Você está na página 1de 27

ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIV C 22023


Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO NO CPC 2015
Sessão: 01 - Dia 03/08/2023 - 18:00 às 19:50
Professor: ALEXANDRE ANTONIO FRANCO FREITAS CAMARA

01 Tema: Teoria geral da execução. Conceito. Competência. Legitimidade.

1ª QUESTÃO:
Pedro ingressou com uma demanda, em Vara Cível, em face da sua ex-cônjuge, para a compelir a
cumprir uma sentença homologatória de acordo celebrado entre as partes nos autos da ação de
divórcio que transitou em julgado na 1ª Vara de Família da Capital. O juiz da Vara Cível proferiu
uma sentença de extinção do feito, sem julgamento do mérito, com fundamento no artigo 485, inciso
VI, do Código de Processo Civil de 2015.
Pedro apelou da sentença de extinção.
Pergunta-se: qual o juízo competente para processar a execução do cumprimento de obrigação de
fazer disposta na sentença homologatória? Resposta fundamentada.

RESPOSTA:
APELAÇÃO CÍVEL. 0008930-54.2012.8.19.0075 - Ação pelo procedimento comum ordinário, com
pedido de obrigação de fazer, proposta junto ao Juízo Cível, contra ex-cônjuge, para compelir
cumprimento de sentença homologatória de acordo celebrado entre as partes nos autos da ação de
divórcio. Sentença de extinção do feito, sem julgamento do mérito, com fundamento no artigo 485,
inciso VI, do Código de Processo Civil de 2015. Sentença homologatória que configura título
executivo judicial e, portanto, deve ser satisfeito perante o próprio juízo que prolatou a sentença,
conforme disposto no artigo 516, inciso II, do Código de Processo Civil de 2015. Cumprimento de
obrigação de fazer disposta na sentença homologatória que deve ser objeto de execução no Juízo onde
processada aquela ação de divórcio. Sentença mantida. RECURSO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO

2ª QUESTÃO:
O STJ homologou sentença estrangeira. Sabendo-se que o executado reside no Distrito Federal, e o
local onde encontram-se os bens a serem executados estão no Estado do Rio de Janeiro.
Pergunta-se: o credor pode escolher onde ocorrerá a execução da sentença estrangeira homologada
pelo STJ? Resposta fundamentada

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 1 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESPOSTA:
Conforme dispõe o paragrafo único do art. 516 do CPC, “o critério estabelecido na norma,
caracteriza-se como de competência relativa porque existem três juízos competentes concorrentes.
Optando o exequente por executar a sentença em razão do lugar (domicílio do executado, lugar dos
bens ou do cumprimento da obrigação), o juízo escolhido deverá solicitar a remessa dos autos ao
juízo de origem, para que o cumprimento da sentença se dê nos mesmos autos onde foi proferida. ”
Código de Processo Civil Comentado, Nelson Nery e Rosa Maria Nery, 17ª ed. P. 1451)

Art. 516. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:


I - os tribunais, nas causas de sua competência originária;
II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;
III - o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral,
de sentença estrangeira ou de acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o exequente poderá optar pelo juízo do atual
domicílio do executado, pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou pelo
juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer, casos em que a remessa
dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.

Segundo o dispositivo acima transcrito, a competência para dar cumprimento à sentença é, em regra,
do juízo de primeiro grau que a proferiu. Contudo, o parágrafo único do mesmo dispositivo
excepciona tal regra, permitindo que o credor opte pelo ajuizamento perante o juízo do atual
domicílio do executado, do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou, ainda, do lugar
onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 2 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIV C 22023


Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO NO CPC 2015
Sessão: 02 - Dia 03/08/2023 - 20:10 às 22:00
Professor: ALEXANDRE ANTONIO FRANCO FREITAS CAMARA

02 Tema: Teoria do título executivo. Conceito. Função. Espécies.

1ª QUESTÃO:
Em processo de execução por título executivo extrajudicial, diante de acordo celebrado entre as
partes, o magistrado homologou a transação, mas não acatou ao pedido das partes de suspender o
processo, na forma do art. 922, II do CPC, e extinguiu o feito com apoio no art. 487, inciso III, alínea
b, do CPC.

Pergunta-se: correta a decisão do magistrado? Resposta fundamentada.

RESPOSTA:
APELAÇÃO CÍVEL Nº 0070021-57.2015.8.19.0038 Direito processual civil. Execução portítulo
executivo extrajudicial. Acordo celebradoentre as partes ajustando prazo e parcelamentopara o
pagamento da dívida exequenda.Extinção do processo por sentença homologatóriada transação.
Reforma da sentença quese impõe. O acordo celebrado no cursoda execução por força do qual
seoutorga ao devedor prazo para pagamentoé causa de suspensão, e não deextinção do processo, por
força do dispostono art. 922 do Código de ProcessoCivil. Recurso provido. Julgamento: 03/05/2017

2ª QUESTÃO:
Em determinada execução, o magistrado estipulou, em sentença, que a liquidação dos valores a serem
pagos pelo réu, ocorreria através de por meio de arbitramento.
A parte ré, inconformada, alegando a necessidade de provar fato novo, requereu que a liquidação se
desse pelo procedimento comum.
Pergunta-se: é possível que a liquidação ocorra de modo diverso ao do expresso na sentença sem que
ofenda a coisa julgada? Resposta fundamentada.

RESPOSTA:
O aluno deverá mencionar o enunciado sumulado n.º 344 do STJ que preceitua que "A liquidação por
forma diversa da estabelecida na sentença não ofende a coisa julgada."

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 3 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIV C 22023


Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO NO CPC 2015
Sessão: 03 - Dia 04/08/2023 - 18:00 às 19:50
Professor: RODOLFO KRONEMBERG HARTMANN

03 Tema: Responsabilidade patrimonial.

1ª QUESTÃO:
Em 01/04/2016 Radio e Televisão Informações do Brasil Ltda. ingressou com execução de título
extrajudicial em face de NYC. Ltda. A penhora recaiu sobre inúmeros imóveis, o imóvel da Rua das
Flores era de valor superior a dívida executada.
Em 17/11/2016 NYC Ltda. vendeu um imóvel na Rua das Alfaces para a construtora Silver S.A. que
foi adquirido por Renato.
O autor ao tomar conhecimento da mencionada venda, comunicou ao juízo e averbou a penhora do
imóvel.
Renato interpôs Embargos de terceiro com o objetivo de afastar a penhora. Sustentou que é adquirente
de boa-fé, e que, na época do negócio jurídico, celebrado com terceiro alheio à execução, não havia
gravado nenhuma constrição sobre o bem, e, por conseguinte, o imóvel adquirido estava livre e
desembaraçado.
Responda de forma fundamentada se ocorreu fraude à execução.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 4 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESPOSTA:
Não correu a fraude à execução por ausência dos requisitos legais do artigo 792, CPC. O aluno deve
discorrer sobre os requisitos da fraude à execução.
RECURSO ESPECIAL Nº 885.618 - SP EMENTA Direito civil e processual civil. Execução de
título extrajudicial. Embargos de terceiro. Fraude de execução. Pressupostos. Análise. Embargos de
declaração. Presença de omissão.- “Para caracterização da fraude de execução prevista no art. 593,
inc. II, do CPC, (artigo 792, IV CPC/15) ressalvadas as hipóteses de constrição legal, necessária a
demonstração de dois requisitos: (i) que ao tempo da alienação?oneração esteja em curso uma ação,
com citação válida; (ii) que a alienação?oneração no curso da demanda seja capaz de reduzir o
devedor à insolvência” .- A prova da ciência do adquirente acerca da existência da demanda em
curso, incumbe ao credor, a qual é presumida (presunção absoluta) tão-somente na hipótese em que
registrada a penhora, nos termos do art. 659, § 4º, do CPC. Precedentes.- Deve ser declarado nulo o
acórdão recorrido para que outro julgamento seja proferido, em obediência ao devido processo
legal, quando o Tribunal de origem deixa de apreciar fundamentadamente questões indispensáveis
ao irrepreensível deslinde da controvérsia, mesmo que instado a fazê-lo por meio de embargos de
declaração. Recurso especial conhecido e provido.

2ª QUESTÃO:
Em uma determinada execução, diante da ausência de valores em conta corrente do executado, foi
penhorado um automóvel. Ocorre que, em defesa, o executado comprovou que o bem móvel estava
alugado para um terceiro e que o contrato de aluguel apenas cessaria em dois anos.
Pergunta-se: acerca da responsabilidade patrimonial, poderá o bem ser penhorado antes de cessar o
contrato de locação? Resposta fundamentada.

RESPOSTA:
“Os bens do devedor ficam sujeitos à execução ainda que quando estejam em poder de terceiros
(art.790, III), como se dá, por exemplo, no caso de bem móvel do devedor que esteja empenhado.
Pois, não obstante esteja o bem do devedor em poder de terceiro, será possível emprega-lo na
satisfação de credito através da atividade executiva.” O novo Processo Civil brasileiro, Alexandre
Freitas Câmara, 5ªed., pág. 344)

“Se o terceiro desfrutar de posse contratual legítima, a execução não exclui a continuidade do
exercícios dos direitos desse terceiro.” Código de Processo Civil Comentado, Nelson Nery e Rosa
Maria Nery, 17ª ed. P. 1852)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 5 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIV C 22023


Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO NO CPC 2015
Sessão: 04 - Dia 04/08/2023 - 20:10 às 22:00
Professor: RODOLFO KRONEMBERG HARTMANN

04 Tema: Execução para entrega de coisa fundada em título extrajudicial ou judicial.

1ª QUESTÃO:
Sociedade empresária Soja Show Ltda. ingressou com uma demanda executiva baseada em título
executivo extrajudicial, pleiteando os valores relativos a contrato de compra e venda de imóvel rural,
cuja forma de pagamento pactuada foi por meio da entrega de sacas de soja.
O executado, Agricultura On Demand Ltda., interpôs exceção de pré-executividade afirmando que o
contrato que lastreava a demanda previa a entrega da mercadoria e não o pagamento do valor da
mercadoria. Que os valores apenas estavam previstos no contrato para fins fiscais, logo, trata-se de
execução de entregar coisa, e não de pagar coisa, e desta forma, deveria o exequente ter observado o
rito correto, já que existem diferenças nos ritos das execuções para entrega de coisa e para pagamento
de quantia. Razão pela qual pugna pela nulidade absoluta da demanda.
Sabendo-se que o contrato continha previsão de pagamento de sacas de soja e que somente a parte
relativa à entrega do imóvel foi adimplida e que, apesar disso, o rito adotado desde a inicial foi o da
execução por quantia certa sob o argumento de que a eventual iliquidez do título foi afastada, pois o
contrato, embora previsse o pagamento em sacas de soja, já trazia o valor correspondente em reais,
valores que as partes acordaram na época da assinatura do contrato, responda de forma fundamentada
que rito deverá ser admitido na execução extrajudicial em tela.

RESPOSTA:
RECURSO ESPECIAL Nº 1.377.396 - PR (2013/0103475-1) PROCESSUAL CIVIL. EXCEÇÃO
DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. EXECUÇÃO. CONTRATO. CÓPIA AUTENTICADA.
POSSIBILIDADE. EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA. CONVERSÃO AUTOMÁTICA.
EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA. POSSIBILIDADE. CONTRATO. SACAS DE SOJA.
CORRESPONDÊNCIA EM REAIS. LIQUIDEZ DO TÍTULO. CONTRADITÓRIO OBSERVADO.
NULIDADE. AUSÊNCIA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. 1. A jurisprudência desta Corte se
firmou no sentido de que é possível aparelhar a execução com título executivo extrajudicial por cópia
autenticada quando não se tratar de cambial. Precedentes. 2. No caso, conquanto o contrato previsse o
pagamento em sacas de soja, já trazia o correspondente em reais. Os valores executados foram
submetidos ao contraditório, tendo havido a oposição de embargos à execução. 3. Não demonstrada a
existência de prejuízo com a adoção do rito da execução por quantia, deve-se afastar a alegação de
nulidade da execução em homenagem aos princípios da instrumentalidade das formas e da economia
processual. 4. Recurso especial não provido.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 6 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2ª QUESTÃO:
Cooperativa Cenoura-industrial moveu execução em face de Cooperativa Trigo Company com base
em cédula de produto rural, em que o executado se comprometeu a entregar 300kg de Trigo, mas
cumpriu parcialmente o contrato, entregando apenas 150 kg.
A cooperativa exequente requer a entrega do restante, e, em não sendo encontrada a coisa perseguida,
que o magistrado converta a execução para entrega de coisa para execução por quantia certa, ao preço
praticado no meio rural.
Pergunta-se: é possível, diante do atraso no cumprimento da obrigação, a possibilidade de se
converter o procedimento para execução por quantia certa? Reposta fundamentada.

RESPOSTA:
*Não confundir coisa incerta com coisa fungível. “Tendo a execução por objeto a satisfação de um
direito de receber coisa incerta, porém, há algumas diferenças a considerar. Vale, aqui, recordar o que
é a obrigação de dar coisa incerta. Esta é a obrigação de dar coisas que são indicadas “ao menos, pelo
gênero e pela quantidade” (art.243, CC). Pense-se, por exemplo, no caso de alguém que é obrigado a
entregar um dos cavalos de um haras, ou um dos cães de um canil. Pois neste caso há bens diferentes
entre si, mas que são determinados pelo gênero (cavalo, cão) e pela quantidade a ser entregue.” O
novo Processo Civil brasileiro, Alexandre Freitas Câmara, 5ªed., pág. 380)

Informativo nº 0614 REsp 1.507.339-MT - É possível a conversão do procedimento de execução para


entrega de coisa incerta para execução por quantia certa na hipótese em que o produto perseguido for
entregue com atraso, gerando danos ao credor da obrigação.
Na origem, trata-se de execução movida por cooperativa agroindustrial com base em cédula de
produto rural, em que os executados se comprometeram à entrega de coisa incerta. Ante o atraso no
cumprimento da obrigação, discute-se a possibilidade de se converter o procedimento para execução
por quantia certa. (...) Nesse sentido, extrai-se da leitura da segunda parte do art. 624 do CPC/73 -
agora com nova redação ampliada do art. 807 do CPC/15 - combinado com o art. 389 do CC/02, que,
mesmo satisfeita a obrigação de entregar a coisa, se "prosseguirá a execução" para o pagamento de
frutos e/ou ressarcimento de prejuízos. Dessa forma, embora não contido no título, decorre da lei a
certeza do direito perseguido, sem a necessidade de um novo processo cognitivo para se declarar a
obrigação que o ordenamento jurídico já estabeleceu. Ressalta-se, por fim, que o citado ressarcimento
dos prejuízos depende deliquidação incidental no próprio feito executivo convertido, sendo a prévia
apuração do quantum realizada por estimativa do credor ou por arbitramento.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 7 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIV C 22023


Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO NO CPC 2015
Sessão: 05 - Dia 07/08/2023 - 18:00 às 19:50
Professor: ALEXANDRE ANTONIO FRANCO FREITAS CAMARA

05 Tema: Execução das obrigações de fazer ou não fazer fundada em título extrajudicial ou judicial.

1ª QUESTÃO:
Em determinado processo, o magistrado fixou astreintes diárias de R$100,00 para compelir o réu a
refaturar as contas de luz da residência da parte autora, o que não ocorreu no prazo estabelecido.
Em sede de execução, a obrigação de fazer somente foi cumprida após aproximados 14 meses,
estando o valor acumulado das astreintes próximo a R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). O executado,
inconformado, impugnou o cumprimento da sentença, alegando excesso na execução, afirmando que
o valor era excessivo, já que o conteúdo econômico discutido no processo era de, no máximo, R$
5.000,00 (cinco mil reais). Alegou ainda que a multa não poderia ser diária e se estender pelo tempo
que foi estendida.
Pergunta-se: Como deverá ser julgada a impugnação da parte ré? Resposta fundamentada, abordando
as peculiaridades do caso concreto.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 8 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESPOSTA:
O CPC afirma que multa será diária (art. 806, § 1º, aplicável subsidiariamente ao cumprimento de
sentença por força do disposto no art. 513, ambos do CPC). Estabelece, também, que a multa incidirá
até o dia do cumprimento da decisão - art. 537, § 4º, CPC. E o juiz só pode reduzir multa vincenda -
art. 537, § 1º, CPC.
Agravo de Instrumento nº 0061160-65.2016.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. IMPUGNAÇÃO. EXCESSO DE EXECUÇÃO NÃO
CARACTERIZADO. Agravo de instrumento contra a decisão que rejeitou a impugnação ao
cumprimento de sentença ofertada pela recorrente, homologando os cálculos elaborados pelo contador
judicial. A decisão não merece reparo. A multa cominatória tem por escopo influenciar o
comportamento do devedor, de modo a quebrar a sua recalcitrância em cumprir a prestação devida. In
casu, a agravante foi condenada a refaturar as contas de luz da unidade consumidora da agravada.
Posteriormente, diante da sua inércia, foi fixada multa diária de R$ 100,00. As astreintes assim
estipuladas não se mostraram suficientes para vencer sua recalcitrância. Fato é que a multa continua
incidindo e a concessionária persiste em criar obstáculo injustificável à concretização do direito da
cliente, declarado na fase cognitiva do feito subjacente. Extinguir sua exigibilidade em tais
circunstâncias equivaleria a abonar o desrespeito às decisões judiciais. A dimensão do montante
cobrado, por si só, não caracteriza qualquer das hipóteses de excesso elencadas no art. 917, §2º, do
CPC/2015. A dívida exequenda não se tornou vultosa por força de algum erro de cálculo realizado,
mas sim porque o provimento judicial de há muito vem sendo solenemente ignorado pela recorrente.
Recurso desprovido

2ª QUESTÃO:
Em determinada execução, a sentença reconheceu a exigibilidade da obrigação de fazer objeto da
demanda. Diante a inércia do executado, o juízo passou a executar a multa pelo descumprimento da
decisão judicial.
O executado, por meio de exceção de pré-executividade, sustenta que não foi devidamente intimado,
por meio de Diário Oficial, na pessoa de seu advogado, para cumprir obrigação de fazer, razão pela
qual não pode ser executado quanto à multa pelo descumprimento da sentença.
Decida a questão de forma fundamentada.

RESPOSTA:
Art. 513, § 2º, I do CPC
AI 00156023620178190000 Ementa - DIREITO DO CONSUMIDOR. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL, EM FASE DE CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. AGRAVANTES QUE PRETENDEM A EXECUÇÃO DA MULTA DIÁRIA
FIXADA PARA O CASO DE DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER.
IMPUGNAÇÃO DA CEDAE - EXECUTADA ALEGANDO IMPOSSIBILIDADE DE
CUMPRIMENTO E REQUERENDO A CONVERSÃO EM PERDAS E DANOS. O TERMO
INICIAL DE INCIDÊNCIA DA MULTA DIÁRIA É A PUBLICAÇÃO NO DIÁRIO OFICIAL DA
DECISÃO QUE DETERMINA A INTIMAÇÃO DA PARTE RÉ PARA CUMPRIMENTO DA
SENTENÇA - ARTIGO 513 DO NCPC SENDO O TERMO FINAL A DATA DA CONVERSÃO
DA OBRIGAÇÃO EM PERDAS E DANOS. HIPÓTESE DOS AUTOS EM QUE SE AFASTA A
APLICAÇÃO DA MULTA DIÁRIA, TENDO EM VISTA QUE ENTRA E A DATA DA
INTIMAÇÃO DA RÉ PARA CUMPRIMENTO DA SENTENÇA E A APRESENTAÇÃO DA
IMPUGNAÇÃO, INFORMANDO ACERCA DA IMPOSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO, NÃO
HAVIA TRANSCORRIDO O PRAZO DE 30 (TRINTA DIAS) FIXADO NA SENTENÇA, RAZÃO
PELA QUAL NÃO PODE SER APLICADA A MULTA RELATIVA AO DESCUMPRIMENTO.
IMPROVIMENTO AO RECURSO.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 9 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIV C 22023


Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO NO CPC 2015
Sessão: 06 - Dia 07/08/2023 - 20:10 às 22:00
Professor: ALEXANDRE ANTONIO FRANCO FREITAS CAMARA

06 Tema: Execução por quantia certa fundada em título extrajudicial. Fase postulatória. Citação.
Arresto e penhora. Avaliação.

1ª QUESTÃO:
Thomás propôs demanda de execução de título extrajudicial pretendendo o pagamento da quantia de
R$ 30.000,00 (trinta mil reais), embasada em nota promissória emitida por Antonio, além de
instrumento particular de confissão de dívida registrada em Cartório.

Em exceção de pré-executividade, o executado pugna pela nulidade do título por ausência de um dos
requisitos do art. 784, III do CPC, por não ter sido acostado o original do instrumento particular de
confissão de dívida, além de o contrato não estar assinado por duas testemunhas.

Verifica-se nos autos que Thomás juntou os originais do título que pretendia executar.

Decida a questão de forma fundamentada.

RESPOSTA:
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0031996-21.2017.8.19.0000 Direito processual civil. “Exceção
de pré-executividade”. Execução embasada em nota promissória. Exibição do original da nota
promissória. O contrato de confissão de dívida entre particulares sem assinatura de duas testemunhas
não retira a força executiva da nota promissória a ele vinculada. Autonomia do título executivo.
Precedentes do STJ. Enunciados nºs . 233 e 258 da súmula do STJ, que se referem a contrato de
abertura de crédito, que não se identificam com a situação fática dos autos. Nota promissória de que
consta a indicação da data de vencimento. Prazo prescricional do título de crédito de três anos. Art. 70
do Decreto 57.663/1966. Recurso desprovido.

2ª QUESTÃO:
Em determinado processo, o magistrado fixou astreintes diárias de R$ 200,00 para compelir o réu a
refaturar as contas de luz da residência da parte autora, o que não ocorreu no prazo estabelecido.
Em sede de execução, a obrigação de fazer somente foi cumprida após aproximados 14 meses,
quando o valor acumulado das astreintes estava próximo a R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). O
executado, inconformado, impugnou o cumprimento da sentença, alegando excesso na execução e
afirmando que o valor era excessivo, já que o conteúdo econômico discutido no processo era de, no
máximo, R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Alegou ainda que a multa não poderia ser diária e se estender
pelo tempo que se estendeu.
Pergunta-se: como deverá ser julgada a impugnação da parte ré? Resposta fundamentada abordando
as peculiaridades do caso concreto

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 10 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESPOSTA:
Sugestão de gabarito
Existe uma divergência, e o STJ tem admitido a redução de multa vencida (embora isso contrarie a
lei). Vale a pena incluir esse entendimento.

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AUTOS DE AGRAVO DE INSTRUMENTO


NA ORIGEM - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO.
INSURGÊNCIA DO AGRAVADO.
1. É pacífico nesta Corte o entendimento de que o valor da multa cominatória prevista no art. 461 do
CPC/1973 (correspondente ao art. 536 do CPC/2015) pode ser alterado pelo magistrado a qualquer
tempo, até mesmo de ofício, quando irrisório ou exorbitante, não havendo falar em preclusão ou
ofensa à coisa julgada. Precedentes.
2. Sopesando o bem da vida protegido, a recalcitrância da parte devedora, a vedação ao
enriquecimento ilícito, os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, afigura-se adequada a
reforma do acórdão recorrido, para restabelecer a decisão de primeira instância, a qual reduziu o valor
da execução de R$ 210.804,34 (duzentos e dez mil oitocentos e quatro reais e trinta e quatro
centavos) para R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
3. Agravo interno provido para restabelecer a decisão de primeiro grau que reduziu a multa ao
montante de R$ 20.000,00.
(AgInt no REsp n. 1.917.892/MA, relator Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, julgado em
10/5/2022, DJe de 19/5/2022.)

O CPC afirma que multa será diária (art. 806, § 1º, aplicável subsidiariamente ao cumprimento de
sentença por força do disposto no art. 513, ambos do CPC). Estabelece, também, que a multa incidirá
até o dia do cumprimento da decisão - art. 537, § 4º, CPC. E o juiz só pode reduzir multa vincenda -
art. 537, § 1º, CPC.

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. IMPUGNAÇÃO AO


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. MULTA DIÁRIA. VALOR. REDUÇÃO. PATAMAR
RAZOÁVEL. art. 537, § 1º, do CPC/2015. POSSIBILIDADE. SÚMULA N.
83/STJ. DECISÃO MANTIDA.
1. Conforme o entendimento desta Corte, "O art. 537, § 1º, do Código de Processo Civil de 2015 não
se restringe somente à multa vincenda, pois, enquanto houver discussão acerca do montante a ser
pago a título da multa cominatória, não há falar em multa vencida."(AgInt no REsp 1846190/SP, Rel.
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/04/2020, DJe
27/04/2020).
2. A Súmula n. 83 do STJ aplica-se aos recursos especiais interpostos com fundamento tanto na alínea
"c" quanto na alínea "a" do permissivo constitucional.
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no REsp 1851359/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA,
julgado em 07/12/2020, DJe 14/12/2020)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 11 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIV C 22023


Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO NO CPC 2015
Sessão: 07 - Dia 08/08/2023 - 18:00 às 19:50
Professor: RODOLFO KRONEMBERG HARTMANN

07 Tema: Execução por quantia certa fundada em título extrajudicial. Expropriação de bens.
Satisfação do direito do exequente. Extinção da execução.

1ª QUESTÃO:
Em uma determinada execução de título extrajudicial, a parte autora qualificou os executados e
indicou para citação os endereços constantes no título a ser executado. Ocorre que mesmo após
inúmeras tentativas, em inúmeros endereços informados, as citações restaram infrutíferas.
A parte autora requereu ao juízo arresto online, o que foi indeferido pelo juiz, o qual determinou que
o exequente buscasse a citação dos executados em outros endereços ainda não diligenciados.
Inconformado, o exequente argumenta que já vem tentando localizar os executados há muitos anos,
sem sucesso, e que já tentou citá-los nos endereços dos quais dispunha.
Acerca da satisfação do direito do exequente, decida a questão de forma fundamentada.

RESPOSTA:
O aluno deverá mencionar o artigo 830, CPC

"Como se vê, a ausência de localização do executado no endereço por ele indicado autoriza a
realização de arresto, independentemente do esgotamento das diligências para sua localização. (...)"

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0058353-96.2021.8.19.0000 Direito Processual Civil. Execução.


Arresto. Frustrada a citação dos executados, admite-se o arresto de seus bens, independentemente da
realização de outras diligências para sua localização. Inteligência do disposto no art. 830 do CPC.
Precedentes deste Tribunal e do STJ. Recurso provido. Data de Publicação: 06/10/2021

2ª QUESTÃO:
Em determinada demanda de execução por quantia certa, no valor de R$ 500.000,00, o executado
teve um bem, avaliado no valor de R$ 700.000,00, que foi à leilão.
Ocorre que não tendo, em todas as oportunidades, qualquer lance, o exequente requereu a adjudicação
do bem imóvel.
O magistrado deferiu o pedido de adjudicação do bem.
Insatisfeito com o pedido do exequente, o executado alegou que o bem não poderia ser adjudicado
naquela fase da demanda, que deveria o executado ter efetuado um lance no valor avaliado e pago a
diferença do valor do imóvel.
Pergunta-se: poderá o exequente adjudicar o bem por preço inferior à avaliação em qualquer fase da
demanda? Resposta fundamentada.

RESPOSTA:
"A ausência de preclusão temporal para a realização de adjudicação é consagrada no artigo 878 do
novo CPC, que prevê que sendo frustrada a tentativa de alienação do bem, em todas as suas
modalidades será reaberta a oportunidade para requerimento de adjudicação, podendo nesse caso,
inclusive, haver nova avaliação." (Daniel Morim Assumpção, manual de direito processual civil, 8ª
ed. p.1191.)
Quanto ao valor da adjudicação: A doutrina majoritária e a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, REsp1.186.373/MS entendem que deverá ser obedecido a expressa previsão do art. 876,§4º
do Novo CPC.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 12 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIV C 22023


Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO NO CPC 2015
Sessão: 08 - Dia 08/08/2023 - 20:10 às 22:00
Professor: RODOLFO KRONEMBERG HARTMANN

08 Tema: Cumprimento da sentença que reconhece exigibilidade de obrigação pecuniária:


Requerimento executivo. Prazo para pagamento voluntário. Multa.

1ª QUESTÃO:
Eugênio teve sua demanda julgada procedente. A sentença condenou o Banco Global S.A. a pagar a
quantia de R$150.000,00, mas as partes não recorreram. Desse modo, houve o transito em julgado.

Pergunta-se: o início da fase de cumprimento da sentença pode ser feito de ofício pelo juiz? Resposta
fundamentada.

RESPOSTA:
O aluno deverá demonstrar conhecimento dos artigos art. 513, § 1º, 524 ambos do CPC.

"O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, só
pode ser feito a requerimento do exequente. Cabe ao credor o exercício de atos para o regular
cumprimento da decisão condenatória, especialmente requerer ao juízo que dê ciência ao devedor
sobre o montante apurado, consoante demonstrativo discriminado e atualizado do crédito."

O prazo comum para cumprimento voluntário de sentença deverá ser computado em dobro no caso de
litisconsortes com procuradores distintos, em autos físicos.

STJ. 4ª Turma. REsp 1.693.784-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/11/2017 (Info
619).

2ª QUESTÃO:
José propôs ação de cobrança em face de Paulo.
Em fase de cumprimento de sentença, o magistrado determinou que Paulo efetuasse o pagamento dos
valores devidos, no prazo de 15 dias, sob pena de aplicação de multa de 10% sobre o valor
exequendo, na forma do art. 523, §1º, CPC, e pagamento dos honorários de execução em igual
percentual.
Irresignado, Paulo recorreu da decisão alegando que a multa prevista no art. 523, §1º, CPC, bem
como os honorários advocatícios, não poderiam ser cobrados em sede de execução provisória.
Decida a questão de forma fundamentada.

RESPOSTA:
O aluno deverá responder na forma dos artigos
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte
regime:
§ 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523 são devidos no cumprimento
provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa.

Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão
sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do
exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido
de custas, se houver.
§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez
por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 13 de 27


DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 14 de 27
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIV C 22023


Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO NO CPC 2015
Sessão: 09 - Dia 09/08/2023 - 18:00 às 19:50
Professor: ALEXANDRE ANTONIO FRANCO FREITAS CAMARA

09 Tema: Cumprimento da sentença que reconhece exigibilidade de obrigação pecuniária: Atos


executivos. Satisfação do crédito exequendo.

1ª QUESTÃO:
Em determinada execução, o exequente descobriu que os bens da sociedade empresária executada já
estavam penhorados em outra demanda.
O exequente requereu a penhora dos bens já penhorados e caso o magistrado não autorizasse tal
medida, que fosse penhorado os frutos e rendimentos da empresa executada.
O executado embargou à execução alegando que não seria possível a penhora de bens já penhorados
em outra demanda e que a penhora dos frutos e rendimentos da empresa inviabilizariam o
prosseguimento da atividade empresária.
Decida a questão de forma fundamentada.

RESPOSTA:
O aluno deverá mencionar que é possível a penhora recair duas vezes sob o mesmo bem, e que será
obedecida a ordem de preferencia. E que é possível a penhora de frutos e rendimentos desde que mais
eficiente para o recebimento do crédito e menos gravosa ao executado.
Lei 13.105/15
Art. 908. Havendo pluralidade de credores ou exequentes, o dinheiro lhes será distribuído e entregue
consoante a ordem das respectivas preferências.
§ 1o No caso de adjudicação ou alienação, os créditos que recaem sobre o bem, inclusive os de
natureza propter rem, sub-rogam-se sobre o respectivo preço, observada a ordem de preferência.
§ 2o Não havendo título legal à preferência, o dinheiro será distribuído entre os concorrentes,
observando-se a anterioridade de cada penhora.
Art. 867. O juiz pode ordenar a penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel quando a
considerar mais eficiente para o recebimento do crédito e menos gravosa ao executado

2ª QUESTÃO:
Em um determinado processo de conhecimento, a parte ré foi condenada em sentença transitada em
julgado a pagar quantia certa em dinheiro.

O réu, executado, foi intimado a pagar o valor fixado em sentença. Ocorre que, por não ter o valor em
pecúnia, agindo de boa-fé, ofereceu, dentro do prazo, bem imóvel para que não incidisse a multa do
artigo 523,§1º, CPC .

Pergunta-se: a forma de pagamento oferecida pelo executado poderá eximi-lo da multa do art.
523,§1º, CPC? Resposta fundamentada.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 15 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESPOSTA:
Não. "Cumprimento voluntário da sentença. Transitada em Julgado a sentença, o princípio da
lealdade processual traz como consequência o dever de a parte condenada à obrigação de pagar
quantia em dinheiro cumprir o julgado, depositando a quantia correspondente ao valor constante no
título executivo judicial, sem opor obstáculosà satisfação do direito do credor, vitoriosoem ação de
conhecimento em virtude desentença transitada em julgado. (...) Se o devedor não cumprir
voluntariamente a sentença, o credor tem à sua disposição o procedimento do art. 523, paragrafos."

JUNIOR, Nelson Nery; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil Comentado. 17º
edição. Editora Revista dos Tribunais, 2018.

"A multa é punitiva. A multa de 10% sobre o valor da condenação é punitiva (STJ, 3ª Turma, MC
13.395/SP, rel. Min. Nancy Andrighi, j.09.10.2007.)

MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel; Código de Processo
Civil Comentado . 2ª edição. Editora Revista dos Tribunais

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 16 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIV C 22023


Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO NO CPC 2015
Sessão: 10 - Dia 09/08/2023 - 20:10 às 22:00
Professor: ALEXANDRE ANTONIO FRANCO FREITAS CAMARA

10 Tema: Execuções especiais contra a Fazenda Pública por título judicial e extrajudicial

1ª QUESTÃO:
Diego promove execução por título extrajudicial em face da Fazenda Pública, para cumprimento de
obrigação de fazer, observando o disposto entre o art. 815 e art. 821 do CPC/15. Esta, ao ser citada,
aduz em sua defesa que há error in procedendo, eis que tem a prerrogativa de ser executada por
modelo próprio estatuído no art. 910 do CPC/15. A quem assiste razão?

RESPOSTA:
Assiste razão a Diego. O procedimento previsto no art. 910 do NCPC refere-se apenas para
obrigações de pagar, eis que a Fazenda Pública possui bens impenhoráveis e deve realizar o
cumprimento por uma sistemática própria (precatório ou RPV - requisição de pequeno valor). Para
obrigação de fazer, não fazer ou mesmo para entrega de coisa a Fazenda Pública deverá ser executada
nos mesmos moldes das regras estatuídas para a execução entre particulares.

2ª QUESTÃO:
Em determinada demanda de execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública, a parte
autora fundou seu pedido em documento público, que consistia no contrato de prestação de serviço
firmado com a Administração Pública, assinado pelo próprio devedor, qual seja, o Secretário
Municipal de Saúde.
A municipalidade interpôs embargos de execução, alegando que o documento juntado nos autos não
tem eficácia de título executivo extrajudicial, ressaltando ainda que não há prova inequívoca da
efetiva prestação dos serviços acordados entre as partes.
O magistrado julgou improcedentes os embargos.
Pergunta-se: Está correta a decisão do magistrado? Resposta fundamentada.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 17 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESPOSTA:
O aluno deverá mencionar o Art. 784, CPC:
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: [...] II - a escritura pública ou outro documento público
assinado pelo devedor;

0181983-31.2017.8.19.0001Julgamento: 25/03/2021 SENTENÇA (INDEX 689) QUE JULGOU


PROCEDENTES OS EMBARGOS EXTINGUINDO A EXECUÇÃO. RECURSO DA
EMBARGADA AO QUAL SE DÁ PROVIMENTO, PARA REJEITAR OS EMBARGOS À
EXECUÇÃO APRESENTADOS PELO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E DETERMINAR O
PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO, APLICANDO-SE AO MONTANTE EXEQUENDO OS
ÍNDICES DE JUROS DE MORA E DE CORREÇÃO MONETÁRIA PREVISTOS NA TESE N.º
905, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Cuida-se de execução por título extrajudicial
movida por Tesla Diagnóstico Ltda. em face do Estado do Rio de Janeiro, na qual a Exequente aduziu
que, em 30/12/2013 e 28/07/2015, respectivamente, celebrou com o Executado contratos de prestação
de serviço: sob n.º 94/2013, tendo por objeto a gestão compartilhada de Unidade Móvel de
Diagnóstico em Mama, adquirida pela Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro para operar
em diversos municípios, e; o de n.º 81/2015, tendo por objeto a gestão compartilhada dos serviços de
tomografia computadorizada do Hospital Estadual Carlos Chagas ¿ HECC. Asseverou que, quanto ao
primeiro ajuste, restou convencionada contraprestação, no valor de R$5.169.800,00, a ser paga em
doze parcelas mensais, conforme cronograma de execução do contrato, no importe de R$430.816,67,
cada, contudo, o Executado teria deixado de efetuar o pagamento das notas fiscais n.os 41, 53, 55, 59,
60, 61, 64 e 68. Quanto ao segundo contrato, narrou que foi estipulada contraprestação de
R$2.880.000,00, no valor mensal de R$480.000,00, cada, todavia, o Estado não teria pagado as notas
fiscais n.os 54, 57, 58, 63, 65, 67 e 69. A sentença julgou procedentes os embargos extinguindo a
execução, ao fundamento de que não teriam sido apresentados títulos executivos hábeis a ensejar a
execução por título extrajudicial, por faltar liquidez e certeza. Inicialmente, registre-se que a execução
por título extrajudicial contra a Fazenda Pública não viola o disposto no art. 100, da CRFB. No mais,
verifica-se que os dois contratos administrativos em questão (n.º 94/2013 e n.º 81/2015), celebrados
com base na Lei n.º 8.666/1993, são documentos públicos e podem ser objeto de execução
extrajudicial, com fundamento no art. 784, inciso II, do NCPC. Registre-se, ainda, que a Lei n.º
287/1979, do Estado do Rio de Janeiro, determina, em seu artigo 90, ser necessária, para liquidação
da despesa, a declaração expressa assinada por dois servidores, excetuado o ordenador da despesa,
atestando que o serviço contratado foi devidamente prestado. Na espécie, verifica-se que, por
intermédio das cópias das notas fiscais e dos procedimentos administrativos juntados nos indexadores
14 a 374, a Exequente logrou comprovar que atendeu ao disposto no art. 90, § 3º, do Código de
Administração Financeira e Contabilidade Pública do Estado do Rio de Janeiro. Nota-se que, no verso
das notas ficais, consta assinatura de dois ou mais funcionários representantes da Secretaria de
Saúde , tal como determina a norma estadual, e, nos procedimentos administrativos vinculados a cada
nota fiscal, há relatórios comprovando a regular prestação do serviço e apurando o montante que a
Contratada deveria receber, calculado de acordo com a quantidade de

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 18 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

examesrealizados mensalmente, como previsto no contrato. Outrossim, observa-se que foram expedidas
as respectivas notas de empenho e autorizados os pagamentos, donde se conclui que os serviços foram
prestados. Assim, conclui-se que os títulos ora executados se fundam em obrigação certa, líquida e
exigível, como exigido pelo art. 783, do NCPC, devendo, portanto, ser rejeitada a alegação de
inadequação da via eleita. Por fim, verifica-se que o Embargante, além da inexequibilidade do título,
alegou que possíveis acréscimos moratórios deveriam observar o disposto no art. 1º-F da Lei n.º
9.494/1997, ou seja, juros moratórios de 6% ao ano e correção monetária pelo índice utilizado para as
cadernetas de poupança, o que não merece prosperar, vez que, quantos aos consectários legais, devem ser
utilizados os índices previstos na Tese n.º 905, do STJ, de aplicação obrigatória.

APELAÇÃO CÍVEL/REMESSA NECESSÁRIA N.o 0474789-14.2011.8.19.0001 Apelação


Cível/Remessa Necessária. Embargos à Execução, por meio dos quais objetivou a extinção da demanda
executória, sob o fundamento, em síntese, de ocorrência da prescrição e de ausência do título executivo
extrajudicial nos autos, ressaltando, ainda, que não há prova inequívoca da efetiva prestação dos serviços
acordados entre as partes e que não foi apresentada a memória de cálculo com a indicação do valor certo
a ser executado. Sentença de improcedência dos embargos. Inconformismo da municipalidade. Rejeição
da prejudicial que se impõe, eis que se aplica, na hipótese, o prazo prescricional de 05 (cinco) anos,
constante no artigo 1.º do Decreto n.º 20.910, de 06 de janeiro de 1932. In casu, o documento em que se
funda a execução é documento público assinado pelo próprio devedor, qual seja, o despacho do Secretário
Municipal de Saúde e Defesa Civil, que reconhece a dívida referente aos processos relacionados na
Resolução "P" da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil (SMSDC) n.º 922, de 15 de junho de
2009 (processo administrativo n.º 091005.090/2009 - fls. 26, 27 e 31 do anexo). Cabimento de
ajuizamento de execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública. Inteligência que se extrai da
Súmula 279 do Superior Tribunal de Justiça. Contrato de prestação de serviços, firmado com a
Administração Pública, que se afigura documento público e hábil a embasar a competente ação de
execução. Farta documentação acostada aos autos a corroborar as alegações e a pretensão da exequente.
Precedentes do Superior Tribunal de Justiça e desta Corte. Manutenção integral do decisum. Recurso a
que se nega

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 19 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

provimento,nos termos do artigo 932, inciso IV, alínea "a", do estatuto processual civil, mantendo-se
os demais termos do julgado, em remessa necessária.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 20 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIV C 22023


Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO NO CPC 2015
Sessão: 11 - Dia 10/08/2023 - 18:00 às 19:50
Professor: RODOLFO KRONEMBERG HARTMANN

11 Tema: Execuções especiais de prestação alimentícia por título judicial e extrajudicial.

1ª QUESTÃO:
Astolfo e Zulmira foram casados por 10 anos e são pais de Neymar. Após a separação, iniciou-se uma
disputa, pela guarda do menor.
O magistrado, de forma provisória, deferiu a guarda para Zulmira e determinou que Astolfo pagasse
pensão alimentícia em favor do filho.
Astolfo ficou 5 meses sem pagar a pensão. Em razão disso, Neymar, representado por sua mãe,
ajuizou execução de alimentos para cobrar a quantia devida.
Enquanto o pedido de execução estava sendo processado, o magistrado revogou a decisão
interlocutória que havia deferido a guarda à Zulmira e proferiu sentença determinando que a guarda
definitiva é de Astolfo.
Pergunta-se: Zulmira tem legitimidade para continuar a execução dos débitos alimentares em
questão? Resposta fundamentada.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 21 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESPOSTA:
REsp 1410815/ SC RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - FILHAS
MENORES REPRESENTADAS PELA GENITORA - TRANSFERÊNCIA DA GUARDA AO
EXECUTADO NO CURSO DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - RECURSO ESPECIAL
PROVIDO. Hipótese: Cinge-se a controvérsia a decidir se a genitora tem ou não legitimidade para
prosseguir na execução de débitos alimentares proposta à época em que era guardiã das menores,
ainda que depois disso a guarda tenha sido transferida ao executado. 1. A matéria constante dos
artigos 8º, 9º e 794 do CPC/1973 não foi objeto de discussão no acórdão impugnado, tampouco foram
opostos embargos de declaração com a finalidade de sanar eventual omissão, não se configurando o
necessário prequestionamento, o que impossibilita a sua apreciação na via especial. Incidência da
Súmula 282 do STF, por analogia. 2. A genitora possui legitimidade para prosseguir na execução
de débitos alimentares proposta à época em que era guardiã das menores, visando a satisfação
de prestações pretéritas, até o momento da transferência da guarda. 2.1. A mudança da guarda
das alimentandas em favor do genitor no curso da execução de alimentos, não tem o condão de
extinguir a ação de execução envolvendo débito alimentar referente ao período em que a guarda
judicial era da genitora, vez que tal débito permanece inalterado. 2.2. Não há falar em
ilegitimidade ativa para prosseguimento da execução, quando à época em que proposta, e do
débito correspondente, era a genitora a representante legal das menores. Ação de execução que
deve prosseguir até satisfação do débito pelo devedor, ora recorrido. 3. Recurso especial provido.
REsp 1410815/ SC RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - FILHAS
MENORES REPRESENTADAS PELA GENITORA - TRANSFERÊNCIA DA GUARDA AO
EXECUTADO NO CURSO DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - RECURSO ESPECIAL
PROVIDO. Hipótese: Cinge-se a controvérsia a decidir se a genitora tem ou não legitimidade para
prosseguir na execução de débitos alimentares proposta à época em que era guardiã das menores,
ainda que depois disso a guarda tenha sido transferida ao executado. 1. A matéria constante dos
artigos 8º, 9º e 794 do CPC/1973 não foi objeto de discussão no acórdão impugnado, tampouco foram
opostos embargos de declaração com a finalidade de sanar eventual omissão, não se configurando o
necessário prequestionamento, o que impossibilita a

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 22 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

suaapreciação na via especial. Incidência da Súmula 282 do STF, por analogia. 2. A genitora possui
legitimidade para prosseguir na execução de débitos alimentares proposta à época em que era guardiã
das menores, visando a satisfação de prestações pretéritas, até o momento da transferência da guarda.
2.1. A mudança da guarda das alimentandas em favor do genitor no curso da execução de alimentos,
não tem o condão de extinguir a ação de execução envolvendo débito alimentar referente ao período
em que a guarda judicial era da genitora, vez que tal débito permanece inalterado. 2.2. Não há falar
em ilegitimidade ativa para prosseguimento da execução, quando à época em que proposta, e do
débito correspondente, era a genitora a representante legal das menores. Ação de execução que deve
prosseguir até satisfação do débito pelo devedor, ora recorrido. 3. Recurso especial provido.

2ª QUESTÃO:
Em determinada execução de alimentos, o magistrado determinou que fosse penhorado todo o valor
que havia na caderneta de poupança do executado, tratava-se de valor equivalente a 10 salários
mínimos.
Em defesa, o executado alegou que a penhora era incorreta, pois o valor em caderneta de poupança
seria impenhorável.
Pergunta-se, acerca da execução de prestação alimentícia: é possível a penhora em tela? Resposta
fundamentada.
.

RESPOSTA:
Nas execuções de prestação alimentícia, o saldo de caderneta de poupança seria penhorável.
Art. 833. São impenhoráveis:
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de
prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50
(cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no
art. 529, § 3º.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 23 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIV C 22023


Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO NO CPC 2015
Sessão: 12 - Dia 10/08/2023 - 20:10 às 22:00
Professor: RODOLFO KRONEMBERG HARTMANN

12 Tema: Execução fiscal.

1ª QUESTÃO:
Em execução fiscal, o magistrado rejeitou liminarmente a objeção de não executividade oposta pelo
executado, ao fundamento de que sua apreciação demandaria exame dos procedimentos
administrativos, que deram origem às multas ora executadas.

Insatisfeito, o executado interpôs agravo de instrumento, ao fundamento de que a presente execução


fiscal é para a cobrança de débito e multa aplicada pelo TCE, que estariam prescritos.

Sabendo se que para analisar a prescrição dos débitos será necessário dilação probatória, decida a
questão de forma fundamentada.

RESPOSTA:
enunciado sumulado 393 do STJ, “a exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal
relativamente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória”.

2ª QUESTÃO:
Em uma determinada demanda a qual a Fazenda Pública ajuizou execução fiscal contra a sociedade
empresária Telles Ltda. e seus sócios André e José, cobrando dívida de R$ 500.000,00 (quinhentos
mil reais).
José apresentou exceção de pré-executividade arguindo a sua ilegitimidade passiva para figurar na
execução considerando que não figura como responsável na Certidão de Dívida Ativa (CDA).
O juiz acolheu a alegação de José e o excluiu do polo passivo da execução fiscal, mantendo, contudo,
a tramitação do processo contra a sociedade empresária e o outro sócio, André.
A Fazenda Pública foi condenada a arcar com os honorários advocatícios de José.
Pergunta-se: agiu correto o magistrado? Responda de forma fundamentada se é possível a condenação
da Fazenda Pública no caso em tela.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 24 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESPOSTA:
Sugestão de gabarito
É possível a fixação de honorários advocatícios, em exceção de pré-executividade, quando o sócio é
excluído do polo passivo da execução fiscal, que não é extinta. STJ. 1ª Seção. REsp 1.764.405/SP,
Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 10/03/2021 (Recurso Repetitivo - Tema 961) (Info 688).

Em se tratando de exceção de pré-executividade acolhida para excluir sócio do polo passivo de


execução fiscal, o proveito econômico corresponde ao valor da dívida executada, devendo ser esta a
base de cálculo dos honorários advocatícios de sucumbência com aplicação do art. § 3º do art. 85 do
CPC/2015. STJ. 2ª Turma. AREsp 2.231.216-SP, Rel. Ministro Francisco Falcão, julgado em
06/12/2022 (Info 760)

A exceção de pré-executividade for acolhida para excluir o excipiente, o advogado do executado


excluído precisa ser remunerado pelo seu trabalho, ainda que a execução fiscal não seja extinta. Trata-
se de aplicação do princípio da causalidade, segundo o qual aquele que deu causa à instauração do
processo deve arcar com as despesas dele decorrentes (STJ. 1ª Turma. AgRg no REsp 1.180.908/MG,
Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 25/08/2010). O Fisco deu causa à instauração indevida do processo contra
o sócio posteriormente excluído, de forma que o exequente deve ser condenado a pagar os respectivos
honorários advocatícios. Tal foi o raciocínio que presidiu a edição da Súmula 153 do STJ: "A
desistência da execução fiscal, após o oferecimento dos embargos não exime o exequente dos
encargos da sucumbência".
Jurisprudência em Teses (ed. 52) Tese 5: É cabível a fixação de honorários de sucumbência quando a
exceção de pré-executividade for acolhida para extinguir total ou parcialmente a execução fiscal.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 25 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Turma: CPIV C 22023


Disciplina/Matéria: DIREITO PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO NO CPC 2015
Sessão: 13 - Dia 11/08/2023 - 18:00 às 19:50
Professor: FRANCISCO EMILIO DE CARVALHO POSADA

13 Tema: Defesas do executado.

1ª QUESTÃO:
Repelidos Embargos de Devedor com fundamento em sua intempestividade, apresenta o Executado
petição avulsa de Objeção de Não Executividade (também conhecida como "Exceção de Pré-
Executividade), denunciando a nulidade do título. Deve tal pleito, inobstante a rejeição dos
Embargos, ser admitido ao exame do órgão judicial? Se admissível a referida peça, teria a
apresentação da mesma efeito suspensivo? Resposta fundamentada.

RESPOSTA:
Segundo a doutrina: "A exceção de pré-executividade, embora não tenha previsão clara no CPC, é um
mecanismo de defesa aceito pela jurisprudência e doutrina há muito tempo, que possibilita ao
executado apresentar, por meio de uma mera petição, qualquer matéria que o magistrado possa
pronunciar de ofício. Alguns pontos devem ser abordados sobre esta peça processual. O primeiro
deles se refere ao nome empregado, que não observa a boa técnica processual. É que a palavra
"exceção" tem, no direito processual civil, diversas acepções, sendo que uma delas é justamente a que
a coloca como antônimo de "objeção". De acordo com esta acepção, as "objeções" seriam as matérias
que o magistrado pode pronunciar de ofício enquanto as "exceções" são aquelas que demandam
alegação da parte interessada para o seu reconhecimento. Da mesma forma, como esta peça somente é
apresentada após o início da execução, parece ser mais adequado usar o termo "não executividade"
em vez de "préexecutividade", pois o intento do interessado é, justamente, impedir o prosseguimento
do processo. Em consequência, a expressão "objeção de não executividade" seria a mais adequada
para nominar esta peça, muito embora a expressão "exceção de pré-executividade" já esteja
perfeitamente disseminada e assimilada dentro da prática forense. (...) Da mesma forma, as regras de
suspensão de processo também são excepcionais e, por esta razão, devem ser interpretadas
restritivamente. Não faz sentido, realmente, que o magistrado determine o recolhimento de um
mandado de penhora apenas por esta peça se encontrar pendente de apreciação" (HARTMANN,
Rodolfo Kronemberg. Curso Completo de Processo Civil - Com Notas Explicativas à Lei nº
13.105/15 NOVO CPC. 2ª Ed. Niterói: Impetus, 2015, pp. 611-613).

2ª QUESTÃO:
Em um determinado contrato de locação, o locatário não cumpriu com suas obrigações, e o locador
promoveu execução por título extrajudicial em face do locatário e do fiador.
O locatário foi citado cinco dias úteis antes do fiador, sendo que o comprovante de citação do fiador
foi juntado aos autos vinte dias úteis após o do locatário.
Pergunta-se:
A) O prazo para o locatário apresentar embargos à execução findou antes ou depois de iniciar o prazo
para o fiador embargar a execução? Resposta fundamentada.
B) O prazo para oposição de embargos seria de 15 (quinze) dias, contados em dobro, se o locatário e
o fiador tivessem advogados distintos? Resposta fundamentada.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 26 de 27


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RESPOSTA:
A) Antes. Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar é contado a
partir da juntada do respectivo comprovante da citação. O prazo para Miguel apresentar embargos
terminou quinze dias úteis após a juntada de seu comprovante de citação, o que ocorreu antes da
juntada do comprovante de citação de Joana, nos termos do Art. 915, § 1º, do CPC/15.
B) Não. Conforme o Art. 915, § 3º, do CPC/15, não se aplica o disposto no Art. 229 do CPC/15 em
relação ao prazo para oferecimento dos embargos à execução.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CP07 - 17 - CPIV - 2º PERÍODO 2023 14/08/2023 - Página 27 de 27

Você também pode gostar