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SENTENÇA
Processo nº 5020024-11.2019.4.03.6100
Vistos em sentença.
Trata-se de Mandado de Segurança Coletivo, com pedido de liminar, impetrado por ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DOS CONTRIBUINTES DE TRIBUTOS contra ato do Sr. DELEGADO DA DELEGACIA
ESPECIAL DE ADMINISTRACAO TRIBUTARIA EM SAO PAULO/SP - DERAT, objetivando a declaração
da inexigibilidade de recolhimento da contribuição a terceiros devida ao INCRA, SEBRAE, SESC,
SENAC e o Salário Educação sobre os valores que ultrapassem o valor-limite de 20 (vinte) salários
mínimos da base de cálculo destas contribuições.
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19/09/2023, 17:04 · Processo Judicial Eletrônico - TRF3 - 1º Grau
DA PRELIMINAR
Em se tratado de representação na forma do art. 5º, inc. XXI, da CF/88, as associações estão aptas
a promover ações coletivas para a tutela de quaisquer direitos subjetivos dos associados, desde
que tais direitos guardem relação de pertinência material com os fins institucionais da
associação. Nesse âmbito, a atuação da entidade associativa se dará por meio do mandando de
segurança coletivo (CF/88, inc. LXX, b).
Do cabimento do “mandamus”
Por seu turno, entendo que a discussão acerca do cabimento de mandado de segurança para fins
de discussão da lide se encontra intimamente ligada com a análise do próprio mérito da
demanda, razão pela qual será com este apreciada.
DO MÉRITO
Expõe que, com o advento da Lei nº 6.950/81, foram estabelecidas restrições ao salário de
contribuição da mencionada contribuição a terceiros, dentre as quais do recolhimento mediante
a apuração da base de cálculo com a limitação de 20 (vinte) vezes o máximo salário mínimo,
prevista no seu parágrafo único do artigo 4º:
Parágrafo único - O limite a que se refere o presente artigo aplica-se às contribuições parafiscais
arrecadadas por conta de terceiros.”
Entretanto, com a edição do Decreto Lei nº 2.318/86 teria ocorrido a revogação expressa do limite
de 20 salários mínimos relativamente apenas às contribuições previdenciárias cota patronal,
preservando-se o limite para as contribuições aos terceiros, de acordo com o artigo 3º, senão
vejamos:
“Art 3º Para efeito do cálculo da contribuição da empresa para a previdência social, o salário de
contribuição não está sujeito ao limite de vinte vezes o salário mínimo, imposto pelo art. 4º da Lei
nº 6.950, de 4 de novembro de 1981.”
7. No tocante à arrecadação, nos termos do art. 4º, parágrafo único, da Lei nº 6.950/81, foi
estabelecido limite máximo para base de cálculo das contribuições parafiscais. No entanto,
sobreveio o Decreto-Lei nº 2.318/86, com disposição que retirou o limite para o cálculo da
contribuição da empresa. Assim, ocorreu expressa revogação do limite apenas para as
contribuições previdenciárias devidas pelas empresas, preservando-se o limite somente para as
contribuições a terceiros. Neste sentido, correta a r. sentença apelada, ao ressaltar que, a Lei nº
9.426/96 constitui-se no diploma regulador específico do salário-de-contribuição, de modo que a
Lei nº 6.950/81, que cuidava unicamente de alterar a legislação previdenciária, não se pode
sobrepor aos ditames da nova lei, posterior e específica, até porque suas disposições, na questão
em foco, são eminentemente conflitantes com a nova regra.
Declaro o direito da impetrante, após o trânsito em julgado desta sentença, obter a compensação
dos valores indevidamente recolhidos pelo quinquênio que antecede o ajuizamento da ação,
tendo por base de cálculo a verba em relação à qual a presente decisão declarou a inexigibilidade
da exação, com contribuições administradas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Deverá
ser apurado o montante através de procedimento administrativo, atualizado pelo mesmo índice
aplicável à atualização de créditos tributários referentes a contribuições sociais patronais sobre a
folha de pagamentos, pelo período entre cada pagamento indevido e a efetiva compensação.
Custas ex lege.
Sentença sujeita a reexame necessário, nos termos do artigo 14, § 1º, da Lei nº 12.016/2009.
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19/09/2023, 17:04 · Processo Judicial Eletrônico - TRF3 - 1º Grau
Interposto recurso tempestivamente, com o preenchimento dos demais requisitos legais, será
recebido apenas no efeito devolutivo, nos termos do art. 1.012, § 1º, V, do CPC/2015.
20102917163187100000037166578
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