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EXCELENTÍSSIMO SENHOR VICE-PRESIDENTE DESEMBARGADOR DO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ 

 
 
Processo nº XXXXXXXXXXXXX
AGRAVANTE: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
AGRAVADO: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 
 
 

XXXXXXXXXXXXX, já devidamente qualificada nos autos da ação em epígrafe, que


move em face de XXXXXXXXXXXXXXXX, vem, mui respeitosamente, perante Vossa
Excelência, por intermédio de sua procuradora signatária que a subscreve, com
fulcro no art. 1.042 do Código de Processo Civil, interpor

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL

contra r. decisão deste Egrégio Tribunal de Justiça, requerendo sua remessa ao


Insigne Superior Tribunal de Justiça – STJ, para que seja recebido, processado e, ao
final, julgado, dando-se integral provimento aos pleitos constantes no mesmo.

Informa ainda a agravante que deixou de recolher preparo e demais custas e


emolumentos em função da gratuidade judiciária reconhecida em despacho disposto
à fl. 159 deste caderno processual.

Nestes Termos, pede deferimento.


Fortaleza/CE, data da assinatura digital.

XXXXXXXXXXXXXXXXX
OAB/CE XXXXXX

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO


EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
 

COLENDA TURMA,

EMINENTES MINISTROS,

Processo nº
AGRAVANTE: XXXXXXXXXXXX
AGRAVADO: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX 

I - RAZÕES DO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL

O Agravante interpõe o presente agravo em recurso especial para reformar a r.


decisão proferida pelo Vice-Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do
Ceará, que inadmitiu o recurso especial interposto, pelos fatos e fundamentos a
seguir.

II – BREVE RELATO DOS FATOS

A recorrente ajuizou Ação de Reintegração de Posse movida pela agravante


em face do agravado. A recorrente detém os direitos possessórios de um imóvel que
recebeu de sua tia. Esse imóvel foi doado à Autora, pois a filha da falecida não o quis
e não havia outros herdeiros. Tal direito de posse é fartamente demonstrado pelas
benfeitorias feitas no imóvel por parte da autora 

Contudo, no ano de 2007 o Requerido, conhecido de seu cônjuge, esbulhou a


posse legitima da autora/recorrente, alegando que o cônjuge da promovente teria
concedido a casa a ele.

Porém, tal negócio jurídico é nulo de pleno direito, pois o hoje ex-cônjuge da
requerente não poderia ter dado nenhum consentimento, tendo em vista que devido
a um acidente, ele lesionou a cabeça e não poderia exprimir sua vontade
conscientemente.
Além disso, a autora e seu ex-cônjuge (separado de fato) são casados em
regime de comunhão parcial de bens, tendo sido a posse do imóvel da ter sido
transmitido apenas a Autora. Por fim, a Promovente requereu a procedência da ação,
com a expedição do mandado de reintegração de posse e a condenação do
Promovido ao pagamento de perdas e danos, além de custas e honorários.

Em sua contestação, o ora recorrido alegou a ilegitimidade da parte autora,


posto que a documentação do imóvel estava no nome da tia da promovente,
contudo, no mérito reconheceu que “adquiriu” a posse do imóvel por meio de
negociação com o ex-cônjuge da promovente.

A sentença de primeiro grau reconheceu o direito da recorrente, tendo sido o


feito julgado procedente, com resolução de mérito, nos termos do artigo 487, inciso I,
do CPC, e, por conseguinte, com a reintegração da posse de forma definitiva a parte
Autora na posse do imóvel, com a condenação da parte Requerida ao pagamento das
custas e dos honorários advocatícios, estes fixados em 10% (dez por cento) sobre o
valor da causa.

Irresignado, o recorrido apresentou recurso de Apelação ao Tribunal de


Justiça do Estado do Ceará, com fundamento de que o julgamento ocorreu contra
prova disposta nos autos, que a ilegitimidade da parte autora foi supostamente
demonstrada em processo anterior, que “adquiriu” a posse do imóvel por meio de
negociação com o ex-cônjuge da promovente.

A recorrente apresentou contrarrazões ao recurso de Apelação rogando pela


manutenção da sentença por seus próprios fundamentos.

Contudo, o recurso de Apelação foi conhecido e provido, conforme ementa abaixo:

Em função da necessidade de ver seus direitos resguardados a agravante


apresentou Recurso Especial (fls. 303/315) requerendo a reforma do r.acórdão
supracitado, no sentido de reconhecer a legitimidade ativa da recorrente,
reestabelecendo-se a sentença de piso e reintegrando a posse do bem descrito na
inicial deste feito à agravante.

Contudo, o Desembargador Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará


inadmitiu o Recurso Especial apresentado, entendeu que as argumentações da
agravante levariam a reapreciação das provas dispostas aos autos, indo de encontro
com o disposto na Súmula nº 7 desta Respeitável Corte.

Por fim, por entender, que tal decisão, todavia, merece reforma, pelas razões
adiante expostas.

III – DO CABIMENTO E ADMISSIBILIDADE DO


RECURSO ESPECIAL

Primeiramente, insta salientar que o presente Agravo é o recurso cabível


contra decisão que inadmite Recurso Especial, conforme Art. 1.042 do CPC e que fora
tempestivamente protocolado, posto que a publicação da decisão ocorrera no dia
26.05.2023, tendo início o prazo recursal de 15 dias úteis no dia 29.05.2023 e
considerando a suspensão de prazos decorrentes ao feriado de Corpus Christis no
dia 08.06.2023 e o ponto facultativo no dia 09.06.2023, o presente recurso é
tempestivo.
No caso em tela, ao contrário do que vislumbrou o r. prolator da decisão
agravada, o Recurso Especial apresentado pela agravada não viola a Súmula nº 7
desta Corte.
 Importante destacar, que a fundamentação apresentada no Recurso Especial
tratou de VALORAÇÃO DA PROVA DE MANEIRA ADEQUADA PELO
TRIBUNAL DE ORIGEM, o QUE TAMBÉM É APRECÍAVEL EM INSTÂNCIA
SUPERIOR, SEM A INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 07 DESTA CORTE.

Em outras palavras, o acórdão recorrido deixou de tirar das provas as devidas


CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS. É nesse contexto que surge a valoração jurídica da
prova. 

Em resumo, o que se pede no Recurso Especial é que as provas sejam


avaliadas conforme o entendimento firmado pelo juízo de primeiro grau e seja
reestabelecida a sentença de piso, ou seja, não existe reexame de prova, a qual foi
avaliada de forma diversa nos dois graus de jurisdição, sendo que, no segundo grau
houve patente violação a legislação federal.

Ao considerar que a valoração adequada da prova viola a súmula supracitada,


o juízo a quo dá entendimento diverso a jurisprudência firmada por este Egrégio
Tribunal.

De acordo com Código de Processo Civil em vigência, ficou reforçada a


importância distinção, pois já não basta a mera opinião do julgador, pois, enquanto
opinião representar, não poderá ser considerada como suficiente para o desfecho da
lide. Assim, a valoração jurídica da prova se coaduna com o dever do juiz ou tribunal
fundamentar as suas decisões, não bastando escolher ao seu livre arbítrio uma delas
e não aceitar outras sem a devida fundamentação.

O Ministro Athos Gusmão Carneiro bem ensina que o erro na valoração da


prova ensejador do recurso especial é verdadeiro erro de direito, consistente em que
a Corte de origem tenha decidido com base em prova, para aquele caso, vedada pelo
direito positivo expresso.

A função do E. STJ, é zelar pela unidade, autoridade e uniformidade da lei


federal, o que vem aqui se pedir. Sobre a valoração de prova, segue o entendimento
do Ministro Gueiros Leite:

“(…) Para o simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário, o


que, por transposição se aplica ao recurso especial, na sua esfera. Formou-se,
porém, corrente jurisprudencial que veio amenizar o seu rigor. É a dos que
fazem distinção entre a simples apreciação da prova e a sua valorização, e
esta última erigida em critério legal. O STF saiu, então, de uma postura de
neutralidade, dispondo-se a apurar se foi ou não infringido algum princípio
probatório e, desta perspectiva, tirar alguma conclusão que servisse para
emenda de eventuais injustiças.(…)” (Recurso especial nº 982-RJ, 3ª Turma
do STJ, unânime, Relator Ministro Gueiros Leite, DJU de 11.12.89, p. 0359.)

Tal entendimento se encontra amparado na jurisprudência irretocável desta


corte, conforme disposto no precedente abaixo:
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONDOMÍNIO EM
IMÓVEL URBANO. ALIENAÇÃO POR UM DOS COPROPRIETÁRIOS.
DIREITO DE PREFERÊNCIA. NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA.
NEGÓCIO ULTIMADO E REGISTRADO.AÇÃO JUDICIAL.
ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA. CABIMENTO. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO, COM DETERMINAÇÃO DE REMESSA À
ORIGEM PARA MANIFESTAÇÃO A RESPEITO DOS REQUISITOS DO
EXERCÍCIO DO DIREITO DE PREFERÊNCIA.1. A valoração inadequada da
prova dos autos implica error iuris que pode ser apreciado nesta instância
sem que se cogite de violação do teor da Súmula nº 7 do STJ. 2. A notificação
para o exercício do direito de preferência a que se refere o art. 504 do
CC/2002 deve anteceder a realização do negócio. Espólio que não foi
notificado para tal exercício. 3. Uma vez ultimado o negócio sem
observância da notificação prévia do condômino, a solução da questão
somente pode se dar na via judicial, pela ação de preferência c. C.
Adjudicação compulsória. 4. Necessidade de remessa dos autos ao juízo da
causa para manifestação a respeito dos demais requisitos do direito de
preferência, sob pena de supressão de instância. Inaplicabilidade do NCPC
ao caso concreto ante os termos do Enunciado nº 1 aprovado pelo Plenário
do STJ na Sessão de 9.3.2016: Aos recursos interpostos com fundamento no
CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem
ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as
interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça. 5. Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os
autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Senhores Ministros
da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, em
dar parcial provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr.
Ministro Relator. Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha (Presidente),
Paulo de Tarso Sanseverino e Marco Aurélio Bellizze votaram com o Sr.
Ministro Relator. Impedido o Sr. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva.
(RECURSO ESPECIAL Nº 1.324.482 – SP 2011/0243722-0 RELATOR:
MINISTRO MOURA RIBEIRO, julgado em 05 de abril de 2016).

Portanto, fica evidente a decisão da inadmissão do Recurso Especial


apresentado pela agravante por violação a Súmula nº 07 desta Corte não se sustenta e
deve ser reformada.

Quanto aos demais requisitos de admissão do Recurso Especial, o art. 105,


inciso III, alínea “a” e “c”, da Constituição Federal, que preconiza o cabimento de
Recurso Especial para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), haja vista que da análise
dos autos restaram as seguintes conclusões:

 
1. O v. acórdão recorrido foi julgado em última instancia pelo Tribunal
Regional;
 
2. O v. acórdão caminhou, data vênia, em sentido contrário à Lei Federal,
assim como, divergindo também de decisões de outros tribunais pátrios e, inclusive
contrariando decisões deste Colendo Superior Tribunal de Justiça, lhe afrontando,
contradizendo e negando-lhe vigência;
 
3. Há dissidio jurisprudencial quanto à questão suscitada no feito.
 
Portanto, tem-se como cabível a interposição do presente Recurso Especial, a
luz do art. 105, inciso III, alínea “a” e “c”, da Constituição Federal, uma vez que o v.
acórdão afronta diretamente Lei Federal, inclusive com entendimento divergente de
acórdãos proferidos no próprio Tribunais ad quem.
 
Assim, em atenção ao art. 1.029 do Código de Processo Civil c/c o disposto no
art. 105, inciso III, alínea “a” e “c”, da Constituição Federal, sendo assim, resta
demonstrado o cabimento do recurso especial, motivo pelo qual a r. decisão que o
inadmitiu deve ser reformada.

IV – DO MÉRITO DO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL

DA FLAGRANTE VIOLAÇÃO A LEI FEDERAL - OFENSA AOS ARTIGOS 17, 560,


561 E 373, I DO CPC E ART 1.196 DO CÓDIGO CIVIL
A Agravante demonstrou notoriamente a ocorrência da hipótese prevista no
art. 105, inciso III, alínea “a” e “c”, da Constituição Federal, conforme se detalhará a
seguir:
 

Ressalte-se que, mesmo com o reconhecimento da legitimidade ativa da


recorrente pelo juízo de piso, o Egrégio Tribunal Alencarino, com a devida vênia
declarou a ilegitimidade desta, em contrário ao que dita os Artigos 17, 373, I, 560 e
561; todos do CPC.

Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.

Art. 373. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;


Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de
turbação e reintegrado em caso de esbulho.

Art. 561. Incumbe ao autor provar:

I - a sua posse;

II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;

III - a data da turbação ou do esbulho;

IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou


perda da posse, na ação de reintegração.

Ao dar provimento à apelação do recorrido, o Tribunal acabou por infringir os


artigos acima colacionados, pois não se manifestou em relação aos argumentos
apresentados no apelo da recorrente, deixando de apreciar os mesmos, os quais
foram apreciados na primeira instância, sendo que se tivessem sido novamente
considerados, levariam a conclusão adotada pelo nobre relator idêntica ao juízo de 1º
grau. Assim refere o julgador:

Quanto a isso, destaca-se que embora a parte autora alegue ser proprietária
do imóvel após o falecimento de sua tia, em verdade, o que se denotados
autos é que nas notificações de lançamento de IPTU datadas de 1999 a
2010(fls. 42/50) continua constando o nome de sua tia (Maria do Livramento
Teles bastos Ferreira), ou seja, não tendo sido demonstrada em nenhum
momento a transferência de propriedade do imóvel para a autora, tampouco
tendo sido comprovada a sua posse em relação ao referido imóvel. Inclusive,
frize-se que da matrícula juntada aos autos (fls. 22/24),emitida em 2010,
ainda consta como proprietária Maria do Livramento Teles Bastos Ferreira,
nada indicando acerca da obtenção do imóvel pela parte autora, ainda que
por herança. Naturalmente, por se tratar de ação petitória, fundada em
direito real de propriedade, mostra-se imprescindível que o autor instrua a
inicial com o título aquisitivo da propriedade registrado no Cartório de
Registro de Imóveis, conforme se entende do art. 1.245 do Código Civil[...].

A ação em comento é uma ação reintegração de posse, ou seja, versa sobre


direitos de posse, não sobre propriedade, logo, de acordo com os Arts. 373, I e Art.
561 do CPC, a autora deveria ter demonstrado o seu direito possessório e as provas
necessárias, e de fato o fez, posto que o juízo singular reconheceu o seu direito e a
turbação da posse do imóvel da agravante.
No presente caso, o v. Acórdão simplesmente NEGOU-SE a apreciar os
argumentos trazidos pela sentença de piso e pelas contrarrazões da recorrente
apresentadas ao recurso de apelação. Neste sentido, trazemos o seguinte trecho da
r.sentença:

No caso sub oculi, no apreço da documentação colecionada pela suplicante,


a exemplo das fls. 16/158, depreende-se que a Autora exercia a posse sobre o
imóvel e que o detinha em virtude da relação de parentesco com a
proprietária; logo, emerge, a partir disso, ser a mesma a legítima possuidora
do bem questionado e que o Requerido detinha apenas a posse injusta.

Nobres julgadores, durante o curso do processo ficou reconhecida a


legitimidade autoral conforme a ampla gama de documentos apresentados, contudo
o acórdão recorrido desconsiderou fatos incontroversos, de que a antiga possuidora
do imóvel era tia da autora e que o bem teve sua posse transferida por meio de
negociação (ilegal, ressalte-se) entre o ex-cônjuge da recorrente (que não possuía
poderes para tanto) e o recorrido.

Importante ainda trazer a análise do trecho do acordão acima transcrito, posto


que o acórdão ora recorrido estabeleceu como pré-requisito para a legitimidade
autoral a transmissão da propriedade, algo que é desnecessário e que vai contra ao
que diz o Artigo 1.196 do Código Civil: “Art. 1.196. Considera-se possuidor todo
aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade.”

Logo, a transmissão documental da propriedade não pode ser considerada


como base para a demonstrar o direito possessório, bastando a parte que deseja ter
sua posse do bem restituída demonstre algum dos poderes inerentes à propriedade.
No caso em comento, o acordão recorrido dá interpretação diversa ao Art. 1.196 do
Código Civil, restringindo-o, sendo que o texto do dispositivo é bem claro ao deixar
em aberto qual o direito de propriedade que a promovente possui.

Neste ponto ainda, para fixar, importante citar a irretocável sentença, vejamos:

Ademais, não é relevante o fato de o possuidor exercer a posse direta sobre o


bem, sendo apenas necessária a prova de que estava em efetivo exercício da
posse indireta quando da prática do esbulho. No caso em questão, a
Promovente demonstrou ainda permanecer na posse do imóvel, por meio da
referida documentação colacionada, quando solicitou ao Promovido que
liberasse o seu imóvel, tendo em vista que este foi cedido por seu, na época,
esposo, sem sua anuência. [...]

Ademais, o Requerido afirma que juntou documento de aquisição de posse


do imóvel em questão (fl. 190), contudo, além de não haver prova nos autos
do referido documento, em momento algum o Demandado justifica como
comprovou de fato a posse do referido imóvel. Diante de tais digressões e de
acordo com os documentos constantes no arcabouço probatório, é de bom
alvitre consignar que estão satisfeitos, pela Autora, os requisitos do Código
de Processo Civil, no art. 561, a fim de dar sustentação ao seu pedido
reintegratório, tendo em vista não haver justificativa para a permanência do
Demandado no bem, restando configurado esbulho a se corrigir nesta via,
por meio da reintegratória em tela.

O juízo a quo, ao não levar em consideração as provas colhidas no curso


processual e dar interpretação restritiva ao direito possessório, consequentemente
deixou de apreciar o mérito da ação, já reconhecido na sentença de 1º grau, o que
deve ser reconhecido por este Egrégio Tribunal.

Dessa forma, restou evidenciada a violação, em especial, Arts. 17, 560, 561 E
373, I do CPC E Art 1.196 do Código Civil, por esta razão, tem-se que a interpretação
dada pelo acórdão recorrido não possui guarida no ordenamento jurídico brasileiro,
motivo pelo qual o recurso especial deve ser admitido e provido.

V – DOS REQUERIMENTOS

Diante de todo o exposto, e tendo sido atendidos todos os requisitos de


admissibilidade recursal, o Agravante, requer a Vossa Excelência:
 
a) seja recebido e processado o presente Agravo em Recurso Especial, posto
que tempestivo e cabível, nos termos da lei processual vigente;
 
b) seja realizada a intimação do Agravado para, querendo, apresentarem
contrarrazões, nos termos do §3º, do art. 1.042, do Código de Processo Civil;
 
c) seja realizada a remessa dos autos para o Superior Tribunal de Justiça (STJ),
nos termos do §4º, do art. 1.042, do Código de Processo Civil;
 
d) seja dado total provimento ao presente agravo, para reformar a decisão que
inadmitiu o recurso especial interposto e o provimento dos pedidos feitos no próprio
Resp. como meio de mais salutar e lídima Justiça!
 
e) seja realizada a redistribuição dos ônus da sucumbência.
 
Nestes Termos, pede deferimento.
Fortaleza/CE, data da assinatura digital.
 

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
OAB/CE XXXXXXX

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