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TJPA - 2º Grau

PJe - Processo Judicial Eletrônico

25/05/2023

Número: 0009829-49.2018.8.14.0053
Classe: RECURSO INOMINADO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: 1ª Turma Recursal Permanente
Órgão julgador: Gabinete TR 01 (1ª Turma Recursal)
Última distribuição : 27/04/2023
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0009829-49.2018.8.14.0053
Assuntos: Pagamento em Consignação
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
DONALDO DE SOUSA (RECORRENTE) ISAIAS ALVES SILVA (ADVOGADO)
GEANNY MARIANO SILVA (ADVOGADO)
FERNANDA CARDOSO BARROS (ADVOGADO)
EQUATORIAL PARA DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A FLAVIO AUGUSTO QUEIROZ MONTALVÃO DAS NEVES
(RECORRIDO) (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data Documento Tipo
13857491 25/09/2022 Sentença Sentença
12:00
Poder Judiciário

Tribunal de Justiça do Estado do Pará

Juízo da Vara Única da Comarca de São Félix do Xingu

Autos nº 0009829-49.2018.8.14.0053

Requerente: DONALDO DE SOUSA

Requerido: EQUATORIAL PARÁ DISTRIBUIDORA DE ENERGIA S.A.

SENTENÇA

Vistos.

I – RELATÓRIO

Relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei 9.099/95 (Lei de Juizados


Especiais). Passo à fundamentação.

II – FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de ação declaratória de inexistência de débito c/c indenização por danos


morais, proposta por Donaldo de Sousa em face de Equatorial Pará Distribuidora de Energia S.A.,
devidamente qualificados.

Em apertada síntese, afirma o requerente que é titular de Unidade Consumidora e


que, no mês de setembro de 2017, funcionários da requerida compareceram a sua residência
para realizar inspeção em seu medidor, ocasião em que informaram que este deveria ser trocado,
sem especificar eventuais irregularidades.

No mês posterior, funcionário da requerida compareceu à casa do requerente e o


informou acerca de uma multa, a qual, caso não fosse adimplida, o fornecimento de energia para
a UC do requerente seria suspenso. Nesse momento, o requerente firmou acordo com o referido
funcionário, restando acordado que o Sr. Donaldo pagaria a quantia de R$1.461,45 a título de
entrada, ao passo que pagaria mais 24 (vinte e quatro) parcelas no valor de R$241,02,
totalizando o valor de R$8.997,93.

Afirma que tal conduta é abusiva, que a requerida não tem por habito fazer a
vistoria dos medidores de energia, e que até o momento da propositura da ação o autor não tinha

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conhecimento da origem da multa arbitrada pela ré.

Em sede de tutela de urgência, requer que a requerida se abstenha de incluir o


nome do autor junto a órgãos de proteção ao crédito; no mérito, requer indenização por danos
morais no valor de 100 (cem) vezes o valor da causa, bem como a declaração de inexistência da
dívida combatida nos autos.

Juntou cópia das faturas impugnadas (id. 34162119, págs. 15/32); consulta ao
sistema do SPC (id. 34162119, pág. 35).

Inicial recebida em id. 34162119, pág. 40. Tutela de urgência deferida no sentido
de determinar que a ré se abstivesse de cadastrar as dívidas impugnadas pelo requerente em
órgãos de proteção ao crédito.

Termo de audiência UNA em id. 34162120, pág. 36. Tentativa de conciliação


infrutífera.

Contestação em id. 34162120, pág. 38. Afirma que foi realizada inspeção no
medidor da UC em 11 de julho de 2018 e foi constatada irregularidade na medição do consumo
de energia no período de 06/12/2014 a 19/01/2017. Segundo o Termo de Ocorrência e Inspeção
(TOI) lavrado no ato, a UC apresentava “ponte de bloco de terminasis integrango lado linha e lado
carga do medidor através de um condutor de cor preta, deixando de registrar corretamente o
consumo de energia elétrica”.

Afirma que a cobrança não se trata de multa e sim de consumo não registrado
(CNR) usufruído pelo requerente, no valor de R$3.445,24. Aduz que, na cobrança em tela, agiu
em consonância com a Resolução nº 414/2010 da ANEEL. Afirma que inexistiu dano de ordem
moral ao autor.

Assevera que da inspeção foi lavrado TOI e seguidos os demais atos inerentes
ao procedimento de cobrança de CNR, de sorte que inexistiu fato ensejador de reparação por
danos morais.

Requer a improcedência da ação e, como pedido contraposto, que o requerente


seja compelido ao pagamento da quantia de R$3.445,24 referente ao CNR.

TOI em id. 34162123, pág. 23; notificação à parte requerida em id. 34162123,
pág. 21; e planilha de cálculo de revisão de faturamento em id. 34162123, pág. 22.

Em manifestação de id. 34162128, pág. 41, a requerida informa que cumpriu a


medida liminar desde o dia 01 de março de 2019.

Pois bem.

De antemão, ressalto que a relação jurídica em litígio se encontra sob a égide do


Código de Defesa do Consumidor.

Importante ressaltar que a fatura combatida pelo autor diz respeito a CNR e não
multas, conforme afirma o requerente em sua inicial.

Acerca do tema, temos que o IRDR nº 04/TJPA (Processo paradigma 0801251-


63.2017.8.14.0000) foi julgado por este E.TJPA, firmando-se a tese que segue acerca de
cobrança de valores referentes a CNR:

Informa-se, inicialmente, que, em 16.12.2020, o incidente processual em


epígrafe teve seu mérito julgado pelo Tribunal Pleno desta e. Corte, ocasião
em que foi firmada a seguinte tese jurídica:

a) A formalização do Termo de Ocorrência de Inspeção (TOI) será realizada


na presença do consumidor contratante ou de seu representante legal, bem
como de qualquer pessoa ocupante do imóvel no momento da fiscalização,

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desde que plenamente capaz e devidamente identificada;

b) Para fins de comprovação de consumo não registrado (CNR) de energia


elétrica e para validade da cobrança daí decorrente a concessionária de
energia está obrigada a realizar prévio procedimento administrativo,
conforme os arts. 115, 129, 130 e 133, da Resolução nº. 414/2010, da
ANEEL, assegurando ao consumidor usuário o efetivo contraditório e a ampla
defesa; e,

c) Nas demandas relativas ao consumo não registrado (CNR) de energia


elétrica, a prova da efetivação e regularidade do procedimento administrativo
disciplinado na Resolução nº. 414/2010, incumbirá à concessionária de
energia elétrica.".

Diante do exposto, nota-se que questões envolvendo a cobrança de consumo


não registrado (CNR) – tal qual o caso da presente ação – deve seguir o procedimento disposto
na Resolução nº 414/2010 da ANEEL, em especial o que dispões os arts. 115, 129, 130 e 133.

Da leitura dos documentos juntados pela requerida, noto que o Termo de


Ocorrência de Inspeção (TOI) foi lavrado em conformidade com o estipulado na Resolução nº
414/2010 da ANEEL e no citado IRDR.

O TOI foi lavrado na companhia do requerente, titular da UC, que o assinou e


recebeu cópia, ciente da irregularidade encontrada no medidor vistoriado.

Notificação em id. 34162123, pág. 21 confirma que o autor foi formalmente


informado do procedimento de cobrança do CNR, sendo-lhe entregue notificações dando ciência
de como o valor da fatura CNR foi apurado, do período apurado, do prazo para pagamento, bem
como prazo para interposição de impugnação do valor e possibilidade de requerer perícia no
medidor defeituoso, garantindo o devido contraditório, tudo em conformidade com o que estipula
a Resolução 414/2010 da ANEEL e o IRDR retrocitado.

Ademais, a planilha em id. 34162123, pág. 22, indica registro a menos de


consumo da energia elétrica na UC do requerente, conforme se depreende da análise do
consumo faturado, corroborando com os argumentos apresentados pela concessionária ré.

Tais fatos demonstram que havia sim registro a menos da energia consumida,
bem como que esse quadro se estendeu de 2014 a 2017, e que – vez que não fez prova do
contrário -, o requerente era, no intervalo indicado, o titular e responsável pela UC em apreço.

Diante do exposto, por entender que a parte requerida agiu em consonância com
a resolução que regulamenta a cobrança de consumo não registrado de energia elétrica, entendo
que não merece acolhimento os pedidos autorais.

Quanto ao pedido contraposto, também não merece acolhimento, haja vista que o
requerido, vez que o réu pode usar de meios processuais mais adequados à cobrança do referido
valor, dada a natureza dos processos que tramitam sob o rito insculpido na Lei nº 9.099/95.

Ex positis, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos autorais, extingo o processo


com resolução do mérito, nos termos do art. 487, I, do CPC.

JULGO IMPROCEDENTE o pedido contraposto apresentado pela ré.

Sem custas e honorários, consoante o art. 55 da Lei nº 9.099/1995.

Caso haja interposição de recurso, intime-se a parte recorrida para apresentar


contrarrazões e encaminhe-se à Turma Recursal, sem tramitar para o Gabinete.

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Inexistindo recurso, certifique-se o trânsito em julgado e arquivem-se os autos,
com as cautelas de praxe.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Cumpra-se.

São Félix do Xingu-PA, 22 de setembro de 2022.

Cristiano Lopes Seglia

Juiz de Direito

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