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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA

CIVEL DA COMARCA DE ANGRA DOS REIS – ESTADO DO RIO DE


JANEIRO.

ALESSANDRA SOUZA DE MELO DA SILVA, brasileira, portadora do RG nº


120469515 DETRAN/RJ e do CPF nº 091.551.107-03, residente e domiciliado na
Rua Francisco Manoel Brandão, s/n, quadra A4, Austin/Nova Iguaçu, CEP 26.083-
205, por intermédio de seus procuradores infra-assinados (procuração anexa), com
endereço profissional no rodapé, onde recebe intimações, vem, respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, propor

AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER


COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Em face de MUNICIPIO DE ANGRA DOS REIS - PMAR, pessoa jurídica de direito


público, CNPJ nº 29.172.467/0001-09, com sede na Praça Nilo Peçanha, nº 186, Centro,
nesta cidade e comarca, na pessoa de sua prefeita ou Procurador Geral, pelos fatos e
fundamentos que passa a expor:

DOS FATOS

A Requerente juntamente com os moradores da Avenida do Caetes, em


2019/2020 buscaram a intervenção do Ministério Público para apurar possível omissão do
poder público municipal na falta de contenção de encosta, manilhamento e asfalto na
Avenida do Caetes (conforme documentos em anexo).

Há cerca de um ano e meio o município realizou as obras de contenção,


manilhamento e asfalto, mas com as fortes chuvas de 2022 a Av. do Caetes voltou a
ceder, inviabilizando o trafego, conforme se verifica nas fotos em anexo.

Rua Quaresma Júnior, nº 160, Sala 102, Centro, Angra dos Reis/RJ – Ed. Paço dos Profissionais.
Telefone: (024) 99814-9475 - Endereço eletrônico: bmf.firmadeadvogdos@gmail.com
As fotos demonstram que a obra de contenção fora realizada sem a devida
instalação de infraestrutura básica de drenagem e escoamento pluviais, não tendo sido
instalados bueiros, bocas de lobo ou semelhantes.

No início do ano de 2022, pouco tempo após a conclusão da obra de contenção,


manilha e asfalto, ocorreu uma forte chuva, que rapidamente fez ceder o asfalto.

Os moradores têm solicitado à prefeitura que restabeleça o acesso, mas nada foi
feito até a presente data.

Após o registro da solicitação e de conversas informais com vereadores e outros


agentes públicos municipais solicitando providências, decorreu mais de dez meses sem
que nenhuma ação fosse adotada pelo município.

Os munícipes/moradores estão impedidos de trafegar na Avenida, tendo em vista


o desnível ocasionado pela chuva, conforme fotos em anexo.

Relação de moradores afetados:

Ednaldo Colaço de Lima


Jefferson Luiz Neves Ribeiro
Jose Aparecido Almeida
Veronica Cordeiro
Maria de Lourdes de Medeiros Alves Gomes
Paulo Sergio Felix da Silva
Simone Pinto do Nascimento

DO DIREITO

Conforme a Constituição de 1988, os Municípios são entes dotados de autonomia


e são incumbidos de, diretamente ou por delegação, executar obras e serviços de
interesse local, em prol do bem-estar de seus habitantes e da devida organização local.

Nesse sentido é o art. 182 da Magna Carta: “A política de desenvolvimento


urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei,
tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem- estar de seus habitantes”.

A municipalidade tem o dever de instalar e providenciar escoadouros e galerias


pluviais para se adequarem à demanda ocasionada por eventuais obras de sua autoria, o
que por certo não ocorreu, ficando omissa frente seus deveres, o que gerou a falta de

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captação das águas pluviais, não podendo, de forma alguma, alegar que as chuvas
ocorridas na data do fato foram de monta extraordinária ou imprevisível.

Nesse sentido, tem decidido a jurisprudência do TJMG:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ENXURRADA - INUNDAÇÃO DE MORADIA -


DANOS MATERIAIS E MORAIS - COMPROVAÇÃO - FORÇA MAIOR -
INOCORRÊNCIA. - O Município, no exercício de suas atribuições e
poder, deve agir no sentido de fiscalizar as vias urbanas, sendo de
sua responsabilidade, dentre outras, a limpeza e conservação das
vias públicas dentro do seu limite territorial. - Os danos decorrentes
de omissão municipal na limpeza e conservação de vias urbanas,
por entupimento de bueiro causado por entulho não recolhido -
assegura aos administrados o direito de exigir medidas para
solução do problema, bem como de serem ressarcidos pelos
prejuízos suportados pela omissão da municipalidade. - Inexiste a
imprevisibilidade da situação, bem como efeitos que não fossem
possíveis de se evitar ou impedir (art. 393, parágrafo único, CC/02).
Grifo nosso.

Conforme já narrado, no dia do ocorrido choveu bastante, e, em razão da


ampliação da via sem a devida instalação de instrumentos de escoamento pluvial, o fluxo
de água em vultoso volume ocasionou a queda de parte da Avenida, conforme fazem
prova as fotos trazidas.

Pelo princípio da eficiência, explícito no art. 37 da Carta Maior, a administração


pública deve atuar de forma proba e eficaz, atentando-se para as possíveis consequências
que seus atos possam causar e agindo de forma a evitar que seus próprios atos causem
danos ao administrado.

Tal princípio, norteador da administração pública, deve ser observado pelos


agentes públicos na consecução de obras e demais serviços públicos.

No caso em apreço, questiona-se:

Como pode a administração ter aprovado uma obra sem se atentar para os
prejuízos que dela seriam advindos?

Como realizou uma obra de contenção, manilha e asfalto de uma via sem a
correspondente instalação de bueiros, bocas de lobo ou semelhantes, mesmo sendo
evidente que tal obra ocasionaria grande aumento de fluxo de água em caso de chuvas?

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Isso é a mais flagrante demonstração de descaso, ineficiência e irresponsabilidade,
sendo inaceitável que a condução da máquina administrativa gere riscos para a saúde, a
segurança e a vida dos administrados.

DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

O artigo 300 do NCPC traz os requisitos para a concessão da tutela antecipada:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Excelência, no caso em tela, a prova demonstra-se inequívoca, estando


evidenciado através de documentos e fotografias que a obra fora realizada sem instalação
de instrumentos de escoamento pluvial, e que, em virtude disso, ocorreram os
deslizamentos e afundamento da avenida.

Estamos novamente no período de chuvas e todo esse contexto nos leva


logicamente a temer pela ocorrência de novo incidente, havendo grandes chances de que
os imóveis sejam novamente invadidos pela água e lama de uma eventual forte chuva,
estando aí caracterizado o fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação,
sendo inadmissível que os Requerentes fiquem “contando com a sorte” de que não chova
novamente como das outras vezes. Caso tenha que esperar pelo ordinário desfecho do
presente feito, o periculum in mora ameaçará ainda mais o patrimônio, saúde e
segurança dos Requerentes/moradores.

Consequentemente, estão indubitavelmente preenchidos os requisitos exigidos


para a concessão imediata da tutela antecipada, que permita a concessão urgente.

DO PEDIDO

Diante o acima exposto, requer à Vossa Excelência:

A concessão dos benefícios da justiça gratuita, com fulcro no disposto da Lei


1.060/50;

O deferimento do presente feito com a antecipação da tutela inaudita altera pars,


devendo ser determinada a obrigação de fazer do município consistente em instalar os
devidos meios de escoamento pluvial nos locais indicados pelos engenheiros que a
administração possua em seus quadros de servidores, bem como restaurar o acesso à
Avenida do Caetes;

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A citação da Requerida, para que, no prazo legal ofereça resposta, sob pena de
confissão e revelia;

Ao final, seja dado provimento à pretensão dos Requerentes, de forma que seja
confirmada a tutela anteriormente antecipada.

Protesta o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


especialmente por prova documental, perícia técnica e provas supervenientes.

Dá-se a causa o valor de R$ 5.000 (cinco mil reais).

Termos em que,
Pede deferimento.

Angra dos Reis, 09 de fevereiro de 2023

Thyago Morcerf F. Cuntin


OAB/RJ 214.058

Antônio José Ferreira Junior


OAB/RJ 179.703

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