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JURISPRUDÊNCIA DE 2019

Superior Tribunal Federal


PODER PÚBLICO EM JUÍZO
Prof. Sabrina Dourado
Jurisprudência do STF 2019

PROCESSO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Origem: RR –


RORAIMA Relator: MIN. ROBERTO BARROSO Redator do
acórdão: Relator do último incidente: MIN. ROBERTO
BARROSO (ADI-MC-AgR-AgR)

RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO. DIREITO CIVIL

TEMA Processo objetivo: prazos e Fazenda Pública

DESTAQUE
Não se conta em dobro o prazo recursal para a Fazenda Pública em processo objetivo,
mesmo que seja para interposição de recurso extraordinário em processo de
fiscalização normativa abstrata.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR


Não se conta em dobro o prazo recursal para a Fazenda Pública em processo objetivo,
mesmo que seja para interposição de recurso extraordinário em processo de
fiscalização normativa abstrata. Ao reafirmar esse entendimento, o Plenário, por
maioria, negou provimento a dois agravos regimentais apreciados em conjunto. Na
espécie, um dos recursos pugnava pela tempestividade de recurso extraordinário com
agravo e o outro, pela tempestividade de agravo interno interposto de decisão em que
deferida medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade. Para tanto, o
Colegiado levou em consideração a jurisprudência consolidada no Supremo Tribunal
Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes salientou que o tratamento
diferenciado diz respeito à defesa dos interesses subjetivos, e não se aplica ao
processo objetivo. A natureza objetiva afasta a prerrogativa da Fazenda Pública. Por
sua vez, o ministro Edson Fachin enfatizou que o tratamento isonômico na matéria,
além de ser consentâneo com a orientação jurisprudencial, decorre do princípio
republicano. Já o ministro Luiz Fux assinalou que a Fazenda Pública, no caso do recurso
extraordinário, é representante da unidade federativa onde há a declaração de
inconstitucionalidade da lei por ela editada; logo, tem contato direto com a questão, e
não se justifica o prazo em dobro. Segundo o ministro Gilmar Mendes, o próprio
Código de Processo Civil (CPC), em parágrafo específico, faz menção à inaplicabilidade
desses prazos aos procedimentos especiais. O ministro Celso de Mello frisou que a
norma inscrita no art. 188 do CPC/1973 (1), hoje consubstanciada no art. 183 do
CPC/2015 (2), não se aplica ao processo objetivo de controle abstrato de
constitucionalidade. Isso, inclusive para efeito de interposição de recurso
extraordinário em ação instaurada perante tribunal de justiça com fundamento no art.
125, § 2º, da Constituição Federal (CF) (3). Essa diretriz jurisprudencial reflete o
entendimento de que o processo de fiscalização normativa abstrata ostenta
ordinariamente posição de autonomia em relação aos institutos peculiares aos
processos de índole meramente subjetiva. O direito processual constitucional é
autônomo, regido por princípios próprios, em que são afastados os interesses
meramente subjetivos. Vencidos os ministros Dias Toffoli (presidente) e Marco Aurélio,
que deram provimento aos agravos, uma vez que entenderam ser aplicável o prazo em
dobro. (Informativo 929, Plenário)

PROCESSO NÚMERO ÚNICO: 0388682-57.2014.8.21.7000. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO Origem: Relator: MIN. EDSON FACHIN
Redator do acórdão: Relator do último incidente: MIN. DIAS
TOFFOLI (RE-ED-EDv)

RAMO DO DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

TEMA Fazenda Pública e fracionamento de execução de honorários


advocatícios

DESTAQUE

O Plenário, por maioria e em conclusão de julgamento, deu provimento aos embargos de


divergência para determinar que a execução dos honorários advocatícios se dê de forma una e
indivisa.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR


O Plenário, por maioria e em conclusão de julgamento, deu provimento aos embargos
de divergência para determinar que a execução dos honorários advocatícios se dê de
forma una e indivisa. No caso, discutiu-se a possibilidade de execução fracionada
contra a Fazenda Pública de honorários advocatícios fixados em ação proposta em
regime de litisconsórcio ativo facultativo. Com o trânsito em julgado da sentença,
foram promovidas tantas execuções quantos eram os litisconsortes. Considerado o
valor de cada execução, postulou-se o pagamento por meio de Requisição de Pequeno
Valor (RPV). O acórdão ora embargado, proferido pela Primeira Turma deste Tribunal,
manteve a decisão monocrática do ministro Edson Fachin (relator). O ministro deu
provimento ao recurso extraordinário, reformando o acórdão de origem, para
reconhecer a possibilidade de pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais
sobre o crédito proporcional à fração de cada um dos litisconsortes facultativos na
forma de requisição de pequeno valor, se couber, ou de precatório. No entanto, para o
Colegiado, os honorários sucumbenciais não se confundem com o crédito dos
patrocinados. Inexiste, aqui, a pluralidade de autores, de titulares do crédito, ou seja,
não há litisconsórcio. A quantia devida a título de honorários advocatícios é uma só,
fixada de forma global, e consiste em título a ser executado de forma una e indivisível.
O fato de o patrono ter atuado em causa plúrima não torna plúrimo também o seu
crédito. A verba advocatícia é única, visto ser calculada sobre o montante total devido,
ainda que esse consista na soma de vários créditos unitários. Como se trata de credor
e devedor único, não há como parcelar o débito, sob pena de gerar desequilíbrio e
frustração do que está determinado no art. 100 (1) da Constituição Federal (CF),
prejudicando-se a Fazenda. A verba honorária goza de autonomia em relação ao
crédito principal, podendo ser destacada do montante da execução. Assim, o
fracionamento dessa parcela caracteriza, indubitavelmente, hipótese vedada pelo art.
100, § 8º (2), da CF. Essa mesma conclusão foi adotada pela Segunda Turma deste
Tribunal no julgamento do RE 949.383. O argumento de que o litisconsórcio facultativo
simples representa, na verdade, várias causas cumuladas não pode ser utilizado para
justificar a legitimidade do fracionamento da execução dos honorários advocatícios
sucumbenciais se a condenação à verba honorária, no título executivo, tiver sido
global, ou seja, tiver buscado remunerar o trabalho conjunto prestado pelo causídico
aos litisconsortes. Vencidos os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Roberto
Barroso, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski, que negavam provimento aos embargos.
Para eles, é possível a execução fracionada dos honorários advocatícios sucumbenciais
constituídos em processo com litisconsortes facultativos no polo ativo da relação
jurídica processual, tendo como devedora a Fazenda Pública. O litisconsórcio
facultativo no polo ativo permite que vários sujeitos deduzam suas respectivas
pretensões em um único processo, com evidente economia processual e menor
desgaste da máquina do Poder Judiciário. Todavia, isso não descaracteriza o direito
autônomo de cada um dos litisconsortes, notadamente quando se trata de direito de
crédito. Tanto é que, conquanto se tenha um único processo, cada litisconsorte ativo
recebe específica tutela jurisdicional, compatível com o bem jurídico que lhe deva ou
não ser reconhecido. Assim também se constitui o crédito dos honorários
sucumbenciais, pois sua existência está diretamente ligada à vitória de cada um dos
litisconsortes. Não se pode tomar como único o crédito em favor do advogado, de
natureza sucumbencial, ao singelo argumento processual de que fora arbitrado pelo
magistrado de forma única na sentença em que foram constituídos créditos
autônomos a favor de cada um dos litisconsortes por ele representados
processualmente. A autonomia dos créditos de titularidade dos litisconsortes, que
legitima a execução fracionada, conduz ao mesmo tratamento com relação aos
honorários sucumbenciais. O advogado não pode ser prejudicado, na hora da execução
de seus honorários, porque optou pelo mais racional e mais célere, em contribuição à
própria prestação jurisdicional. (Informativo 929, Plenário)

PROCESSO MANDADO DE SEGURANÇA. Origem: DF - DISTRITO FEDERAL.


Relator: MIN. GILMAR MENDES Redator do acórdão: Relator
do último incidente: MIN. GILMAR MENDES (MS-AgR-ED-ED-
ED)

RAMO DO DIREITO DIREITO CONSTITUCIONAL

TEMA CONTRATAÇÃO PÚBLICA

DESTAQUE
Prestação de serviço de logística pela ECT e dispensa de licitação

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR


A Segunda Turma negou provimento a agravo regimental interposto de decisão que
cassou acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) o qual considerou ilegal
contratação direta pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) de serviços
de logística, com dispensa de licitação, fundamentada no art. 24, VIII, da Lei
8.666/1993 (1). A Turma concluiu que os serviços de logística devem ser entendidos
como afins ao serviço postal, o que justifica a aplicação de regime diferenciado. Além
disso, a ECT preenche todos os requisitos legais necessários à possibilidade de sua
contratação direta, haja vista integrar a Administração e ter sido criada em data
anterior à da Lei 8.666/1993 para prestação de serviços postais, entre os quais se
incluem os serviços de logística integrada. Ademais, cumpre registrar que a permissão
legal para dispensa da licitação não acarreta dever para a Administração em dispensá-
la. Cabe a essa analisar o contexto e decidir acerca da realização ou não da licitação. O
ministro Edson Fachin acresceu que a possibilidade da contratação direta, desde que
atendidas certas condições como preços justos e eficiência, não torna esse tipo de
serviço monopólio, situação que viola princípios concorrenciais do mercado. (1) Lei
8.666/1993: “Art.24. É dispensável a licitação: (...) VIII – para a aquisição, por pessoa
jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão
ou entidade que integre a Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim
específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado; MS 34939/DF, rel. Min. Gilmar Mendes,
julgamento em 19.3.2019. (MS-34939) (Informativo 934, Segunda Turma)

PROCESSO NÚMERO ÚNICO: 0001290-54.2006.1.00.0000


DjeJurisprudênciaPeçasPush RECLAMAÇÃO Origem: SP - SÃO
PAULO Relator: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI Redator do
acórdão: Relator do último incidente: MIN. RICARDO
LEWANDOWSKI (Rcl-AgR)

RAMO DO DIREITO DIREITO CONSTITUCIONAL

TEMA Competência

DESTAQUE

Exploração de serviços de distribuição de gás natural

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR


A Segunda Turma julgou procedente pedido formulado em reclamação em que se
discute a competência da exploração local dos serviços de distribuição de gás natural
para julgar extinta ação ordinária ajuizada na origem e avocar o feito para ser
processado e julgado nesta Corte. No caso, a Petrobras, por meio de sua controlada,
fornece gás natural a empresa privada, mediante ramal do gasoduto Brasil–Bolívia.
Após o fornecimento, essa empresa, mediante processo de liquefação, transforma o
gás natural em gás natural liquefeito (GNL). A planta de liquefação está localizada em
município dentro da área do contrato de concessão de distribuição de gás natural
obtido pela Companhia de Gás de São Paulo (Comgás). A Turma reconheceu a
existência de conflito federativo. Salientou que o conflito federativo estabelecido entre
a União e o estado-membro atrai a competência do Supremo Tribunal Federal, na
hipótese em que está em causa o pacto federativo, fundamentado no art. 102, I, “f”,
da Constituição Federal (CF) (1). Afirmou que compete “aos Estados explorar,
diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado”, que
corresponde, exatamente, à situação fática revelada nos autos (CF, art. 25, § 2º) (2).
Salientou que a situação fática disciplinada por ato normativo emanado de agência
reguladora controlada pelo estado de São Paulo não conflita com o monopólio da
União, revelado no art. 177, IV, da CF (3) como “transporte, por meio de conduto, de
petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem”. (1) CF/1998: “Art.
102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
cabendo-lhe: I – processar e julgar, originariamente: (...) f) as causas e os conflitos
entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros,
inclusive as respectivas entidades da administração indireta;” (2) CF/1988: “Art. 25. (...)
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais
de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua
regulamentação.” (3) CF/1998. “Art. 177. Constituem monopólio da União: (...) IV – o
transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de
petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de
petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem.” Rcl 4.210/SP, rel.
Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 26.3.2019. (Rcl-4210) (Informativo 935,
Segunda Turma)

PROCESSO RE 494601/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Edson Fachin, julgamento em 28.3.2019. (RE-494601)

RAMO DO DIREITO DIREITO CONSTITUCIONAL

TEMA Competência

DESTAQUE

Lei estadual e sacrifício de animais em rituais –

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR


É constitucional a lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa,
permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana. Com
base nessa orientação, o Plenário, por maioria, negou provimento a recurso
extraordinário em que discutida a constitucionalidade da Lei estadual 12.131/2004,
que acrescentou o parágrafo único (1) ao art. 2º da Lei 11.915/2003 do estado do Rio
Grande do Sul (Código Estadual de Proteção aos Animais). Para a Corte, a legislação
local está em consonância com a Constituição Federal (CF). Sob o prisma formal,
improcede a alegação de inconstitucionalidade ao argumento de a legislação versar
sobre matéria penal. O ato normativo impugnado acrescentou ao código estadual
situação de exclusão de 12 responsabilidade administrativa na hipótese de abate de
animais em cultos religiosos, que em nada se relaciona com a excludente de ilicitude
penal. O caráter penal da legislação, por sua vez, exigiria a definição de fatos puníveis e
suas respectivas sanções. O mencionado código estabelece regras de proteção à fauna,
define conceitos e afasta a prática de determinadas condutas. Inexiste, portanto,
descrição de infrações, tampouco de penas a serem impostas. Dessa forma, a natureza
do diploma não é penal, mostrando-se impróprio falar em usurpação de competência
da União. Igualmente não se pode considerar ofensa à competência da União para
editar normas gerais de proteção do meio ambiente, sobretudo ante o silêncio da
legislação federal acerca do sacrifício de animais com finalidade religiosa. Os
dispositivos apontados pelo recorrente (arts. 29 e 37 (2) da Lei 9.605/1988) cuidam tão
somente do abate de animais silvestres, sem abranger os domésticos, utilizados nos
rituais. A par disso, as regras federais foram editadas em contexto alheio aos cultos
religiosos, voltando-se à tutela da fauna silvestre, especialmente em atividades de
caça. O quadro impõe o reconhecimento de que a União não legislou sobre a imolação
de animais. A omissão na edição de normas gerais sobre meio ambiente outorga ao
estado liberdade para estabelecer regras a respeito, observado o § 3º (3) do art. 24 da
CF. Sob o prisma material, o colegiado asseverou que a temática envolve a exegese de
normas fundamentais, alcançando a conformação do exercício da liberdade de culto e
de liturgia. A religião desempenha papel importante em vários aspectos da vida da
comunidade, e essa centralidade está consagrada no art. 5º, VI (4), da CF. Pontuou que
o Estado brasileiro tem o dever de proteger as “manifestações das culturas populares,
indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo
civilizatório nacional” (art. 215, § 1º (5), da CF). Nessa perspectiva, o modo de ser e
viver das comunidades, bem como a experiência da liberdade religiosa são vivenciadas
com base em práticas não institucionais. Ademais, entendeu não ter havido violação
aos princípios da laicidade e da igualdade. A proteção legal às religiões de matriz
africana não representa um privilégio, mas sim um mecanismo de assegurar a
liberdade religiosa, mantida a laicidade do Estado. De fato, o Estado não pode estar
associado a nenhuma religião, nem sob a forma de proteção nem de perseguição,
numa separação formal entre Igreja e Estado. A laicidade do Estado veda o
menosprezo ou a supressão de rituais, principalmente no tocante a religiões
minoritárias ou revestidas de profundo sentido histórico e social. A CF promete uma
sociedade livre de preconceitos, entre os quais o religioso. A cultura afrobrasileira
merece maior atenção do Estado, por conta de sua estigmatização, fruto de
preconceito estrutural. A proibição do sacrifício negaria a própria essência da
pluralidade cultural, com a consequente imposição de determinada visão de mundo.
Essa designação de especial proteção aos cultos de culturas historicamente
estigmatizadas não ofende o princípio da igualdade, sendo válida a permissão do
sacrifício de animais a determinado segmento religioso, como previsto na norma
questionada. Por fim, a Corte entendeu que admitir a prática de imolação não significa
afastar o amparo aos animais estampado no art. 225, § 1º, VII (6), da CF. Deve-se evitar
que a tutela de um valor constitucional relevante aniquile o exercício de um direito
fundamental, revelando-se desproporcional impedir todo e qualquer sacrifício
religioso quando diariamente a população consome carnes de várias espécies.
Vencidos, em parte, os ministros Marco Aurélio (relator), Alexandre de Moraes e
Gilmar Mendes, que admitiram a constitucionalidade da lei, porém para dar
interpretação conforme à Constituição no sentido de ser estendida a excludente de
responsabilidade a cultos de quaisquer religiões que realizem a sacralização com
abates de animais, afastando maus-tratos e tortura. O relator ainda condicionou o
abate ao consumo da carne. RE 494601/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Edson Fachin, julgamento em 28.3.2019. (RE-494601) (Informativo 935, Segunda
Turma)

PROCESSO RE 1083955/DF, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 28.5.2019.


(RE-1083955)

RAMO DO DIREITO DIREITO CONSTITUCIONAL

TEMA Administração Pública

DESTAQUE

Decisões do CADE e atuação do Poder Judiciário

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR


A Primeira Turma negou provimento a agravo regimental interposto contra decisão
que, ao entender ser impossível a análise do mérito de ato administrativo, bem como
o incursionamento no conjunto fático-probatório dos autos, negara provimento a
recurso extraordinário. No caso, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1)
restabeleceu decisão sancionadora do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(CADE) proferida em processo administrativo. A Turma afirmou que a capacidade
institucional na seara regulatória, a qual atrai controvérsias de natureza
acentuadamente complexa que demandam tratamento especializado e qualificado,
revela a reduzida expertise do Judiciário para o controle jurisdicional das escolhas
políticas e técnicas subjacentes à regulação econômica, bem como de seus efeitos
sistêmicos. O dever de deferência do Judiciário às decisões técnicas adotadas por
entidades reguladoras repousa em duas premissas: i) a falta de conhecimento técnico
e capacidade institucional de tribunais para decidir sobre intervenções regulatórias,
que envolvem questões policêntricas e prognósticos especializados; e (ii) a
possibilidade de a revisão judicial ensejar efeitos sistêmicos nocivos à coerência e
dinâmica regulatória administrativa. A expertise técnica e a capacidade institucional do
CADE em questões de regulação econômica demandam uma postura deferente do
Poder Judiciário ao mérito das decisões proferidas pela autarquia. O controle
jurisdicional deve cingir-se ao exame da legalidade ou abusividade dos atos
administrativos, consoante a firme jurisprudência desta Suprema Corte. No caso, o
CADE, após ampla análise do conjunto fático e probatório dos autos do processo
administrativo, examinou circunstâncias fáticas e econômicas complexas, incluindo a
materialidade das condutas, a definição do mercado relevante e o exame das
consequências das condutas das agravantes no mercado analisado. No processo, a
autarquia, no âmbito de sua competência legal, concluiu que a conduta perpetrada
pelas agravantes se enquadraria nas infrações à ordem econômica previstas nos arts.
20, I, II e IV, e 21, II, IV, V e X, da Lei 8.884/1994 (Lei Antitruste). Além disso, divergir do
acórdão recorrido demandaria o reexame de fatos e provas, o que não se revela
cognoscível em recurso extraordinário diante do óbice erigido pelo Enunciado 279 da
Súmula do Supremo Tribunal Federal (1) (STF). (1) Enunciado 279 da Súmula do STF:
“Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.” RE 1083955/DF, rel.
Min. Luiz Fux, julgamento em 28.5.2019. (RE-1083955) (Informativo 942, Primeira
Turma)

PROCESSO (ADO-26) MI 4733/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em


13.6.2019. (MI-4733)

RAMO DO DIREITO DIREITO CONSTITUCIONAL

TEMA Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão

DESTAQUE

Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, julgou procedentes os pedidos


formulados em ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) e em mandado de
injunção (MI) para reconhecer a mora do Congresso Nacional em editar lei que criminalize os
atos de homofobia e transfobia. Determinou, também, até que seja colmatada essa lacuna
legislativa, a aplicação da Lei 7.716/1989 (que define os crimes resultantes de preconceito de
raça ou de cor) às condutas de discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero,
com efeitos prospectivos e mediante subsunção. Prevaleceram os votos dos ministros Celso de
Mello e Edson Fachin, relatores da ADO e do MI, respectivamente (Informativo 931).

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR


Homofobia e omissão legislativa –Em conclusão de julgamento, o Plenário, por
maioria, julgou procedentes os pedidos formulados em ação direta de
inconstitucionalidade por omissão (ADO) e em mandado de injunção (MI) para
reconhecer a mora do Congresso Nacional em editar lei que criminalize os atos de
homofobia e transfobia. Determinou, também, até que seja colmatada essa lacuna
legislativa, a aplicação da Lei 7.716/1989 (que define os crimes resultantes de
preconceito de raça ou de cor) às condutas de discriminação por orientação sexual ou
identidade de gênero, com efeitos prospectivos e mediante subsunção. Prevaleceram
os votos dos ministros Celso de Mello e Edson Fachin, relatores da ADO e do MI,
respectivamente (Informativo 931). A corrente majoritária reconheceu, em suma, que
a omissão do Congresso Nacional atenta contra a Constituição Federal (CF), a qual
impõe, nos termos do seu art. 5º, XLI e XLII (1), inquestionável mandado de
incriminação. Entendeu que as práticas homotransfóbicas se qualificam como espécies
do gênero racismo, na dimensão de racismo social consagrada pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) no julgamento do HC 82.424/RS (caso Ellwanger). Isso porque essas
condutas importam em atos de segregação que inferiorizam os integrantes do grupo
de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT), em razão de sua orientação sexual
ou de sua identidade de gênero. Considerou, ademais, que referidos comportamentos
se ajustam ao conceito de atos de discriminação e de ofensa aos direitos e liberdades
fundamentais dessas pessoas. Na ADO, o colegiado, por maioria, fixou a seguinte tese:
“1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar
os mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da
Constituição da República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas,
que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de
alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão
social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos
primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo,
também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar
motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”); 2. A repressão penal à prática
da homotransfobia não alcança nem restringe ou limita o exercício da liberdade
religiosa, qualquer que seja a denominação confessional professada, a cujos fiéis e
ministros (sacerdotes, pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e líderes ou
celebrantes das religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de
pregar e de divulgar, livremente, pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro
meio, o seu pensamento e de externar suas convicções de acordo com o que se
contiver em seus livros e códigos sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua
orientação doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e conquistar prosélitos e
praticar os atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, público
ou privado, de sua atuação individual ou coletiva, desde que tais manifestações não
configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a
discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação
sexual ou de sua identidade de gênero; 3. O conceito de racismo, compreendido em
sua dimensão social, projeta-se para além de aspectos estritamente biológicos ou
fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder, de uma construção de
índole histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar a desigualdade e
destinada ao controle ideológico, à dominação política, à subjugação social e à
negação da alteridade, da dignidade e da humanidade daqueles que, por integrarem
grupo vulnerável (LGBTI+) e por não pertencerem ao estamento que detém posição de
hegemonia em uma dada estrutura social, são considerados estranhos e diferentes,
degradados à condição de marginais do ordenamento jurídico, expostos, em
consequência de odiosa inferiorização e de perversa estigmatização, a uma injusta e
lesiva situação de exclusão do sistema geral de proteção do direito”. Ficaram vencidos,
em ambas as ações, os ministros Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Marco Aurélio.
Os dois primeiros conheceram em parte das ações e as julgaram parcialmente
procedentes apenas para reconhecer a mora legislativa e dar ciência ao Congresso
Nacional para a adoção das providências necessárias. Para eles, não obstante a
repugnância que provocam as condutas preconceituosas de qualquer tipo, somente o
Poder Legislativo pode criminalizar condutas, sendo imprescindível lei em sentido
formal. Portanto, a extensão do tipo penal para abarcar situações não especificamente
tipificadas pela norma penal incriminadora atenta contra o princípio da reserva legal
(2). 11 O ministro Marco Aurélio inadmitiu o MI, diante dos limites impostos ao
exercício, pelo STF, da jurisdição constitucional. Admitiu, em parte, a ADO, para julgar,
nessa extensão, improcedente o pedido, por não assentar, peremptoriamente, que se
tenha “criminalizar” no vocábulo “punirá”, contido no inciso XLI do art. 5º da CF. Em
decorrência disso, não reconheceu a omissão legislativa quanto à criminalização
específica da homofobia e da transfobia. Concluiu que, respeitada a liberdade
legiferante franqueada ao legislador ordinário, espera-se que a sinalização do STF
quanto à necessária proteção das minorias e dos grupos socialmente vulneráveis
contribua para a formação de uma cultura livre de todo e qualquer preconceito e
discriminação, preservados os limites da separação dos Poderes e da reserva legal em
termos penais. (1) CF/1988: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (...) XLI – a lei punirá qualquer discriminação
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; XLII – a prática do racismo
constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da
lei;” (2) CF/1988: “Art. 5º (...) XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;” ADO 26/DF, rel. Min. Celso de Mello, julgamento
em 13.6.2019. (ADO-26) MI 4733/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em
13.6.2019. (MI-4733) (Informativo 944, Plenário) (Informativo 944, Plenário)

PROCESSO RE 1027633/SP, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em


14.8.2019. (RE-1027633)

RAMO DO DIREITO Responsabilidade Civil do Estado

TEMA Responsabilidade Civil do Estado

DESTAQUE

Danos causados por agente público: ação de indenização e legitimidade passiva

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR


A teor do disposto no art. 37, § 6º, da Constituição Federal (CF) (1), a ação por danos
causados por agente público deve ser ajuizada contra o Estado ou a pessoa jurídica de
direito privado prestadora de serviço público, sendo parte ilegítima para a ação o autor
do ato, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
culpa. Com fundamento nessa tese de repercussão geral (Tema 940), o Plenário deu
provimento a recurso extraordinário para assentar a ilegitimidade passiva da
recorrente. Na espécie, tratava-se de recurso extraordinário interposto por agente
público em face de acórdão no qual o tribunal de origem consignou caber à vítima do
dano escolher contra quem propor ação indenizatória. O colegiado asseverou que o
aludido dispositivo constitucional não encerra legitimação concorrente. Assim, a
pessoa jurídica de direito público e a de direito privado prestadora de serviços 5
públicos respondem pelos danos causados a terceiros, considerado ato omissivo ou
comissivo de seus agentes. (1) CF/1988: “Art. 37. A administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) § 6º As pessoas jurídicas de
direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” RE 1027633/SP,
rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 14.8.2019. (RE-1027633) (Informativo 947,
Repercussão Geral)

PROCESSO RMS 36305/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em


17.9.2019. (RMS-36305)

RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO

TEMA Concurso Público

DESTAQUE

Concurso público: descumprimento de regra editalícia e demonstração de prejuízo

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR


A Segunda Turma negou provimento a recurso ordinário interposto de acórdão no qual
denegado mandado de segurança de candidatos, em concurso público, a cargo de
analista judiciário na especialidade taquigrafia. Os impetrantes requeriam a decretação
da nulidade da prova prática de registro taquigráfico, porque o texto foi ditado em
velocidade variável e decrescente de noventa a oitenta palavras por minuto (ppm), ou
seja, da velocidade maior para a menor. Alegavam terem sido prejudicados com o
descumprimento de regra prevista no edital do concurso público, que estabelecia a
realização do exame em velocidade variável e crescente de oitenta a noventa ppm.
Isto é, a regra do edital previa que, na prova, o pronunciamento das palavras
começaria com a menor velocidade. Inicialmente, o Colegiado não conheceu do
recurso de candidata aprovada no certame e que fora interposto da parte do acórdão
em que indeferida sua pretensão de ingressar no feito na qualidade de litisconsorte
passivo. Esclareceu que, na hipótese, sequer houve sucumbência a legitimar o
respectivo interesse recursal. Quanto ao recurso dos impetrantes, registrou ser
incontroverso que a prova foi realizada em velocidade decrescente, embora constasse
do edital que seria ditada em velocidade crescente. A Turma enfatizou, ainda, que a
matéria trazida à aferição do Poder Judiciário é sindicável. Diz respeito ao juízo de
compatibilidade entre as previsões editalícias e as questões do certame. Entretanto,
sublinhou que, à luz do princípio pas de nullité sans grief, a declaração de nulidade do
ato requer demonstração do prejuízo experimentado pela parte que alega a ocorrência
de vício. No ponto, não vislumbrou a existência de prova pré-constituída e
objetivamente demonstrada no mandado de segurança, que evidencie a ocorrência da
quebra de isonomia entre os candidatos pela inversão da velocidade. De igual modo,
não ficou demonstrado o prejuízo causado aos candidatos impetrantes pela
desconformidade da aplicação da prova prática com o edital, condição sine qua non
para que seja decretada a nulidade do ato. Por fim, julgou prejudicado o agravo
regimental deduzido contra a decisão em que indeferido o pedido de concessão de
efeito suspensivo. O ministro Ricardo Lewandowski salientou que o aludido exame foi
realizado em velocidade dentro da frequência de oitenta a noventa ppm. Além disso,
inexistem nos autos elementos que possam autorizar a conclusão de que houve
qualquer tipo de favorecimento individual de candidatos, bem assim de que foi
afetada a igualdade de condições entre os concorrentes, com afronta aos princípios
constitucionais da isonomia, moralidade e da impessoalidade. RMS 36305/DF, rel. Min.
Edson Fachin, julgamento em 17.9.2019. (RMS-36305) (Informativo 952, Segunda
Turma)

PROCESSO ACO 2892 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 11.9.2019.

RAMO DO DIREITO DIREITO ADMINISTRATIVO

TEMA Princípios da Administração Pública

DESTAQUE

Inserção de Estado-membro em cadastro de inadimplência: ampla defesa e contraditório

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR


O Plenário, por maioria, deu provimento a agravo regimental em ação cível originária
para determinar à União que se abstenha de proceder à inscrição do Estado de Mato
Grosso no Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI), no Serviço Auxiliar
de Informações para Transferências Voluntárias (CADIN) e no Cadastro Informativo de
Créditos não Quitados do Setor Público Federal (CAUC), até o exaurimento da
Prestação de Contas Especial, observados os princípios constitucionais da ampla defesa
e do contraditório. No caso, o Estado agravante foi inscrito no cadastro restritivo pela
União, em decorrência de pendências do Convênio 627.665/2008, antes da conclusão
da tomada de contas especial, sob o fundamento de que a administração anterior
havia preenchido os requisitos para fazer incidir as restrições 5 legais e administrativas
ao repasse de recursos federais. Assim, cumpriria à atual administração demonstrar a
adoção das medidas cabíveis de apuração de responsabilidade e de regularização da
situação de inadimplência, sem que isso significasse afronta ao princípio da
intranscendência subjetiva das sanções financeiras. Prevaleceu o voto do ministro
Alexandre de Moraes. De início, considerou que, ainda que a conduta a gerar
inadimplência tenha sido causada pela gestão anterior, a nova administração estadual
assume todas as obrigações decorrentes da situação financeira do ente federado.
Entretanto, o cadastro restritivo não deve ser feito de forma unilateral e sem acesso à
ampla defesa e ao contraditório. Isso porque, muitas vezes, a inscrição pode ter, além
de motivação meramente financeira, razões políticas. Assim, ao poder central é
possível suspender imediatamente o repasse de verbas ou a execução de convênios,
mas o cadastro deve ser feito nos termos da lei, ou seja, mediante a verificação da
veracidade das irregularidades apontadas. Isso porque o cadastro tem consequências,
como a impossibilidade da repartição constitucional de verbas das receitas voluntárias.
Lembrou, ainda, que a tomada de contas especial, procedimento por meio do qual se
alcança o reconhecimento definitivo das irregularidades, com a devida observância do
contraditório e da ampla defesa, tem suas regras definidas em lei. Ao final, é possível
tornar o dano ao erário dívida líquida e certa, e a decisão tem eficácia de título
executivo extrajudicial. Vencido o ministro Edson Fachin (relator), que negou
provimento ao agravo, no que acompanhado pelos ministros Gilmar Mendes e Marco
Aurélio, por entender que condicionar a inserção no cadastro restritivo ao término na
tomada de contas especial significa estimular a inadimplência. A União notifica
previamente o ente federado sobre a irregularidade, e esse requisito é suficiente para
que se proceda ao cadastro. ACO 2892 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o
ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 11.9.2019. (ACO-2892) (Informativo
951, Plenário)

PROCESSO ARE 1151612 AgR/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em


19.11.2019. (ARE-1151612)

RAMO DO DIREITO DIREITO CONSTITUCIONAL

TEMA Competência

DESTAQUE

Foro de ajuizamento de ação contra a União

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR


O art. 109, § 2º, da Constituição Federal (CF) (1) encerra a possibilidade de a ação
contra a União ser proposta no domicílio do autor, no lugar em que ocorrido o ato ou
fato ou em que situada a coisa, na capital do estado-membro, ou ainda no Distrito
Federal. Com base nesse entendimento, a Segunda Turma negou provimento a agravo
regimental em recurso extraordinário com agravo no qual se discutiu o foro
competente para ajuizamento de demanda contra a União. No caso, a ação foi
proposta em decorrência de supostos fatos ocorridos nas terras da autora localizadas
no estado do Pará. O feito tramitou inicialmente em São Paulo, até o acolhimento da
exceção de incompetência e, em seguida, retornou para a Vara Federal deste estado.
O tribunal de origem, a partir do conjunto probatório dos autos, entendeu estar a
agravada sediada na cidade de São Paulo. O Colegiado considerou que, para concluir
de forma diversa do acórdão recorrido, seria necessário o reexame de fatos e provas,
procedimento incabível em recurso extraordinário. (1) CF: “Art. 109. Aos juízes federais
compete processar e julgar: (...) § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser
aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver
ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou,
ainda, no Distrito Federal.” ARE 1151612 AgR/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento
em 19.11.2019. (ARE-1151612) (Informativo 960, Segunda Turma)

PROCESSO RE 307108/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.


Alexandre de Moraes, julgamento em 12.11.2019.
RAMO DO DIREITO DIREITO FINANCEIRO

TEMA Dívida Pública

DESTAQUE

Dívida Pública Plano Real: Nota do Tesouro Nacional e índice de correção

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR


É constitucional o art. 38 (1) da Lei 8.880/1994, não importando a aplicação imediata
desse dispositivo violação do art. 5º, XXXVI (2), da Constituição Federal (CF). Com base
nesse entendimento, a Primeira Turma, em conclusão de julgamento e por maioria,
negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia a incidência da norma
de correção monetária prevista no art. 38 da Lei 8.880/1994 a negócio jurídico
formalizado antes da sua vigência (Informativo 904). No caso, as partes pactuaram
Notas do Tesouro Nacional (NTN), com vencimento em 1º.11.1994, fixando o Índice
Geral de Preços de Mercado (IGPM) como indexador de atualização do valor nominal.
O tribunal de origem, ao reformar a decisão do juízo, afastou o critério de correção
monetária determinado e consignou a aplicabilidade do art. 38 da Lei 8.880/1994,
norma superveniente. A Turma afirmou que o Plenário, ao julgar a ADPF 77, concluiu
pela constitucionalidade do referido dispositivo legal. Vencido o ministro Marco
Aurélio (relator), que deu provimento ao recurso para restabelecer o entendimento
contido na sentença, que utilizou o IGPM previsto na Lei 8.249/1991. Para o ministro,
se as NTNs foram contratadas de acordo com a legislação da época, tem-se como
configurado ato jurídico perfeito a revelar relação jurídica projetada no tempo. (1) Lei
8.880/1994: “Art. 38. O cálculo dos índices de correção monetária, no mês em que se
verificar a emissão do Real de que trata o art. 3º desta lei, bem como no mês
subseqüente, tomará por base preços em Real, o equivalente em URV dos preços em
cruzeiros reais, e os preços nominados ou convertidos em URV dos meses
imediatamente anteriores, segundo critérios estabelecidos em lei. Parágrafo Único.
Observado o disposto no parágrafo único do art. 7º, é nula de pleno direito e não
surtirá nenhum efeito a aplicação de índice, para fins de correção monetária, calculado
de forma diferente da estabelecida no caput deste artigo.” (2) CF: “Art. 5º: (...) XXXVI –
a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;” RE
307108/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 12.11.2019. (RE-307108) (Informativo 959, Primeira Turma)

BONS ESTUDOS!

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