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EXCELENTISSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA

___ VARA CIVEL DO FORUM REGIONAL DE CAMPO GRANDE – RJ.

PRIORIDADE
(IDOSO – 64 ANOS)

MILTON NOGUEIRA GUEDES, brasileiro, divorciado,


autônomo, portador da carteira identidade 387.535.537-72, expedida
pelo IFP/RJ, inscrito no CPF sob o nº.3477140, residente e
domiciliada à Rua Morizot Leite, 94, casa, Campo Grande, Rio de
Janeiro – RJ, CEP: 23085-160, através de seus advogados, infra-
assinados, ut procuração anexa, com fulcro no artigo 103, segs do
NCPC, vem, perante Vossa Excelência, com fundamento na Lei nº
8.078/90, propor a presente

AÇÃO DE COBRANÇA C/ REPETIÇÃO DE INDEBITO C/C COMPENSAÇÃO POR


DANOS MORAIS COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

em face de COMPANHIA ESTADUAL DE AGUAS E ESGOTO (CEDAE), CNPJ Nº


333523940001-04, situada na AV. Presidente Vargas, nº 2.655,
Centro, Rio de Janeiro – RJ, endereço eletrônico
(briard@cedae.rj.org.br) e FOZ AGUAS – ZONA OESTE S.A, CNPJ nº
14863.079/0001-99, endereço eletrônico (sac@fozaguas5.com.br)
estabelecida na Rua Camanducaia, n 51, Campo Grande, Rio de
Janeiro, RJ, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:

Estrada do Mato Alto, 522, Campo Grande, Rio de Janeiro – CEP:23036-150


Rua Cel. Herculano Junior, nº 11 loja, Sem. Augusto Vasconcelos, Rio de Janeiro CEP:23085-190
e-mail: (edgarjcosta@adv.oabrj.org.br) - Tel.: 21 2417-4287 – 21 96408-7276
I - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA E DA PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO

Requer a Vossa Excelência, os beneplácitos da Justiça


Gratuita, nos termos do art.4º, da Lei n.º 1.060/50, com a nova
redação dada pela Lei n.º 7.510/86, eis que o requerente não tem
condições de pagar as custas judiciais e honorários advocatícios
sem prejuízo próprio ou da família. Ressalta-se também que
conforme o ESTATUTO DO IDOSO, previsto na lei 10.741/03, em seu
artigo 71, aduz que: “é assegurada a prioridade na tramitação dos
processos e procedimentos e na execução de atos e diligencias
judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em qualquer
instancia”. Deste modo, contando a autora com atualmente 86
(OITENTA E SEIS) anos de idade, faz jus a prioridade de tramitação
do feito.

II - DAS FUTURAS PUBLICAÇÕES E NOTIFICAÇÕES

Requer, desde já, que todas as publicações sejam


realizadas em nome do Dr. Edgar Jesus Costa, OAB/RJ nº 174.931,
bem como seja seu nome anotado na capa dos autos e onde mais
couber.

III - DOS FATOS

O autor é legitimo proprietário do imóvel situado na Rua


Morizot Leite, 94, casa, Campo Grande, Rio de Janeiro – RJ, CEP:
23085-160, SENDO CONSUMIDOR DIRETO DOS SERVIÇOS PRESTADOS PELO
RÉU, com hidrômetro de nº AA08C180703 DEVIDAMENTE INSTALADO sob a
matrícula 101572-4, estabelecendo assim a relação de consumo
existente entre as partes. (ANEXO)

Importante salientar que inicialmente as faturas estavam em


nome da Srª. ESTELA NOGUEIRA GUEDES mãe do autor e posteriormente

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LOURENÇO DA SILVA GUEDES, pai do autor, ambos falecidos conforme
documentação junto aos autos.

O autor que encontra-se fora do mercado de trabalho abriu a


frente de sua casa um pequeno bar, de modo a buscar o seu
sustento.

Ocorre que as Rés vêm cobrando na mesma fatura desde 14 DE


JANEIRO DE 2015 duas economias uma RESIDENCIAL E OUTRA referente
ao consumo de água auferido pelo autor como de costume.

Entretanto tais faturas vieram cobrando valores


incompatíveis com o REAL consumo da demandante apurado no
hidrômetro devidamente instalado, conforme contas e tabela em
anexo.(Doc. Em Anexo)

EXCELÊNCIA, MESMO SENDO FATURADAS AS CONTAS/CONSUMO PELO


APARELHO DE HIDROMETRO, A EMPRESA RÉ EFETUA AS COBRANÇAS DE FORMA
ALEATORIA, ARBITRARIA E ABUSIVA.

Cabe ressaltar que a cobrança indevida onera


consideravelmente a fatura enviada a residência do autor, uma vez
que esta se diverge do valor justo que deveria ser cobrado, e
ainda não há opção de desmembramento do valor. Cabendo a este tão
somente pagar ou ficar sob o crivo do corte do fornecimento de
água pela empresa Ré.

O autor se encontra com problemas em relação as contas


supracitadas, que por sua vez vieram com valores superiores ao que
efetivamente foi consumido pelo uso mensal do serviço prestado,
TRAZENDO PREJUIZOS FINANCEIROS AO AUTOR.

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O AUTOR É IDOSO, ESTA FORA DO MERCADO DE TRABALHO, NÃO
POSSUI RENDA FIXA PERCEBENDO POR VOLTA DE R$ 800,00 referente as
pequenas vendas que efetua na porta da sua casa.

Além do mais, mostra-se no caso concreto o abuso de poder e


uso de má-fé na relação de consumo entre as partes, visto que com
sua alta capacidade de barganhar, vem inserindo de forma
arbitrária valores absurdos na fatura do Autor, que, por sua
vulnerabilidade, paga as contas para que não haja o corte no
fornecimento do serviço.

E POR TAIS MOTIVOS, DEVIDO A ONEROSIDADE EXCESSIVA, O AUTOR


NÃO CONSEGUE HONRAR COM O PAGAMENTO DAS CONTAS, POIS TEM QUE
ESCOLHER ENTRE PAGAR A CONTA DE ÁGUA OU FICAR SEM COMPRAR REMÉDIOS
E ALIMENTAR-SE.

DESTA FORMA, FAZ-SE NECESSÁRIA A CONCESSÃO DA MEDIDA DE


URGENCIA PARA DETERMINAR A ABSTENÇÃO DAS EMPRESAS RÉS EM
INTERROMPER O FORNECIMENTO DE SERVIÇO ESSENCIAL DE ABASTECIMENTO
DE ÁGUA NA RESIDENCIA DO AUTOR.

IV - DOS FUNDAMENTOS
A) DA RELAÇÃO DE CONSUMO

A presente relação é indiscutivelmente de consumo conforme


preceituado nos artigos 2° e 3° do CDC, atraindo assim as regras e
proteção especiais inerentes a tal relação.

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que


adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário
final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidora a


coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo.

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Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade
de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material


ou imaterial.

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado


de consumo, mediante remuneração, inclusive as de
natureza bancária, financeira, de crédito e
securitária, salvo as decorrentes das relações de
caráter trabalhista.

B) DA ESSENCIALIDADE DO SERVIÇO

Predispõe o artigo 22 do Diploma Consumerista:

“Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,


concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma e
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das


obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas
compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste Código.”

Como se percebe o Código de Defesa do Consumidor é claro ao


determinar a continuidade dos serviços públicos essenciais, sendo
vedada a sua interrupção ou não fornecimento, exatamente em face
de sua essencialidade.

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Assim, é vedado à Demandada utilizar-se do
poder de corte no fornecimento do serviço, bem de natureza
essencial, para compelir o consumidor à remuneração pelos serviços
prestados, até porque indevidos, ante a violação do princípio da
continuidade dos serviços públicos essenciais e a vedação de
submeter o consumidor a situação de constrangimento ou qualquer
tipo de ameaça na cobrança de débitos (Lei nº 8.078/90, art. 22 e
art. 42).

Comentando o artigo 22 da Lei n.º 8.078/90, que consagrou o


princípio da continuidade dos serviços públicos essenciais, um dos
idealizados e autores do Código de Defesa do Consumidor, o ilustre
jurista ANTÔNIO HERMAN DE VASCONCELOS E BENJAMIN assevera
(Comentários ao Código de Proteção ao Consumidor, Saraiva, 1991):

“A segunda inovação importante é a determinação de que os serviços essenciais


– e só eles – devem ser contínuos, isto é, não podem ser interrompidos. Cria-se para o
consumidor um direito à continuidade do serviço. Tratando-se de serviço essencial e não
estando ele sendo prestado, o consumidor pode postular em juízo que se condene a
Administração a fornecê-lo. Ressalte-se que o dispositivo não obriga o Poder Público a
prestar o serviço. Seu objetivo é mais modesto: uma vez que o serviço essencial esteja
sendo prestado, não mais pode ele ser interrompido. Uma coisa é o consumidor saber que
não pode contar, por qualquer razão alegada pela Administração, com um determinado
serviço público. Outra bem distinta é despojar-se o consumidor, sem mais nem menos, de
um serviço essencial que vinha usufruindo (p.110 – grifou-se)”.

"O código não disse o que entendia por serviços essenciais.


Essencialidade, pelo menos neste ponto, há que ser interpretada em
seu sentido vulgar, significando todo serviço público
indispensável à vida em comunidade, ou melhor, em uma sociedade de
consumo. Incluem-se aí não só os serviços públicos strictu sensu
(os de polícia, os de proteção, de saúde), mais ainda os serviços
de utilidade pública (os de transporte coletivo, os de energia

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elétrica, os de gás, os de telefone, os de correios)...” (p.11,
grifou-se).

É inconcebível que, aproveitando-se da hipossuficiência do


consumidor compulsório, seja permitida a abusividade e a
arbitrariedade da Ré, com a cobrança por serviços que não foram
efetivamente prestados ao autor.

C) DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR E DA INVERSÃO DO ONUS DA PROVA

A parte autora claramente é mais vulnerável na presente


relação apresentada, atraindo assim a regra do artigo 4° I do
CPDC, gerando subsídios para o juízo na presente inversão do ônus
da prova cabível nos termos do artigo 6°, VIII do CPDC.

Sobre a vulnerabilidade do Consumidor Fabio Konder


Comparatto, disciplina que:

“O consumidor, certamente, é aquele que não dispõe de controle sobre


bens de produção e, por conseguinte, consumidor é, de modo geral, aquele
que se submete ao poder de controle dos titulares de bens de produção, isto
é, os empresários”.

Neste desiderato cabe ressaltar a lição do mestre Leonardo


de Medeiros que assim dispõe sobre o tema:

“O Fornecedor não pode, valendo de sua condição de superioridade


econômica, causar prejuízo ao consumidor, rompendo com o equilíbrio
contratual.”

Nesse diapasão cabe ressaltar que o CPDC é norma de ordem


publica nos termos do artigo 5° XXXII da CRFB, logo merecendo

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proteção especial o consumidor contra os abusos cometidos pelas
empresas.

O CDC veio para coibir os abusos nas relações de consumo,


para impedir a impunidade, estabelecendo a responsabilidade civil
de forma mais abrangente fazendo com que a reparação do dano
causado ao consumidor seja dotado de indiscutível eficácia.

D) DA BOA-DÉ OBEJTIVA CONTRATUAL

A relação entre a concessionária de serviço público e o


usuário do serviço encontra- se subsumida ao campo de incidência
principiológico-normativo da legislação consumerista (arts. 3°,
§2°; 6°, X e 22 CDC).

Diante da conduta apresentada temos aqui a evidente


violação dos princípios insertos nos artigo 4° e 6 ° do CDC,
ademais cabe ressaltar que a empresa Ré atreves da conduta de sua
preposta, flagrantemente se aproveitando da situação em que
encontrava o autor, impôs a esta um debito que não é seu, e o
autor em flagrante estado de hipossuficiência aceitou, uma vez que
devido à essencialidade do serviço não poderia ficar sem o mesmo.

Como já apontado alhures, a boa-fé objetiva, como regra de


conduta, caracteriza-se como um dever de agir conforme
determinados padrões de honestidade, de forma a não frustrar a
confiança da outra parte.

E) CONTRATOS NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Em um breve retrospecto, podemos afirmar que, até o Século


XIX existia certa liberdade de contratar. As partes que compunham
os pólos de uma relação contratual podiam discutir as cláusulas
como bem entendessem, adequando-se às suas necessidades.

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Como fruto do liberalismo econômico, temos a chamada
autonomia da vontade, em que era consagrada a liberdade de
contratação, mediante a igualdade jurídica dos contratantes.

A sociedade do Século XXI clama pelo equilíbrio contratual


através da aplicação do princípio da boa-fé objetiva. O lema deste
século é harmonizar as relações de consumo, para desenvolver a
economia e racionalizar as demandas no Judiciário.

F) BOA-FÉ OBJETIVA COMO CLÁUSULA GERAL

Como já citado anteriormente, o Código de Defesa do


Consumidor, em seu art. 51, nos trouxe um rol de cláusulas
abusivas, que, presentes num negócio jurídico, reputam-se nulas de
pleno direito. O artigo sob análise traz à baila apenas um rol
meramente exemplificativo; isso denota que, outras disposições,
ainda que não explícita ou taxativamente nele contempladas,
estarão, mesmo assim, sob o julgo da abusividade, caso lancem uma
onerosidade excessiva para a parte hipossuficiente da relação
contratual: o consumidor.

Dentre os incisos do art. 51 da lei em pauta, temos, em


especial, o inciso IV que estipula a cláusula geral da boa-fé, por
intermédio da qual poderá ser analisada no caso concreto a
abusividade das cláusulas constantes de um contrato. Diante da
contingência das relações humanas, a norma não pode constatar
todas as possibilidades fáticas em que haja uma efetiva
desproporção ou abusividade do fornecedor em face do consumidor.

Dito isto, mister a existência de uma cláusula geral da


boa-fé, uma adaptação do Direito à realidade fática. Assim,
transfere-se à jurisprudência e à doutrina a tarefa de lançar
critérios mais específicos. De tal forma que a norma permanece
atualizada, zelando pelo fim a que se destina, mesmo com a
constante mutação da vida social, que segue gerando novas relações
contratuais.
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A cláusula geral possibilita, ao julgador ou intérprete,
durante a análise do caso, utilizar-se do princípio da boa-fé, de
maneira tal que a lei possa incidir sobre situações não
contempladas expressamente, fazendo-se atualizada sempre em
consonância com a evolução social. Podemos concluir, portanto, que
a cláusula geral de boa-fé inserida no art. 51, IV do Código de
Defesa do Consumidor constitui, também, um desdobramento natural
ou a concretização do princípio da boa-fé consagrado no art. 4º,
III, do CDC.

G) IMPOSIÇÃO DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ NOS CONTRATOS DE CONSUMO

A crescente importância que o princípio da boa-fé objetiva


vem recebendo ultimamente, em razão do surgimento de novos
litígios e de problemáticas ainda não contempladas pelos códigos e
pela doutrina, é um indício de que os nossos operadores do Direito
estão atentos e, paulatinamente, vêm construindo um novo modelo
jurídico que possa ensejar a satisfação dos anseios dos
consumidores. Hoje, destarte, o princípio da boa-fé objetiva
possui uma função dúplice na nova conceituação da relação
contratual, quais sejam: 1) como fonte de novos deveres
subsidiários de conduta durante o vínculo contratual, os chamados
deveres anexos e 2) como causa limitadora do exercício, hoje,
demasiadamente abusivo, dos direitos subjetivos potencializados.

Essa imperatividade da utilização do princípio da boa-fé


objetiva para regular as relações contratuais, sua formação e
execução, obteve como primeiro resultado e, talvez, ainda o menos
conhecido e aceito pelos juristas, a modificação no modo de
visualizar estaticamente a relação contratual.

Atualmente, constatamos que o contrato possui uma relação


jurídica dinâmica, que nasce, vive e morre. Vinculando durante
certo tempo, talvez mesmo anos, um fornecedor de serviços ou bens
e um consumidor e seus dependentes.
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H) DO DANO MORAL E DA JURISPRUDÊNCIA

É inegável o constrangimento que passou o autor, ao ser


praticamente compelida a manter um contrato ao qual não deseja,
não tendo como expressar sequer sua opção em manter ou não o
contrato, sendo ameaçada de corte no seu fornecimento e inclusão
do seu nome nos cadastros restritivos de crédito.

Concessionária de serviço público. Fornecimento de água


Prestação de serviço de água e esgoto. Condomínio edilício. Tarifa
mínima multiplicada pelo número de unidades. Cobrança abusiva.

PRÁTICA ABUSIVA VEDADA PELO ARTIGO  ART. 39, INC. V DO CÓDIGO


DE DEFESA DO CONSUMIDOR - LEI 8078/90.

Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras


providências.

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços,


dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884,
de 11.6.1994)

V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

AS rés só podem cobrar dos consumidores, especialmente dos


condomínios comerciais, o consumo medido pelo hidrômetro,
isto é, o consumo real. É o que entendem o Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro e o Superior Tribunal de Justiça,
última instância da justiça brasileira para causas dessa
espécie, situado no Distrito Federal.
 
Porém, o que as rés cobram dos consumidores que não
ingressam na justiça é um consumo mínimo fictício (muito
maior do que realmente foi gasto) multiplicado pelo número de
unidades individuais.
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Com isso, as demandadas acabam cobrando o dobro ou até o
triplo daquilo que o consumidor realmente utilizou.
 
Tal prática é ilegal e repudiada pelo tribunais
brasileiros, a saber: 
 
0000917-33.2013.8.19.0010 - APELACAO

DES. PETERSON BARROSO SIMAO - Julgamento: 10/09/2014 -


VIGESIMA QUARTA CAMARA CIVEL CONSUMIDOR
Agravo interno na Apelação Cível. Direito do Consumidor. Cedae.
Cobrança por estimativa. Hidrômetro instalado na unidade
consumidora. Prevalência do consumo efetivamente medido. Não é
permitido à empresa fazer o cálculo do débito com base em
estimativa quando existe hidrômetro no local. É ilegítima a medição
na forma perpetrada pela concessionária considerando o direto da
consumidora de pagar o valor resultante da leitura do real uso do
serviço. Prática abusiva. Prazo prescricional. Súmula 412 do STJ: ¿A
ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao
prazo prescricional estabelecido no Código Civil.¿ Decisão
monocrática que manteve a sentença. Inexistência de argumento
capaz de alterar a decisão monocrática que se encontra em
consonância com a jurisprudência. AGRAVO INTERNO A QUE SE
NEGA PROVIMENTO.

0036879-02.2013.8.19.0210 - APELACAO

DES. PETERSON BARROSO SIMAO - Julgamento: 08/10/2014 -


VIGESIMA QUARTA CAMARA CIVEL CONSUMIDOR
APELAÇÃO CÍVEL. RELAÇÃO DE CONSUMO. Sentença reconhece
abusiva a cobrança multiplicada pelo número de economias.
Súmula n.º 175, do TJRJ: "A cobrança de tarifa mínima de água e
esgoto, multiplicada pelo número de unidades autônomas (economias)
de um condomínio, sujeita a concessionária à devolução em dobro do

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valor comprovadamente pago". Dano moral configurado. O valor
arbitrado em primeira instância deve ser revisto tão somente nas
hipóteses em que a condenação revelar-se irrisória ou exorbitante. A
sentença deu correta solução à lide, conforme entendimento pacífico e
sumulado por este Tribunal de Justiça, não havendo, portanto,
necessidade de qualquer reparo. Sentença mantida.
DESPROVIMENTO DO RECURSO

I) DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

Inicialmente, impende frisar que a concessão de


antecipação dos efeitos da tutela antes da resposta da Ré não
ofende qualquer norma ou princípio constitucional, valendo
transcrever a doutrina de eminente jurista e ministro NELSON
NERY JÚNIOR, no sentido de inexistência de violação ao
princípio do contraditório nestes casos, in verbis:

"Há, contudo, limitação imanente à bilateralidade da audiência no processo civil,


quando a natureza e a finalidade do provimento jurisdicional almejado ensejarem a
necessidade de concessão de medida liminar, inaudita altera pars (sic), como é o caso da
antecipação de tutela de mérito (CPC, art. 273), do provimento cautelar ou das liminares
em ação possessória, mandado de segurança, ação popular, ação coletiva (art. 81,
parágrafo único do CDC) e ação civil pública. Isto não quer significar, entretanto,
violação do princípio constitucional, porquanto a parte terá oportunidade de ser ouvida,
intervindo posteriormente no processo, inclusive com direito a recurso contra a medida
liminar concedida sem sua participação. Aliás a própria provisoriedade dessas medidas
indica a possibilidade de sua modificação posterior, por interferência da manifestação da
parte contrária, por exemplo" (in Princípios do Processo Civil na Constituição Federal.
Coleção de Estudos de Processo ENRICO TULLIO LIEBMAN, vol.21. Ed. Revista dos
Tribunais, 5a ed., 1999, p.141).

Nesse sentido, determinou o Egrégio Tribunal de Justiça do


Estado do Rio de Janeiro:

2007.002.33826 - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 1ª Ementa

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DES. CAETANO FONSECA COSTA - Julgamento: 03/03/2008 -
SETIMA CAMARA CIVEL
AGRAVO DE INSTRUMENTO - CEDAE - CORTE DE
FONECIMENTO DE ÁGUA - ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
RELIGAMENTO - SERVIÇO ESSENCIAL - MANUTENÇÃO.Decisão
na qual foi deferida a tutela antecipada para o restabelecimento do
fornecimento de água para a Agravada.- Comprovação de
inexistência de débito até pelo menos a data da interrupção no
abastecimento.- O serviço de fornecimento de água é considerado
essencial e só poderia ser suspenso em hipóteses excepcionais.-
Enquanto houver discussão acerca do pagamento, melhor será
garantir a permanência desse serviço.- Somente se admite a
revogação da tutela antecipada se teratológica, contrária à Lei ou à
evidente prova dos autos. Súmula nº 59 deste E. Tribunal de Justiça.-
Decisão agravada mantida.- Aplicação do art. 557 do Código de
Processo Civil.- Recurso liminarmente rejeitado.

Deste modo, pretende a concessão da antecipação dos


efeitos da tutela jurisdicional, inaudita altera parte, com
fulcro nos artigos 84 do CDC e 300 do NCPC, diante do
evidente A PROBABILIDADE DO BOM DIRETO (fumus boni iuris) e
do PERIGO DE DANO (periculum in mora), para: a) DETERMINAR AS
PARTES RÉS SE ABSTENHAM DE SUSPENDER OS SERVIÇOS DE
FORNCEIMENTO DE AGUAS, por se tratar de serviços essências a
dignidade da pessoa humana, sob pena de multa diária de R$
800,00 (oitocentos) reais.

V - DO PEDIDO

Diante de todo o exposto requer a Vossa Excelência:

1 - Seja concedida a gratuidade de justiça nos termos da lei


1060/50, BEM COMO A PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DO FEITO;

Estrada do Mato Alto, 522, Campo Grande, Rio de Janeiro – CEP:23036-150


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2 - a CITAÇÃO dos réus, na pessoa de seus bastantes procuradores,
para, querendo, contestar a presente ação, sob pena de revelia,
informando o desinteresse da parte autora na realização de
audiência de conciliação/mediação, na forma do artigo 319, VII c/c
334 § 4º ambos no NCPC/15;

3- Seja feita as futuras notificações e publicações feitas em nome


do Doutor EDGAR JESUS COSTA OAB/RJ 174.931, nos moldes
preambulares;

4 - a concessão da antecipação dos efeitos da tutela


jurisdicional, inaudita altera parte, com fulcro nos artigos 84 do
CDC e 300 do CPC, diante da PROBABILIDADE DO BOM DIRETO (fumus
boni iuris) e do PERIGO DE DANO (periculum in mora), dispensando a
exigência de caução na forma do art.300 § 1º segunda parte, para
DETERMINAR AS PARTES RÉS SE ABSTENHAM DE SUSPENDER OS SERVIÇOS DE
FORNCEIMENTO DE AGUAS, por se tratar de serviços essenciais a
dignidade da pessoa humana, sob pena de multa diária de R$ 800,00
(oitocentos) reais;

5 – Seja julgado procedente o pedido autoral, para:


5.1) tornar estabilizados os efeitos da tutela concedida;

5.2) DETERMINAR que as rés PROCEDAM as cobranças do serviço


de fornecimento de água de acordo com o REAL consumo faturado
mensalmente no hidrômetro da autora, sob pena de multa de R$
500,00 (quinhentos reais) por cada conta emitida em desacordo
com a medição constatada no hidrômetro;

5.3) CONDENAR as empresas rés a devolução dos valores pagos a


maior referente as contas de 14/01/2015 à 28/06/2020, sem
prejuízo o indébito do artigo 42 § único do CDC, na ordem de
R$ 16.812,95 (dezesseis mil oitocentos e doze reais e noventa
e cinco centavos) E AS DEMAIS QUE INCIDIREM NO DECORRER DO
PROCESSO; conforme planilha nos autos.
Estrada do Mato Alto, 522, Campo Grande, Rio de Janeiro – CEP:23036-150
Rua Cel. Herculano Junior, nº 11 loja, Sem. Augusto Vasconcelos, Rio de Janeiro CEP:23085-190
e-mail: (edgarjcosta@adv.oabrj.org.br) - Tel.: 21 2417-4287 – 21 96408-7276
6) DETERMINAR que as empresas rés se abstenham de interromper
o serviço, por se tratar de serviço essencial à vida e a
dignidade da pessoa humana, sob pena de multa diária de
1.000,00;

7 – Seja deferida a inversão do ônus da prova;

8) CONDENAR a ré a prestar serviço de abastecimento de água


de forma contínua, eficiente;

9 - Seja julgado procedente o pedido autoral para condenar as


empresas Rés, ao pagamento de R$ 20.000,00 (vinte mil reais)
a título de danos morais.

10 – Seja condenada a Ré ao pagamento das custas e honorários


advocatícios, estes últimos na ordem de 20% do valor atribuído a
causa.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO

INFORMA a autora o seu desinteresse na realização de


audiência de conciliação/mediação, na forma do artigo 319, VII c/c
334 § 4º ambos no NCPC/15

VI - DAS PROVAS

Pretende provar o alegado por todos os meios admitidos


em direito, na amplitude na amplitude da lei, especialmente pela
documental, documental superveniente e suplementar, e depoimento
pessoal da parte Ré E SE NECESSÁRIO A PROVA TECNICA DE
contabilidade.

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VII- DO VALOR DA CAUSA

Dar-se-á o valor da causa de 36.812,95 (trinta e seis


mil oitocentos e doze reais e noventa e cinco centavos).

Nestes Termos
Pede e espera deferimento

Rio de Janeiro, 01 de julho de 2020.

Edgar Jesus Costa


OAB/RJ 174.931

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