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PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE_0000550-68.2020.5.06.

0012

Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região

AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO


ATOrd 0000550-68.2020.5.06.0012
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Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 24/07/2020


Valor da causa: R$ 8.843,93

Partes:
AUTOR: NATASHA CALACA FERRO DE ALMEIDA RIOS - CPF: 055.839.724-75
ADVOGADO: LAYANNY CARLOS DE OLIVEIRA - OAB: PE45180
ADVOGADO: ROMULO NEI BARBOSA DE FREITAS FILHO - OAB: PE22375
RÉU: ESTADO DE PERNAMBUCO - CNPJ: 10.571.982/0001-25
Documento assinado pelo Shodo

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO
12ª VARA DO TRABALHO DO RECIFE
AVENIDA MARECHAL MASCARENHAS DE MORAIS, 4631,
IMBIRIBEIRA, RECIFE/PE - CEP: 51150-004
ATOrd 0000550-68.2020.5.06.0012
AUTOR: NATASHA CALACA FERRO DE ALMEIDA RIOS
RÉU: ESTADO DE PERNAMBUCO

Processo n. 0000550-68.2020.5.06.0012

SENTENÇA

1 – RELATÓRIO

A parte autora postula os títulos elencados na página 08 do id. 78e1807,


instruídos com documentos, e atribui à causa o valor de R$ R$ 8.843,93.

Devidamente citado, o reclamado Estado de Pernambuco apresentou defesa


escrita dentro do prazo concedido para tanto, pugnando pela improcedência da ação.

As partes anexaram documentos.

Por se tratar de matéria de direito o pleito foi retirado de pauta, sendo


oportunizado às partes manifestar-se acerca da documentação acoplada bem como das razões
finais.

Sem outras, encerrou-se a instrução.

Razões finais apresentadas.

Inconciliadas.

É o que importa relatar.

Decido.

Assinado eletronicamente por: HUGO CAVALCANTI MELO FILHO - Juntado em: 02/12/2020 10:01:39 - 3fc5cd4

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2 - FUNDAMENTAÇÃO

- Direito intertemporal

Consigno, de logo e com vistas a se evitar a oposição de aclaratórios, que,


embora esta sentença seja proferida quando já em vigor a Lei 13.467/17, as normas de direito
material do trabalho não retroagem para regular relações de trabalho anteriores à sua vigência,
conforme artigo 5°, XXXVI, da Constituição Federal de 1988, e artigo 6°, parte final, da Lei de
Introdução às Normas de Direito Brasileiro.

Preliminar

- Ilegitimidade passiva ad causam

Uma vez indicado o Estado de Pernambuco pela reclamante como devedor da


relação jurídica de direito material, legitimado está o demandado para figurar no polo passivo da
ação, ante a adoção pelo Direito Processual Comum da teoria da asserção (aplicável no
Processo do Trabalho, por força do art. 769 da CLT).

Somente com o exame do mérito da lide é que se verificará a responsabilidade


do ente público decorrente da alegação fato do príncipe. Não há que se confundir a relação
jurídica material com à processual, vez que nesta a legitimidade deve ser apurada apenas de
forma abstrata.

Inacolho.

Mérito

- Notificação exclusiva

Defiro o pedido de notificação exclusiva da reclamante, em nome do patrono


João Campiel lo Varel la Neto, OAB 30.341, nos termos da súmula 427, do TST.

Assinado eletronicamente por: HUGO CAVALCANTI MELO FILHO - Juntado em: 02/12/2020 10:01:39 - 3fc5cd4

ID. 3fc5cd4 - Pág. 2


Documento assinado pelo Shodo

- Responsabilidade do ente público. COVID-19.

Invoca a parte autora o art. 486, da CLT para sustentar a presença do fato do
príncipe e pleitear a condenação do Estado de Pernambuco no pagamento de de verbas
trabalhistas decorrentes do término do vínculo de seu contrato de trabalho mantido com empresa
/empregadora Atalaia Empreendimentos Turísticos.

Rejeita-se, de plano, a tese articulada pela reclamante que visa o


reconhecimento da responsabilidade do Estado de Pernambuco, com relação ao pagamento das
verbas rescisórias devidas à parte obreira, por aplicação da teoria do “factum principis”, uma vez
que as medidas preventivas e restritivas de contingenciamento do novo coronavírus (que
destacam o isolamento social horizontal como a principal forma de prevenção ao contágio, a
quarentena, o afastamento dos profissionais integrantes do grupo de risco e funcionamento
limitado a serviços e atividades definidos como essenciais, nos termos do art. 3º e 3º-J, da Lei nº
13.979, de 06/02/2020) embora tenham repercutido, de forma direta, no exercício/continuidade
das atividades econômicas e sociais como um todo, não decorreram de ato discricionário do
Poder Público ou de intervenção pontual e específica em dado direito individual em
proveito da coletividade local, mas sim como medida necessária proteção à saúde pública
de toda a sociedade indistintamente,cujas práticas inclusive tiveram medidas de
implementação análogas em âmbito federal e em praticamente todos os países do globo
terrestre, já que recomendadas pela Organização Mundial de Saúde.

Não é por outro motivo que a tese articulada na peça de ingresso foi objeto de
expressa previsão legal (art. 29 da Lei 14.020, de 06/07/2020), que não deixou dúvidas acerca
da correta interpretação da realidade atualmente vivenciada, ao disciplinar que “não se aplica o
disposto no art. 486 da CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, na
hipótese de paralisação ou suspensão de atividades empresariais determinada por ato de
autoridade municipal, estadual ou federal para o enfrentamento do estado de calamidade pública
reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde
pública de importância internacional decorrente do coronavírus, de que trata a Lei nº 13.979, de 6
de fevereiro de 2020.” (destaquei)

Portanto, rejeita-se aplicação à teoria do “factum principis” articulada pela


reclamada nestes autos e, por conseguinte, indefere-se as pretensões contidas nos itens 1 e 2
(rol final dos pedidos)

Assinado eletronicamente por: HUGO CAVALCANTI MELO FILHO - Juntado em: 02/12/2020 10:01:39 - 3fc5cd4

ID. 3fc5cd4 - Pág. 3


Documento assinado pelo Shodo

Querer atribuir ao erário a exclusividade de todas as responsabilidades


contratuais atingidas por conta das medidas de isolamento social e proteção à saúde pública,
seria estratagema que comprometeria demasiadamente o equilíbrio das contas públicas,
implicando em riscos contra a estabilidade e existência do próprio Estado como um todo.

Improcedente, pois.

- Justiça gratuita

A condição de trabalhador assalariado do reclamante faz presumir que ele não


possui recursos para pagamento das despesas processuais. Por ofensa ao inciso LXXIV, do
artigo 5o., da Constituição da República, declaro, de ofício, a inconstitucionalidade do § 4.º do
art. 791-A da CLT, para deferir ao autor a gratuidade judiciária, assegurando-lhe, integralmente,
o direito de postular sem pagar pelas despesas processuais, nelas incluídas custas, honorários
periciais e honorários advocatícios eventualmente devidos em razão de sucumbência no
processo.

- Honorários sucumbenciais

Considerando o deferimento do benefício da gratuidade de justiça; considerando


que tal benefício abarca a isenção de pagamento de honorários advocatícios (vide artigo 98,
parte final do Código de Processo Civil) e, por fim, considerando a declaração incidental de
inconstitucionalidade do artigo 791-A, §4º, da CLT, considerando a sucumbência total da autora
nos pedidos formulados na presente ação, julgo improcedente o pedido de honorários
advocatícios em prol dos seus patronos.

3 - DISPOSITIVO

Ante o exposto e considerando o mais que dos autos consta, DECIDO:

1 – Refutar a preliminar de mérito suscitada;

Assinado eletronicamente por: HUGO CAVALCANTI MELO FILHO - Juntado em: 02/12/2020 10:01:39 - 3fc5cd4

ID. 3fc5cd4 - Pág. 4


Documento assinado pelo Shodo

2 - Julgar IMPROCEDENTES os pleitos formulados na reclamação trabalhista


ajuizada por NATASHA CALACA FERRO DE ALMEIDA RIOS em face de ESTADO DE
PERNAMBUCO, nos termos constantes da fundamentação supra, que integra este dispositivo
para os seus legais efeitos, absolvendo-se a reclamada das pretensões deduzidas em juízo.

Custas processuais pela parte autora no importe de 2% do valor dado à causa,


porém dispensadas na forma da lei.

Notifiquem-se as partes, atentando a Secretaria para eventuais pedidos de


intimação exclusiva.

Nada mais.

Recife, 19 de novembro de 2020.

Hugo Cavalcanti Melo Filho

Juiz do Trabalho.

mmlgo

RECIFE/PE, 02 de dezembro de 2020.

HUGO CAVALCANTI MELO FILHO


Juiz(a) do Trabalho Titular

Assinado eletronicamente por: HUGO CAVALCANTI MELO FILHO - Juntado em: 02/12/2020 10:01:39 - 3fc5cd4
https://pje.trt6.jus.br/pjekz/validacao/20111917132149300000048164684?instancia=1
Número do processo: 0000550-68.2020.5.06.0012
Número do documento: 20111917132149300000048164684

ID. 3fc5cd4 - Pág. 5


SUMÁRIO

Documentos
Id. Data de Documento Tipo
Juntada
3fc5cd4 02/12/2020 Sentença Sentença
10:01

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