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Apontamentos Direito Processual Civil II

Espécies de ações quanto ao fim:


Tendo como finalidade o alcance de uma tutela jurisdicional efetiva através da garantia de acesso ao
direito e aos tribunais para defesa dos interesses protegidos, artigo 20º/1 e 26 CRP, a lei processual
consagra o princípio da correspondência ou da adequação entre o direito e a ação (Art. 2º/2).
O art. 10º do CPC prevê os diversos tipos de ações apropriadas á resolução eficaz dos conflitos de
interesses e consoante o seu fim (consoante a natureza do pedido formulado)
As ações dividem-se em declarativas e executivas:

Ações declarativas:
De simples apreciação:
As ações de simples apreciação, positiva ou negativa, (alínea a, do nº3) destinam-se a obter o
reconhecimento da existência ou inexistência de um direito ou de um facto jurídico, por meio de uma
decisão judicial vinculativa e são de rara utilização.

-De condenação:
Nas ações de condenação (alínea b, do nº3) o autor do pedido, na sequência do juízo declarativo,
pretende que, em sua consequência, o Tribunal condene o réu à prestação de uma coisa ou de um facto.
Há um comando destinado ao réu para que este cumpra algo. Invertendo a sua definição legal,
pressupondo-se ou prevendo-se a violação de um direito, exige-se a prestação de uma coisa ou de um
facto, associada ao direito violado.

-Constitutivas:
As ações de constituição (alínea c, do nº3) são performativas, visam autorizar uma mudança na ordem
jurídica existente, independentemente da vontade do réu. O juízo do Tribunal não se limita à situação de
direito ou ao facto pré-existente, perante o pedido de alteração das situações jurídicas, o juiz, pela
sentença, constitui, modifica ou extingue direitos e deveres que, apesar de fundados em direitos e
deveres anteriores, só nascem com a sentença.

Podem existir ações declarativas com natureza mista, como o caso do despejo, que tem por finalidade
resolver um contrato de arrendamento (constitutiva) e despejar alguém (condenatória).

As ações executivas:
Destinam-se às ações executivas conforme está previsto no art. 10º/1 e 3, à realização coerciva de um
direito já pré reconhecido ao requerente, art. 10º/4.
Visam a reparação de um direito violado, pressupondo a sua existência, aquelas mediantes as quais o
credor requer as providências adequadas à realização coativa de uma obrigação que lhe é devida, sendo
que o fim da execução pode consistir no pagamento de quantia certa, na entrega da coisa certa ou na
prestação de um facto, quer positivo quer negativo, tendo sempre por base um título, pelos quais se
determinam o respetivos fins e limites (nº 5 e 6).
“A distinção entre processo declarativo e executivo é a diferença entre o dizer/declarar e o fazer/executar.“

Formas do processo declarativo


A forma de processo é uma série ordenada de formalidades e atos a praticar no desenvolvimento da ação
tendo em conta a espécie da providência requerida ou a natureza ou valor da relação material que serve
de base à pretensão e das formas da execução quanto ao fim ou quanto ao valor.
O processo pode ser comum ou especial (Art. 546º/1)
O processo comum é a regra, o especial constitui a exceção.
Tanto a ação declarativa, como a ação executiva, podem, nos casos designados pela lei dar lugar a formas
de processo especial em função do tipo de pretensão formulada.
Mas, a mesma forma processual, o processo comum de declaração, pode adotar-se em distintas espécies
de providências judiciais (ações de condenação, ações constitutivas ou ações de simples apreciação), ser
aplicáveis a ações de valor muito discrepante e veicular relações materiais de diversa natureza, como os
direitos de personalidade, de crédito, reais, e direitos da família ou sucessórios.

Processos especiais e procedimentos declarativos previstos no CPC


Processos especiais previstos no CPC:
→Art. 944º e ss.
→Tutela da personalidade (Art. 878º a 880º)
→Justificação da ausência (Art. 881º a 890º)
→Interdições e inabilitações (Art. 891º a 905º)
→Prestação de caução (Art. 906º a 915º)
→Consignação em depósito (Art. 916º a 924º)
→Divisão de coisa comum (Art. 925º a 930º)
→Divórcio e separação sem consentimento do outro cônjuge (Art. 931º e 932º)
→Execução especial por alimentos (Art. 933º a 937º)
→Liquidação da herança vaga em benefício do estado (Art. 938 a 940º)
→Prestação de contas (Art. 941º a 952º)
→Regulação e repartição de avarias marítimas (Art. 953º a 958º)
→Reforma de autos (Art. 959 a 966)
→Ação de indemnização contra magistrados (Art. 967º a 977º)
→Revisão de sentenças estrangeiras (Art. 978º a 985º)
→Processos de jurisdição voluntária (Art. 986º a 1081º)

Julgamento e a tramitação do processo em tribunal arbitral necessário regula-se nos artigos 1082º a 1085.
Os procedimentos cautelares (Art. 362º e ss) são frequentemente de natureza mista, iniciam-se com uma
fase declarativa e seguem para uma fase executiva o que sucede com os procedimentos conservatórios e
alguns antecipatórios como a restituição provisória da posse, o arresto e o embargo de obra nova.

Ação declarativa especial para cumprimentos de obrigações pecuniárias emergentes de contratos e


injunção
Dec.-Lei nº 269/98
Emprega-se este processo especial quando o credor pretende obter a condenação do devedor no
cumprimento de obrigação pecuniária de origem contratual cujo montante não exceda 15.000€. A sua
utilização é determinada pelo valor do crédito, pela natureza pecuniária da obrigação e pela fonte
contratual da dívida, e pode ser usada sempre a não seja possível logo o recurso á ação executiva.

Meios alternativos de resolução de litígio


O processo na arbitragem voluntária
Arbitragem voluntária está regulada pela lei de arbitragem 63/2011 e desde que por lei especial não
esteja submetido exclusivamente a tribunal judiciário ou a arbitragem necessária, qualquer litígio
respeitante a interesses de natureza patrimonial pode, mediante convenção arbitral, ser cometido pelas
partes à decisão de um árbitro por elas designadas ou ou árbitros adstritos a tribunais institucionalizados.
E também litígios que envolvam interesses patrimoniais mas que as partes possam celebrar transação
sobre o direito convertido, litígios relativos a direitos disponíveis.
A decisão do Tribunal Arbitral tem o mesmo valor de uma sentença judicial e, em caso de incumprimento
por uma das partes, pode a outra pedir a sua execução ao Tribunal de 1.ª instância que for competente.
Também o estado e outras pessoas coletivas de direito público podem celebrar convenções de arbitragem
se forem autorizadas por lei especial ou se as mesmas tiverem por objeto litígios respeitantes a relações
de direito privado (nº 5).

Convenção de arbitragem – É o acordo das partes em submeter um ou mais litígios à decisão de árbitros
que pode revestir forma de cláusula compromissória ou de compromisso arbitral, dependendo consoante
a existência ou não ainda do litígio. Negócio jurídico que o artigo 2º exige que seja reduzido a escrito sob
pena de nulidade ( art. 3º ).
Segundo o art. 39º /1 os árbitros julgam de acordo com o direito constituído a não ser que as partes
autorizem a julgar segundo a equidade.
O processo nos julgados de paz
Os julgados de paz estão previstos no nº2 do art. 209º da CRP.
São tribunais com características especiais, competentes para resolver causas de valor reduzido de
natureza cível, excluindo as que envolvam matérias de Direito de Família, Direito das Sucessões e Direito
do Trabalho, de forma rápida e custos reduzidos.
Estão organizados como meios extrajudiciais de resolução de litígios. São tribunais estaduais não judiciais.
- 150º lei de 78/2001
Princípios da simplicidade, adequação, informalidade, oralidade e absoluta economia processual (2º/1)
A competência dos julgados de paz é circunscrita a ações declarativas (Art. 6º/1)
O valor das ações não pode ser superior a 15.000€ (art. 8º) sendo a sua competência em razão da matéria
circunscrita às ações a que se reportam os nº 1 a 3 do art. 9º.
As partes podem ser pessoas singulares ou coletivas. As pessoas coletivas, além da comparência pessoal,
devem se fazer acompanhar por um advogado, advogado estagiário ou solicitador (Art. 37º e 38)

O processo na mediação civil e comercial


Lei 29/2013
Podem ser objeto de mediação em matéria civil e comercial os litígios que digam respeito a natureza
patrimonial e os litígios em matéria civil e comercial que não envolvam interesses patrimoniais mas que as
parte possam celebrar transação sobre o direito controvertido. (Art. 11º/1 e 2)
Por força do artigo 10º os litígios não podem ser de natureza familiar, laboral ou penal.

Exercício de direitos processuais


Prescrição e caducidade
O artigo 298.º - Prescrição, caducidade e não uso do direito, do Código Civil, estabelece que “Estão
sujeitos a prescrição, pelo seu não exercício durante o lapso de tempo estabelecido na lei, os direitos que
não sejam indisponíveis ou que a lei não declare isentos de prescrição.
Quando, por força da lei ou por vontade das partes, um direito deva ser exercido dentro de certo prazo,
são aplicáveis as regras da caducidade, a menos que a lei se refira expressamente à prescrição.
Os direitos de propriedade, usufruto, uso e habitação, enfiteuse, superfície e servidão não prescrevem,
mas podem extinguir-se pelo não uso nos casos especialmente previstos na lei, sendo aplicáveis nesses
casos, na falta de disposição em contrário, as regras da caducidade”.
Caducidade – Significa a perda de um direito devido, nomeadamente, ao decurso de prazo.
Prescrição – Ocorre quando se verificam os quatro seguintes requisitos: existência de uma pretensão;
inércia do titular da ação pelo seu não-exercício; continuidade dessa inércia durante um certo lapso de
tempo; ausência de algum fato impeditivo, suspensivo ou interruptivo.

Ou seja, caducidade define o período temporal para liquidação de um imposto, por norma de 4 anos,
enquanto a prescrição define o prazo para cobrança de um imposto já liquidado, por norma de 8 anos.

A distinção deve ser feita nos seguintes moldes: na caducidade, a lei por considerações meramente
objetivas quer que o direito seja exercido dentro de certo prazo, prescindindo da negligência do titular e,
por isso, de eventuais causas suspensivas e interruptivas que excluam tal negligência, enquanto na
prescrição, o que a lei se propõe é proteger a segurança jurídica, sancionando a negligência do titular do
direito, pelo que o prazo prescricional pode suspender-se e interromper-se nos termos prescritos na lei.

Na caducidade está em causa um verdadeiro prazo perentório de exercício do direito enquanto pelo
contrário na prescrição não se fixam prazos para o direito ser exercitado mas, antes, prazos a partir dos
quais o devedor se pode opor ao exercício do direito, por não ser mais razoável, embora com
possibilidades de os exercer (Carvalho Fernandes, Teoria Geral, 2ª. Ed., Vol. II, pág.546).
Assim, enquanto o direito prescrito continua a existir, o direito caducado perdeu a sua existência. Mas,
tanto a prescrição como a caducidade supõem a vontade da lei ou das partes em que o direito se exerça
dentro de certo prazo, tendo em vista a rápida definição dos direitos e a correspondente segurança
jurídica.

Prática de atos processuais


O princípio da limitação dos atos diz-nos que os atos processuais devem assumir a forma que, nos termos
mais simples, melhor corresponda ao fim que visam atingir (Art. 130º e 131º).
A tramitação dos processos é efetuada por via eletrónica nos termos definidos na lei.
Excetuando os atos automáticos, os atos não se realização nos dias em que o tribunal estiver encerrado
nem durante o período de férias judiciais a não ser que se trate de citações ou notificações, registo e
penhora, atos que se destinem a evitar dano irreparável (Art. 137º/2).
Os atos das partes que digam respeito a receção pelas secretarias judiciais de quaisquer articulados,
requerimentos ou documentos, devem ser praticados durante as horas de expediente dos serviços (Art.
137º/2).

Tipos de prazos processuais


Os prazos processuais, típicos prazos de caducidade são estabelecidos por lei ou fixados pelo juiz (prazos
legais ou judiciais). Prazo é o período de tempo a que a lei sujeita a prática válida de um determinado ato
em juízo. Os prazos podem ser dilatórios ou perentórios (Art. 139º/1).
A fixação dos prazos perentórios serve de fator de compulsão á pratica do ato, estimulando a diligência da
parte onerada, de forma a prevenir a sua eficácia extintiva.
A fixação dos prazos dilatórios é ditada no interesse da contraparte, pelo que, se esta não excecionar a
respetiva intempestividade, a nulidade daí adveniente não possa ser objeto de conhecimento oficioso
nem invocável pela parte que lhe deu causa.
Ex. Prazo perentório Art. 569º/1
Ex Prazo dilatório Art. 245º
Prazo geral supletivo
Art. 149º/1

I. Fase dos Articulados (art. 552º e 590º CPC)


É a primeira fase, aqui as partes através das respectivas peças escritas expõem as suas teses e formulam
as suas pretensões, define-se aqui o objecto do processo e traça-se os contornos da acção.
É na fase dos articulados que as partes introduzem o litígio a juízo, expondo as suas razões, argumentos ou
motivos enunciando os fundamentos de facto e de direito que suportam as suas teses, moldando assim o
objeto da ação.
Os articulados são as peças escritas em que as partes expõem os fundamentos da ação e da defesa e
formulam os pedidos correspondentes (147º/1).
Através destas peças escritas, o autor e o réu deduzem no processo os factos essenciais/principais da
causa (5º/1). Invocam as razões, argumentos ou motivos que consideram constituir fundamento de direito
da decisão.

1-Petição Inicial
O autor enuncia a causa de pedir ( ) e deduz o pedido (552º e ss.)
Consiste no articulado através do qual o autor ou demandante introduz em juízo determinada ação,
formulando definida pretensão e invocando os factos e as razões de direito em que a fundamenta.
Deve ser apresentada em formulário adequado e em narração clara, ordenada, concisa e articulada e
seguindo os requisitos previstos no artigo 552º. A apresentação da petição inicial em juízo marca o início
do processo, a constituição da instância entre o autor e o tribunal. Deve ser introduzida em juízo por
transmissão eletrónica – Portaria 280/2013.
Na petição inicial o pedido traduz-se na pretensão do autor, para a qual, sob invocação de um direito ou
situação jurídica carecidos de acolhimento e proteção, requer a concessão de uma concreta providência
judiciária. A formulação do pedido é essencial e indispensável para que o tribunal possa resolver o conflito
de interesses proposto pela ação. Art. 3º/1.
Podem ser deduzidos pedidos alternativos, subsidiários, cumulativos, genéricos ou de prestações
vincendas.

Alternativos: Baseia-se numa obrigação alternativa, ficando o direito arrogado pelo autor satisfeito se
efetuada pelo uma só de duas ou mais prestações em equação. Art. 553º
Subsidiários: É aquele que se apresenta ao tribunal para ser tomado em consideração apenas no caso de
não proceder um pedido anterior, devendo ser de valores correspondentes (o valor do pedido inicial e do
pedido subsidiário).

Cumulativos: O autor pode deduzir mais que um pedido contra o mesmo réu em cumulação (Art. 555º/1)
ou em determinadas condições, discriminadamente contra diversos réus também em cumulação Art. 36º
ou em relação de subsidiariedade Art. 39º e 297º/2. A cumulação pode ser simples Art. 555º - Vários
pedidos contra o mesmo réu ou plural Art. 36º - vários autores, entre si coligados, deduzem contra um ou
vários réus diversos pedidos.

Genéricos:São pretensões formuladas de forma indeterminada quanto ao quantitativo da prestação,


quando o conteúdo concreto da relação jurídica não é suscetível de determinação no momento da
propositura da ação. Art. 556º.

Vícios da petição inicial / Recusa da petição pela secretaria – Art. 558º a 560º.

A lei atribui à secretaria judicial a função de proceder ao exame sobre a regularidade formal da petição
inicial, com vista à sua eventual recusa, quando determinados requisitos legais não tenham sido
observados.
Assim, a secretaria recusa o recebimento da petição inicial, indicando por escrito o fundamento da
rejeição, quando ocorrer algum dos seguintes factos:

Não tenha endereço ou esteja endereçada a outro tribunal, juízo do mesmo tribunal ou autoridade;
→Omita a identificação das partes e dos elementos a que alude a alínea a) no nº1 do Art. 552 que dela
→devam obrigatoriamente constar ;
→Não indique o domicílio profissional do mandatário judicial;
→Não indique a forma do processo;
→Omita a indicação do valor da causa;
→Não tenha sido comprovado o prévio pagamento da taxa de Justiça devida ou a concessão de apoio
judiciário, exceto no caso previsto no nº5 do Art. 552º;
→Não esteja assinada;
→Não esteja redigida em língua portuguesa;
→O papel utilizado não obedeça aos requisitos regulamentares.

A citação e notificação Art. 219º e 246º - Art. 561º a 565º


A citação é o ato judicial em que, pela primeira vez, se dá conhecimento da ação a alguma pessoa nela
interessada, chamando-a a intervir na sua defesa. Os restantes atos de comunicação às partes
intervenientes ou terceiros, designam-se por notificações.
Embora sejam semelhantes as suas funções estas distinguem-se porque a citação é o ato pelo qual se dá
conhecimento ao réu de que foi de que foi proposta contra ele uma determinada ação e se chama ao
processo para se defender, empregando-se ainda para chamar, pela primeira vez, ao processo qualquer
pessoa interessada na causa. Por outro lado, a notificação serve para, em quaisquer outros casos, chamar
alguém a juízo ou dar conhecimento de um facto. A citação normalmente tem lugar depois da distribuição
do processo e mediante diligências a que a secretaria irá proceder oficiosamente em prazo que não
deverá exceder os 30 dias (Art. 226º/ 1 a 3).
Caso faltarem menos de cinco dias para o termo do prazo de caducidade do direito que se pretende fazer
valer a ação ou ocorrendo outra razão de urgência, à data de apresentação da petição, o autor pode pedir
uma citação urgente (Art. 561º e 552º/5).

Citação do réu - Art. 563º a 565º


Além dos efeitos previstos na lei, a citação produz os seguintes efeitos:
→Faz cessar a boa fé do possuidor;
→Torna estáveis os elementos essenciais da causa, nos termos do Art. 260;
→Inibe o réu de propor contra o autor ação destinada à apreciação da mesma questão jurídica.

2-Contestação
O réu opõe-se à pretensão e defende-se (por impugnação ou exceção) podendo ainda reconduzir um
pedido contra o autor (266º e 569º)
É o articulado pelo qual o réu ou demandado, deduz oposição à pretensão do autor, expondo para o efeito
os factos e as razões de direito que pretenda invocar
→Reconvenção: É a parte do articulado da contestação, onde o réu deduz, de forma separada da
contestação, um pedido contra o autor, com invocação dos factos e das razões de direito em que o
sustenta.
→Réplica: Traduz-se no articulado pelo qual o autor deduz toda a defesa quanto à matéria da
reconvenção.

A contestação é o articulado que o réu oferece como resposta à pretensão do autor formulada na petição
inicial, na qual deve deduzir toda a sua defesa e exercer do seu direito ao contraditório Art. 3º/ 1 e 2.
Pode ainda ser aproveitada para deduzir pedidos contra o autor Art. 266º. Distinguindo-se assim a defesa
propriamente dita e a reconvenção, esta última em que o réu toma posição perante a pretensão contra si
formulada, o demandado passa ao contra-ataque, formulando pedidos autónomos contra o autor.
O réu tem 30 dias para apresentar a contestação a contar da data da citação, começando prazo a decorrer
desde o termo da dilação, quando a esta houver lugar.
No caso de revogação de despacho de indeferimento liminar da petição, o prazo para a contestação
inicia-se com a notificação em 1ª instância daquela decisão.
Este prazo é contínuo apenas se suspendendo no período de férias do tribunal Art. 138º.

Ao prazo para o réu apresentar a contestação acresce uma dilação de 5 dias quando:
→A citação tiver sido realizada em pessoa diversa do réu;
→O réu tiver sido citado fora da área da comarca sede do tribunal onde pende a ação;
→A dilação passa a ser de 15 dias nos casos em que o réu seja citado nas regiões autónomas correndo o
processo no continente ou em outra ilha;
→A dilação passa a ser de 30 dias quando o réu for citado para a causa no estrangeiro, e a citação haja
sido edital ou se verifique o caso do nº5 do art. 229º.

Ver art. 245º - Sobreposição de dilações


O prazo para contestar ou replicar é um prazo perentório, cujo termo, por regra, faz extinguir o direito de
praticar o ato Art. 139º/3.

Exceções Art. :
→Nos 3 dias subsequentes ao termo do prazo mediante pagamento de multa (art 139º/5)
→No caso de invocação de justo impedimento, que se verifique (art. 140º/2)
→No caso do acordo das partes para uma única prorrogação e por igual período (art. 141º/2)

Revelia do réu – Art. 566º a 568º


A revelia consiste na abstenção de contestação por parte do réu devidamente citado.
A revelia pode ser:
→Relativa: Se o réu não apresentar contestação, mas pratica algum ato no processo, como juntar
documento ou procuração;
→Absoluta: Se o réu, não pratica no processo qualquer ato: não contesta, nem junta procuração a
advogado ou documento nem faz intervenção.

E pode ser classificada como:


→Operante: Se produz efeitos na decisão da ação;
→Inoperante: Se não produz efeitos relativamente á decisão a proferir no processo.

No caso de se tratar de revelia absoluta, o juiz verifica se a citação foi feita com as formalidades legais.
Caso encontre irregularidades ordena a sua repetição, caso contrário, aplica os efeitos da revelia.
Se se tratar de uma situação de revelia relativa, o juiz não precisa de verificar a legalidade da citação e
limita-se a aplicar os efeitos da revelia.

Estes “efeitos da revelia operante” são os de considerarem confessados os factos articulados pelo autor.
No entanto, antes de o juiz proferir despacho a declarar quais os factos que considera provados deve o
processo ser facultado para exame pelo prazo de 10 dias, primeiro ao advogado do autor e depois ao
advogado do réu, para alegarem por escrito, e só depois é que é proferida a sentença, na qual se declaram
os factos provados e se julga a causa conforme for de direito.

Nos casos em que a revelia é inoperante não se aplica o mesmo regime, os casos são os seguintes:
→Quando havendo vários réus, algum deles contestar, relativamente aos factos que o contestante
impugnar;
→Quando o réu ou algum dos réus for incapaz, situando-se a causa no âmbito da incapacidade, ou houver
sido citado editalmente e permaneça a situação de revelia absoluta;
→Quando a vontade das partes for ineficaz para produzir o efeito jurídico que pela ação se
pretende obter;
→Quando se trate de factos para cuja prova se exija documento escrito.

Havendo vários réus, em litisconsórcio necessário ou voluntário, os factos que algum deles contestar
aproveitam também ao réu não contestante (em revelia).
Se o réu ou algum dos réus for incapaz para praticar determinado satos, não se consideram provados os
factos apresentados.
Se o réu tiver sido citado editalmente e permanecer na situação de revelia absoluta, não se consideram
provados os factos, por uma questão de maior segurança na aplicação do direito.
Quando a vontade das partes for ineficaz para produzir o efeito jurídico que pela ação se pretende obter, a
falta de contestação não conduz á confissão dos factos.
Se a própria confissão expressa recair sobre factos relativos a direitos indisponíveis é inadmissível exitir a
confissão dos factos ( Art. 354º b) CC), pois seria um contrassenso admitir confissão tácita sobre os
mesmos direitos.
Relativamente aos factos cuja prova se exija documento escrito, não é admissível a confissão tácita em
consonância com o Art, 364º CC.
No caso da revelia inoperante, o processo segue os trâmites normais do processo, mesmo sem o
articulado da contestação.

Notificação
O autor é notificado da contestação que receberá o respetivo duplicado, para que possa tomar
conhecimento da atitude assumida pelo réu e atuar em processualmente conformidade, por exemplo,
apresentando réplica. Art. 575º/1
Prazos para contestação Art. 569º
O réu é igualmente obrigado a pagar as taxas de justiça quando aplica a contestação. Princípio da
igualdade das partes.
Há dois tipos de defesa do réu:
Defesa por impugnação: Verifica-se quando o réu, como resposta á pretensão do autor, invoca a
inveracidade dos factos alegados na petição inicial, no todo ou em parte, ou dos efeitos jurídicos deles
decorrentes, pedindo a sua absolvição em conformidade.

Defesa por exceção: Verifica-se quando o réu, na resposta ao pedido do autor, aceitando os seus
fundamentos essenciais ou abstraindo da sua veracidade, invoca factos e razões que obstam à apreciação
do mérito da causa ou que constituem causa impeditiva, modificativa ou extintiva do direito invocado pelo
autor, determinando a improcedência, total ou parcial, do pedido. Alegação de nova factualidade que o
réu entende como suscetível de obstar a que o tribunal possa extrair o efeito pretendido pelo autor, seja
porque tais fatos impedem o tribunal da causa apreciar o pedido deduzido pelo autor (exceção dilatória)
Art. 576º/2, seja porque conduzem o tribunal apreciador ao julgamento da respetiva improcedência
(exceção perentória) Art. 576º/3.

Causa impeditiva: causa susceptível de obstar á constituição válida do direito do autor (P.ex: incapacidade,
simulação, erro, dolo, coação, etc…)

Causa modificativa: é a causa que possa ter alterado o direito do autor tal como ele validamente se
constituiu (P. ex: mudança de local de uma servidão)

Causa extintiva: Causa que tenha provocado a cessação do direito do autor depois de este validamente
formado (P. ex: condição resolutiva, termo perentório, pagamento, prescrição, renúncia, etc..)

Defenda-se o réu por impugnação ou por exceção, na contestação deve oferecer os seguintes elementos:
→Individualizar a ação;
→Expor as razões de facto e de direito por que se opõe à pretensão do autor;
→Expor os factos essenciais em que se baseiam as exceções deduzidas, especificando-as separadamente,
sob penas dos respetivos fatos não se considerarem admitidos por acordo por falta de impugnação;
→Apresentar o rol de testemunhas e requerer outros meios de prova.

Caso haja reconvenção e caso o autor replique, o réu é admitido a alterar o requerimento probatório
inicialmente apresentado, no prazo de 10 dias a contar da notificação da réplica.

As exceções podem ser:


Dilatórias: São as que obstam a que o tribunal conheça do mérito da causa e dão lugar ao à absolvição da
instância ou á remessa do processo para outro tribunal. Estas exceções consistem na invocação de
quaisquer vícios ou irregularidades de natureza processual que fazem obstáculo ao conhecimento do
mérito da causa. A falta não sanada de algum destes pressupostos gera o surgimento das exceções que
inibem a juiz da emissão do seu juízo decisório final. Somente afetam a relação jurídica processual. Estas
exceções estão enumeradas no Art. 577º.

Perentórias: São as exceções que conduzem á absolvição total ou parcial do pedido. Estas consistem na
invocação de factos que impedem, modificam ou extinguem o efeito jurídico dos factos articulados pelo
autor. Art. 576º/3.

Exceções perentórias impeditivas: As traduzidas a alegação dos factos que impedem constituição do
direito do autor, entre eles, os que gerem a invalidade dos negócios jurídicos (nulidades absolutas ou
relativas), como é o caso dos que consubstanciem o erro, dolo, coação, simulação, a ilicitude ou a
ilegalidade do objeto (Art. 291º a 294º) e a condição (270º a 277º).

Exceções perentórias modificativas: as traduzidas na alegação de factos obstativos da imediata


exercitação do direito alegado pelo autor (p. ex. a concessão ao réu devedor de uma moratório ou de um
termo dilatório subsequente, a mudança de servidão (Art. 1568º CC), a concentração do objeto da
obrigação nas obrigações genéricas ou pela escolha das obrigações alternativas ( Art. 541º, 542º, 543º/2 e
549º).

Exceções perentórias extintivas: As consistentes em factos extintivos do direito alegado pelo autor, a
quase todos os factos extintivos das obrigações, como a condição resolutiva (Art. 270º), o termo
perentório (Art. 278º), a prescrição (Art. 303º e 304º/1), a caducidade (Art. 303º e 333º/2), etc….

Princípios das exceções:


Princípio da concentração da defesa: Todos os meios de defesa (impugnações e exceções) de que o réu
disponha contra a pretensão do autor devem ser deduzidos concentrados na contestação – Princípio da
concentração da defesa Art. 573º/1. Significa que o réu deve incluir nessa peça processual, quer a defesa
direta/impugnação como a defesa indireta/exceção, não podendo reservar para momento ulterior do
processo certos meios de defesa de caráter eventual ou subsidiário. Conexionados com os princípios da
celeridade e da economia processual. Exceções deste princípio: Art. 573º/1

Princípio da preclusão e eventualidade: Conexionados com o princípio da oportunidade da dedução de


defesa (concentração da defesa na contestação). Deste princípio resulta que, recaindo sobre o réu o
ónus de, na contestação, impugnar os factos alegados pelo autor, alegando os factos que sirvam de base,
constitutivos, a qualquer exceção dilatória ou perentória, salvo os que forem supervenientes, todos os
meios de defesa não invocados nesse momento ficam prejudicados, não podendo voltar a ser alegados.

Reconvenção (art. 266º e 583º)


A reconvenção é o pedido material pelo réu deduzido contra o autor na contestação, de forma separada e
em compatível conjugação de duas ações no mesmo processo.
O direito de reconvir é uma faculdade que a lei confere ao réu em determinadas situações, de que este
pode livremente usar, em alternativa à instauração em separado de ação contra o autor.

A reconvenção é possível nas seguintes situações:


-Quando o pedido do réu emerge do facto jurídico que serve de fundamento é ação ou à defesa;
-Quando o réu se propõe tornar efetivo o direito a benfeitorias ou despesas relativas à coisa cuja entrega
lhe é pedida;
.Quando o réu pretende o reconhecimento de um crédito, seja para obter a compensação seja para obter
o pagamento do valor em que o crédito invocado excede o do autor;
-Quando o pedido do réu tende a conseguir, em seu benefício, o mesmo efeito jurídico que o autor se
propõe a obter.
Não é admissível a reconvenção quando ao pedido do réu corresponda uma forma diferente de processo
da do pedido do autor, salvo se autorizado pelo juiz, por ser mais conveniente ao processo. A dedução da
reconvenção em separado não significa que deva ser feita em articulado separado, embora também não o
impeça, significando antes que se formalize, com expressa indicação, a matéria da reconvenção à parte da
matéria da contestação de forma a que não se confundam.

Articulado eventual
Réplica (art. 584º):
A réplica é o articulado eventual destinado á defesa do autor contra o pedido reconvencional. Na verdade,
réplica só é admissível para o autor deduzir toda a defesa quanto á matéria da reconvenção, não podendo
a estar opor nova reconvenção.
Nas ações de simples apreciação negativa, ações cuja finalidade é a declaração da inexistência de um
direito ou de um facto, a réplica serve para o autor impugnar os factos constitutivos que o réu tenha
alegado e para alegar os factos impeditivos ou
extintivos do direito invocado pelo réu. A réplica deve ser apresentada no prazo de 30 dias a contar da
data em que for notificada a apresentação. Aplicam-se as mesmas regras de prorrogação previstas para a
contestação Art. 569º/4 e 6. E relativamente aos efeitos para a falta de apresentação da réplica ou
impugnação dos novos factos apresentados pelo réu, também se regem pelas regras da contestação 574º
e às exceções deduzidas na réplica do Art. 572º.
Articulados extraordinários
Articulados supervenientes (art. 588º e 589º):
Os articulados supervenientes são articulados deduzidos depois dos articulados normalmente admissíveis,
justificados pela ocorrência de factos verificados posteriormente ou de que a parte só posteriormente
teve conhecimento – factos supervenientes. consideram-se supervenientes tanto os factos ocorridos
posteriormente ao termo dos prazos marcados para apresentação dos articulados habituais da causa
como os factos anteriores de que a parte só tenha conhecimento depois de findarem esses prazos,
devendo nesse caso produzir-se prova da superveniência. Podem ser deduzidos em articulado posterior
ou em novo articulado. O articulado posterior é o articulado que eventualmente se siga àquele que a
parte praticou no processo e onde teria alegado os factos caso deles já tivesse conhecimento.
O articulado novo é aquele que a parte terá de empregar quando já não possa usar de qualquer
articulado dos que podia utilizar no processo, por exemplo o réu depois de já ter contestado ou
reconvindo.
O novo articulado tem lugar na audiência prévia, quando os factos hajam ocorrido ou sido conhecidos até
ao respetivo encerramento e nos 10 dias posteriores à notificação da data designada para a realização da
audiência final, quando não se tenha realizado a audiência prévia.

II. Gestão inicial do processo e audiência prévia / Condensação (art. 590º a 598º CPC)
Nesta fase vai desembaraçar-se o processo de questões ou factos que não sejam relevantes para a decisão
da causa. O juiz decidirá aquilo que poder ser já decidido e ordenará o prosseguimento da acção ou fá-la-á
terminar, em função de certas condições
É nesta fase que se inserem as operações de saneamento e condensação do processo.
Inicia-se com o despacho pré saneador e a respetiva execução pelas partes e pela secretaria (art. 590º/2),
seguindo-se depois a audiência prévia propriamente dita.

O juiz tem uma importância enorme nesta fase uma vez que toma conhecimento do que se passou na fase
anterior e, assumindo a direção do processo, vai em diálogo com as partes, controlar a regularidade da
instância, convidar o autor e o réu a colmatar deficiências dos articulados e decidir tudo aquilo que já
pode ser decidido, bem como definir definir as grandes questões que vão ser objeto de prova e
julgamento, e tomando medidas que a justa composição do litígio tenha lugar em prazo razoável.

1-Despacho pré-saneador (art. 590º nº2)


A designação de despacho pré-saneador deve-se ao escopo de ato regularizador da instância uma vez que
visa suprir irregularidades ou deficiências dos articulados.
O despacho saneador é obrigatório porque se trata de uma espécie de despacho de aperfeiçoamento dos
articulados sendo obrigatório se no caso concreto se justificar o convite à parte para providenciar pelo
suprimento de exceções dilatórias e pelo aperfeiçoamento dos articulados. Caso contrário nem poderá
ter lugar por falta de objeto.
Assim, o despacho pré-saneador serve fundamentalmente para corrigir as irregularidades formais dos
articulados, concluídas as diligências do art. 590º/3. O juiz vai providenciar para sanar a falta de
pressupostos processuais e convidar as partes ao aperfeiçoamento dos articulados (art. 590º/2).

4 funções:
1. Sanação da falta de pressupostos processuais (590º/2/a)
2. Correção das irregularidades dos articulados (590º/2/b)
3. Junção do documento que permita a apreciação da exceção dilatória ou imediato conhecimento do
pedido (590º/2/c)
4. Complemente os articulados deficientes (art. 590º/2/b)

2-Audiência prévia (591º/1)


A audiência prévia é a audiência convocada, após os despacho pré-saneador ou findos os articulados se a
este não houver lugar, destinada a uma ou várias das seguintes finalidades:
-Tentativa de conciliação
-Discussão de facto ou de direito
-Delimitação dos termos do litígio
-Suprimento de insuficiências ou imprecisões na exposição da matéria de facto.
-Proferimento do despacho saneador
-Determinação da adequação formal, simplificação ou agilização processual e programação dos atos da
audiência final.

Uma das finalidades principais da audiência prévia é a prolação do despacho saneador ou a ser proferido
por escrito depois de suspensa a audiência para o efeito nos termos e com as finalidades do art. 591º/1.
A audiência prévia assenta num princípio da oralidade e concentração dos debates, pressupondo a
intervenção ativa de todos os intervenientes na lide, com vista a obter uma delimitação daquilo que é
verdadeiramente essencial para a sua plena compreensão e justa resolução.

● Não realização de audiência prévia (art. 592º)


A audiência prévia é, por regra, obrigatória, e só não se realiza nos casos em que a lei não autoriza,
por ser desnecessária, ou nos casos em que o juiz a possa dispensar. Também não se realiza
quando, havendo um processo de findar no despacho saneador pela procedência de exceção
dilatória, esta já tenha sido debatida nos articulados.

● Dispensa de Audiência Prévia (art. 593º)

● Tentativa de conciliação (art. 594º)


É a diligência judicial em que o juiz perante as partes procura que estas encontrem uma solução
para o litígio mediante um acordo que a ambas satisfaça.

3-Despacho Saneador (art. 595º)


É o despacho destinado a resolver as questões de direito processual, a conhecer as exceções suscetíveis
de conduzir à absolvição da instância e eventualmente a conhecer dos pedidos ou de algum deles.
Neste momento processual, o juiz pode entender que já tem tudo reunido para conhecer do mérito da
causa.

Tem uma dupla finalidade:


1. Verificar a regularidade da instância (art. 595º/1)-Função normal
Quando se verifica que ocorre uma exceção dilatória, quando a falta de um pressuposto processual não
possa ou não tenha sido sanada, o juiz profere absolvição do réu da instância (art. 278º)

2. Conhecimento imediato do mérito da causa-Função eventual


Destinada a evitar o retardamento da decisão de mérito quando ela é, com segurança, já possível na fase
da condensação.
III. Instrução (art. 513º a 645º do CPC)
Se o processo não tiver terminado na fase anterior, tem lugar a instrução, na qual se vão produzir as
provas destinadas a permitir que o tribunal forme a sua convicção quanto aos factos alegados que
permaneçam em controvérsia, isto é, quanto aos factos que não se encontrem já considerados como
provados.

-Conceitos probatórios
-Ónus da prova
-Meios e tipos de prova
-Prova por presunções
-Prova documental
-Prova por confissão
-Prova pericial
-Prova por inspeção
-Prova testemunhal
-Meios de prova de génese intraprocessual
-Valor extraprocessual das provas
A instrução do processo tem objeto os temas da prova enunciados ou, quando não tenha de haver lugar a
esta enunciação, os factos necessitados de prova. Fazer a instrução do processo significa fazer a
conjugação de todos os elementos de prova sobre os factos que interessam à decisão da causa, quer dos
alegados pelas partes, quer daqueles que o tribunal pode conhecer oficiosamente. Instruir é fazer a prova
dos factos. O Art. 341 do CC diz-nos que a prova tem como função a demonstração da realidade dos
factos. São os elementos que servem de instrumento à formação da convicção do juiz acerca dos factos
controvertidos.

Conceitos importantes relativos à prova:


· Prova como atividade probatória: É o conjunto de atos processuais especialmente pré-ordenados aos
fins específicos da instrução, deve-se assim distinguir-se a atividade instrutória da atividade probatória
propriamente dita, esta última a ser desenvolvida na audiência final como instrumental da atividade
acusatória Art. 604º/3;

· Prova como resultado probatório: A real e efetiva, segundo a convicção do juiz, demonstração da
realidade dum facto, ou seja, a veracidade da afirmação ou dos dados emergentes da atividade
probatória;

· Motivo ou argumento probatório: Qualquer elemento ou segmento material probatório, ou qualquer


razão determinante para a formação da convicção do julgador;
· Meio de prova: Instrumento ou fonte da prova. Todo e qualquer elemento apreensível pela atividade
perceptiva ou simplesmente indutiva do juiz, que lhe permita formar o seu juízo acerca das afirmações de
facto feitas pelas partes;

· Prova e certeza: A prova não produz certeza lógico-matemática mas sim um elevado grau de
probabilidade da ocorrência do facto demonstrado, certeza histórico-empírica;
· Prova de primeira aparência: Este tipo de prova não produz a plena convicção do juiz, mas sim um grau
de probabilidade suscetível de inverter o ónus da prova ou, pelo menos, de obrigar a parte contrária a
contra prova;

· Prova e simples justificação: A simples justificação é a prova sumária, superficial, mínimo legal exigível
para certos efeitos processuais, como por exemplos nos processos cautelares Art. 292º a 294º, Art. 365º/3
e 368º/1, e para outras medidas provisórias com carácter urgente. Através dela, a parte procura convencer
o juiz da séria credibilidade das respetivas afirmações de facto. É um tipo de prova de nível inferior.
Direito probatório:
Direito probatório material: Este regula o ónus da prova, bem como a admissibilidade e a força probatória
dos diversos meios de prova. Art. 342º a 344º. As provas desempenham uma função judicial, formação da
convicção do julgador, e uma função extrajudicial, formação da convicção de terceiros em caso de
exercício intersubjetivo e garantia dos diversos interessados deles titulares ou não. Estas possuem assento
privilegiado no direito substantivo, Art. 341º a 396º CC.

Direito probatório formal:


O direito probatório formal regula o modo de produção das provas em tribunal. É o conjunto de normas
que disciplinam o acionamento dos diversos meios de prova, indicando o modo de requerer, produzir e
valorar as provas. São os atos processuais que veiculam a sua utilização em juízo.

Objeto da prova
Tema probatório
Está definido pelo Art. 410º que é confundido com o objeto da instrução. O objeto da instrução são os
factos relevantes para o exame da decisão da causa Art.410º, factos esses que é suposto integrarem ou
subsumir-se no elenco dos temas de prova enunciados no despacho a que se reporta o Art. 596º, ou, na
ausência deste, os factos necessitados de prova, sendo que as provas a produzir, têm por função a
demonstração da realidade dos factos Art. 341º CC.
A atividade instrutória incide sobre as questões essenciais de facto genericamente fixadas no despacho
saneador ou na petição inicial, nos casos de revelia inoperante, salvo quando tal inoperância se funde na
alínea a) do Art. 568º.

Factos que podem constituir objeto de prova:


Factos principais: traduzem-se em estados, acontecimentos, ou ocorrências, que de forma direta ou
indireta, sirvam de pressuposto às normas de direito material aplicáveis que integrem a causa de pedir na
ação, bem como aqueles em que se baseiam as exceções invocadas, Art. 5º/1;
Factos complementares ou concretizadores de factos essenciais à procedência das pretensões formuladas
ou das excepções deduzidas que sirvam para concretizar outros que as partes hajam oportunamente
alegado e resultem da instrução da causa, desde que a parte interessada manifeste vontade de deles se
aproveitar a à parte contrária haja sido facultado o exercício do contraditório Art. 5º/2/b;

Factos instrumentais: Os que resultam da instrução da causa. Que sejam indiciários dos factos principais
ou de factos complementares relevantes para uma boa e justa decisão do pleito, sem prejuízo da sua
consideração a título oficioso, Art. 5º/2/a;

Factos acessórios: Factos que apenas respeitam à admissibilidade de um dado meio probatório, tais como
os relativos à admissibilidade de uma testemunha, Art. 496º, ao impedimento ou suspeição de um perito,
art. 470º ou à impugnação de um documento particular, Art. 444º.
Os factos que carecem de prova são todos os factos principais relevantes para a decisão da causa em
função da lei material aplicável. Os factos notórios, que não aqueles que são geralmente conhecido,
notório quando uma pessoa de normal diligência o teria podido notar (Art. 257º/2 CC), não precisam de
prova nem de alegação, Art. 5º/1 e 2/a) a c) e Art. 412º CPC. Não precisam ainda de alegação os factos de
que o tribunal tem conhecimento por virtude do exercício das suas funções.

Princípios referentes à prova:


Princípio do Inquisitório:
O princípio do inquisitório é relativo ao tribunal. Dispõe o art. 265º/3 que incumbe ao juiz realizar ou
ordenar, mesmo oficiosamente, todas as diligências necessárias ao apuramento da verdade e à justa
composição
do litígio, quanto aos fatos que lhe é lícito conhecer, i.e., o tribunal tem poderes de investigação quando o
litígio o justifique. Art 411º CPC

Princípio da aquisição processual:


Por força deste princípio, consagrado no art. 413º, o tribunal deve atender, na sua ponderação, a todos os
factos relevantes, bem como a todo o material probatório (isto é, a todas as provas), tenham ou não
resultado da iniciativa ou atividade da parte que deveria produzi-las em obediência às regras de
distribuição do ónus da prova. Assim, esses materiais (afirmações e provas), aduzidos embora por uma das
partes no cumprimento de seu ónus subjetivo, fiquem «adquiridos para o processo», sendo por isso
atendíveis, mesmo que (quando emanados de ou trazidos ou carreados por uma das partes) sejam
favoráveis à parte contrária. O princípio da aquisição processual não é, porém, um princípio absoluto - art.
413º, 2ª parte.
Princípio da audiência contraditória: Art. 415 CPC

Tipos de prova:
Prova por presunções: Presunções são as ilações que a lei ou o julgador tiram de um facto conhecido para
firmar um facto desconhecido Art. 349º CC. É uma prova indireta que, por destituída de autonomia
processual, acaba por se reconduzir a qualquer outro dos meios de prova com previsão e regulação
autónomas. Assim, o facto base da presunção pode ser provado por qualquer outro meio probatório
(documental, testemunhal ou pericial).
Prova documental:
Prova documental é a que resulta de documento. Diz-se documento qualquer objeto elaborado pelo
homem com o fim de reproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto. Os termos documento e
prova relacionados pois o documento tem por mais relevante função representar qualquer coisa ou dela
fazer prova. Art. 362º CC

Prova por confissão e por declaração das partes:


O Art. 352º do CC diz.nos que confissão é o reconhecimento que a parte faz da realidade de um facto que
lhe é desfavorável e favorece a parte contrária. Confissão tácita Art. 314º CC. Prova por declaração das
partes Art. 466º- As partes podem requerer, até ao início das alegações orais em 1ª instância, a prestação
de declarações sobre os factos em que tenham intervindo pessoalmente ou de que tenham conhecimento
direto. A estas declarações aplica-se o disposto no Art. 417º, quanto ao dever de cooperação para a
descoberta da verdade, e ainda, com as necessárias adaptações, o estabelecido nos Art. 452º e 465º para
o depoimento de parte.

Prova pericial: Art. 388º do CC


A prova pericial tem por fim a percepção ou apreciação de factos por meio de peritos, quando sejam
necessários conhecimentos especiais que os julgadores não possuem, ou quando os factos, relativos a
pessoas, não devam ser objeto de inspeção judicial. A prova pericial pode revestir uma modalidade
específica de avaliação, exame, vistoria, etc.. Tem por objetivo a percepção de factos, neles se abrangendo
todos os factos suscetíveis de captação através de qualquer dos sentidos e não apenas através de
verificação ocular. Os factos sujeitos a perecia não dizem respeito apenas a
coisas, mas também a pessoas, como nos exames físicos cuja realização possa exigir conhecimentos
especializados.

Prova por inspeção judicial: Art. 490º a 494º CC .


A prova por inspeção judicial tem por fim a direta perceção de factos pelo tribunal e o seu resultado é
livremente apreciado pelo mesmo tribunal Art. 390º e 391º CC. É uma prova real e direta. a prova judicial
viabiliza-se, no processo, com o contacto imediato, direto, sem intermediários, do juiz com a fonte de
prova.

Prova testemunhal: Art. 391 a 396º CC e Art. 495º a 526º do CPC.


É a prova que resulta do depoimentos produzidos em juízo por pessoas estranhas ao processo,
formalmente convocadas para, em intervenção incidental, se manifestarem sobre factos de que tenham
conhecimento e com interesse para a decisão do litígio. É uma prova pessoal e indireta. Art. 516º. Ver
também Art. 392º, 393º, 394º e 396º do CC
IV. Audiência Final (599º a 606º)
A data da audiência final é designada na audiência prévia ou, quando a esta não haja lugar ou houver sido
dispensada, no despacho destinado a programar os atos a realizar na audiência final (593º/2/d).

É nesta que concentram todas as provas e se tratam as mais relevantes e decisivas discussões.

V. Sentença (art. 658º a 675º CPC)


Esta fase corresponde ao momento em que é proferida a decisão que põe termo à causa em 1ª instância.

-A sentença
Ato do juiz que põe termo à causa.

Sentença engloba decisão de facto e decisão de direito:


Julgamento de matéria de fato:
O tribunal declara quais os factos, daqueles que alegados pelas partes e dos instrumentais que considere
relevantes, que julga provados e quais julga não provados, de acordo com a sua convicção, formada no
confronto dos meios de prova.

Esta convicção tem de ser fundamentada, procedendo o tribunal à análise crítica das provas e à
especificação das razões que o levaram à decisão tomada sobre a verificação de cada facto (art. 607º/4 e
5)

A fundamentação exerce dupla função: facilitar o reexame da causa por tribunal superior e reforçar o
autocontrolo da justiça. O próprio juiz tem de demonstrar às partes que tem razão para dizer o que diz.
Mais importante que a decisão que profere, é a fundamentação dessa decisão.

Julgamento de direito:
Pressupõe a delimitação das parcelas da realidade a subsumir na norma jurídica e o apuramento de todos
os factos da causa que, tidos em conta os pedidos e as exceções deduzidas, sejam relevantes para o
preenchimento das respetivas previsões normativas, sejam elas processuais ou de direito material.

Estrutura da sentença:
Na decisão, o juiz tem de identificar corretamente o objeto da ação. O que o autor pediu e com que
fundamentos de facto e de direito e também o que o réu contestou e com que fundamentos de facto e de
direito.
A sentença é um ato de persuasão, o juiz tem de mostrar porque dá razão às partes daquela forma.

1. Relatório
-O juiz identifica as partes, enuncia os pedidos deduzidos bem como as questões relativas à causa de pedir
e às exceções (tanto suscitadas pela parte como aquela que ao tribunal cumpre oficiosamente conhecer
(607º/2)

2. Fundamentação
-O juiz discrimina os factos que considera provados, determina as normas jurídicas aplicáveis,
interpreta-as e aplica-as (607º/3 + 205º/1 CRP)

3. Decisão
-O juiz, consoante os casos, absolve o réu da instância ou responde ao pedido deduzido pelo autor, nele
condenando o réu ou dele absolvendo (art. 607º/3)

Sem os elementos do art. 607º a decisão é nula ou recorrível.

-Vícios da sentença
Além dos vícios respeitantes à formação ou expressão da livre convicção do juiz no julgamento da matéria
de facto, a sentença pode apresentar vícios que geram a sua nulidade, tornando-a totalmente
inaproveitável para a realização da função que lhe compete.
1. Falta absoluta de poder jurisdicional de quem a profere
2. Falta ou ininteligibilidade (art. 615º/c) da parte decisória, como conteúdo mínimo essencial da
sentença.
3. Falta da assinatura do juiz, como requisito de forma essencial
4. Art. 615º/1

*art. 608º
*art. 609º

-Efeitos e registo da sentença


Quando já não é possível reclamação nem recurso ordinário, quer nenhuma impugnação tenha tido lugar
nos prazos legais quer se tenham esgotado os meios de impugnação efetivamente utilizados, a sentença
transita em julgado (art. 628º) e extingue-se a instância (277º/a).

As decisões transitam em julgado quando não são susceptíveis de recurso ordinário ou, sendo-o, pela a
parte vencida ter deixado passar o prazo sem que o tivesse interposto, ou ainda depois de terem sido
esgotados os recursos possíveis.

Valor da sentença transitada em julgado-art. 619º e 620º

Poder jurisdicional só se reabre/reatribui através de pedidos de retificação, reforma reclamação com


fundamento em nulidade ou interposição de recurso.
1. Retificação (art. 614º)
2. Reforma (art. 616º)
3. Reclamação

A reclamação é pedida ao próprio tribunal enquanto o recurso é pedido a um tribunal diferente.

4. Recurso (627º e ss.)


Surge quando há:
-Erro de fundamento, quer respeitante ao apuramento dos factos da causa, quer respeite à aplicação do
direito aos factos apurados, faz-se em recurso de apelação (art. 644º/1/a)
-Tem assim lugar a reapreciação da causa pelo tribunak da relação, sob a indicação, pelo recorrente, em
alegação, dos fundamentos por que pede a alteração da decisão proferida (art. 639º/1)

Relaciona-se com o esgotar do poder jurisdicional porque:


-Todos os recursos devolvem a jurisdição ao sistema de justiça, porque tal é permitir que um tribunal se
volte a pronunciar sobre uma questão que já foi previamente decidida.
-Devolvem a jurisdição ao órgão superior daquele que proferiu a decisão requerida.

*art. 637º
*art. 636º/1

Legitimidade para recorrer:


-A legitimidade para recorrer é da parte que tenha ficado vencida, sendo que se considera vencida quando
tenha sido prejudicada pela decisão.

Decisões que admitem recurso:


-Conjugação dos valores da causa, da alçada e da sucumbência (art. 629º)
Valor da causa superior à alçada do tribunal de que se recorre (valor da causa) + decisão que seja
desfavorável para o recorrente em valor superior à metade da alçada do mesmo tribunal

Decisões que não admitem recurso:


Art. 630º

Decisões que admitem sempre recurso:


Casos em que o valor da causa e da sucumbência não são determinantes para a admissibilidade de
recursos (art. 629º/2)

Espécies de recursos:
Ordinários (Apelação + Revista)-Interpostos antes do trânsito em julgado

1. Apelação (art. 644º)-Da 1ª Instância para a Relação


Incide sobre toda a matéria- facto e direito

2. Revista (art. 671º)- Da Relação para o STJ

Dupla conforme (art. 671º/3)- Havendo duas decisões no mesmo sentido não será admitida uma
terceira decisão. Assim se duas instâncias já se pronunciaram e estavam de acordo não se pode
recorrer ao STJ.

Recurso per saltum (art. 678º)-Salta imediatamente da primeira instância (que proferiu decisão)
para o STJ, sem passar pelo Tribunal da Relação

Revisão-Art. 696º

Caso julgado:
A exceção de caso julgado tem por fim evitar que o tribunal seja colocado na alternativa de contradizer ou
de reproduzir uma decisão anterior (art. 580º/2).
Isto salvaguarda, de certo modo, o prestígio dos tribunais mas a principal razão da sua existência
prende-se com a necessidade de certeza ou segurança jurídica.

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