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Tribunal de Justiça do Estado da Bahia


PODER JUDICIÁRIO
CAMAÇARI
1ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - CAMAÇARI - PROJUDI

Centro Administrativo, s/n, anexo F. Clemente Mariani, Centro - CAMAÇARI


camacari-1vsj@tjba.jus.br - Tel.: 71 3621-8700
PROCESSO N.º: 0011071-03.2019.8.05.0039

AUTORES:
IRANIR CRUZ RIOS

RÉUS:
COELBA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA COELBA
SENTENÇA

Vistos, etc...

Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei nº 9099/95.

DECIDO.

DA PRELIMINAR DE FALTA DE INTERESSE DE AGIR

Rejeito a preliminar, uma vez que ainda que a energia tenha sido ligada no curso do
processo, a parte autora deseja ser indenizada pelos danos morais e materiais que alega ter
sofrido.

DO PEDIDO DE GRATUIDADE

Cumpre pontuar que o pedido de ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA somente será


apreciado na fase recursal, mediante juntada dos documentos indispensáveis à sua
concessão, nos termos da Lei n. 1.060/50, ressalvando que a DECLARAÇÃO DE
INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS é presunção relativa, não absoluta, devendo ser analisado o
lastro probatório.

MÉRITO.

Trata os presentes autos de ação com pedido de obrigação de fazer, indenização por
danos morais e materiais, em face de suposto defeito no serviço prestado pela demandada,
vez que solicitou uma ligação em um imóvel mas a ligação foi realizada em imóvel diverso, o
que gerou faturas de consumo que foram quitadas pela parte autora, restando evidenciada a
relação de consumo havida entre as partes, sujeitando-se assim à Lei n. 8.078/90 ¿ CDC,
bem como as normas infraconstitucionais que disciplinam e regulam a matéria posta para
acertamento por este Juízo.

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Liminar deferida no evento n. 16.

A acionada, por sua vez, apresentou defesa informando que ao se dirigir ao imóvel
indicado pela parte autora, não havia gente no local, sendo a ligação efetuada
posteriormente.

No caso em tela assiste razão a parte acionante uma vez que demonstrou,
pelos protocolos listados com a inicial, que foi cobrada por faturas de consumo de
forma indevida, já que a ligação no imóvel da parte autora foi efetuada em imóvel
diverso, que geraram cobrança de consumo mínimo em seu nome, tendo a parte
autora, na prática, permanecido sem energia.

Em face do princípio constitucional da cidadania, o Código de Defesa e Proteção do


Consumidor adveio com objetivo de atender às necessidades dos consumidores, para respeito
à sua dignidade, saúde e segurança, proteção de seus interesses econômicos, melhoria de sua
qualidade de vida, primando pela transferência (rectius: transparência) e a harmonia das
relações de consumo, consoante dispõe o art. 4º da Lei nº. 8078/90.

Quando se trata dos direitos à informação, seja na fase pré-contratual ou na de


contratação, o CDC assegura ao consumidor o acesso às informações corretas, claras,
precisas, sobre as características, qualidades, composição, preço,  prazo de validade,
origem e demais dados dos produtos ou serviços, bem como sobre os riscos que
apresentem à sua saúde e segurança (arts. 6º e 31 do CDC).

Mais adiante, no seu art. 39, o CDC enuncia, de modo exemplificativo, proibições de
conduta ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre os quais podem ser colocadas sob
relevo: prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor  (inciso IV), exigir-lhe
vantagem manifestamente excessiva (inciso V).

Assim, no sistema do CDC, leis imperativas e alto cunho social, irão proteger a
confiança que o consumidor depositou no vínculo contratual, mais especificamente na
prestação contratual, na sua adequação ao fim que razoavelmente dela se espera, normas
que irão proteger também a confiança que o consumidor deposita na segurança do produto ou
do serviço colocado no mercado. Busca-se, em última análise, proteger as expectativas
legítimas dos consumidores.

Ora, cabe ao julgador, com os olhos voltados para a realidade social, utilizar os
instrumentos que a lei, em boa hora, colocou a nosso alcance para, seja de maneira
preventiva, punitiva ou pedagógica, realizar o ideal de justiça no mercado de consumo.
Apesar disso, o Juiz deve basear-se nas provas dos autos, já que conforme o mestre Pontes
de Miranda, a falta de resposta pela outra parte estabelece, se as provas dos autos não fazem
admitir-se o contrário, a verdade formal da afirmação da parte. (in Comentários ao C.P.C. Rio
de Janeiro- Ed.Forense, pág. 295).

Quanto ao pleito de recebimento de DANO MORAL, julgo procedente o pedido, pois a conduta
e o erro da acionada prejudicou a autora, que ficou sem luz por vários meses.

DO DANO MATERIAL

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Em relação aos danos materiais, julgo procedente o pedido de restituição dos


valores pagos, na forma simples, uma vez que a parte autora foi cobrada sem que tenha
usufruído dos serviços, nas faturas de maio a setembro de 2019. No entanto, não restou
provada a má fé, a fim de ensejar a restituição em dobro.

Do exposto e por tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE EM
PARTE o pedido, confirmo a liminar deferida no evento n. 06, declaro a inexistência do débito
em relação as faturas vencidas entre maio a setembro de 2019, e condeno a ré a indenizar
moralmente a parte autora na quantia de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), a ser devidamente
acrescido de correção monetária pelo INPC a partir do presente arbitramento (Súmula 362 do
STJ) e juros de mora na base de 1% (um por cento) ao mês, na forma do artigo 405, do
Código Civil, a partir da citação, bem como pelos danos materiais, o montante de R$ 127,96
(cento e vinte e sete reais e noventa e seis centavos), a ser corrigido monetariamente pelo
INPC, a partir do desembolso e com juros de mora de 1% ao mês, desde a citação.

Sem custas. Sem honorários nesta fase processual. (art. 55, Lei 9.099/95).

Expeçam-se as notificações eletrônicas, nos termos do art. 5º, da Lei n. 11.419/2006.

P.R.I.

MARCIA DENISE MINEIRO SAMPAIO MASCARENHAS


 

Juíza de Direito

Documento Assinado Eletronicamente


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