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PROJUDI - Recurso: 0000172-69.2021.8.16.0038 - Ref. mov. 29.

1 - Assinado digitalmente por Desembargador Rogerio Ribas


11/05/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Rogério Ribas - 17ª Câmara Cível)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
17ª CÂMARA CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL Nº 0000172-69.2021.8.16.0038 DA VARA DE REGISTROS PÚBLICOS

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJSPR JTT5J F6W6A DHFJU


E CORREGEDORIA DO FORO EXTRAJUDICIAL DE FAZENDA RIO GRANDE
APELANTE: ALEXANDRE COSTA BOIKIVSKI
APELADO: SERVIÇO REGISTRAL DE IMÓVEIS
RELATOR: Desembargador ROGÉRIO RIBAS

APELAÇÃO CÍVEL. Registros Públicos. Mandado de Segurança.


Exigência de apresentação de certidões fiscais para registro do
contrato de compra e venda com mútuo e alienação fiduciária em
garantia. Denegação da ordem.

RECURSO DO IMPETRANTE. (1) Revogação da justiça gratuita em


sentença. Impossibilidade. Benefício concedido no início do
processo. Inexistência de mudança da situação financeira.
Remissão a recurso de outro processo que não serve como
justificativa para revogar, de ofício, a justiça gratuita. Ausência de
contraditório prévio. Restabelecimento do benefício. Preparo
recursal dispensado. (2) Preliminar de inadequação da via eleita
suscitada em contrarrazões. Não acolhimento. Demonstração do
cabimento do writ no caso concreto. (3) Alegada ilegalidade pela
exigência de certidões negativas de tributos. Inocorrência.
Exigência registral para apresentação de certidões fiscais.
Inexistência de ordem para que as certidões fossem negativas ou
positivas com efeito de negativa. Diálogos no WhatsApp que não
servem como provas, por serem alheios ao procedimento
estabelecido em lei. Acerto da sentença. (4) RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO, APENAS PARA RESTABELECER A
JUSTIÇA GRATUITA, MANTENDO-SE A DENEGAÇÃO DA
SEGURANÇA.

VISTOS e examinados estes autos.

RELATÓRIO

Trata-se de Apelação Cível em face da respeitável sentença (mov. 75.1),


complementada no mov. 79.1, proferida nos autos de MANDADO DE SEGURANÇA nº
0000172-69.2021.8.16.0038, em que MM. Juiz denegou a segurança.

O recorrente/impetrante vendeu um imóvel localizado na Cidade de Fazenda Rio Grande.


Ao tentar registrar a alienação, o Oficial do Cartório de Registro de Imóveis exigiu a
apresentação de certidões negativas de débitos fiscais.

Referida exigência viola o direito líquido e certo do apelante, considerando a


desnecessidade de comprovação de quitação dos débitos tributários para lavratura de atos no
Registro de Imóveis, conforme julgamento das ADI nª 173-6 e 394 pelo Supremo Tribunal
Federal e entendimento do Conselho Nacional de Justiça. Pediu a concessão de justiça gratuita,
deferimento do pedido liminar de registro e, ao final, a concessão da segurança.
PROJUDI - Recurso: 0000172-69.2021.8.16.0038 - Ref. mov. 29.1 - Assinado digitalmente por Desembargador Rogerio Ribas
11/05/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Rogério Ribas - 17ª Câmara Cível)

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Deferida a justiça gratuita e determinada emenda à petição inicial (mov. 14.1), que foi
realizada no mov. 16.1.

Indeferida a liminar pleiteada (mov. 18.1).

A autoridade coatora prestou informações no mov. 39.1, alegando que: a) é necessária

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apresentação de certidões de débitos fiscais, municipais, estaduais e federais, conforme
determinação da Corregedoria-Geral de Justiça do Estado do Paraná; b) “Quanto ao fato em
questão não foram apresentadas quaisquer certidões, sejam elas negativas ou positivas,
não sendo possível ao Registrador realizar o registro da compra e venda na matrícula,
sob pena de descumprimento da determinação acima mencionada, se as fossem poderia
ter o Impetrante juntado nos presentes autos, demonstrando que teria cumprido com a
exigência”.

O apelante/impetrante juntou a relação de débitos fiscais e reiterou o pedido de registro


(mov. 45.1). Houve indeferimento, pois “a prenotação que gerou o ato aqui impugnado já
expirou sua validade. Assim, para haver registro utilizando-se as certidões apresentadas é
preciso novo protocolo, quando a documentação será apreciada novamente na integralidade,
sob pena de, eventualmente, prejudicar interesses de terceiros, sob pena de ofensa à
sistemática do art. 182 e seguintes da Lei nº 6.015/73” (mov. 49.1).

O impetrante realizou novo protocolo no Registro de Imóveis (mov. 53.1).

Na decisão de mov. 59.1, o juízo decidiu que ”o remédio constitucional do mandado de


segurança é uma via estrita que não admite ampliação e nem dilação probatória. Assim, se a
parte impetrante eventualmente entende que há novo ato coator que viole direito líquido e
certo, como aparentemente sugere no mov. #57, deve fazer uso demandado de segurança
específico. O objeto dos presentes autos é tão somente o ato dito coator documentado no mov.
#1.6”.

O Ministério Público opinou pela denegação da segurança (mov. 71.1).

Sobreveio r. sentença pela denegação da ordem, pois, segundo o juiz da causa, “


nunca se exigiu dele a quitação de tributos ou a apresentação de certidões fiscais negativas,
mas tão somente certidões fiscais, o que é legítimo e orientado pela Corregedoria da Justiça,
visando resguardar a plena ciência dos negociantes” (mov. 75.1).

Ainda, condenou o impetrante ao pagamento de custas, em atenção ao decidido no


agravo de instrumento 0040683-29.2021.8.16.000 (mov. 75.1).

Opostos embargos de declaração (mov. 77.1), houve rejeição (mov. 79.1).

Inconformado, apela o impetrante (mov. 83.1), alegando que:

a)- houve revogação da justiça gratuita na sentença, mas não houve impugnação da
parte contrária e nem mudança do quadro fático, tendo o recorrente comprovado o recebimento
de dois salários-mínimos e as despesas mensais;

b)- as ilegais exigências foram comprovadas nos autos, conforme documentos juntados
nos movs. 1.6 (apresentação de certidões fiscais), 1.7 (informação de que não haveria
possibilidade de dispensa) e 24.2 (exigência expressa de certidão negativa ou positiva com
efeito de negativa);

c)- “Em relação ao documento de mov. 1.6 não seria necessariamente um ato ilegal,
desde que fosse aceita certidão positiva (relação de débitos)”;

d)- consta a exigência no mov. 24.2, comprovando-se a ilegalidade do ato coator, “uma
PROJUDI - Recurso: 0000172-69.2021.8.16.0038 - Ref. mov. 29.1 - Assinado digitalmente por Desembargador Rogerio Ribas
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vez que foram exigidas certidões negativas/positivas com efeitos de negativa, isto é, exigiu-se a
quitação ou parcelamento de tributos”;

Pede o provimento do recurso para se conceder a segurança.

O oficial do registro (impetrado) apresentou contrarrazões, alegando que: a) a via eleita

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é inadequada, cabendo a suscitação de dúvida; b) houve produção de provas após a
apresentação de informações; c) a Corregedoria-Geral de Justiça exige a cobrança de certidões
de tributos municipais, federais e estaduais e o apelante não apresentou nenhuma; d) “as
certidões apresentadas em mov. 45, já de forma intempestiva pela via eleita, foram emitidas
em 10 de fevereiro de 2021(mov. 45.2) e em 05 de janeiro de 2021 (mov. 45.3 e 45.4),
sendo que a negativa apresentada pela Apelante ocorreu em 18 de dezembro de 2020 (mov.
1.6), não havendo, portanto, o que se falar em ato ilegal por parte do Apelado”. Pede a
extinção do feito, por inadequação da via eleita e, no mérito, pelo desprovimento do recurso
(mov. 86.1).

Ministério Público opina pelo desprovimento do recurso (mov. 89.1), na mesma linha da
Procuradoria-Geral de Justiça (mov. 16.1).

É o relatório.

VOTO E FUNDAMENTAÇÃO

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

Conheço do recurso porque estão presentes os pressupostos de admissibilidade.

Passo a analisar os temas suscitados:

Não cabimento da revogação de ofício da justiça gratuita

Como bem defendeu o recorrente, não caberia a revogação da justiça gratuita de ofício e
sem prévio contraditório.

O agravo de instrumento citado na sentença se refere a outro processo. Ademais, uma


vez concedida a justiça gratuita, o benefício persiste e somente cabe a revogação quando
houver alteração da situação financeira, após demonstração da parte contrária:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE EMPRÉSTIMO


CONSIGNADO C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL - SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA, COM A REVOGAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA, ALÉM DA IMPOSIÇÃO DE MULTA POR
LITIGÂNCIA DE MÁ-FE - REVOGAÇÃO DA JUSTIÇA GRATUITA EM RAZÃO DO
AUTOR SER LITIGANTE EM OUTRAS DEMANDAS ENVOLVENDO AS MESMAS
PARTES – ARGUMENTO DE PRESUNÇÃO DE HIPERSSUFICIÊNCIA PARA
ARCAR COM AS DESPESAS DE TODOS OS FEITOS - IRRESIGNAÇÃO DO
AUTOR – ACOLHIMENTO – IMPOSSIBILIDADE DE REVOGAÇÃO
AUTOMÁTICA DO BENEFÍCIO – ART. 100, CPC - MELHORA NA CAPACIDADE
FINANCEIRA DO BENEFICIÁRIO QUE DEVERÁ SER LEVANTADA PELA PARTE
CONTRÁRIA OU, ATÉ MESMO, SER RECONHECIDA DE OFÍCIO, DESDE QUE
OBSERVADO O CONTRADITÓRIO – ART. 10, DO CPC – AFASTAMENTO DA
REVOGAÇÃO DO JUÍZO DE ORIGEM – SENTENÇA REFORMADA, NESTA
PARTE - IMPOSIÇÃO DE MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - INSURGÊNCIA
DO AUTOR – ACOLHIMENTO - ART. 80, DO CPC, NÃO PREENCHIDOS -
INTENÇÃO MALICIOSA NÃO VERIFICADA - EXCLUSÃO DA MULTA -
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11/05/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Rogério Ribas - 17ª Câmara Cível)

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SENTENÇA REFORMADA NESTE PONTO - RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. (TJPR - 14ª C.Cível - 0051539-44.2020.8.16.0014 - Londrina -
Rel.: DESEMBARGADOR JOSE HIPOLITO XAVIER DA SILVA - J. 02.03.2022)

AGRAVO DE INSTRUMENTO – CUMPRIMENTO DE SENTENÇA – ACORDO


REALIZADO ENTRE AS PARTES – DECISÃO QUE ENTENDEU PELA RENÚNCIA

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TÁCITA DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA NO MOMENTO DA
REALIZAÇÃO DE ACORDO – REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO –
IMPOSSIBILIDADE – AUSÊNCIA DE RENÚNCIA EXPRESSA OU INSURGÊNCIA
DA PARTE CONTRÁRIA – BENEFÍCIO QUE NÃO PODE SER REVOGADO DE
OFÍCIO – ACORDO REALIZADO ENTRE AS PARTES QUE PREVÊ A EXCEÇÃO
ACERCA DO PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS NA HIPÓTESE DA
PARTE SER BENEFICIÁRIA DA JUSTIÇA GRATUITA – ‘BENESSE’ JÁ
CONCEDIDA EM MOMENTO ANTERIOR AO ACORDO – DECISÃO REFORMADA
– AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR - 18ª C.Cível -
0048486-63.2021.8.16.0000 - Londrina - Rel.: JUÍZA DE DIREITO
SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU ANA PAULA KALED ACCIOLY RODRIGUES
DA COSTA - J. 14.03.2022)

Assim, deve ser restabelecida a justiça gratuita e, por conseguinte, dispensado o preparo
recursal.

Preliminar de inadequação da via eleita rejeitada

Em sede de contrarrazões, o apelado defendeu a inadequação do mandado de


segurança, considerando o cabimento de suscitação de dúvida.

Sem razão, no entanto. Como bem fundamentou o juízo sentenciante: “registro que
causa estranheza o manejo desse remédio constitucional, de tamanha relevância,
quando o sistema normativo prevê mecanismo específico para divergências do usuário frente a
exigências registrais, como no caso. Bastaria se socorrer da dúvida prevista no art. 198 da Lei
6.015/73. De todo modo, não vejo óbice para tramitação do presente mandado de segurança,
não se aplicando na hipótese o art. 5º, I da Lei 12.016/09 porque aparentemente o prazo para
dúvida já fluiu” (mov. 18.1).

Destarte, está justificado o cabimento do writ no caso concreto, considerando que no


momento da impetração já tinha escoado o prazo para suscitação de dúvida.

Rejeita-se, portanto, a preliminar suscitada em contrarrazões.

MÉRITO

Admitido o recurso, passo ao exame do mérito.

É caso de dar parcial provimento ao recurso, apenas para restabelecer a justiça gratuita,
mantendo-se a denegação da segurança por ausência de prova do ato coator.

Segundo o recorrente, o oficial impetrado estaria exigindo as certidões negativas dos


tributos municipais, estaduais e federais. As alegações improcedem.

Na documentação que instruiu a inicial, consta a exigência registral de apresentação de


certidões (mov. 1.6):
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[...]

Não houve determinação para apresentar certidões negativas ou positivas com efeito de
negativa no documento assinado pelo Oficial de Registro.

O próprio recorrente reconhece que “em relação ao documento de mov. 1.6 não seria
necessariamente um ato ilegal, desde que fosse aceita certidão positiva (relação de débitos) ”.

O diálogo juntado no mov. 1.7 não serve como prova, porque a conferência da
documentação se dá perante o protocolo no Registro de Imóveis. O procedimento é regrado
pela Lei n. 6.015/73:

Art. 182 - Todos os títulos tomarão, no Protocolo, o número de ordem que


lhes competir em razão da seqüência rigorosa de sua
apresentação. (Renumerado do art. 185 com nova redação pela
Lei nº 6.216, de 1975).

Art. 183 - Reproduzir-se-á, em cada título, o número de ordem respectivo e


a data de sua prenotação. (Renumerado do art. 185 parágrafo
único para artigo autônomo com nova redação pela Lei nº 6.216, de 1975).
[...]

Art. 188. Protocolizado o título, se procederá ao registro ou à emissão de


nota devolutiva, no prazo de dez dias, contado da data do protocolo, salvo
nos casos previstos no § 1º e nos art. 189 a art. 192. (Redação dada
pela Medida Provisória nº 1.085, de 2021) [...]

Art. 198. Havendo exigência a ser satisfeita, ela será indicada pelo oficial
por escrito, dentro do prazo previsto no art. 188 e de uma só vez,
articuladamente, de forma clara e objetiva, com data, identificação e
assinatura do oficial ou preposto responsável, para que: (Redação dada
pela Medida Provisória nº 1.085, de 2021)
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I - o interessado possa satisfazê-la; ou (Redação dada pela Medida
Provisória nº 1.085, de 2021)

II - não se conformando, ou sendo impossível cumpri-la, para requerer que


o título e a declaração de dúvida sejam remetidos ao juízo competente para
dirimi-la. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.085, de 2021)

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O interessado protocola o requerimento, juntando a documentação necessária. Há uma
análise prévia e, caso o título não esteja hábil para o registro, o Oficial faz a exigência registral,
apontando o que precisa ser esclarecido ou complementado.

Por isso, o diálogo de mov. 1.7, completamente alheio ao procedimento estabelecido na


lei e sem respaldo na exigência registral n. 2833/2020, não serve como prova da suposta
ilegalidade.

Como bem fundamentou o DD. juízo a quo: “o ato coator não é o diálogo por aplicativo
de mensagens, mas sim o formalmente registrado e contido na nota de diligência registral
(mov. #1.6). Os diálogos por mensagens não configuram propriamente uma exigência registral,
a qual somente surge após a apresentação do título ou complementação documental, nunca
ocorrida no presente caso” (mov. 79.1).

O mesmo raciocínio se aplica ao diálogo de mov. 24.2 é que posterior à impetração e


fora do procedimento de registro.

Ademais, nas informações prestadas (mov. 39.1), o Oficial esclareceu que não houve
apresentação de nenhuma certidão no protocolo originário:

Quanto ao fato em questão não foram apresentadas quaisquer certidões,


sejam elas negativas ou positivas, não sendo possível ao Registrador
realizar o registro da compra e venda na matrícula, sob pena de
descumprimento da determinação acima mencionada, se as fossem poderia
ter o Impetrante juntado nos presentes autos, demonstrando que teria
cumprido com a exigência.

Desta forma, não há prova de exigência de certidões negativas de tributos, como bem
pontuou a sentença proferida (mov. 75.1), valendo citar o seguinte trecho dela:

Percebe-se da leitura dos autos que o impetrante confunde exigir quitação


de tributos como condição para registro do ato de transferência de
propriedade com exigir a apresentação de certidões fiscais. Em momento
algum a autoridade coatora exigiu da parte impetrante a quitação de
tributos, de qualquer esfera (União, Estado ou Município), ou mesmo a
apresentação de certidões NEGATIVAS de débitos fiscais.

A autoridade exigiu, isso sim, certidões fiscais, as quais poderiam ser


positivas ou negativa. Corriqueiro e usual, ademais, a lavratura de
escrituras públicas de compra e venda de imóveis em tabelionatos de notas
PROJUDI - Recurso: 0000172-69.2021.8.16.0038 - Ref. mov. 29.1 - Assinado digitalmente por Desembargador Rogerio Ribas
11/05/2022: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Rogério Ribas - 17ª Câmara Cível)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
em que constem que determinadas certidões exigidas foram positivas,
advertência que consta do ato notarial para comprovar a plena ciência dos
envolvidos quanto à situação fiscal do alienante. [...]

Portanto, sem razão a parte impetrante, na medida em que nunca se exigiu


dele a quitação de tributos ou a apresentação de certidões fiscais negativas,

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mas tão somente certidões fiscais, o que é legítimo e orientado pela
Corregedoria da Justiça, visando resguardar a plena ciência dos negociantes
.

ISTO POSTO, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, apenar para
restabelecer a justiça gratuita, mantendo a denegação de segurança.

É como voto.

DISPOSITIVO

ACORDAM os desembargadores integrantes da 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça


do Estado do Paraná, voto por voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, apenar
para restabelecer a justiça gratuita, mantendo a denegação de segurança. Tudo consoante os
termos do voto do relator.

O julgamento foi presidido pelo Desembargador Tito Campos de Paula, com voto, e dele
participaram Desembargador Rogério Ribas (relator) e Desembargador Fábio André Santos
Muniz.

Curitiba, 06 de maio de 2022

Desembargador ROGÉRIO RIBAS


Relator

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