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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE

JUSTIÇA

Há pedido de liminar
(Item IV – Pág. 05)

EMPRESA DE INFORMÁTICA LTDA, pessoa jurídica de direito


privado, estabelecida na Rua X, nº. 0000 – São Luis(MA), com CEP nº. 44555-666,
possuidora do CNPJF(MF) nº. 11.111.222/0001-33 , vem, com o devido respeito a Vossa
Excelência, através de seu patrono que abaixo assina, para ajuizar, com fundamento na
Resolução nº. 12/2009, deste Egrégio Superior Tribunal de Justiça, a presente

RECLAMAÇÃO

( COM PLEITO DE MEDIDA LIMINAR)

em face de decisão proferida pela 1ª Turma Recursal do Juizado Especial Cível do Estado do
Maranhão, proferida nos autos do Recurso Inominado nº. 11.222.33.4444.5.0000/01 , em
decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas:

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(1) – SÍNTESE DOS FATOS

O senhor Francisco Martins, na data de ww/xx/yyyy,


ajuizou ação de indenização contra a ora Reclamante, alegando, em síntese, que havia
adquirido um notebook e, no seu entender, não correspondia ao que a empresa Reclamante
havia anunciado em jornal de grande circulação local( docs. 01/04).

Realizada a audiência preliminar, a tentativa de conciliação


foi infrutífera. Remarcou-se audiência de instrução para o dia xx/ww/yyyy, portanto seis meses
após a audiência inaugural. Foi que, diante disto, alegando o demasiado espaço de tempo
entre as audiências, a então parte autora da ação de indenização atravessou petição
pleiteando o exame de tutela antecipada, a qual destinava-se a pleitear a intimação da parte
ré, ora Reclamante, a entregar um outro notebook, nos moldes do que no seu entender havia
sido publicado na imprensa, no prazo de 10(dez) dias, sob pena de pagamento de multa diária
de R$ 1.000,00(mil reais).(doc. 05)

O Magistrado de primeiro grau atendeu o pleito em


espécie, quando sentenciou condenando a ré a pagar indenização por danos morais,
determinando, mais, na sentença, que fosse feita intimação da parte Ré, a entregar o novo
aparelho, no prazo de 10(dez) dias, sob pena de pagamento de multa diária(´ astreintes´) de
R$ 1.000,00(mil reais). Entrementes, e este é o âmago do debate, o nobre Juiz determinou
claramente na sentença que a intimação para entregar coisa certa deveria ser feita na pessoa
do advogado da ora Reclamante, vez que já constituído nos autos, nestes termos( doc. 05):

“ [...]
Diante de tais fundamentos, determino a intimação da Ré a cumprir a presente
decisão(´astreintes´), pelos fundamentos acima citados, no prazo de 10(dez) dias, sob
pena de multa diária de R$ 1.000,00(um mil reais), devendo referida intimação ser
feita na pessoa do seu advogado já constituído nos autos, sobretudo em atendimento
ao princípio da celeridade processual. Registre-se que a intimação por meio eletrônico
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é pessoal, como expresso é pessoal, como expresso no art. 5º, § 6º da Lei nº
11.419/06, e ainda substitui qualquer outro meio e publicação oficial, para quaisquer
efeitos legais, à exceção dos casos que, por lei, exigem intimação ou vista pessoal,
não sendo este caso. Por outro lado, a intimação da decisão deve e pode ser feita na
pessoa do patrono da parte, nos moldes do que apregoa o art. 236 do CPC. “

Recebida a intimação pelo patrono da Reclamante, este logo no


dia seguinte manejou, tempestivamente, o devido Recurso Inominado, atacando, dentre
outros fatores, que a intimação em liça, por abarcar a prática de ato material(fazer a
entrega/devolução do computador), deveria ser feita diretamente à Ré da ação. ( doc. 06).
Distribuído recurso, este foi tombado sob o nº. 11.222.33.4444.5.0000/01, sendo o Relator
prevendo o honroso Juiz Cicrano de Tal.

No julgamento do recurso em mira, a 1ª Turma Recursal do


Juizado Especial do Maranhão, à unanimidade de votos, tomou conhecimento do recurso,
entretanto não lhe concedeu provimento, onde, no tocante a questão aqui em debate nesta
Reclamação, assim pronunciou-se a Turma:

“ No que tange à descabida alegação da Recorrente de que a intimação


da multa deverá ser feita na pessoa da parte, também não merece acolhimento.
Em verdade, consoante apregoa o art. 475-J, § 1º do CPC, a intimação do
advogado da parte supre a necessidade de intimação pessoal do devedor .
Ademais, tal pretensão, vai de encontro ao princípio da celeridade processual e,
mais, a parte encontra-se devidamente defendida por patrono nos autos.
Transitada em julgada a decisão, far-se-á a contagem do prazo fixado
pelo juízo monocrático para pagamento das “ astreintes”. “ ( destacamos )

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Diante do referido acórdão, a Reclamante aforou a presente
Reclamação, sobretudo porquanto vai de encontro a Súmula deste Egrégio Superior Tribunal
de Justiça.

(2) – DA TEMPESTIVIDADE

Esta Reclamação é tempestiva, uma vez que foi oferecida dentro


do prazo de 15 dias(Resolução nº. 12/STJ – art. 1º), porquanto a decisão proferida pela
Turma Recursal, acima citada, fora publica no Diário da Justiça nº 00, de xx/yy/zzzz, o que
circulou no dia yy/zz/xxxx, o que se comprova pela certidão ora acostada.( doc. 07).

Desta maneira, a mesma, quando do exame do juízo de


admissibilidade(Resolução nº 12/STJ – art. 1º, § 1º ), merece ser conhecida quanto à
tempestividade.

(3) – DO CABIMENTO DA RECLAMAÇÃO

DIVERGÊNCIA ENTRE O ACÓRDÃO EM LIÇA E A SÚMULA 410 DO STJ

Claramente percebe-se que o acórdão proferido pela 1ª Turma


Recursal do Juizado Especial Cível do Estado Maranhão divergiu, gritantemente, de Súmula
prevista em sentido contrário desta Egrégia Corte.

Ora, a hipótese tratada no acórdão em liça, trata do assunto de


obrigação de fazer, quando o caso trata obrigação de fazer a entrega de um computador ao
autor da ação indenizatória, que tramitou no juízo da 3ª Unidade do Juizado Especial Cível de
São Luis(MA). Nestes casos, nobre Relator, esta Corte já assentou orientação, mediante
Súmula, que far-se-á necessária a intimação pessoal da parte – e não de seu patrono --- para
cumprir a ordem judicial.
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Súmula nº 410 - A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária
para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.

Súmula nº 4
Assim, a presente Reclamação merece acolhimento e ser provida
para afastar a divergência entre o acórdão originário da 1ª Turma Recursal do Juizado
Especial Cível do Maranhão e a Súmula supracitada.

(4) – PLEITO DE MEDIDA LIMINAR (res. 12/STJ – art. 2º, I )

É de geral ciência que são requisitos da medida cautelar a


presença do fumus boni iuris e do periculum in mora.

Portanto, os requisitos para alcançar-se uma providência de


natureza cautelar são basicamente dois:

I - Um dano potencial, um risco que corre o processo principal de não ser útil ao interesse
demonstrado pela parte, em razão do periculum in mora, risco esse que deve ser
objetivamente apurável;

II - A plausibilidade do direito substancial invocado por quem pretenda segurança, ou seja, o


fumus boni iuris.

Sobre o fumus boni iuris, esclarece-se que, segundo a melhor


doutrina, para merecer a tutela cautelar, o direito em risco há de revelar-se apenas como o
interesse que justifica o "direito de ação", ou seja, o direito ao processo de mérito.

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No caso ora em análise, claramente restaram comprovados,
objetivamente, os requisitos do " fumus boni iuris" e do "periculum in mora", a justificar o
deferimento da medida ora pretendida, sobretudo quanto ao segundo requisito, a demora na
prestação jurisdicional ocasionará gravame diário à Reclamante, visto que lhe foi
imputada(indevidamente) multa diária(´ astreintes´), sem que a mesma sequer tenha sido
regularmente cientificada, segundo inclusive o entendimento sumulado por esta Egrégia Corte
infraconstitucional. Em pouco tempo, registre-se, maiormente em face do valor da multa
diária, o resultado financeiro será significativo e, em fase de cumprimento de sentença,
certamente ocorrerá o pedido de bloqueio de conta da Reclamante, o que resultará graves
seqüelas no desenvolvimento de suas atividades empresariais, maiormente com a hipótese
de não poder pagar fornecedores, impostos e a folha de pagamento de seus empregados.

Diante disto, a Reclamante vem requerer, com supedâneo no art.


2º da Resolução nº 12/2009 do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, medida liminar no
sentido de:

a) determinar a suspensão do processo de origem, até ulterior deliberação


de mérito desta Corte, oficiando-se aos presidentes dos Tribunais de
Justiça dos Estados, aos corregedores-gerais de justiça de cada Estado e
do Distrito Federal, a fim de que comuniquem às turmas recursais a
presente suspensão;

(5) – P E D I D O S

De outro bordo, em arremate, pede-se que:

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b) seja oficiado ao Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do
Maranhão, ao Corregedor Geral de Justiça deste Estado, bem como ao
Presidente da Turma Recursal do Juizado Especial Cível do Estado do
Maranhão, comunicando aos mesmos o processamento da presente
Reclamação, solicitando aos mesmos informações;

c) pleiteia-se, mais, que Secretaria da Turma providencie as


comunicações supracitadas, em especial pela via editalícia, na forma e
nos prazos estabelecidos(Res. 12/STJ – art. 2º, incs. II e III);

d) requer-se, por fim, seja a presente Reclamação incluída em pauta, com


o processamento e julgamento na forma do art. 543-C do Estatuto de
Ritos.

Informar o patrono da Reclamante, na forma do parágrafo único,


art. 4º, da Resolução nº 12/2009 do STJ, que pretende produzir sustentação oral, razão qual
pede que o advogado subscritor da presente seja intimado previamente da pauta de
julgamento, sob pena de nulidade do julgado.

Respeitosamente, pede deferimento.

De São Luís(MA) para Brasília (DF),

P.p. Beltrano de tal


Advogado – OAB(MA) 112233

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