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ACÓRDÃO
Documento: 611631 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/05/2006 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 720.290 - PR (2005/0005691-6)
RELATÓRIO
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compensado com os demais créditos do Apelante em outras ações" (fl. 427).
Aponta dissídio jurisprudencial, colacionando julgados, também, desta
Corte.
Aponta o segundo recorrente dissídio jurisprudencial, colacionando
julgados, também, desta Corte, no sentido de que "os juros moratórios na execução de
título judicial, contam-se da data sentença, pois data da constituição do crédito e que
coincide com a data da mora do executado, até por força do artigo 508 do CPC e
também por força do artigo 407 do Código Civil" (fl. 455), e que "o próprio Banco, na
inicial dos embargos propusera que os juros contassem da data do início da ação em
que se prolatou a sentença em execução. Portanto, antes até da citação" (fl. 455).
Contra-arrazoados (fls. 485 a 494 e 496 a 500), os recursos especiais
(fls. 421 a 445 e 449 a 456) foram admitidos (fls. 502 a 504).
É o relatório.
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RECURSO ESPECIAL Nº 720.290 - PR (2005/0005691-6)
EMENTA
VOTO
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da causa.
O especial da instituição financeira tem por objeto admitir a compensação
dos honorários de advogado. A postulação alcança as ações de execução extrajudicial
e ordinária de nulidade entre as mesmas partes, com base nos mesmos contratos, que
tramitaram paralelamente. Afirma que, não tem fundamento o julgado quando entendeu
que o estatuto dos advogados teria revogado o art. 21 do Código de Processo Civil.
Assim, pensa a recorrente que a autonomia conferida ao advogado não lhe dá o direito
de exigir do banco a verba em que foi perdedor, "sem a necessária compensação da
verba da qual foi o vencedor" (fl. 424). Sustenta o especial que não se pode
"argumentar que compensação não possa aqui ser argüida porque são ações distintas
e não conexas e que verba honorária da Ação Ordinária não pode ser compensada
com os demais créditos do Apelante em outras ações" (fl. 427). Deste modo,
prossegue o banco recorrente, "a própria Execução foi distribuída por dependência ao
juízo da Cautelar e Anulatória e, existindo pluralidade de demandas, onde ocorrem
mútuas sucumbências, é de meridiano entendimento que deve haver a compensação
de despesas, porque não se justifica que uma parte que tenha patrimônio seja lesada
ante a impossibilidade de receber verba idêntica daquele que nenhum patrimônio
possui" (fl. 427).
O exeqüente, ao que se verifica dos autos, foi advogado de cliente do
banco, com este litigando em algumas demandas, além da ação cautelar e da ação
ordinária de nulidade, em que apensada a execução. A alegação do banco é no sentido
de que existem créditos e débitos recíprocos, sendo "evidente que sobra ao
Embargante quantia bem superior à verba honorária aqui indevidamente postulada e
que será absorvida pela compensação" (fl. 7).
Creio que o banco recorrente não tem razão. A compensação dos
honorários é possível e cabe ao advogado executar o saldo remanescente. Mas não me
parece razoável entender que crédito do banco no tocante ao seu cliente possa ser
utilizado para compensar a verba honorária que foi fixada em favor do advogado
exeqüente. São coisas distintas. Não faz tempo que esta Terceira Turma decidiu ser
"inadmissível a compensação dos honorários advocatícios, objeto desta execução,
com os créditos existentes entre o banco e as empresas que se utilizaram dos serviços
profissionais dos exeqüentes" (REsp nº 541.308/RS, Relator para o acórdão o Ministro
Castro Filho, DJ de 8/3/04). Em outra ocasião, esta Terceira Turma (REsp nº
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613.125/PR, de minha relatoria, DJ de 6/6/05) decidiu não ser caso da aplicação do art.
21 do Código de Processo Civil quando alcança compensação de créditos oriundos de
ações diversas. Assim, a pretensão do banco de que poderia haver compensação entre
créditos, incluídos honorários de ações diversas não encontra eco em precedente desta
Corte. A compensação pode dar-se entre os honorários devidos pelas partes, mas não
pode alcançar honorários devidos em diversas ações ou créditos outros obtidos em
relação ao mérito do julgado.
O especial adesivo é sobre a questão dos juros moratórios que o
exeqüente pretende sejam devidos desde a prolatação da sentença exeqüenda e não da
citação do banco na execução. No precedente apresentado pelo recorrente proferi
voto-vista indicando que, no caso, "a própria embargante, ora recorrente, pleiteia a data
de 03/5/95, não me parecendo possível que seja computada data ainda mais favorável,
ou seja, 18/11/96, como indicado no voto do eminente Ministro Ari Pargendler, sob
pena de julgamento ultra petita" (REsp nº 327.708/SP, Relatora para o acórdão a
Ministra Nancy Andrighi, DJ de 24/2/03). Em precedente também desta Terceira
Turma, Relator o Ministro Ari Pargendler (REsp nº 275.685/MG, DJ de 27/11/2000),
ficou assentado que os "honorários de advogado devidos pelo autor da ação, em razão
da improcedência desta, só rendem juros quando forem liquidados por sentença
judicial, tal qual dispõe o artigo 1.064 do Código Civil; não a partir da citação no
processo de conhecimento, que só constitui em mora o réu (CPC, art. 219, caput)". Os
juros, naquele caso, como destacou o Relator, "só incidem a partir do momento em que
os honorários de advogado forem liquidados por sentença judicial, tal qual dispõe o
artigo 1.064 do Código Civil".
No caso, embora exista divergência quanto ao percentual, o acórdão
menciona 20% e o especial 15% (fls. 417 e 453), os honorários foram fixados sobre o
valor da causa. Não me parece que sejam ilíquidos, dependendo de meros cálculos
aritméticos, corrigido o valor apurado desde o ajuizamento da ação.
Portanto, tenho que a melhor orientação é a de que os juros moratórios
relativos aos honorários sejam calculados quando a fixação for sobre o valor da causa,
da data em que fixados, no caso, a data da sentença.
Creio que deve prevalecer a orientação fixada pelo julgado. É que não se
pode afirmar que há mora antes de deflagrada a execução. Até que tal ocorra ainda não
existe a obrigação de pagar os honorários. Com isso fica preservado o precedente da
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Corte antes mencionado que indicou o momento de liquidação como termo inaugural
para a contagem dos juros.
Em conclusão, não conheço dos recursos.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO
Presidenta da Sessão
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. HENRIQUE FAGUNDES
Secretária
Bela. SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : BANCO BOAVISTA INTERATLÂNTICO S/A
ADVOGADO : DORIVAL PADUAN HERNANDES E OUTROS
RECORRENTE : SÉRGIO ANTÔNIO MEDA (REC. ADESIVO)
ADVOGADO : SÉRGIO ANTÔNIO MEDA (EM CAUSA PRÓPRIA) E OUTROS
RECORRIDO : OS MESMOS
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, não conheceu dos recursos especiais, nos termos do voto
do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Castro Filho, Humberto Gomes de
Barros e Ari Pargendler votaram com o Sr. Ministro Relator.
Brasília, 09 de março de 2006
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