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Disciplina: Prática jurídica civil II

Período/turno: 7º - noturno
Professor: Andreza Lage Raimundo
Alunas: Franciele Marques da Silva e Luciene Sousa de Araújo

AVALIAÇÃO - PEÇA PRÁTICA PROFISSIONAL


EXCELENTÍSSIMO JUIZO DE DIREITO DA __ª VARA CÍVEL DA
COMARCA DE ITUIUTABA-MG

Processo nº _____________

XXXXXX, já qualificado nos autos do processo em epígrafe que move em desfavor de


XXXXXX, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, tendo em vista a
respeitável sentença de fls..., com fundamento nos artigos 1.009 e seguintes do Código
de Processo Civil, interpor o presente recurso de APELAÇÃO conforme razões anexas.

O autor requer a retratação judicial, nos termos do art. 331 do Código de Processo Civil,
para que o juiz prossiga com o feito por não se tratar de indeferimento. Caso Vossa
Excelência não entenda desta forma, requer a intimação da parte contrária para
querendo, apresentar suas contrarrazões, no prazo de 15(quinze) dias.
Requer, ainda, a remessa dos autos para o Egrério Tribunal de justiça, para sua
admissão, processamento e julgamento.
Por fim, requer a juntada das custas de preparo, devidamente quitadas, que a esta
seguem anexas.

Termos em que,
Pede deferimento.

Ituiutaba, 12 de novembro de 2019

Advogada
OAB XXXXX
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO

APELANTE: XXXXXXX
APELADA: XXXXXXX

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmera.

I - DA TEMPESTIVIDADE E DO CABIMENTO

O ora Apelante foi intimado da sentença no dia 06/11/2019, tendo início o prazo para
interposição deste recurso no primeiro dia útil subsequente, conforme Art. 1003 caput e
§ 5º do CPC.

Portanto, cabível, no caso, o presente recurso de apelação conforme artigo 1009 do


Código de Processo Civil.

II – RAZÕES RECURSAIS

O Apelante ajuizou ação de despejo por falta de pagamento de aluguéis e acessórios da


locação, abrangendo o período de dezembro de 2018 a agosto de 2019, tendo sido
atribuído à causa o valor correspondente a doze meses de aluguel, ou seja, R$ 3.600,00.
O MM. Juiz indeferiu a inicial e extinguiu o processo sem resolução do mérito, com
fundamento nos termos do artigo 485, I, do Código de Processo Civil, alegando que o
valor atribuído à causa remete a discussão aos Juizados Especiais cuja aplicação às
causas de valor inferior ao estipulado no art. 3º, inciso I, é obrigatória, razão pela qual é
desses a competência exclusiva para processar e julgar a ação proposta.

III- DOS FUNDAMENTOS DE FATO E DE DIREITO

Conforme determinação do artigo 98, inciso I da Constituição Federal, os Juizados


Especiais foram criados com competência para tratar de causas cíveis
de menor complexidade, mediante procedimento oral e sumaríssimo.

A Lei 9.099/95 delimitou, em seu artigo 3º, a competência dos Juizados Especiais cíveis
em razão da matéria e do valor da causa, veja-se: 
Art. 3º. O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e
julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil;
III - a ação de despejo para uso próprio;
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso
I deste artigo.
Conforme se infere do dispositivo supra, a competência dos Juizados Especiais seria em
partes absoluta, em razão da matéria e em outras, relativa, em razão do valor. Em razão
desse conflito, o Superior Tribunal de Justiça já firmou entendimento que a competência
dos Juizados é relativa e que cabe ao autor a opção pelo processamento, eis a ementa que
seja:

CONDOMÍNIO. DESPESAS COMUNS. COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL.


MULTA DE 20%. INAPLICABILIDADE, IN CASU, DO CDC. 
A competência do Juizado Especial é relativa, sendo facultada ao autor a opção pelo
ajuizamento do pedido junto à Justiça Comum. Precedentes. - Não se aplica o Código de
Defesa do Consumidor às relações jurídicas estabelecidas entre o condomínio e os
condôminos. Precedentes. Recurso especial não conhecido.
(Processo: RESP280193/SP Recurso Especial 2000/0099296-8; Relator (a): Ministro
BARROS MONTEIRO (1089); Órgão Julgador: T4 - QUARTA TURMA; Data do
Julgamento: 22/06/2004; Data da publicação/Fonte: DJ 04/10/2004 p. 302.

Ainda neste sentido, o FONAJE – Fórum Nacional dos Juizados Especiais também se
pronunciou, em seu Enunciado 1, a respeito da facultatividade do ajuizamento nos
Juizados.
Enunciado 1 - O exercício do direito de ação no Juizado Especial Cível é facultativo para
o autor.

Desta forma, não poderia o Juiz Monocrático ter indeferido a petição inicial e extinto o
processo sem resolução do mérito sob o argumento de competência absoluta dos
Juizados, posto que, o ajuizamento em tal juízo é facultativo.

Ainda que não houvesse a referida facultatividade, as ações de despejo por falta de
pagamento, com possibilidade de purgação da mora, não são compatíveis com o rito dos
Juizados Especiais. As hipóteses previstas no art. 3º da Lei 9.099/95 são taxativas,
apenas se admite no juízo especial a tramitação das ações de despejo para uso próprio, ou
seja, intenção do Locador é de reaver o seu imóvel, e não de cobrar do Locatário
aluguéis não pagos. Uma vez que a Apelante ajuizou ação de despejo por falta de
pagamento, o juízo competente para julgar a demanda é o comum.
Nesse sentido é o entendimento dos Tribunais.

AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO CUMULADA COM AÇÃO


DE COBRANÇA DE ALUGUÉIS Competência do Juízo Cível e não do Juizado
Especial Cível, mesmo que o valor da causa seja inferior a 40 (quarenta) vezes o salário-
mínimo. A Lei nº 8.245/91, que regula a locação, é especial em relação à Lei nº
9.099/95, que disciplina os Juizados Especiais. Incompatibilidade entre o rito da ação de
despejo por falta de pagamento e o procedimento do Juizado Especial. (2º TACIVIL - 5ª
Câm.; Ag. De Instr. nº 459.793-00/7-São Paulo; Rel. Juiz Pereira Calças; j. 23.04.1996;
v.u.).

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE


PAGAMENTO CUMULADA COM COBRANÇA DE ALUGUÉIS. HIPÓTESE NÃO
PREVISTA NO ARTIGO 3º DA LEI N. 9.099/95. APLICAÇÃO DO ARTIGO 59 DA
LEI N. 8.245/91 INDEPENDENTEMENTE DO VALOR DADO À CAUSA. RITO
ESPECIAL INCOMPATÍVEL COM O PREVISTO PARA OS JUIZADOS
ESPECIAIS. COMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO COMUM. IRRELEVÂNCIA
DE HAVER ESTE ACOLHIDO INCIDENTE DE ARGÜIÇÃO DE
INCOMPETÊNCIA ANTERIORMENTE. CONFLITO PROCEDENTE. "Competência
- Ação de despejo por falta de pagamento abrangendo também cobrança de aluguéis.
Justiça comum.” Compete à Vara Cível julgar ação de despejo por falta de pagamento,
abrangendo também cobrança de aluguéis, porquanto o art. 59 da Lei n. 8.245/91
estabelece o rito ordinário e a Lei n. 9.099/95 nada inovou a respeito “(CC n. 96.000108-
5, de Tubarão, rel. Des. Eder Graf, in DJ n. 9.504, de 21/06/96, pág. 13).” Relativamente
à ação de despejo por falta de pagamento, com cumulação de cobrança de aluguéis, ou
por qualquer outra infração contratual, pela inconciliabilidade do rito - ordinário nesta
modalidade e sumaríssimo para os Juizados -, e pela ausência de previsão legal quanto à
competência, cujas normas de interpretação são de caráter restritivo, tem concluído esta
Corte de Justiça, com pronunciamentos das Terceiras e Quarta Câmaras Cíveis, pela
incompetência dos Juizados". (Conflito de Competência n. 96.003070-0, de Tubarão,
Relator Des. Pedro Manoel Abreu). A decisão interlocutória proferida por juízo
absolutamente competente ratione materiae acolhendo incidente de argüição de
incompetência, ainda que transitada em julgado, não impede que o juízo para o qual
declinou suscite conflito negativo.
(TJ-SC - CC: 10109 SC 1997.001010-9, Relator: José Gaspar Rubick Data de
Julgamento: 26/06/1997, Segunda Câmara de Direito Civil, Data de Publicação: Conflito
de Competência n. 97.001010-9, de Balneário Camboriú.)

Desta forma, conclui-se que não assiste razão ao MM. Magistrado ao indeferir a petição
inicial, acarretando a exclusão do processo sem resolução do mérito, uma vez que o
Juízo Comum é o competente para julgar a ação de despejo por atraso de pagamento.

IV – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

a) Seja recebido e processado o presente Recurso de Apelação, tendo em vista o


preenchimento dos requisitos de admissibilidade;

b) Seja recebido nos seus regulares efeitos devolutivo e suspensivo;

c) Ao final seja dado provimento para o fim de que a sentença proferida pelo MM,
Juízo a quo seja anulada, julgando procedente o pedido inicial, com a inversão do
ônus sucumbencial;

d) A majoração dos honorários advocatícios, nos termos do artigo 85, §11, do


Código de Processo Civil.

Termos em que,
Pede deferimento
Ituiutaba, 12 de novembro de 2019

Advogada
OAB XXXXX

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