contribua para a formação de um juízo crítico de certeza do Magistrado quanto à
VEROSSIMILHANÇA dos fatos alegados pelo consumidor, bem como quando restar patente a
HIPOSSUFICIÊNCIA da possibilidade de produção de provas por ele.

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A hipossuficiência do consumidor, a que alude a Lei, deve ser entendida como a


“hipossuficiência técnica”, ou seja, quando o consumidor demonstrar desconhecimento acerca do
produto ou serviço adquirido, impedindo, deste modo, que ele produza, eficientemente, as provas
sobre o fato alegado, o que não é o caso dos autos.

Desta feita, não deve prosperar o pleito de inversão do ônus da prova requerido
pela parte autora, uma vez que sem respaldo fático e legal.

CONCLUSÃO E PEDIDOS

Ante o exposto, requer seja julgada IMPROCEDENTE a ação, sendo declarada a


ausência de responsabilidade deste réu, isentando a acionada da obrigação de pagar qualquer valor
à parte autor, seja a que título for, especialmente quanto aos infundados e incomprovados pedidos de
condenação em danos morais e materiais.

Caso não seja este o entendimento de V.Exa., o que se admite apenas por
excesso de cautela, requer sejam sopesados os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade
no possível arbitramento de eventual condenação.

Protesta ainda pela produção de todos os meios de provas admitidos em direito,


especialmente a documental, depoimento pessoal das partes e a juntada de documentos
supervenientes.

Em atendimento ao disposto no art. 77, inciso V do CPC, a ré informa que


receberá as intimações e notificações desse D. Juízo na Av. Almirante Barroso, 81 – 31º andar,
Centro – Rio de Janeiro/RJ, sendo que nas publicações dos despachos deste D. Juízo, deverá
constar o nome do advogado RICARDO DA COSTA ALVES, inscrito na OAB/RJ sob o n.° 102.800,
sob pena de nulidade processual.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Rio de Janeiro, 28 de setembro de 2022.

RICARDO DA COSTA ALVES


OAB/RJ 102.800

BIANCA NUNES SOARES ACCIOLI DE VASCONCELLOS


OAB/RJ 111.715

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