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PROJUDI - Processo: 0016784-04.2022.8.16.0182 - Ref. mov. 23.

1 - Assinado digitalmente por Antonio Carlos Efing


12/09/2022: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Arq: Contestação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJYPF 3CC7M SDNFD WBNNB
AO 11º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FORO DA COMARCA DE CURITIBA/PR

0016784-04.2022.8.16.0182
Ação de Indenização

SHIMIZU ORTODONTIA S/S LTDA, inscrita sob o CNPJ n.º 07.498.897/0001-


74, com endereço na Rua Padre Anchieta, n.º 1.846, conj 602/604, Bigorrilho
Curitiba/PR, CEP: 80.730-000, vêm, respeitosamente à presença de V. Excelência, por
seus procuradores ao final assinados, com fulcro nos artigos 335 e ss. do Código de
Processo Civil, artigo 30 da Lei 9.099/1995 e mais dispositivos legais aplicáveis à
espécie, apresentar sua defesa na forma de

CONTESTAÇÃO

Aos termos da ação de indenização em epígrafe, proposta por ANDREA DEISY DE


ARAUJO RODRIGUES, já devidamente qualificada, o que faz pelas razões de fato e de
direito a seguir aduzidas.

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12/09/2022: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Arq: Contestação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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I. SÍNTESE DA INICIAL

A Parte Autora informa que firmou contrato de prestação de serviços com a Parte
Ré em 14/07/2020, qual seja, tratamento ortodôntico com alinhadores transparentes
visando alinhar os seus dentes e mordida.

A Parte Autora alega que foi determinado o tempo específico de tratamento, que
seria de 8 (oito) meses. Aduz, ainda, que o fato do tratamento possuir termo final
determinado foi fator determinante para que este fosse sua escolha.

Contudo, a Autora alega que o tratamento não transcorreu da forma contratada,


incorrendo em fato do serviço. Para justificar tal afirmação, a parte autora sustenta que:

• “Em diversos momentos o representante da Ré realizou procedimentos (tal


como a raspagem dos dentes para a colocação do aparelho) que não
informou previamente a Autora quando da contratação, pois se assim o
fizesse, certamente esta não haveria contratado os alinhadores
transparentes”;
• Ausência de informação clara acerca dos procedimentos;
• Não cumprimento do prazo estipulado de 8 meses para conclusão do
tratamento;
• Ausência de entrega do resultado esperado pelo tratamento;
• Mau atendimento, descrito como rude e descortês, pelo prestador de
serviços;

Diante do alegado fato do serviço, pleiteia indenização por danos materiais, no


valor de R$ 16.999,00 (dezesseis mil, novecentos e noventa e nove reais), para que
possa realizar o tratamento com outro profissional de sua confiança. Subsidiariamente,
a parte autora pleiteia que a indenização seja no montante de R$ 9.700,00 (nove mil e

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setecentos reais), referente a devolução da integralidade do valor pago para realização
do tratamento.
Ainda, pleiteia indenização por danos morais no importe de R$16.000,00
(dezesseis mil reais), devido ao mau atendimento recebido.

II. PRELIMINARMENTE

II – A) DA INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL ESTADUAL CÍVEL EM RAZÃO


DA COMPLEXIDADE

O artigo 3º da Lei 9.099/1995 aduz que compete aos Juizados Especiais Cíveis
as causas de menor complexidade.

A autora alega na inicial, entre outros motivos, que a falha na prestação de


serviços decorre da imperícia da parte ré que não prestou os serviços de forma
adequada, em relação aos procedimentos e informações necessárias. Contudo, não é
possível afirmar com 100% de certeza e com segurança que houve falha na prestação
de serviços pela Parte ré por meio de provas documentais e testemunhais.

Para que seja possível averiguar se houve, de fato, falha na prestação de


serviços é necessário realização de perícia técnica, pois apenas com auxílio do perito
será possível afirmar se não há culpa exclusiva da vítima. No caso em tela, o objeto de
prova é a qualidade da prestação de serviços ortodônticos, visando verificar se houve ou
não falha na prestação de serviços.

Segundo o Enunciado 54 do FONAJE “a menor complexidade da causa para


a fixação da competência é aferida pelo objeto da prova e não em face do direito
material”. Portanto, tal prova só pode ser realizada por meio de perícia, com profissional
devidamente habilitado, pois vai além do campo de expertise do direito.

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Tal afirmação é reforçada pois, se constatada culpa exclusiva da vítima pela
ausência de resultado no tratamento ortodôntico, esta é uma excludente de
responsabilidade nos termos do art. 14, §3º, II do CDC.

Sobre o tema, o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Paraná já se


manifestou em casos semelhantes sobre a incompetência dos Juizados Especiais
Cíveis:

RECURSO INOMINADO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS


E MATERIAIS. PROCEDIMENTO ODONTOLÓGICO.
NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA TÉCNICA. TESE
DE COMPLEXIDADE DA CAUSA ACOLHIDA. INCOMPETÊNCIA
DO JUIZADO ESPECIAL. EXTINÇÃO DO FEITO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. SENTENÇA ANULADA. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. (TJ-PR - RI: 00050339320178160182
PR 0005033-93.2017.8.16.0182 (Acórdão), Relator: Juíza Vivian
Cristiane Eisenberg de Almeida Sobreiro, Data de Julgamento:
06/12/2017, 1ª Turma Recursal, Data de Publicação: 13/12/2017)

RECURSO INOMINADO. RESIDUAL. TRATAMENTO


ODONTOLÓGICO. ORTODONTIA. COLOCAÇÃO DE
APARELHO. ALEGAÇÃO DE FALHA NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇO. ANÁLISE DAS PROVAS QUE DEMANDA
CONHECIMENTO TÉCNICO. NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO
DE PROVA PERICIAL. COMPLEXIDADE DA DEMANDA.
INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. EXTINÇÃO
DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO DE OFÍCIO.
RECURSO PREJUDICADO. (TJPR - 2ª Turma Recursal -
0008409-53.2020.8.16.0030 - Foz do Iguaçu - Rel.: JUÍZA DE
DIREITO SUBSTITUTO FERNANDA BERNERT MICHIELIN - J.
11.06.2021)
(TJ-PR - RI: 00084095320208160030 Foz do Iguaçu 0008409-
53.2020.8.16.0030 (Acórdão), Relator: Fernanda Bernert Michielin,
Data de Julgamento: 11/06/2021, 2ª Turma Recursal, Data de
Publicação: 13/06/2021)

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS E MORAIS. TRATAMENTO ODONTOLÓGICO.
ALEGAÇÃO DE NÃO FINALIZAÇÃO DO TRATAMENTO PELA
REQUERIDA E DE PROBLEMAS ESTÉTICOS E FUNCIONAIS
DECORRENTES, SENDO NECESSÁRIA A CONTRATAÇÃO DE
OUTRA CLÍNICA PARA CONCLUSÃO E REPAROS. SENTENÇA

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DE PARCIAL PROCEDÊNCIA DETERMINANDO A
RESTITUIÇÃO DE PARTE DO VALOR PAGO NO TRATAMENTO
E CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS. AUSÊNCIA DE
CONCLUSÃO DOS SERVIÇOS NÃO COMPROVADA.
RESPONSABILIDADE DA PARTE RÉ NA NECESSIDADE DE
REALIZAÇÃO DE NOVO TRATAMENTO NÃO COMPROVADA.
NECESSIDADE DE PERÍCIA DOS PRONTUÁRIOS E
REGISTROS ODONTOLÓGICOS DO PACIENTE. PRELIMINAR
DE INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS
RECONHECIDA. SENTENÇA ANULADA. Recurso conhecido e
provido. (TJPR - 5ª Turma Recursal dos Juizados Especiais -
0035693-21.2019.8.16.0014 - Londrina - Rel.: JUÍZA DE DIREITO
DA TURMA RECURSAL DOS JUÍZAADOS ESPECIAIS
FERNANDA DE QUADROS JORGENSEN GERONASSO - J.
28.05.2022)
(TJ-PR - RI: 00356932120198160014 Londrina 0035693-
21.2019.8.16.0014 (Acórdão), Relator: Fernanda de Quadros
Jorgensen Geronasso, Data de Julgamento: 28/05/2022, 5ª Turma
Recursal dos Juizados Especiais, Data de Publicação: 30/05/2022)

Ressalte-se que no despacho de mov. 20 foi deferida a inversão do ônus da


prova, cabendo ao réu, portanto, desincumbir-se das alegações. Contudo, para que isso
seja possível é imprescindível a realização de prova pericial para averiguação se houve,
de fato, defeito na prestação de serviços. Entendimento contrário configura-se
cerceamento de defesa.

Sobre a necessidade de perícia técnica em casos odontológicos, diversas vezes


o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná já decidiu sobre a necessidade de perícia:

APELAÇÃO CÍVEL. “AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS, DANOS MORAIS E LUCROS CESSANTES
DECORRENTES DE ATO ILÍCITO”. ALEGADO ERRO NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS.
NECESSIDADE DE AMPLIAÇÃO DO SUPORTE PROBATÓRIO
PARA A FORMAÇÃO DA CONVICÇÃO DO JULGADOR.
PERÍCIA TÉCNICA IMPRESCINDÍVEL PARA O MELHOR
ESCLARECIMENTO DOS GRAVES FATOS IMPUTADOS À
PROFISSIONAL QUE ATENDEU A AUTORA NAS
DEPENDÊNCIAS DA CLÍNICA REQUERIDA. EXIGÊNCIA DE
CONHECIMENTOS TÉCNICOS ESPECIALÍSSIMOS QUE NÃO
PODEM SEU SUPRIDOS PELA PROVA DOCUMENTAL
JUNTADA AOS AUTOS. PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE
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DEFESA ACOLHIDA À CASSAÇÃO DA SENTENÇA PARA A
PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.
(TJ-PR - APL: 00280302220138160017 Maringá 0028030-
22.2013.8.16.0017 (Acórdão), Relator: Elizabeth de Fatima
Nogueira Calmon de Passos, Data de Julgamento: 30/05/2021, 10ª
Câmara Cível, Data de Publicação: 31/05/2021)

Portanto, pleiteia-se seja reconhecida e declarada a incompetência do Juizado


Especial Cível para processar e julgar a presente lide e a remessa dos presentes autos
para a Justiça Estadual Comum da Comarca de Curitiba/PR.

II – B) DENUNCIAÇÃO À LIDE

Dispõe o art. 125, II, do Código de Processo Civil, o cabimento da denunciação


da lide no caso de existir direito de regresso do requerido em relação a terceiro,
considerando previsão legal ou contratual:

Art. 125, CPC: É admissível a denunciação da lide, promovida por


qualquer das partes:
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar,
em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.

A parte ré Requerida mantém seguro cuja cobertura engloba, em todo território


brasileiro, a “indenização das reparações pecuniárias, pelas quais, o mesmo for
responsabilizado por danos causados a terceiros e obrigado a indenizá-los, a título de
reparação, por decisão judicial ou decisão em juízo arbitral, ou por acordo com os
terceiros prejudicados, mediante a anuência da Seguradora, em virtude de ações ou
omissões provocadas no exercício de suas atividades profissionais de prestação de
serviços na área da saúde, desde que atendidas as disposições do contrato.” (Doc.
Condições Gerais do Seguro Excelsior Profissional de Saúde, p. 10)

A cobertura do seguro abarca, portanto, danos corporais, danos materiais e


danos morais. Ainda que no mérito inexista o dever de indenizar, em hipótese remota
de condenação, o evento em tela é abarcado por tal cobertura.

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Apesar da dicção legal não mais estabelecer a figura da obrigatoriedade da
denunciação da lide, os princípios da economia processual e da efetividade da jurisdição
assim sinalizam. Não se tomará tempo excessivo no curso da demanda o simples
chamamento da seguradora à lide, se evitando ainda, que no futuro, o Poder Judiciário
seja assoberbado com lide distinta, tão somente para discutir eventual regresso.

Em caso de procedência da presente demanda, haveria outro litisconsorte


solidário na demanda apto a pagar eventual condenação, observando-se a
responsabilidade da Requerida em razão da franquia contratual. Portanto, não haverá
prejuízo na ampliação dos limites subjetivos da demanda, mediante a participação da
seguradora no presente feito.

Dito isso, deve ser deferida a denunciação da lide de Companhia Excelsior


Seguros, inscrita no CNPJ sob o n.º 33.054.826/0001-92, Av. Cândido de Abreu, 526 -
Conj. 511 A - Centro Cívico, Curitiba - PR, 81450-100.

Assim ocorrendo, mediante as anotações necessárias, requer seja efetuada a


sua citação, para que se apresente aos autos, sob as penas da Lei. Ordenada a citação,
a lide deverá ser suspensa, viabilizando-se o aperfeiçoamento da relação processual.

Cabe ressaltar que o entendimento acerca da denunciação a lide em ações


consumeristas vem se modificando com o passar dos anos. Atualmente, entende-se ser
possível a denunciação da lide de seguradoras em causas relacionadas ao direito do
consumidor, como pode ser observado nos julgados recentes do Egrégio Tribunal de
Justiça do Estado do Paraná:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MATERIAIS. DECISÃO QUE INDEFERIU O PEDIDO DA
CONCESSIONÁRIA RÉ DE DENUNCIAÇÃO DA LIDE À SUA
SEGURADORA. RELAÇÃO DE CONSUMO. VEDAÇÃO LEGAL
DO ART. 88 DO CDC NÃO APLICADA QUANDO HÁ ANUÊNCIA
EXPRESSA DO CONSUMIDOR. POSSIBILIDADE DE
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DEFERIMENTO DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE, EM CARÁTER
EXCEPCIONAL. PRECEDENTES. DECISÃO REFORMADA.
RECURSO PROVIDO. 1. Reconhecida a relação de consumo entre
as partes, o art. 88 da legislação consumerista estabelece a
impossibilidade da intervenção de terceiros, assegurando a
celeridade e efetividade do processo na reparação de eventuais
danos sofridos pelo consumidor, garantindo os seus direitos e
evitando o prolongamento maléfico da ação. 2. No entanto, tal
vedação legal tem sido excepcionada nos casos em que há
expressa concordância e interesse do consumidor. 3. Parte
autora que, na impugnação à contestação, não se opôs à
denunciação da lide, entendendo-a pertinente. 4. Posterior
apresentação de “negócio jurídico processual” em que as partes
litigantes requereram a inclusão da seguradora na condição de
denunciada, tendo a autora considerado a denunciação da lide
benéfica aos seus interesses. 5. Logo, não se vislumbra qualquer
óbice para o excepcional deferimento da medida, de modo que o
recurso comporta acolhida.
(TJ-PR 00168045620228160000 Ponta Grossa, Relator: Angela
Khury, Data de Julgamento: 08/08/2022, 10ª Câmara Cível, Data
de Publicação: 08/08/2022)

Ante o exposto requer seja determinada a citação do denunciado para que se


manifeste nos autos, querendo, nos termos do artigo 128 do CPC.

III. DO MÉRITO

III – A) DA INEXISTÊNCIA DE FATO DO SERVIÇO

Primeiramente, será defendida a inexistência de defeito na prestação de serviços


da parte ré. Após, subsidiariamente, caso este não seja o entendimento deste Juízo (o
que se admite somente para argumentação), e este venha entender pela existência de
defeito na prestação de serviços, argumentar-se-á pela culpa exclusiva do consumidor
pelo defeito na prestação de serviços ortodônticos.

A.1. Da inexistência do defeito na prestação de serviços

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A Parte Autora contratou os serviços da Parte Ré para tratamento ortodôntico
por meio da utilização de alinhadores transparentes da ClearCorrect, conforme exposto
na exordial. Em relação à ausência de informações referentes à prestação de serviços,
no início do tratamento foram informados todos os procedimentos que seriam realizados
e o modo de sua realização. Não podendo se falar em ausência ou má informação.

No início do tratamento o paciente recebe um manual de instruções contendo


informações necessárias sobre o uso do aparelho (Doc. Instruções ClearCorrect em
anexo). No referido manual, entre outras informações, está previsto que o paciente deve
utilizar o alinhador por pelo menos 22h por dia (p. 4):

Diante disso, não há que se falar em ausência de informação relacionada aos


procedimentos dos alinhadores. Ainda, em anexo, a ficha da paciente Andrea, ora parte
autora, também demonstra que foram seguidos de forma correta todos os procedimentos
necessários para evolução do tratamento por parte o prestador de serviços, parte ré.
Entre os procedimentos regulares do tratamento tem-se o escaneamento,
desgastes, trocas de placas. Ressalte-se, que os desgastes, tecnicamente chamados

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de Redução Interproximal (IPR), são procedimentos regulares e necessários para
a evolução do tratamento e configura-se em “processo de criar quantidades bem
pequenas de espaço entre pares de dentes para permitir que os dentes se
movimentem conforme necessário durante o tratamento”1.

Ainda, pelas conversas constantes das mensagens juntadas pela parte autora,
a parte ré sempre esteve disposta e solícita quando notificada. A requerimento da parte
autora, diversas consultas foram remarcadas, não havendo nenhum óbice para a
conclusão do tratamento.

Vale mencionar que, ciente do descontentamento da parte autora com o


tratamento, a parte ré se disponibilizou a arcar com os custos de uma perícia técnica
extrajudicial, para que fosse apurado eventual dano da parte ré no tratamento. No
entanto, a parte autora não anuiu com este procedimento e preferiu judicializar a
presente demanda que, novamente ressalta-se, poderia se resolver de forma
extrajudicial e sem a necessidade de atuação do Poder Judiciário.

Assim, os pedidos iniciais não merecem prosperar, devendo ser julgados


improcedentes. Caso este não seja o entendimento deste Juízo, passará a argumentar
que se caracterizado fato do serviço, este se deu por culpa exclusiva do consumidor.

A.2. Da culpa exclusiva da consumidora Autora

Conforme já exposto, esta modalidade de aparelho deve ser utilizada, pelo


menos 22 horas por dia para que seja possível a movimentação dos dentes (Vídeo Como
os alinhadores da ClearCorrect funcionam? – 00:00:33 segundos e seguintes).2

1 CLEARCORRECT. IPR (Redução Interproximal) ou desgaste - Como executar. Disponível em:


https://support.clearcorrect.com/hc/pt-br/articles/4402143232535-IPR-Redu%C3%A7%C3%A3o-
Interproximal-ou-desgaste-Como-executar. Acesso em: 12 set. 2022.
2 CLEAR CORRECT GLOBAL. Como os alinhadores da ClearCorrect funcionam? Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=oCdztJLgMr4. Acesso em: 9 set. 2022.


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Caso o tempo de utilização de 22 horas diárias não seja seguido pelo paciente,
o tratamento não terá a evolução esperada, pois o dente não irá se movimentar de forma
adequada e dentro do prazo. Com isso, verifica-se que este tipo de alinhador depende
100% (cem por cento) da cooperação do paciente para que seja possível alcançar
o resultado esperado dentro do prazo esperado.

Dentre os sinais de que a paciente não está utilizando o alinhador de forma


correta, cita-se o fato de que esta queixou-se que o alinhador ficava apertado após 2
semanas de uso. (Vídeo Conoce nuestro sistema con alineadores ClearCorrect,
33min49seg e seguintes – em anexo).3

A dificuldade de encaixe dos alinhadores evidencia-se pelas provas acostadas


pela parte autora, conforme imagem abaixo (mov. 1.5, p. 5):

3CLEAR CORRECT GLOBAL. Conoce nuestro sistema con alineadores ClearCorrect. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=KmGlvuFi2JI. Acesso em: 6 set. 2022
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Ainda, para a realização do tratamento são necessários desgastes para que o
dente possa se movimentar (Vídeo Conoce nuestro sistema con alineadores
ClearCorrect, 1min22seg e seguintes – em anexo).4

Caso não sejam realizados estes desgastes, não existe espaço para
movimentação dos dentes.

Sobre a questão dos desgastes, durante todo o tratamento houve a relutância


de aceitação pela parte autora, conforme pode ser observado no trecho abaixo extraído
da petição inicial. Fato que também dificultou a evolução do tratamento de forma
adequada.

Verifica-se, na verdade, que A PARTE AUTORA NÃO QUIS SE SUBMETER


AOS PROCEDIMENTOS NECESSÁRIOS PARA A CONCLUSÃO DO TRATAMENTO
ORTODÔNDICO E NÃO COLABOROU NA UTILIZAÇÃO DOS ALINHADORES PELO
PERÍODO DIÁRIO DE TEMPO NECESSÁRIO.

Diante disso, tem-se a excludente de responsabilidade civil pelo fato do serviço,


prevista no artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, devido à culpa exclusiva do
consumidor:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.

4CLEAR CORRECT GLOBAL. Conoce nuestro sistema con alineadores ClearCorrect. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=KmGlvuFi2JI. Acesso em: 6 set. 2022
12
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12/09/2022: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTESTAÇÃO. Arq: Contestação

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJYPF 3CC7M SDNFD WBNNB
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas
técnicas.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando
provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Pelo fato de o paciente não ter terminado o tratamento e consequentemente não


ter colocado a contenção, os dentes tendem a se movimentar novamente. Com isso, o
estado atual dos dentes não corresponderá com o estado que estava quando a cliente
parou de utilizar o aparelho. No entanto, ainda assim, é IMPRESCINDÍVEL A
REALIZAÇÃO DE PROVA PERICIAL.

É descabido alegar inocuidade da prova pericial, pois ela pode ser feita pelo
expert de maneira indireta e com base nos documentos e informações prestadas pelas
partes, que, obviamente, serão submetidas ao crivo do perito técnico, respeitado o
contraditório e a ampla defesa, conforme entendimento já manifestado pelo Tribunal de
Justiça do Estado do Paraná:

Segundo a melhor doutrina, a obrigação do profissional da


saúde é empregar, em favor do paciente, os melhores métodos
e técnicas científicas ao seu dispor. E para que se possa
verificar o acerto da conduta do profissional, a perícia se
revela imprescindível, pois o julgador, via de regra, não detém
conhecimentos técnicos específicos da área da Saúde. (TJ-PR
- Apelação: 00363982420168160014 PR (Acórdão), Relator:
Desembargadora Vilma Régia Ramos de Rezende, Data de
Julgamento: 28/02/2019, 9ª Câmara Cível)

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PROJUDI - Processo: 0016784-04.2022.8.16.0182 - Ref. mov. 23.1 - Assinado digitalmente por Antonio Carlos Efing
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O entendimento do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná coaduna com o
disposto no artigo 156 do CPC, segundo o qual “o juiz será assistido por perito quando
a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico”. Ainda, no Acórdão
proferido em sede de Apelação Cível ressalta que:

Afigura-se temerário decidir pela existência ou não de falha na


prestação do serviço somente com base na documentação
anexada pelas litigantes e nos depoimentos colhidos em
Audiência de Instrução e Julgamento (TJ-PR - Apelação:
00363982420168160014 PR (Acórdão), Relator: Desembargadora
Vilma Régia Ramos de Rezende, Data de Julgamento: 28/02/2019,
9ª Câmara Cível)

Ante o exposto, devido a imprescindibilidade da perícia técnica, requer seja


deferido o requerimento de produção de prova pericial, além da prova documental e
testemunhal. Ainda, pugna-se sejam julgados improcedentes o pedido de indenização
pelo fato do serviço com base no artigo 14, §3º, II do CDC.

III – B) DA AUSÊNCIA DE DANO MORAL

Primeiramente cabe enfatizar que a pretensa reparação por danos morais não
encontra respaldo diante dos fatos trazidos na exordial.

A autora não junta provas de qualquer atitude, dolosa ou culposa, por parte do
réu, apenas narra fatos conforme sua conveniência, genéricas e evidentemente
manipuladas para evidenciar um descaso que não houve.

Ou seja, a inicial traz alegações unilaterais de mau atendimento sem prova


documental suficiente. Já em relação ao não cumprimento do prazo de tratamento,
conforme já foi demonstrado, decorre exclusivamente de culpa do consumidor pela não
cooperação durante o curso do tratamento.

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PROJUDI - Processo: 0016784-04.2022.8.16.0182 - Ref. mov. 23.1 - Assinado digitalmente por Antonio Carlos Efing
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Ainda, claramente o valor pleiteado, de R$16.000,00 (dezesseis mil reais),
perpassa o limite da razoabilidade e proporcionalidade, ficando transparente a intenção
de enriquecimento ilícito e desmedido por parte da autora.

Ante o exposto, pugna-se pela improcedência do pedido de indenização por


dano moral. No entanto, caso este Juízo entenda de maneira diversa e julgue
procedentes (o que se admite somente para argumentar), pleiteia-se a minoração dos
danos morais para valor não superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

IV. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante do exposto, pleiteia-se e requer:


a) Seja acolhida a preliminar de incompetência deste Juízo em razão da
complexidade da causa e a remessa dos presentes autos para a Justiça Comum
Estadual da Comarca Curitiba/PR, nos termos dos artigos 3º da Lei 9.099/1995 e
artigo 337, II, CPC;
b) citação do denunciado para integrar a relação jurídica processual, e, se desejar,
apresentar contestação à denunciação da lide, nos termos do artigo 128 do CPC
e;
c) ao final, sejam julgados totalmente improcedentes os pedidos iniciais nos termos
da fundamentação.

VI. ESPECIFICAÇÃO DAS PROVAS

Protesta provar o alegado, por todos os meios de provas admitidas em direito,


em especial pela prova pericial, oitiva de testemunhas, prova documental e depoimento
pessoal a ré, sob pena de confesso, nos termos do artigo 336 do CPC.
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PROJUDI - Processo: 0016784-04.2022.8.16.0182 - Ref. mov. 23.1 - Assinado digitalmente por Antonio Carlos Efing
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ROL DE TESTEMUNHAS

1. Helena de Oliveira Alves


CPF 091.021.949-45
RG 12.961.559-1
Rua Dom João Braga, 46, casa 3. Bairro Vista Alegre.
Curitiba/PR

2. Dra Cristiane MaKelli Valori


CPF 046.189.179-46
RG 9.533.304-4.
Rua Cel Aviador José Biagini de Moraes, 582. Tatuquara.
Curitiba-PR

3. Isabela Almeida Shimizu


Rua Padre Anchieta, 1846 / 602. Bigorrilho. CEP 80.730-000
RG 5384692-0
Curitiba/PR

Nestes Termos, pede procedência.


Curitiba, 12 de setembro de 2022.

Antônio Carlos Efing Núbia Daisy Fonesi Pinto

OAB/PR n.º 16.870 OAB/PR n.º 103.559

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