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RESUMO: Não obstante seu natural impacto, o novo Código de Processo Civil é de
substancial importância para a advocacia. O conjunto dos artigos que regem a
questão dos honorários advocatícios buscou envolver os anseios da classe
profissional, bem como ofertar disciplina legal acerca das principais discussões
travadas sobre o tema em nossos Tribunais.
ABSTRACT: Despite his natural impact, the new Civil Procedure Code represents
substantial importance for all lawyers. The legal articles which rule the issue of
attorneys fees sought to involve the concerns of the professional class, as well to offer
legal discipline for the main discussions about the subject in brazilian Courts.
Sócio Fundador do escritório Silvio Mendonça & Unias Silva. Graduado na Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais – PUC Minas. Pós-Graduado em Direito de Empresa, pelo Instituto de
Educação Continuada da PUC Minas.
Advogado graduado na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG,
Pós-Graduado em Direito Tributário, pelo Instituto de Educação Continuada da PUC Minas.
Advogada graduada na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.
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1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
acepção e em coerência com a Seção III, do Capítulo II, do Título I, do Livro III, do
Código, que rege a matéria, tal verba pode ser considerada como espécie do gênero
despesas processuais.
Partindo de tal preceito, aquele que é vencido em uma demanda judicial,
denominado sucumbente, deveria ressarcir a parte vencedora pelos gastos
envolvidos na obtenção de decisão judicial que tutelasse os seus direitos. A partir de
tal ideia, o antigo Código de Processo Civil de 1973 determinava em seu artigo 20 que
“A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e
os honorários advocatícios”.
Contudo, no que se refere à sucumbência, o novo Código teve o zelo de
segregar as despesas processuais dos honorários, sendo garantindo à parte
vencedora do processo apenas o ressarcimento de parte das despesas processuais.
É que a parte perdedora, por força da regra do art. 84 do Código em questão, apenas
restituirá em favor da outra as custas dos atos do processo; a indenização de viagem;
a remuneração do assistente técnico e a diária da testemunha.
Os honorários advocatícios devidos pela parte perdedora a título de sua
sucumbência na demanda, por outro lado, gozam de tratamento especial dispensado
pela lei.
A verba é considerada de titularidade exclusiva do advogado, o que é reforçado
pela redação do novo diploma processualista. Embora tal previsão já constasse no
art. 23 da Lei nº 8.906 de 19941, o antigo Código nada dizia a respeito.
Outrossim, é dotada de caráter alimentar, com os mesmos privilégios dos
créditos de natureza trabalhista, sendo vedada a sua compensação em caso de
sucumbência parcial, nos termos do art. 85, § 14º do Código.
A compensação de honorários era expressamente prevista pelo art. 21 do
CPC/1973 2 e autorizada pelo enunciado da Súmula 306 do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), editada em 2004, que dispunha que “Os honorários advocatícios devem
ser compensados quando houver sucumbência recíproca, assegurado o direito
3 REsp 290.141/RS, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, Rel. p/ Acórdão Ministro
ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/11/2001, DJ 31/03/2003, p. 137.
4 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Volume II. 27º edição. Rio de Janeiro:
6 STJ - Súmula 453: “Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado,
não podem ser cobrados em execução ou em ação própria.”
7 “Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.
(...) § 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao
seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança.”
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(...) a impugnabilidade das decisões não pode ser irrestrita; a partir de certo
momento, é preciso garantir a estabilidade daquilo que foi decidido, sob pena
de perpetuar-se a incerteza sobre a situação jurídica submetida à apreciação
do Judiciário (por ser objeto de um porcesso, cujo resultado é incerto, a
situação jurídica deduzida é uma mera afirmação).
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“XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;”
9DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil. Vol .2. 4ª edição. Salvador: Editora
Juspodivm, 2009, p. 407-408.
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deu causa ao processo, também será ela a responsável por ressarcir, de forma
integral, a parte vencedora pelo prejuízo ocasionado. Tal pleito encontra
embasamento legal nos artigos 389 10 , 395 11 , e 404 12 do Código Civil, sendo
resguardado por entendimento do Superior Tribunal de Justiça13 sobre o tema.
10 “Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.”
11 “Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização
dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e
exigir a satisfação das perdas e danos.”
12 “Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas
e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena
convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.”
13 STJ, Terceira Turma, Relator Ministro Sidnei Beneti, AgRg nos EDcl no REsp 1412965/RS, publicado
em 05.02.2014.
14 “Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de dez por cento,
a serem pagos pelo executado.
§ 1o No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios será
reduzido pela metade.
§ 2o O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, quando rejeitados os embargos à
execução, podendo a majoração, caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento
executivo, levando-se em conta o trabalho realizado pelo advogado do exequente.”
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remanescente do débito reclamado. É o que dispõe o art. 523 do Novo Código e seus
respectivos parágrafos15.
Porém, cabe registro que a regra não se aplica em desfavor do Poder Público,
haja vista que o art. 85, § 7º do CPC em vigor determina que não há incidência de
honorários no cumprimento de sentença contrário à Fazenda Pública que motiva a
expedição de precatório. Contudo, diante de impugnação ao cumprimento de
sentença, será devida a verba honorária sucumbencial. Portanto, para a Fazenda
Pública houve a concessão do privilégio de responder pela execução de sentença
sem nova condenação aos honorários sucumbenciais, desde que não haja resistência
ao cumprimento de sentença.
Cumpre destacar que os honorários também são devidos no cumprimento
provisório de sentença, conforme expressa previsão do art. 520, §2º do CPC16. Mais
uma conquista da classe de advogados, vez que, na vigência do CPC de 1973, o
Superior Tribunal de Justiça havia firmado o entendimento de que não cabia
15 “Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão
sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do
exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido
de custas, se houver.
§ 1o Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de multa de dez
por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento.
§ 2o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorários previstos no §
1o incidirão sobre o restante.”
16 “Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte
regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a
reparar os danos que o executado haja sofrido;
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução,
restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte,
somente nesta ficará sem efeito a execução;
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de posse
ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano ao
executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos
próprios autos.
§ 1o No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se quiser,
nos termos do art. 525.
§ 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523 são devidos no cumprimento provisório
de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa.
§ 3o Se o executado comparecer tempestivamente e depositar o valor, com a finalidade de isentar-se
da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.
§ 4o A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da
transferência de posse ou da alienação de propriedade ou de outro direito real eventualmente já
realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuízos causados ao executado.
§ 5o Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou de
dar coisa aplica-se, no que couber, o disposto neste Capítulo.”
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Uma das principais novidades do Novo CPC no que concerne à matéria dos
honorários, é a obrigação dos Tribunais de majorarem o valor dos honorários
sucumbenciais anteriormente fixados pela sentença objeto de apreciação recursal. Tal
obrigação legal (art. 85, § 11º do CPC) considera a existência do trabalho adicional
dos Procuradores das partes em razão da sua atuação em grau recursal.
Além disso, a medida desestimula a oposição de recursos protelatórios,
contribuindo assim com a celeridade processual.
3. CONCLUSÃO
4. BIBLIOGRAFIA
“Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. Volume II. 27º edição.
Rio de Janeiro: Editora Forense, 2015.
DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil. Volume .2. 4ª edição.
Salvador: Editora Juspodivm, 2009.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria
Geral dos Contratos. São Paulo: Editora Atlas, 2010.