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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DO ACÓRDÃO Nº.

DA 2º CÂMARA CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO


PAULO

Processo nª

PATRÍCIA GOULART DE BRAGANÇA E JUNQUEIRA, já


qualificada nos autos, por seu advogado infra-assinado, nos autos do recurso em
sentido estrito interposto, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência opor

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

ao venerado acórdão, com fundamento nos arts. 619 e 620 e parágrafos do Código de
Processo Penal, por razões a seguir aduzidas:

1. A embargante entrou com uma queixa crime no juízo de


primeiro grau contra KAMYLLA PROENÇA DE ALBUQUERQUE, com o crime de Calúnia
tipificado no art. 138 do Código Penal com aumento de pena em 1/3 (um terço)
descrito no art. 141, inc. III do CP, por ter utilizado meio em que se propagasse o
delito, fato na qual não reconhecido pelo juízo, declarando-se incompetente para o
feito e remetendo os autos para os juizados especiais como contravenção penal.

2. Inconformada com a decisão a embargante interpôs


Recuso em Sentido Estrito no juízo a quo, para haver retratação da decisão com o fim
de que os autos retornasse ao juízo que prolatou a decisão interlocutória.
3. Faltou por bem esse ínclito julgador reconhecer o
aumento de pena presente no art. 141, inc. III, do CP, retratando-se de sua decisão
remetendo os autos para o tribunal competente.

4. Interposto Recurso em Sentido Estrido, o mesmo não foi


reconhecido pelos relatores sob o fundamento de que é indispensável o pagamento
prévio das custas, nos termos do art. 806, § 2º, do CP penal, que passo expor:

Art. 806. Salvo o caso do art. 32, nas ações intentadas


mediante queixa, nenhum ato ou diligência se realizará, sem
que seja depositada em cartório a importância das custas.
(...)
§2º A falta do pagamento das custas, nos prazos fxados
em lei, ou marcados pelo juiz, importará renúncia à diligência
requerida ou deserção do recurso interposto (grifo nosso)

5. Ocorre que, como é possível verificar ao contrário do


alegado no Acórdão proferido, o supracitado dispositivo legal não exige
o pagamento prévio das custas. Os julgadores, claramente,
deram ao dispositivo legal uma interpretação incompatível com seu real conteúdo.
6. Acontece que no âmbito do Processo Penal nos termos
do § 2º do supracitado artigo a falta do pagamento das custas processuais pode ser
verificada de 2 (duas) formas: I) pelo prazo fixado pela lei e II) prazo fixado pelo juiz
de primeiro grau.

7. No caso dos autos (interposição do Recurso em Sentido


Estrito), não há legislação processual pátria que defina o prazo legal para o
recolhimento das custas processuais, deste modo não havendo qualquer prazo fixado
em lei, o prazo para tal pagamento deveria ter sido fixado pelo o juiz de primeiro grau,
pois cabia a ele tal determinação, quanto a interposição do recurso em sentido estrito,
entendimento já consolidado nos tribunais superiores sobre o tema, que passo a
expor:
PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS
CORPUS . 1. AÇÃO PENAL PRIVADA. EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE PELA PEREMPÇÃO. AUSÊNCIA DE
PROPOSTA DE SUSPENSÃO CONDICIONAL DO
PROCESSO. TEMAS NÃO ANALISADOS NA ORIGEM.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. 2. APELAÇÃO NÃO
CONHECIDA. RECURSO CONSIDERADO DESERTO.
AUSÊNCIA DE PREPARO. ART. 806, §2º, DO CPP.
NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO PARA RECOLHIMENTO.
PRECEDENTES DO STJ. 3. RECURSO CONHECIDOEM PARTE E,
NESSA PARTE, PROVIDO. [...] 2. A Corte
local denegou a ordem no prévio mandamus,
por considerar correto o não conhecimento do
recurso pela Turma Recursal, com fundamento
no art. 806, §2º, do CPP. Porém, a jurisprudência
do STJ pacificou o entendimento no sentido de
que “a deserção do recurso em ação penal privada
não decorre da mera ausência de recolhimento
das custas devidas, devendo ser oportunizada ao
recorrente a efetivação do preparo. Precedentes”
(REsp 1416920/GO, Rel. Ministro Sebastião Reis
Júnior, Sexta Turma, julgado em 05/05/2015, DJe
14/05/2015). Assim, tendo o recorrente recolhido o
preparo após a intimação, inviável julgar deserto o
recurso na hipótese dos autos. 3. Recurso em habeas
corpus parcialmente conhecido, para, nesta parte,
dar-lhe provimento, determinado o retorno dos
autos à Turma Recursal, para julgamento do recurso
interposto pelo querelado. (RHC. N. 74.327/RS, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, Quinta
Turma, DJe 10/2/2017 – grifo nosso).
8. Fica evidente que o prazo é de 2 (dois) dias, em regra,
independente da instancia de interposição, como é de conhecimento dos Nobres
Julgadores deste embargo, o prazo é apenas de dois dias contando a partir da data da
intimação ou da publicação do Acórdão quando for o caso dos tribunais.

9. Há, portanto, justificável incompreensão quanto à


conclusão do decisório, que se contradiz consigo próprio, merecendo o reparo ora
pretendido.

Ante o exposto, requer sejam recebidos os presentes embargos


e, ao final, julgados, para ser declarado o acórdão embargado
corrigindo-se a contradição apontada, como medida de inteira
JUSTIÇA.

Termos em que,

Pede o deferimento,

São Paulo, 11 de abril de 2017.

Assinatura do Advogado/OAB.

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