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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA

DE FRANCISCO SÁ - MG

GISLENE APARECIDA GONÇALVES, brasileira, solteira (vive em uniaã o estaá vel),


professora, portadora do RG nº. MG-11.727.376 e do CPF nº. 007.894.846-09, filha de
Ambrosio Gonçalves Pereira e Rosalina Gonçalves Pereira, residente na Rua “M”, 573, Bairro
Antonio Miranda, Francisco Saá – MG, CEP: 39580-000, por seus advogados e procuradores
in fine, com escritoá rio profissional na Rua Joaã o Souto, nº 627-A, Centro, Montes Claros/MG,
CEP: 39.400-081, Fone/Fax (38) 3221-7166, email: osvaldoleao.adv@gmail.com, onde
recebem intimaçoã es, ut instrumento procuratoá rio em anexo, com o devido respeito e
acatamento, vem, aà presença de V. Exa., propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C


ALIMENTOS E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

em desfavor de ONOFRE FERNANDES DA SILVA, brasileiro, solteiro (vive em uniaã o


estaá vel), pedreiro, RG nº. MG-6.473.367 e CPF nº. 850.540.626-53, filho de Justino Pereira
da Silva e Ana Rita Fernandes da Silva, com endereço na Rua Rio Verde, 53, Bairro Monte
Alegre, Montes Claros – MG, CEP: 39401-493, pelas razoã es faá ticas e fundamentos de direito
adiante aduzidos, pelo que requer a anaá lise e consideraçaã o desse ÍÍnclito e Seá dulo Julgador.

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Escritório Montes Claros - MG: Rua João Souto, 627-A, Centro CEP: 39400-081
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DOS FATOS e FUNDAMENTOS

As partes viviam em uniaã o estaá vel, como se casados fossem, desde o dia
30/05/2000, conforme faz prova a escritura puá blica de uniaã o estaá vel em anexo.

Dessa uniaã o adveio duas filhas, sendo elas Lara Gonçalves Fernandes (nascida
em 13/09/2001) e Maria Cecilia Gonçalves Fernandes (nascida em 11/06/2008) –
conforme se percebe das certidoã es acostadas.

No iníácio do relacionamento, o casal viveu em relativa harmonia, ateá que em


novembro do ano passado (2016) a Autora descobriu que o Reá u abusava de sua filha mais
velha, Ísabella Sabrina (que eá enteada do Requerido), quando criança e ainda a espionava
quando esta tomando banho.

Nessa mesmo eá poca o Reá u foi surpreendido espionando tambeá m a sua filha mais
velha Lara Gonçalves Fernandes e suas amigas, quando estas tomavam banho e trocavam de
roupa, tudo devidamente descrito no B.O. em anexo.

Em virtude disso, a Requerente decidiu poô r fim ao relacionamento, tendo o Reá u


saíádo de casa no dia 23 de novembro de 2016.

DO RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL

M.M. Juiz, a escritura puá blica de uniaã o estaá vel em anexo comprova a existeô ncia
da uniaã o estaá vel desde 30/05/2000, eis que tal fato jaá foi confessado pelas partes perante o
tabeliaã o quando da lavratura da mesma.

Se naã o bastasse, a existeô ncia de filhos comuns durante o períáodo do qual se

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alega a uniaã o estaá vel leva aà presunçaã o de veracidade dos fatos narrados na escritura
puá blica.

Assim, buscamos a declaraçaã o de uniaã o estaá vel no períáodo compreendido entre


30/05/2000 a 23/11/2016.

DOS BENS E DAS DÍVIDAS

A Autora possui os seguintes bens: uma motocicleta placa HHU-4764 (HONDA


BROS 2007/2008) avaliada em R$ 4.000,00 e um imoá vel urbano situado no Bairro Antoô nio
Miranda avaliado em R$ 35.000,00 – conforme docs. Acostados.

Aleá m desses, possui as seguintes díávidas: cartaã o de creá dito Bradesco no valor de
R$ 617,09; cartaã o de creá dito Ítauá no valor de R$ 655,13; empreá stimo na Caixa no valor de
R$ 1.666,56; empreá stimo na Caixa no valor de R$ 4.533,84; empreá stimo na Caixa no valor
de R$ 4.233,49; empreá stimo na Caixa no valor de R$ 11.620,22; empreá stimo na Caixa no
valor de R$ 950,15; empreá stimo na Caixa no valor de R$ 3.644,39; e, empreá stimo no BB no
valor de R$ 8.756,13. O valor total dessas díávidas eá de R$ 36.677,00 (trinta e seis mil,
seiscentos e setenta e sete reais).

O Reá u possui um síátio na comunidade rural de Saã o Paulinho, neste municíápio de


Francisco Saá , possuindo diversas benfeitorias e avaliada em cerca de R$ 80.000,00 (oitenta
mil reais).

Ocorre que ao decidirem viver em uniaã o estaá vel, o casal optou pelo sistema de
separaçaã o total de bens, onde os bens ficariam pertencendo ao seu titular.

Tal decisaã o, inclusive, foi registrada na escritura puá blica de uniaã o estaá vel, que

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em seu toá pico (03) que diz: “Que, quantos aos bens móveis e imóveis, inclusive aplicações
financeiras, adquiridos e realizados na constância da União Estável, por cada um dos
conviventes, todos pertencem exclusiva e respectivamente ao companheiro titular desses bens,
constituindo patrimônio particular deste, conforme nota fiscal. Escritura pública, certificado
de registro de veículo, extrato bancário ou outro documento hábil para esse fim, não havendo
condomínio entre os conviventes sobre o patrimônio exclusivo de cada companheiro”.

Portanto, concluíámos que cada qual dos conviventes possui seu patrimoô nio
particular, que, pelo acordado, naã o se comunicam, naã o havendo, pois, em se falar em
partilha de bens.

Pela eventualidade, naã o entendendo V. Exa. dessa forma, o que se admite apenas
por suposiçaã o, deveraã o os bens e as díávidas serem partilhados entre o casal, inclusive o síátio
pertencente ao Reá u.

DOS ALIMENTOS

O casal possui duas filhas comuns, sendo elas Lara Gonçalves Fernandes
(nascida em 13/09/2001) e Maria Cecilia Gonçalves Fernandes (nascida em 11/06/2008).

Desde a saíáda do Reá u da casa da Autora, este vem se negando a ajudar as


menores financeiramente, sendo que em todo esse tempo NUNCA contribuiu para os
sustento das mesmas.

Nesse caminho, o coá digo civil, ao regulamentar a mateá ria, assim diz:

“Art. 1695. Saã o devidos os alimentos quando quem os pretende naã o tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, aà proá pria mantença, e aquele, de

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quem se reclamam, pode forneceô -los, sem desfalque do necessaá rio ao seu sustento.

Art. 1.696. O direito aà prestaçaã o de alimentos eá recíáproco entre pais e filhos, e


extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigaçaã o nos mais proá ximos em grau,
uns em falta de outros.”

Da simples anaá lise das certidoã es de nascimento anexas, que comprovam a


filiaçaã o dos menores, bem como a sua pouca idade, verifica-se a necessidade da percepçaã o
de verba alimentar a ser paga pelo Reá u.

De mais a mais, o dever de prestaçaã o de alimentos estaá previsto expressamente


na Constituiçaã o Federal, em seu artigo 229, sendo dever dos pais satisfazer as necessidades
vitais dos filhos, vez que estes naã o podem proveô -las por si.

E ainda, a Lei nº. 5.478 de 25 de julho de 1968 dispoã e:

“Art. 4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixaraá desde logo alimentos provisoá rios a
serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles naã o
necessita.”

Destaca-se que os filhos do casal saã o menores e encontram-se em idade escolar,


necessitando da ajuda financeira do Requerido.

Lado outro, o Reá u eá pedreiro recebendo mensalmente salaá rio em torno de R$


2.000,00 (dois mil reais) por meô s, o que demonstra a possibilidade de pagar alimentos.

Assim, requer que seja arbitrado alimentos provisoá rios em favor dos menores
em 1 (hum) salaá rio-míánimo.

DOS DANOS MORAIS


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O dano moral como um sofrimento humano causado por uma perda naã o
pecuniaá ria abrange o atentado aà reputaçaã o da víátima, aà sua autoridade legitima, sua
tranquü ilidade, etc.

Assim a concessaã o de danos morais tem a funçaã o de compensar os desgastes


sofridos pelo lesado, bem como eá uma medida de caraá ter coercitiva e pedagoá gica, que visa
coibir e ensinar o agressor a abandonar condutas que provoquem danos.

Ora, num fato desagradaá vel, frustrante e ilegal, como eá o caso objeto dessa lide, o
aspecto moral deve ser observado.

Nesse diapasaã o eá o magisteá rio do Ílustre Savatier que explica que o dano moral:

"é qualquer sofrimento humano que não é causado por uma perda pecuniária, e
abrange todo atentado à reputação da vítima, à sua autoridade legitima, ao seu
pudor, à sua segurança e tranqüilidade, ao seu amor próprio estético, à integridade
de sua inteligência, a suas afeições, etc". (Traité de La Responsabilité Civile, vol.II, nº
525, in Caio Mario da Silva Pereira, Responsabilidade Civil, Editora Forense, RJ,
1989). grifo nosso

Nessa mesma seara eá o ensinamento do iminente Professor Yussef Said Cahali,


onde diz que dano moral:

"é a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do
homem e que são a paz, a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a
integridade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos,
classificando-se desse modo, em dano que afeta a parte social do patrimônio
moral(honra, reputação, etc.) e dano que molesta a parte afetiva do patrimônio
moral (dor, tristeza, saudade, etc.), dano moral que provoca direta ou indiretamente
dano patrimonial (cicatriz deformante, etc.) e dano moral puro (dor, tristeza, etc.)"
(Cahali, Yussef Said. Dano Moral, Editora Revista dos Tribunais, SP, 1998, 2ª edição,
p. 20). Grifo nosso

Assim, o Requerido deve ressarcir a Autora os danos morais que lhe foram
causados pelas suas condutas criminosas que culminaram nos abusos sexuais aà s suas filhas
e pela dor da traiçaã o por mais de 16 anos, jaá que ela acreditava viver do lado de um homem

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honesto e honrado, ao passo que vivia ao lado de um tarado e pedoá filo.

Se naã o bastasse, tal situaçaã o se espalhou entre a famíália da Autora e na


sociedade local, que ficaram sabendo dos abusos e de toda a situaçaã o jaá descrita, o que
causou aborrecimento, vexame, vergonha e transtornos aà Requerente e suas filhas.

O quantum a ser pago pelo dano moral sofrido pela Requerente, em nosso
entendimento deve ser de pelo menos 50 (cinquenta) salaá rios-míánimos.

Dessa forma, a Demandante eá merecedor do valor acima citado, como forma de


compensar o imenso dano por ela sofrido e serviraá tambeá m como medida coercitiva e
pedagoá gica, para que o Reá u naã o mais volte a delinquir.

DOS PEDIDOS/CONCLUSÕES

Ex positis, invocando-se mais uma vez o respeito e acatamento


devidos, REQUER:

1. A concessaã o de alimentos provisoá rios a favor das filhas do casal, Lara


Gonçalves Fernandes e Maria Cecilia Gonçalves Fernandes, no valor de 1 (hum) salaá rio-
míánimo, ou outro valor a ser arbitrado por equidade.
2. A citaçaã o do Requerido no endereço fornecido no preaô mbulo, para,
querendo, oferecer contestaçaã o, sob pena de revelia e confesso.
3. Que ao final os pedido sejam julgados totalmente procedentes para: a)
declarar e reconhecer a uniaã o estaá vel no períáodo compreendido entre 30/05/2000 e
23/11/2016; b) declarar a incomunicabilidade dos bens particulares de cada parte,
reconhecendo o item (03) da escritura puá blica de uniaã o estaá vel, ou, pela eventualidade
partilhar todos os bens entre o casal, inclusive o síátio do Reá u e as díávidas; c) arbitrar
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alimentos definitivos a favor das menores no patamar dos provisoá rios; d) condenar o
Requerido a pagar indenizaçaã o danos morais no importe de 50 (cinquenta) salaá rios-
míánimos ou outro valor a ser arbitrado por equidade.
4. Que seja deferido o paá lio da justiça gratuita aà Autora, nos termos da Lei
1.060/50, e por naã o poder arcar com as custas do processo sem prejuíázo do sustento
proá prio e da sua famíália.
5. Que seja o Requerido condenado ao pagamento das custas processuais e
honoraá rios advocatíácios, aà ordem de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, especialmente documental, testemunhal, depoimento pessoal das partes e todos
os demais que se fizerem necessaá rios.

Daá -se aà causa o valor de R$ 50.000,00 (cinquü enta mil reais).

Nestes termos,
Pede e aguarda deferimento.

Francisco Saá , 03 de maio de 2017.

Osvaldo Silva Leão Neto


OAB/MG n.º 122.306

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