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JURISDIÇÃO
CONCEITO
É a função atribuída a terceiro imparcial (que pode ser um juiz ou um árbitro) de realizar o direito de
modo imperativo e criativo, reconhecendo, efetivando e protegendo situações jurídicas concretamente
deduzidas, em decisão insuscetível de controle externo e com aptidão para tornar-se indiscutível

Jurisdição estatal

HETEROCOMPOSIÇÃO

Arbitragem (privada)

Conciliação

AUTOCOMPOSIÇÃO

Mediação

CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO
a) Inércia
- O juiz não pode instaurar um processo de ofício

- A jurisdição é tipicamente inerte. Ela não vai em busca do problema, é o problema que a procura

ATENÇÃO Não confunda instaurar o processo de ofício com agir de ofício. O juiz que personifica essa
atividade jurisdicional não pode instaurar o processo sem a petição inicial. Porém, uma vez instaurada a
relação processual, o juiz pode praticar diversos atos de ofício (exemplo: medidas cautelares).

b) Imparcialidade
- A atividade jurisdicional, seja por árbitro, seja por juiz, pressupõe a imparcialidade prestada por
alguém que não tenha interesse nem objetivo, nem subjetivo, na solução do conflito-

art. 144 (impedimento) Critério objetivo- Case se enquadre na situação, será impedido

c) Substitutividade
- substitutividade é a decisão e a vontade, não das partes, mas sim do juiz ou do árbitro, vontade essa
que substitui a vontade das partes.
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d) Definitividade
- O que for definido se tornará definitivo e lei entre as partes

Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o


mérito tem força de lei nos limites da questão principal
expressamente decidida.

Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as


quais é dada, não prejudicando terceiros

- O que o árbitro e o juiz decidirem se tornará um título executivo judicial e não poderá mais ser
atacado. A definitividade só se torna lei entre as partes do processo.

e) Unicidade e indivisibilidade
- A jurisdição é una e indivisível. O que se fraciona não é o poder em si, e sim a competência.

PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO
a) Inafastabilidade
- Não seria necessário se exaurir a fase administrativa ou extrajudicial para a busca da solução de uma
lesão ou ameaça de direito, conforme esse princípio.

Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça


ou lesão a direito.

b) Indelegabilidade
- Delegar é transferir para outra pessoa a responsabilidade.

- A jurisdição é indelegável.

Mas há exceções. Por exemplo, a expedição de cartas comporta atos de delegação, não
necessariamente o poder decisório, mas atos procedimentais (carta precatória)

Art. 236. Os atos processuais serão cumpridos por ordem


judicial.

§ 1º Será expedida carta para a prática de atos fora dos


limites territoriais do tribunal, da comarca, da seção ou da
subseção judiciárias, ressalvadas as hipóteses previstas em
lei.

Art. 237. Será expedida carta:


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I – de ordem, pelo tribunal, na hipótese do § 2º do art.


236”;

c) Indeclinabilidade
- O juiz não pode declinar de julgar um conflito, salvo quando ele for incompetente. Esse princípio evita
o non liquet, quando o processo fica sem solução

d) Territorialidade
- O juiz tem a sua jurisdição e exerce o seu poder dentro da sua competência territorial.

Exemplo: as decisões de um desembargador do TJ-PE não podem atingir outros estados, e sim apenas
Pernambuco. O mesmo vale para tribunais regionais (o TRF 1 terá poder apenas nos estados que
compreendem a sua área de atuação).

e) Juiz Natural
- O terceiro imparcial deve ser legalmente investido no cargo, sem a admissão de tribunais de exceção.

LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL


Esses limites têm relação em permitir que uma decisão estrangeira tenha validade em território
nacional.

A jurisdição costuma ser dividida em:

• Jurisdição contenciosa se houver lide, conflito

• Jurisdição voluntária quando não há conflito, em que as partes decidem a solução; nesse
caso, o juiz atua como um fiscal.

• Jurisdição cível toda matéria que não for Penal (const. Trib,...)

• Jurisdição criminal do Direito Penal.

• Jurisdição comum estadual e a federal

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• Jurisdição especial trabalhista, militar e eleitoral

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA BRASILEIRA


 Concorrente (art. 21/22)

 Exclusiva (art. 23)

- Caso um estrangeiro entre com uma ação no Brasil e uma no estrangeiro, em caso de competência
concorrente, não há litispendência.

- Pode ter litispendência se houver tratado ou acordo bilateral, conforme art. 24.

-Se a ação correr primeiro na Espanha e o autor ganhar, ele pode trazer o processo para o Brasil (via
homologação no STJ) e pedir a extinção no processo brasileiro, mas não por litispendência, e sim por
existência de coisa julgada

COMPETÊNCIA
Competência é o critério de distribuir entre os vários órgãos judiciários as atribuições relativas ao
desempenho da jurisdição (Prof. Humberto Theodoro Jr.).

Obs.: todo juiz tem jurisdição, todo juiz tem poder, mas nem todo o juiz tem poder para tudo. Os limites
dessa sua jurisdição são a sua competência.

- De acordo com o professor Athos Gusmão Carneiro, é a medida da jurisdição o

ATENÇÃO A própria lei, em alguns


A) ABSOLUTAS (art. 62)
Especializada casos, estabelece que há competência
- em razão da matéria M Comum fixada em razão do território e há
P J. federal competência
- em razão da pessoa J. Comum

F Tribunal Art. 47. Para as ações fundadas em


- em razão da função 1° grau
direito real sobre imóveis é competente
o foro de situação da coisa. (...)

B) RELATIVAS (art. 63) § 2º A ação possessória imobiliária será


proposta no foro de situação da coisa,
- em razão do território T cujo juízo tem competência absoluta
- em razão do valor fixadas em razão do valor que não
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podem ser modificadas por convenção
das partes
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INCOMPETÊNCIA

INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA INCOMPETÊNCIA RELATIVA


Interesse público Interesse particular
Direito indisponível Direito disponível
Deve ser reconhecida de ofício Não pode ser reconhecida de ofício (súmula
33/STJ)
Deve ser alegada como preliminar de Deve ser alegada como preliminar de
contestação (ou posteriormente por simples contestação (64)**
petição
Vício não sujeito à preclusão* (art. 966, II) Vício sujeito à prorrogação da comp. (65)
Reconhecida a incomp. os autos serão remetidos ao juízo competente (art. 64, § 3º)

Salvo decisão em contrário, os atos continuam produzindo efeitos (art. 64, § 4º)

Reconhecida da incompetência Juiz deve declinar da competência e remeter os autos ao juiz que
entende ser competente

- O juiz é competente para reconhecer sua incompetência (competência-competência, que vem do


direito alemão kompetenz kompetenz) Competência mínima para reconhecer a sua incompetência

- Tanto a incompetência absoluta como a incompetência relativa deverão ser arguidas pelo réu na
contestação/primeira oportunidade que tiver para falar nos autos (se for ação de conhecimento)

* Cumprimento de sentença impugnação ao cumprimento de sentença

* Processo de execução Embargos à execução

- A incompetência absoluta é um vício insuscetível de preclusão, portanto, deve ser alegada pela parte
na primeira oportunidade que tem para falar nos autos

ATENÇÃO Incompetência absoluta deve ser alegada na primeira oportunidade, pode ser alegada
depois por simples petição, a qualquer tempo e grau de JURISDIÇÃO ORDINÁRIA, pois na JURISDIÇÃO
EXTRAORDINÁRIA a madeira de incompetência absoluta mesmo sendo cognoscível de oficio, não
dispensa o requisito do prequestionamento

Se a parte que deveria falar, como preliminar à contestação, dentro dos embargos da execução ou
dentro da impugnação com o cumprimento de sentença, não fala sobre a incompetência absoluta, como
a matéria é cognoscível de ofício, mesmo não alegado na primeira oportunidade, a incompetência
absoluta poderá ser alegada posteriormente

Desse modo, o vício, inclusive, transcende a formação da coisa julgada (prazo bienal de dois anos para
promover uma ação rescisória, para desconstituir a decisão proferida por um juiz absolutamente
incompetente).
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Exceção à Súmula n. 33 do STJ Para essas situações em que há abusividade na cláusula de eleição
de foro, o STJ entende que o juiz pode não só reconhecer, com base no CDC, a abusividade da cláusula
de eleição de foro, como também, nesses casos, pode declinar de sua competência e remeter os autos
para o juiz competente.

Quem pode ser alegar a incompetência réu

- Observar alegação nas execuções (art. 525, §1º, V e art. 917, V).

Prorrogação de competência O juiz que era incompetente se torna competente pela inercia de quem
tinha que alegar (só ocorre na relativa)

Art. 340 Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio
do réu...

PERPETUATIO JURISDICTIONIS
- Art. 43

- Quando se propõe uma ação que verse sobre direito obrigacional (um contrato, por exemplo), essa
ação tem que ser proposta, via de regra, no foro de domicílio do réu. Quando a ação for distribuída, o
critério de endereçamento da petição é o domicílio do réu.

- Caso o réu se mude no curso da ação, não é possível fazer a redistribuição do feito, por conta do
princípio da perpetuatio jurisdictionis.

Livre distribuição Quando há vários juízos competentes

Registro Quando há apenas 1 juízo competente (fixação da competência)

Regra Princípio da perpetuatio jurisdictionis (ocorre no momento da distribuição/registro)

- Supressão do órgão judiciário (os processos devem ser redistribuídos)


Exceção - Matéria

- Alteração de competência absoluta - Pessoa

- função

- Há uma linha jurisprudencial do STJ mitigando a perpetuatio jurisdictionis quando for para beneficiar
menor
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COMPETÊNCIA NO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA


I – os tribunais, nas causas de sua competência
originária;
Art. 516. O cumprimento da II – o juízo que decidiu a causa no primeiro
sentença efetuar-se-á perante: grau de jurisdição;

III – o juízo cível competente, quando se tratar


de sentença penal condenatória, de sentença

- pelo juízo do atual domicílio do executado


Parágrafo único. Nas hipóteses dos - pelo juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à
incisos II e III, o exequente poderá execução ou
optar:
- pelo juízo do local onde deva ser executada a obrigação de
fazer ou de não fazer

Indaga-se: iniciado o cumprimento de sentença no juízo que proferiu a sentença, no curso do


cumprimento, a redistribuição pode ser requerida nos termos do art. 516, parágrafo único?

Julgado da 3ª Turma do STJ, abaixo transcrito.


Ementa: “(...) 6. Como essa opção é uma prerrogativa do credor, ao juiz não será lícito indeferir o pedido se este vier
acompanhado da prova de que o domicílio do executado, o lugar dos bens ou o lugar do cumprimento da obrigação é
em foro diverso de onde decidida a causa originária. 7. Com efeito, a lei não impõe qualquer outra exigência ao
exequente quando for optar pelo foro de processamento do cumprimento de sentença, tampouco dispondo acerca do
momento em que o pedido de remessa dos autos deve ser feito – se antes de iniciada a execução ou se ele pode
ocorrer incidentalmente ao seu processamento. 8. Certo é que, se o escopo da norma é realmente viabilizar a
efetividade da pretensão executiva, não há justificativa para se admitir entraves ao pedido de processamento do
cumprimento de sentença no foro de opção do exequente, ainda que o mesmo já tenha se iniciado”. REsp. n. 1.776.382
– MT. Relatora: Ministra Nancy Andrighi. DJe: 05/12/2019.

- Dessa forma, o STJ determina que o juiz não pode indeferir o requerimento de redistribuição do feito
para outra comarca, se houver indícios de incidência do parágrafo único do art. 516. O juiz deve deferir
o pedido, pois se trata de prerrogativa do credor

MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA (art. 54 e ss.)


A modificação da competência pode ocorrer por:

Obs.: O efeito da conexão/continência


1 • Conexão: consiste na reunião de processos
a) Definição: critério de semelhança entre processos.

b) Efeito: possibilidade de reunião de processos.

- Menos semelhança (menos ampla)


• Partes;
– Mesma causa de pedir; ou
Elementos da ação • Causa de pedir;
– Mesmo pedido.
• Pedido
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2 • Continência:
 Semelhança entre ações

- Mais semelhança entre as ações (mais ampla)

– Mesmas partes;

– Mesma causa de pedir;

– Pedido de uma, por ser mais amplo, abrange os demais.

Obs.: não se pode confundir “continência” com “litispendência”.

Quando houver semelhança total – mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido – trata-se
de litispendência (as ações ainda estão em curso) ou coisa julgada (quando uma das ações já tiver
formado coisa julgada).

A litispendência gera a extinção sem resolução de mérito da segunda ação, nos termos do art. 485,
inciso V do CPC. Essa sentença será sem resolução do mérito, pois:

• No caso de litispendência, será analisado o mérito na primeira ação;

• No caso da coisa julgada, o mérito já foi julgado no processo que transitou em julgado, não podendo
ser violado.

Semelhança entre ações: Ações idênticas:


• Conexão ou • Litispendência.

• Continência • Coisa julgada.

- Pode haver a reunião das - Extinção da segunda ação, sem resolução do


ações. mérito (art. 485, inciso V).

Súmula n. 235 do STJ, “A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado”.
Assim, não ocorrerá a reunião dos processos se uma das ações conexas já houver sido sentenciada.

- Nesse caso, não haverá reunião desses processos, pois já houve sentença em um dos
processos. As ações continuam sendo conexas, apenas não haverá reunião dos processos

- A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento (art. 58)

O registro ou a distribuição da
petição inicial torna prevento o
juízo (art. 59)

- Quando primeiro for distribuída a causa continente e, após, a causa contida. Nesse caso, não haverá
reunião por continência, e a causa “contida” deve ser extinta sem resolução do mérito.

- Quando primeiro for distribuída a causa contida (pedido menor) e, após, a causa continente (pedido
mais amplo), as ações devem ser reunidas.
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Onde deve ser alegada?

- A conexão/continência deve ser alegada na preliminar de contestação.

- A conexão/continência pode ser reconhecida de ofício, art. 337, § 5º, a contrario sensu

-Embora os processos tenham a mesma origem, não haverá reunião, pois são competências em razão da
matéria (competência absoluta).

- Essa competência não pode ser alterada em razão de conexão.

- Desta forma, em competência absoluta (matéria, pessoa e função) não há alteração por conexão e
continência.

3 • Foro de Eleição;

4 • Alegação de incompetência;

5• Prevenção.

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL


- É uma competência constitucional e taxativa conforme consta no art. 108 e no art. 109

- A maior parte da doutrina, portanto, entende que esta competência não pode ser ampliada por
legislação infraconstitucional.

- A competência da justiça federal é, preponderantemente, fixada em razão da pessoa

- Deve-se entender pessoa como a presença da União e demais entes federais num dos polos da relação
processual.

- A justiça federal é classificada como jurisdição comum e não jurisdição especializada. As jurisdições
especializadas são as seguintes:

* Trabalhista

* Militar

* Eleitoral.

- Empresas públicas federais: os correios, a caixa econômica federal etc.

- Entidades autárquicas: o INSS, UFPE etc.


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- Entidades reguladoras (consideradas autarquias federais): ANEEL, ANS,ANVISA etc.

- Conselhos de fiscalização profissional (são tidos como autarquias federais): CRM, CREA, OAB etc.

Súmula n. 42 do STJ As sociedades de economia mista (Banco do Brasil; Petrobras etc.), porém, estão
fora da jurisdição da competência federal

Súmula n. 556 do STF cabe à justiça comum julgar os casos envolvendo as sociedades de economia
mista.

- Ainda, considerando o texto do art. 109 da CF, entende-se que a ação originária pode até mesmo não
ser diretamente direcionada a um ente federal, mas a União pode, se quiser, ingressar na ação na
qualidade de assistente ou de oponente, fazendo assim com que o processo seja deslocado para a
justiça federal.

Observar a exceção do amicus curi (amigo da corte – modalidade de intervenção de terceiros):

- Quando o ente federal for chamado ao processo na condição de amicus curi, o processo não será
levado à Justiça Federal, pois a intervenção do amicus curi não altera a competência, conforme consta
no art. 138 do CPC/2015.

Art. 45. Tramitando o processo perante outro juízo, I - de recuperação judicial, falência, insolvência civil
os autos serão remetidos ao juízo federal competente se e acidente de trabalho;
nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades
autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de II - sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro
interveniente, exceto as ações:

COMPETÊNCIA FEDERAL DELEGADA


- Em alguns casos, um juiz de direito pode julgar demandas que envolvam a presença de um ente
federal; por exemplo, nas causas de natureza previdenciária.

- . Conforme o art. 109 da CF, 3° parágrafo, a Lei poderá autorizar que as causas de competência da
Justiça Federal em que forem parte instituição de previdência social e segurado possam ser processadas
e julgadas na justiça estadual quando a comarca do domicílio do segurado não for sede de vara federal

COMPETÊNCIA TERRITORIAL (art. 46 e 47)


Regra uma competência relativa
Exceção uma competência territorial absoluta, que impede que a competência seja modificada,
mesmo sendo ela de caráter territorial. art. 47, § 2
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A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis

Proposta, em regra, no foro de


domicílio do réu

Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente foro de situação da coisa

PEGADINHA DA BANCA É possível, em alguns casos, que competências relativas a bens imóveis sejam
relativas, e não absolutas, como prevê o art. 47, § 1º, por meio da expressão “o autor pode optar pelo
foro...”

Súmula n. 11 do STJ: “A presença da União ou de qualquer de seus entes, na ação de usucapião especial,
não afasta a competência do foro da situação do imóvel.”

A usucapião extraordinária ou ordinária requer que a ação seja deslocada para a Justiça Federal.

Por outro lado, a usucapião especial requer que a ação remanesça na Justiça Estadual, ainda que haja a
presença da União.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA
Os conflitos de competência podem assim ser divididos (espécies de conflito):

• Positivo Quando dois ou mais juízes se declaram competentes


• Negativo Quando dois ou mais juízes se declaram incompetentes

Órgãos competentes em julgar o conflito

• STJ julga conflito entre: juiz federal x juiz de direito.


• STJ julga conflito entre: juiz federal x juiz federal, ambos de regiões distintas.

• TRF julga conflito entre: juiz federal x juiz federal, ambos de mesma região.

• STJ julga conflito entre: juiz do trabalho x juiz de direito.

• TJ julga conflito entre: juiz de direito x juiz de direito (ex.: juízes do TJRJ, sendo um do Rio de Janeiro e
outro de Niterói).

• STF julga conflito entre: TST x TRF.

• STJ julga conflito entre: TJ x TJ.

• STJ julga conflito entre: TRF x TJ.

• STJ julga conflito entre: justiça do trabalho x TRF.

Súmula 428 do STJ: Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre
juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária
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Súmula 3 do STJ: Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência verificado, na
respectiva região, entre juiz federal e juiz estadual investido em jurisdição federal.

Súmula 22 do STJ: Não há conflito de competência entre o Tribunal de Justiça e Tribunal de Alçada do
mesmo Estado-membro.

- das partes

Art. 951. O conflito de competência pode ser suscitado por qualquer: - pelo Ministério Público

- pelo juiz

Em conflito de competência, o Ministério Público pode ser o órgão suscitante. Não suscitando o conflito,
o Ministério Público não estará como parte. Além disso, quando não for parte, o MP somente será
ouvido nos casos em que houver interesse do MP

• Juiz – de ofício

São as pessoas que podem suscitar o conflito: • Ministério Público – por meio de petição;

• Próprias partes do processo – por meio de


petição.

- o Relator no STJ poderá determinar a suspensão (sobrestamento)

- Em caso de urgência Relator designara um dos juízes para resolver em caráter provisório

Art. 957.- Às vezes, o conflito se instaura entre dois juízes, que estão em conflitos, e o tribunal pode
muito bem entender que há competência de um terceiro juiz
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- O conflito poderá ser julgado liminarmente, quando a questão estiver pacificada, quando houver
súmula do STF, do STJ, do próprio tribunal, IRDR e IAC.

COOPERAÇÃO JUDICIÁRIA
Cooperação Nacional
A cooperação judiciária pode ser estabelecida a partir de uma solicitação, de uma delegação ou de um
concerto.

- Solicitação: tem por objetivo a prática de um ou alguns atos determinados. Ela é solicitada de forma
simples e deve ser atendida prontamente (carta precatória, por exemplo)

- Cooperação: Se da por delegação ocorre quando um órgão jurisdicional transfere a outro, a ele
vinculado, competência para a prática de um ou alguns atos (a carta de ordem, por exemplo).

- Ato concertado: tem por objetivo a disciplina de uma série de atos indeterminados, regulando uma
relação permanente entre os juízos cooperantes.

Ação
Conceito
É o direito fundamental composto por um conjunto de situações jurídicas, que garantem ao seu titular o
poder de acessar os tribunais e exigir deles uma tutela jurisdicional adequada, tempestiva e efetiva.

Processo nada mais é do que o instrumento de composição de conflitos de interesse.

Lide conflito de interesses por uma pretensão resistida

- a jurisdição não vai instaurar um processo de ofício, já que uma das características da atividade
jurisdicional é a inércia. Então, precisamos provocar a atividade jurisdicional para que ela instaure o
processo para resolver a lide. O objetivo da ação é funcionar como um instrumento de provocação da
jurisdição para que, através dela, se instaure um processo com o objetivo de resolver a lide.

CPC/2015:
- Interesse
Condições/requisitos/pressuposto subjetivo da ação (art. 17)
- legitimidade.
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- A possibilidade jurídica do pedido não aparece mais como condição

- Quando esse processo é extinto, porque o pedido é impossível, há uma sentença sem resolução do
mérito. Se há sentença sem resolução de mérito, a ação normalmente pode ser reproposta, de acordo
com o art. 486, caput

- A falta de legitimidade e a falta de interesse conduzem à decisão sem mérito

- Para repropor a ação, será necessário corrigir o vício que gerou a extinção anterior, art. 486, § 1º.

- Se, no caso concreto, essa correção gerou mudança de ação e não há interesse, cabe ação rescisória
contra decisões que não apreciaram o mérito, mas que estejam impedindo a repropositura da ação, de
acordo com o art. 966, § 2º.

- Para parte da doutrina, a possibilidade está contida dentro do interesse.

- Para outra parte da doutrina, a possibilidade virou o mérito. Portanto, se o pedido é impossível, ele
deve ser julgado improcedente, ex.: pedido de cobrança de dívida de jogo.

- O autor, para postular em juízo, na petição inicial, deverá demonstrar a legitimidade de interesse, e o
réu, na contestação? Na verdade, essa exigência deverá ser dada durante todo o processo

- O art. 17, não limita as partes da ação a autor e réu.

Ex.: a sogra pediu judicialmente a separação de seu filho e de sua nora. Ela agiu em nome próprio
pleiteando direito alheio, dos cônjuges. Nesse caso, o ordenamento jurídico não autoriza essa
legitimação. Como isso não é possível, o juiz vai extinguir o processo sem resolução de mérito, por
falta de legitimidade. De acordo com o art. 486, §1º, para repropor a ação é necessário corrigir o vício
que causou a extinção da ação anterior. O vício que causou essa extinção foi a falta de legitimidade
para entrar com a ação
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Substituição Processual
Quando falamos da legitimidade extraordinária, temos a figura da substituição processual. Alguns
autores distinguem legitimação extraordinária da substituição processual. Para o professor, as duas
coisas são sinônimas, bem como para Fredie Didier.

Classificação das Ações

- No caso da ação de conhecimento, não sabemos quem está com o direito. Temos uma tese
apresentada pelo autor da petição inicial e a antítese apresentada pelo réu na contestação, a produção
de prova se depois o juiz analisará o caso para proferir a sentença, na qual ele declarará a sua síntese.
Na síntese, o juiz resolve a lide. Como as partes não chegaram a um consenso, a vontade do juiz vai
substituir a vontade das partes. Essa decisão se torna lei entre as partes, de acordo com o art. 506 do
CPC.

-Quando entramos com ação executiva, normalmente associada a títulos executivos extrajudiciais, a
atividade do juiz é voltada para forçar o cumprimento de obrigações, como a penhora, multa, busca e
apreensão etc., ou seja, medidas coercitivas para compelir a parte a realizar a decisão judicial.

Classificação das Ações


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Elementos das Ações


1) Partes (art. 319, II)

2) Causa de pedir (art. 319, III)

3) Pedido (art. 319, IV)

1) Partes (art. 319, II) – Normalmente, as partes de um processo são o autor e o réu

2) Causa de pedir (art. 319, III) – Divide-se em:


a. remota: Fato constitutivo

b. próxima: Relação jurídica violada/que se deseja reconhecer

3) Pedido (art. 319, IV) – O pedido deve ser:


a. imediato: o é o pedido de tutela jurisdicional pedido contra o Estado

b. mediato: o é feito contra o réu, é o bem da vida


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- Na petição inicial, o primeiro pedido é feito ao Estado para que julgue o pedido procedente. Depois
que esse pedido é feito, pede-se a tutela jurisdicional para que o réu seja condenado a fazer algo, é o
pedido mediato. Para chegar na condenação do réu, o juiz terá que primeiro julgar o pedido procedente

- O Código veda a repetição de ações iguais. Se ocorrer a repetição de ações, a segunda ação deverá ser
extinta.

Repetição de Ações
1. Litispendência(art. 337, §1°)
- repete-se a ação quando existe ainda outra ação em curso.

- Pode ser reconhecida de ofício

- Extinção da 2° ação sem resolução de mérito, para que o mérito seja definido na 1° ação (art. 485, V)

2. Coisa julgada:
- repete-se a ação quando já existe outra ação igual julgada.

- A coisa julgada é uma imunização que impede que a questão seja rediscutida, proposta novamente.

- Para essa ação que está sendo repetida, deve-se proferir sentença de extinção do processo também s/
resolução de mérito, justamente para preservar o mérito que já foi julgado na ação anterior (art. 485, V)

Conflito entre Coisas Julgadas


Se houver conflito entre coisas julgadas, a ação rescisória pode ter por objeto a desconstituição de uma
segunda coisa julgada, de acordo com o art. 966, IV.

Enquanto não for desconstituída a segunda coisa julgada, qual das duas produzirá efeitos?

Nessa situação, entendimento inclusive adotado pela corte majoritária do STJ, é a segunda coisa julgada
que produzirá efeitos. A decisão mais recente substitui a anterior.

Com decisão da corte especial, houve uma segunda discussão. Se transcorrer o prazo da ação rescisória
sem que nada seja feito, a segunda decisão passa a ser a decisão válida.

Processo
Considerando a trilogia estrutural do processo, se está diante de uma lide (conflito) em que não se pode
valer da força física ou da autotutela para que ela seja composta (salvo em situações que a lei
expressamente autoriza, como a legítima defesa), sendo necessária uma atividade substitutiva de
alguém que possa resolver o conflito, que pode ser a arbitragem (no âmbito privado) ou o próprio Poder
Judiciário (jurisdição estatal). A jurisdição precisa ser provocada pela ação, que resultará na instauração
de um processo pelo juiz, o qual, por meio do exercício da defesa, terá por objetivo resolver a lide. Esse
processo é chamado de trilogia (ou quadrilogia) estrutural do processo.
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• Ação: direito subjetivo de exigir do Estado que ele cumpra a sua função constitucional de resolver o
conflito;

• Jurisdição: poder Estatal de aplicar o direito material aos casos concretos;


• Processo: instrumento de composição dos conflitos.

Conceito
O Prof. Fredie Didier conceitua o processo como método de criação de normas jurídicas, ato jurídico
complexo (procedimento) e relação jurídica.

Para o Prof. Renato Montans, processo constitui um método de atuação do Poder Judiciário para o
exercício das atividades jurisdicionais em que participam sujeitos interessados (partes, juiz, auxiliares
etc.) com o objetivo de solução de uma determinada situação jurídica (a lide, por exemplo).

Características da relação processual

Espécies de procedimento
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O processo não pode ser confundido com o procedimento! O termo “processo” corresponde ao todo,
sua ciência, estrutura e a forma de se pensar, enquanto “procedimento” é a sistematização de atos com
um fim, sendo semelhante a um mapa que apresenta um passo a passo para que se chegue a uma
conclusão.

Pressupostos processuais
- Para que o processo se desenvolva, há a necessidade de preenchimento dos pressupostos processuais,
que não se confundem com as chamadas condições da ação. A lógica atribuída a eles é a de que sirvam
enquanto uma forma de verificação para que se saiba se é possível ou não percorrer o trajeto do
processo
20

Capacidade
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para
estar em juízo.

Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador,
na forma da lei.

- Por exemplo: um menor de idade, ainda que tenha capacidade para ser parte (considerando a
capacidade de direito), não possuirá a capacidade de exercício, que é a capacidade processual para
desenvolver a ação, surgindo daí a necessidade de representação pelos pais, tutor ou curador

- Caso não preenchido um dos pressupostos processuais, a extinção do processo não se dará por falta de
legitimidade ou interesse.

- Nos casos de pessoas jurídicas, ainda que possuam capacidade, elas deverão ser presentadas em juízo.
As pessoas jurídicas não são representadas por outros (visto que não são incapazes), na verdade, há a
necessidade que se façam presentes no mundo real, o que configura a presentação, se fazendo presente
na pessoa de alguém (um dos sócios, represente legal etc.). (art. 75, CC)

Obs.: o inventariante dativo é um indivíduo nomeado pelo juiz para a administração de um inventário
em que os interessados apresentam conflitos de interesse ou não conseguem chegar a um termo
comum.

Obs.: uma sociedade de fato (irregular) não poderá alegar a sua própria irregularidade enquanto
excludente de responsabilidade.

SUJEITOS PROCESSUAIS
ATENÇÃO para não confundir os SUJEITOS com os PRESSUPOSTOS da relação processual para que esta
se desenvolva se forma válida e existente ATENÇÃO para não confundir os SUJEITOS com os
PRESSUPOSTOS da relação processual para que esta se desenvolva se forma válida e existente

1. assistência ( art.119 ao art.124)

2. denunciação da lide (art. 125 ao


art. 129)
* Partes 3. chamamento ao processo ( art.
Interessados
130 ao art. 132)
* terceiros intervenientes
• Sujeitos
4. incidente de desconsideração da
principais personalidade jurídica (art. 133 ao
. Desinteressados * juiz (art. 139-143)
art. 137).

5. amicus curiae (art.138)

Classificação - Auxiliares de justiça (art. 149 ao 175)


dos sujeitos
21

• Sujeitos secundários.

* particular
- Advogado
* público

• Sujeitos especiais (sui generis). - MP

- Defensoria pública

LITISCONSÓRCIO
a pluralidade de partes. Havendo dois ou mais autores, dois ou mais réus, trata-se de um litisconsórcio
ativo e passivo, respectivamente
22

- O litisconsórcio necessário não pode ser limitado, apenas o facultativo

- O juiz pode fazer isso quando:

a. o número de participantes no polo ativo ou no polo passivo


estiver comprometendo a rápida solução do litígio

b. dificultando a defesa ou

c. o cumprimento da sentença.

Essa possibilidade de divisão é denominada litisconsórcio multitudinário, o litisconsórcio da multidão,


que pode dificultar o andamento.

Essa limitação pode ocorrer na fase de:

a. conhecimento

b. na liquidação de sentença ou

c. na execução.
23

- Não quer dizer que todo litisconsórcio unitário é necessário: normalmente, o unitário torna o
litisconsórcio necessário. Na maioria das vezes, a unitariedade do litisconsórcio o torna necessário.

- Há exemplo de litisconsórcio unitário e facultativo (art. 1316 do CC), mas o litisconsórcio, sendo
unitário, a relação sendo indivisível, todos os litisconsortes devem ser citados porque a decisão para
produzir efeito necessita que todos tenham tomado conhecimento da existência do processo.

- Há casos em que a relação não é unitária e, mesmo assim, o juiz manda citar, como no caso da
usucapião.

- A usucapião é uma ação de litisconsórcio necessário passivo, que não é unitário.

Sentença sem
resolução de mérito

No litisconsórcio necessário é obrigatória a citação de todos os litisconsortes sob pena de – se o


processo prosseguir e for proferida a sentença, uma decisão de mérito, com a falta de um dos
litisconsortes – surgir um problema. Essa decisão de mérito é nula, não produz efeitos para ninguém ou
ela é apenas ineficaz em relação a esse terceiro que não participou do processo e, eventualmente, foi
prejudicado?

Depende. O litisconsórcio pode ser dividido em unitário ou simples.

- Se o litisconsórcio for unitário, a relação que os une é indivisível – se a relação que os une é indivisível,
ele devia ter participado de todo o processo porque poderá ter sofrido, por exemplo, cerceamento da
sua defesa.

- Justamente por isso, o Código estabelece que se o litisconsórcio necessário for unitário, a decisão será
nula se ela foi proferida com a falta de um dos litisconsortes necessários.

Se esse litisconsórcio for simples, como no exemplo da Usucapião, a decisão é válida para quem
participou do processo, mas será ineficaz para aquele que não foi citado (artigo 115, incisos I e II do
CPC).

LITISCONSÓRCIO ATIVO NECESSÁRIO?


24

No litisconsórcio necessário, não é obrigatória a presença da parte. É obrigatória a citação para que ela
tenha ciência da existência do processo: se virá ou não para o processo, se ficará no polo ativo, em
nenhum polo, se migrará para o polo passivo, será uma opção desse litisconsorte ulterior que está
sendo chamado para o processo.

LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO E SIMPLES


O litisconsórcio unitário é aquele no qual, pela natureza da relação jurídica que une as partes, o juiz, na
hora de analisar aquela relação jurídica, decide de forma contrária entre as partes.

Num exemplo citado anteriormente acerca da nulificação do casamento, na relação jurídica


“casamento”, que unia João e Maria (ela, supostamente com 11 anos de idade – não possuía idade
nupcial), é possível apenas “descasar” Maria? A relação jurídica seria nula para Maria e válida para João?

Não haveria qualquer sentido, ou seja, essa relação jurídica é unitária e a unitariedade está associada à
indivisibilidade: a solução jurídica não é passível de cisão, deve ser igual para os dois

- A unitariedade é o que não permite a divisibilidade da solução daquela relação jurídica

Todos os litisconsortes ganharam, todos os litisconsortes perderam – este é um litisconsórcio


unitário?

Não necessariamente porque o que torna o litisconsórcio unitário não é que todos ganharam ou
que todos perderam, mas é aquela relação jurídica que não poderia ser decidida entre os
litisconsortes de forma diversa.

Por pura casuística, por puro acaso, todos podem ter vencido sem que isso signifique que a
relação era unitária, pode ser um litisconsórcio simples em que todos ganharam.

No litisconsórcio simples, perante natureza da relação jurídica, o juiz pode decidir o mérito de MODO
DIVERSO entre os litisconsortes (a relação é divisível).

O litisconsórcio será unitário quando o juiz tiver que decidir a relação jurídica de modo uniforme (a
relação é indivisível).

Como serão vistos estes litisconsortes em relação à parte adversa?

A relação que une dois litisconsortes é divisível ou indivisível?

A relação ser unitária ou indivisível, estatisticamente, é exceção, normalmente as relações


jurídicas são divisíveis e, sendo divisíveis, o normal é se deparar com litisconsórcios simples.

Há casos em que a relação jurídica é indivisível e, nestes casos, o mesmo fato pode gerar pedidos
divisíveis ou indivisíveis.

Em uma relação de solidariedade, a obrigação pode ser vista sob uma perspectiva simples ou sob
uma perspectiva unitária

Por exemplo: a relação que une dois litisconsortes é simples, divisível, o ato praticado por um,
necessariamente atingirá o outro? Via de regra, os litisconsortes em relação ao adversário serão
vistos como litigantes distintos, portanto, o ato praticado por um, não necessariamente,
prejudicará ou beneficiará o outro
25

Se o litisconsórcio for simples o ato praticado por um, não necessariamente beneficiará o outro, mas
poderá beneficiar.

Se o litisconsórcio for unitário a relação que os une é indivisível e a relação jurídica é tão interligada
que, o que um fizer, atingirá o outro.

Se o que foi apresentado na contestação da relação jurídica é simples – não necessariamente a tese
apresentada, por exemplo, numa ação de cobrança disjuntiva a alegação da obrigação ter sido paga –,
nem sempre beneficiará o outro.

Se o litisconsórcio for unitário, provavelmente toda a resistência fática apresentada por B, beneficiará C
porque a relação é indivisível.

Pode beneficiar

Simples

Não pode prejudicar

Litisconsórcio

Pode beneficiar

Unitário

Não pode prejudicar

RELAÇÃO LITISCONSORCIAL
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:

I – havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os
litisconsortes.

Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando
terceiros.

Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se
distintos ou opostos os seus interesses.

Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor


aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns

CARACTERÍSTICAS

1. Serão vistos como litigantes distintos. O ato praticado por um não prejudicará, mas poderá beneficiar.
2. Possibilidade de prazos em dobro (art. 229 do CPC).

3. Contagem dos prazos para litisconsortes


26

Obs.: exceções (art. 915, § 3º, 683...) – art. 525, § 3º.

- Para ocorrer dobra de prazo não basta a existência de litisconsórcio

Por essa razão, para incidir a dobra do prazo não basta haver litisconsórcio com diferentes
procuradores, a lei tem mais exigências (art. 229):

• Ser litisconsórcio.

• Diferentes procuradores.

• Escritórios de advocacia distintos.

• Processo em autos não eletrônicos

A Fazenda Pública tem dobra de prazo porque, muitas vezes, o procurador recebe aquele processo e
não sabe de nada do que aconteceu: precisa buscar, dentro do órgão público, documentos, e é
necessário dobrar o prazo porque existe uma dificuldade burocrática de tramitação.

Exceção
Além da exceção de que os autos não podem ser eletrônicos, há situações em que são preenchidos os 4
requisitos e, mesmo assim, não haverá dobra do prazo.

3 dias
para pgto
Distribuição Despacho; cite-se Citação
(art. 829)

Titulo
executivo
extrajudicial 15 dias A contar da citação para
opor embargos à execução

Esse prazo não


dobra (art. 915)

PRAZOS DE DEFESA DOS LITISCONSORTES


PI → distribuição → despacho (citação) → audiência de conciliação ou mediação (autocomposição) →
contestação

- Se a audiência de autocomposição for frustrada, é aberto o prazo para oferecimento da contestação,


conforme art. 335, I, do CPC.
27

- Havendo petições protocoladas por réus distintos para que não haja audiência, o desinteresse deve ser
de todos os litisconsortes. Demonstrado o desinteresse de todos os litisconsortes, o prazo correrá a
partir da respectiva manifestação, isto é, a abertura do prazo para B e C será diferente, pois abrirá a
partir de cada protocolo em vez de abrir simultaneamente (art. 335, 1 °)

- Se houver litisconsórcio, o desinteresse deve ser demonstrado por todos, conforme inteligência do art.
334, § 6º, do CPC.

- Existem casos em que o Direito não admite a autocomposição. Nesses casos, não haverá audiência.
Portanto, as partes são citadas para integrar a lide e intimadas para oferecer contestação.

- A citação é feita para apresentação da contestação e pode ser feita de várias formas. Conforme art.
335, III, do CPC, o prazo varia de acordo com a forma da citação

- Se o réu B é citado por AR no dia 25 de março e o réu C é citado no dia 5 de março, a juntada do AR é
feita em dias diferentes. Nesse caso, como há litisconsórcio, o prazo para contestar começa na última
das datas, conforme art. 335, § 1º, do CPC
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:

I – a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a


intimação for pelo correio;

(…)

§ 1º Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar


corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput.

§ 2º Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente

RELEMBRANDO

Na hipótese em que os réus vão para a audiência de autocomposição, o prazo para contestação é aberto
simultaneamente a partir da frustração da audiência.

Na hipótese do art. 335, § 1º – na qual o Direito admite a autocomposição, mas não haverá audiência,
pois todas as partes não querem a audiência –, o prazo abre individualmente para cada litisconsorte a
partir do seu respectivo protocolo.

Na hipótese em que o Direito não admite autocomposição, não há audiência. Nesse caso, os réus serão
citados para oferecer contestação. Havendo citação em momentos distintos, no litisconsórcio, o prazo
abrirá a partir da data da última citação, para oportunizar aos réus a possibilidade de agir em conjunto,
isto é, de constituir o mesmo advogado

 O § 1º do art. 231 não se aplica aos Embargos à Execução. Portanto, deve ser observada a
exceção trazida pelo art. 915, § 1º, do CPC.
CPC, art. 335. (…)

§ 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso II, havendo litisconsórcio passivo
e o autor desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta
correrá da data de intimação da decisão que homologar a desistência.
28

A colocou no polo passivo B, C e D. A situação é uma das hipóteses em que o Direito não admite a
autocomposição. Foi possível citar B e C, mas D não foi citado porque o AR voltou e D não foi
encontrado no novo endereço indicado. Não é caso de litisconsórcio necessário, no qual a falta de um
litisconsorte poderá tornar a decisão nula e ineficaz.

Nesse caso, o autor pode prosseguir apenas contra B e C. O prazo da contestação correrá para todos a
partir da citação do último. Quando o autor faz a petição manifestando a desistência de prosseguir
contra D e o juiz homologa a desistência, B e C devem ser intimados da decisão e o prazo para contestar
será aberto da data da decisão da homologação da desistência de prosseguir contra D.

Os prazos posteriores para os litisconsortes correrão da intimação do último ou da respectiva


intimação?

Para o prazo inicial de defesa é que o começo do prazo começará a contar apenas da última
citação. Os demais prazos, porém, são contados individualmente, isto é, da intimação do
litisconsorte (art. 231, §2°)

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
O CPC/2015 trata das intervenções de terceiros a partir do art. 119 e traz:

1. Assistência: passa a ser tratada, oficialmente, como modalidade


de intervenção de terceiros;
2. Denunciação da lide;
Intervenção de terceiros
3. Chamamento ao processo;
4. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica;
5. Amicus curiae.

Terceiro
- É terceiro aquele que não for parte originária do processo

Regra: Para que o terceiro ingresse no processo, há necessidade de demonstração de interesse jurídico

Exceção: Há modalidades de intervenção de terceiros em que é possível o ingresso mesmo sem


demonstrar o interesse jurídico, a exemplo do amicus curiae e da intervenção anômala da União (art. 5º,
parágrafo único, da Lei n. 9.467/1997).

As intervenções de terceiros são possíveis em atividades executivas?

há modalidades de intervenção de terceiro que só ocorrem no processo de conhecimento (denunciação


da lide e chamamento ao processo), mas pode haver intervenções de terceiros ocorrendo na execução
(incidente de desconsideração da personalidade jurídica).
29

ASSISTÊNCIA (art. 119-124)


Simples

Espécies de assistência

Litisconsorcial

- A assistência pode ocorrer a qualquer tempo, em qualquer grau de jurisdição e em qualquer


procedimento. O assistente recebe o processo no estado em que este se encontrar

- Intervenção espontânea, facultativa.

Assistência litisconsorcial
-Se há relação jurídica entre o adversário do assistente e o assistente

A pretensão material discutida pertence ao assistente e ao assistido

O assistente será tido como litisconsorte da parte

Pode praticar atos de disposição pois o direito é dele, mas o que prejudicar não atinge os demais

Atingido pela coisa julgada, pois é parte do processo

Assistência simples
Já se não há relação jurídica entre adversário do assistente e o assistente

A pretensão material discutida pertence a parte assistida e não à assistente

Assistente é tido como auxiliar da parte

Assistente não pode praticar atos de disposição, pois o direito não é dele

Não será atingido pela coisa julgada, mas o assistente ficará impossibilitado de rediscutir a justiça
da decisão

Art. 94. Se o assistido for vencido, o assistente será condenado ao pagamento das custas em proporção à atividade
que houver exercício no processo.

Se a assistência for litisconsorcial, o rateio se dá nas custas e honorários. Se a assistência for simples,
não se dará rateio dos honorários, mas haverá incidência do rateio das custas nos termos do art. 94

DENUNCIAÇÃO DA LIDE (art. 125-129)


Denunciação nada mais é do que uma lide regressiva que é resolvida paralelamente à ação principal, em
que o denunciante tenta reaver um direito de regresso estabelecido por lei ou por contrato.

- Trata-se de uma intervenção de terceiro provocada


30

- Uma lide paralela à ação principal, onde o denunciante tenta exercer um direito de regresso
estabelecido por lei ou por contrato

Existem duas espécies de denunciação da lide

• Ativa: “A” promove uma ação contra “B”, e o autor “A” denuncia a lide “C”.

• Passiva (mais comum): “A” promove uma ação contra “B”, e o réu “B” denuncia a lide “C

Intervenção facultativa (art. 125, §1°) a não realização não implica em perda do direito de regresso

- No CPC de 2015, não é possível a denunciação da lide per saltum

- Denunciação da lide não é obrigatória. Pode ocorrer no polo ativo e no polo passivo. Ocorrendo no
polo passivo, é possível realizar a denunciação, no caso de evicção, do antecessor imediato. Nesse caso,
a denunciação é possível no CPC de 2015, mas apenas uma única vez. E o outro denunciado sucessivo
deverá promover ação autônoma, em vista de celeridade processual.

CHAMAMENTO AO PROCESSO (ART. 130 E SS)


- é o direito do réu de chamar para integrar no polo passivo da ação os corresponsáveis por
determinada obrigação, ocorrendo uma dilatação do polo passivo da demanda

- Facultativa e provocada

- Forma um litisconsórcio passivo entre o chamante e o chamado

- O chamado possui relação jurídica com o adversário do chamante

- Diferencia-se da denunciação da lide na medida em que, na denunciação da lide se tem a ação de


regresso e deve-se demonstrar que o denunciado é que deverá responder pela condenação. Por outro
lado, no chamamento ao processo, a condenação é solidária

- Apenas o réu pode se utilizar desta modalidade

- intervenção deverá ser apresentada na contestação

- a sentença que julgar procedente o pedido em face do réu-chamante também será título executivo
para que aquele que pagar o débito possa exigi-lo do devedor principal ou dos demais codevedores, na
proporção que couber a quem pagou

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (ART. 133 E SS)


todas as fases do processo de conhecimento

Cabível em: cumprimento de sentença


31

execução de título executivo extrajudicial

Espécies
Existem várias espécies de desconsideração. O CPC regula algumas delas:

• Direta (clássica).

– a petição inicial é contra a pessoa jurídica e, posteriormente, pede-se a desconsideração


com vistas a atingir o patrimônio dos sócios.

- Pj  PF

• Inversa.

– a petição inicial é contra uma pessoa natural, e posteriormente, pede-se a desconsideração

- PF  PJ

- é usado tanto na desconsideração da personalidade da pessoa jurídica, para se chegar aos bens do
sócio, como também na desconsideração da personalidade do sócio, para se chegar nos bens da pessoa
jurídica (a chamada desconsideração inversa

- O requerimento do incidente de desconsideração deverá demonstrar o preenchimento dos requisitos


legais para a desconsideração (CDC, art.28, ou CC, art.50).

- A instauração do incidente suspenderá o processo

o fato que suspende o processo não é o pedido de desconsideração, mas o pedido de


instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, na medida em que
o pedido de desconsideração, se constar já na petição inicial, tem andamento sem
suspensão do processo

Enunciado n. 110 da II Jornada de DPC do CJF

A instauração do incidente de desconsideração de personalidade da pessoa jurídica não


suspenderá a tramitação do processo de execução e do cumprimento de sentença em face
dos executados originários.

- A suspensão é para os terceiros que não serão atingidos enquanto não for garantido a eles
o direito de defesa

- instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica serão citados para se manifestar e requerer as
provas cabíveis em até 15 dias

- Concluída a instrução, se necessária, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica será


resolvido por decisão interlocutória, de modo que cabível agravo de instrumento (CPC, art.1.015, IV)
32

- É possível que, desde a petição inicial do processo de conhecimento já se pleiteie a desconsideração da


personalidade jurídica. Nesse caso, não haverá necessidade de incidente, pois o tema será debatido no
próprio processo principal. Assim, portanto, não será o caso de suspensão do processo

- Acolhido o pedido de desconsideração, eventual alienação ou oneração de bens será considerada


fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente

“Correspondendo a direito potestativo, sujeito a prazo decadencial, para cujo exercício a lei não previu
prazo especial, prevalece a regra geral da inesgotabilidade ou da perpetuidade, segundo a qual os
direitos não se extinguem pelo não uso. Assim, à míngua de previsão legal, o pedido de desconsideração
da personalidade jurídica, quando preenchidos os requisitos da medida, poderá ser realizado A
QUALQUER TEMPO." (REsp 1.312.591/ RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 11/06/2013, DJe 01/07/2013). STJ-4ª Turma, AgInt no AREsp 1.243.409/PR, rel. Min. Luis
Felipe Salomão, j. 08/06/2020, negaram provimento, v.u., DJe 12/06/2020).

Prazo para citação dos sócios ou PJ 15 dias

A desconsideração pode ter sido formulada já na petição inicial. Nesse caso, talvez o juiz (principalmente
em uma ação de conhecimento) só se manifeste sobre ela na sentença quando caberá recurso de
apelação

Se a banca disser que foi um incidente de desconsideração da personalidade jurídica, deve-se perguntar:
Quem julgou? Um juiz de primeiro grau ou o relator? Pois o pedido de desconsideração pode ser
requerido em qualquer fase do processo de conhecimento. Então, ele pode ter sido pedido só quando o
processo estava no tribunal, aguardando julgamento de apelação ou de um recurso especial ou
extraordinário, por exemplo. Esse pedido pode ter sido feito ao relator. Se foi ele quem analisou o
pedido, essa decisão é unipessoal, e o recurso cabível será agravo interno. Porém, caso o pedido tenha
sido formulado em um juízo de primeiro grau, se a decisão dele não finalizou a relação processual, então
ela não é sentença, mas uma decisão interlocutória e, portanto, o recurso cabível é agravo de
instrumento. Contudo, se isso tiver sido formulado como pedido principal, o juiz pode julgar isso em
sentença e o recurso cabível seria apelação.

Decisão interlocutória Agravo de instrumento

Decisão de relator unipessoal agravo interno

Resolvido na sentença Apelação

Ementa: “A corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do EREsp 1.366.014/SP, firmou
orientação no sentido de que não são cabíveis honorários advocatícios nos incidentes processuais,
exceto nos casos em que haja extinção ou alteração substancial do processo principal”. (STJ-3ª Turma,
AgInt no REsp 1.838.933/RJ, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 11/05/2020, negaram provimento,
v.u. DJe 15/05/2020)]54

AMICUS CURIAE (ART. 138 E SS.)


33

A proposta é que este terceiro, defendendo uma posição institucional, intervenha para apresentar
argumentos e informações proveitosas à apreciação da demanda

- O magistrado, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a


repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das
partes – ou de quem pretenda ser o amicus curiae – solicitar ou admitir a participação de pessoa natural
ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 dias de
sua intimação

- Vale destacar que o interesse do amigo da Corte não é jurídico, mas institucional, moral, político,
acadêmico, intelectual ou outro.

O grande objetivo do amicus curiae é qualificar o contraditório.

Admitido o amigo da Corte, o juiz definirá quais são seus poderes

o amicus curiae não poderá recorrer, salvo para embargar de declaração e no caso de julgamento do
incidente de resolução de demandas repetitivas, quando, portanto, admissíveis outros recursos

SUJEITOS PROCESSUAIS
IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO (art. 144 a 148)
- são regras de parcialidade do juiz

IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO
Critério objetivo Critério subjetivo
A parcialidade é presumida por lei Não há presunção legal de parcialidade

GRATUIDADE DE JUSTIÇA (art. 98 e ss)


- Gratuidade não é isenção.

- Isenção significa “não pagar”; gratuidade significa “não adiantar”.

- Se o seu cliente perder, ele será condenado como qualquer outra pessoa seria. Essa condenação é
condicional (deve-se provar que a situação financeira da pessoa mudou ou tem recursos para pagar)

A gratuidade, entre as suas várias vertentes, é não conseguir custear as despesas do processo. As
pessoas associam que o beneficiário da justiça gratuita é aquele que vive em miserabilidade. Porém, não
é isso. Pode ser que alguém de classe média não tenha condições de pagar uma perícia de R$ 10.000,00.

- A gratuidade não precisa ser pedida no processo inteiro. Ela pode ser deferida para um ato específico

Súmula n. 481 do STJ: “Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins
lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais”.
34

Enunciado n. 133 do FPPC: “Na Justiça do Trabalho, o empregador pode ser beneficiário da gratuidade
da justiça, na forma do art. 98”.

Ementa: "Se o credor for beneficiário da gratuidade da justiça, pode-se determinar a elaboração dos
cálculos pela contadoria judicial." (STJ-2a Seção, REsp 1.274.466/SC sob regime repetitivo, rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, j. 14/05/2014, negaram provimento, v.u., DJe 21/05/2014; RSTJ 243/326)

Enunciado n. 624 do FPPC: “As regras que dispõem sobre a gratuidade da justiça e sua impugnação são
aplicáveis ao procedimento de mediação e conciliação judicial”.

Art. 98. [...] § 2º A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas
processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência.

Conceder a gratuidade não retira de ninguém a responsabilidade se, no final, for sucumbente.

E se o indivíduo não tiver esse dinheiro?

Inicia-se o prazo de 5 anos para que o credor mostre que o devedor (beneficiário) tem dinheiro
agora

Ocorre a suspensão da exigibilidade por 5 anos

Súmula n. 450 do STF: “São devidos honorários de advogado sempre que vencedor o beneficiário da
justiça gratuita”.

- Peticao inicial

- Contestação

Formulação do pedido na

- Peticao para ingresso de terceiro

- Recurso

A alegação de pobreza na parte gera presunção? No caso de pessoa natural, existe uma presunção, que
é relativa.

Todavia, quando for pessoa jurídica, deve provar através de balanço anual, balancete mensal e extrato
(§3°)

Se o cliente beneficiário da justiça gratuita for recorrer, o seu recurso estará isento do preparo. Mas, se
o advogado particular quiser recorrer terá que pagar?

Sim, a não ser que ele solicite o benefício da gratuidade da justiça

Se for advogado dativo, como fica a questão da gratuidade?


35

Ementa: “O advogado dativo de parte beneficiada pela gratuidade da justiça pode interpor recurso que
verse exclusivamente sobre valor de honorários de sucumbência, sem o pagamento de preparo e sem
demonstrar direito à gratuidade, não lhe sendo aplicada a vedação contida no § 5º do art. 99 do CPC,
expressamente dirigida ao advogado particular. (STJ-2ª Turma, REsp 1.777.628/SE, rel. Min. Herman
Benjamin, j. 21/02/2019, DJe 11/03/2019)

o benefício da gratuidade tem efeito retroativo?

A gratuidade apresenta a mesma lógica de alimentos: é daqui para frente.

Então, a gratuidade não tem efeitos ex tunc, mas sim ex nunc (não retroage e gera efeitos prospectivos).

Ementa: “Esta Corte possui entendimento de que os efeitos da concessão da gratuidade da justiça não
são retroativos. Procedentes.” (STJ-3ª Turma, AgInt no AREsp 1.718.508/ES, rel. Min. Nancy Andrighi, j.
23/11/2020, negaram provimento, v.u., DJe 27/11/2020)

Gratuidade requerida na:


- Petição  Impugnada na contestação

- Contestação  impugnada na réplica

- Por petição no curso do processo  Impugnada por petição simples em 15 dias

- Recurso  Contrarrazões de recurso

Recuso contra decisão que concede a gratuidade


Regra: Agravo de instrumento

Exceção: Apelação, se a meteria for resolvida por sentença

 Decisão de relator Agravo interno

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (art. 85)


Dois princípios que são comumente falados estão relacionados aos honorários advocatícios:

- princípio da causalidade

- princípio da sucumbência

Existem os honorários da fase de conhecimento e os honorários da fase de cumprimento. Apesar de


tudo isso estar no mesmo procedimento, existem os honorários da fase de conhecimento e os
honorários da fase de cumprimento.

- Reconvenção
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- Cumprimento de sentença (provisório ou definitivo)

São devidos na:

- Execução

- Recursos

para evitar a interposição de recursos meramente protelatórios/procrastinatórios, o Código estabelece


que se você foi sucumbente em primeiro grau (e o juiz fixou honorários em 15%), se você apelar e voltar
a perder na apelação, nesse caso, os honorários que estavam fixados em 15% poderão ser majorados.

Na Lei n. 9.099, as ações propostas em primeiro grau e em juizados não possuem honorários. Se você
interpõe o recurso inominado, que é a apelação dos juizados, e você perde, por exemplo, na apelação
(há uma derrota), nesse momento, existe a fixação de honorários.

Isso serve como uma forma de desincentivar a interposição de recursos.

Uma das grandes críticas à Lei n. 9.099, hoje, é a não incidência de honorários e custas.

DESTINATÁRIO DO HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS


- os honorários são um direito do advogado

- Tem natureza alimentar (contratual ou sucumbencial)

- Vedada compensação em caso de sucumbência parcial

Honorários contratuais (E.OAB) X honorários sucumbenciais (art. 85)

Ementa: "RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO NA ORIGEM. INCIDENTE DE


DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
DESCABIMENTO. ART. 85, § l, DO CPC/2015. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Não é cabível a
condenação em honorários advocatícios em incidente processual, ressalvados os casos excepcionais.
Precedentes. 2. Tratando-se de incidente de desconsideração da personalidade jurídica, o descabimento
da condenação nos ônus sucumbenciais decorre da ausência de previsão legal excepcional, sendo
irrelevante se apurar quem deu causa ou foi sucumbente no julgamento final do incidente. 3. Recurso
especial provido". (STJ-3a Turma, REsp I.845.536/SC, rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 26.05.2020,
deram provimento, por maioria, DJe 09.06.2020)

Enunciado n. 118 da II Jornada de DPC do CJF: “É cabível a fixação de honorários advocatícios na ação
de produção antecipada de provas na hipótese de resistência da parte requerida na produção da prova.

Enunciado n. 621 do FPPC: “Ao cumprimento de sentença do capítulo relativo aos honorários
advocatícios, aplicam-se as hipóteses de penhora previstas no § 2º do art. 833, em razão da sua
natureza alimentar”.
37

Esse entendimento foi barrado pelo STJ

Enunciado n. 105 da I Jornada de DPC do CJF: “As hipóteses de penhora do art. 833, § 2º, do CPC
aplicam-se ao cumprimento da sentença ou à execução de título extrajudicial relativo a honorários
advocatícios, em razão de sua natureza alimentar”

- Mínimo: 10% - Valor da condenação

Regra: Fixação Base de calculo - Proveito econômico

- Máximo: 20% - Valor atualizado da causa

Exceção: Art. 338, 701

HONORÁRIOS NAS CAUSAS ENVOLVENDO A FAZENDA PÚBLICA

O STF entendeu que a Fazenda Pública, quando faz um pagamento via precatórios, não pode fazer isso
espontaneamente. Todavia, quando pagamento for por meio de Requisição de Pequeno Valor (RPV), o
pagamento pode ser feito espontaneamente

Ementa: “As exceções destinadas à execução de prestação alimentícia, como a penhora dos bens
descritos no art. 833, IV e X, do CPC/1915, e do bem de família (art. 3º, III, da Lei 8.009/1990), assim
como a prisão civil, NÃO SE ESTENDEM AOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, como não se estendem às
demais verbas apenas com natureza alimentar, sob pena de eventualmente termos que cogitar sua
aplicação a todos os honorários devidos a quaisquer profissionais liberais, como médicos, engenheiros,
farmacêuticos, e a tantas outras categorias”. (STJ-Corte Especial, REsp 1.815.055/SP, rel. Min. Nancy
Andrighi, j. 03/08/2020, negaram provimento parcial, por maioria, DJe 26.08.2020)

ATOS PROCESSUAIS (art. 188 e ss)


- Atos processuais são verdadeiros atos jurídicos que movimentam a relação processual.
38

- Estes atos independem de forma específica, exceto quando previsto em lei, e são de caráter público,
exceto os que tramitam em segredo de justiça

Fatos jurídicos processuais stricto sensu são fatos da natureza (a morte de uma das partes, uma
pandemia que suspenda os prazos processuais etc.

Atos jurídicos processuais são atos humanos, caracterizados por expressarem uma vontade humana

atos jurídicos processuais se subdividem em:

atos processuais em sentido estrito (uma citação, intimação, confissão, penhora etc.)

negócios jurídicos processuais (foro de eleição, suspensão convencional do processo, dispensa


consensual da audiência de autocomposição etc.)

PRINCÍPIOS
Os princípios mais importantes relacionados aos atos jurídicos processuais são três:

• A instrumentalidade das formas;

• A publicidade; e

• O autorregramento da vontade

A citação, por exemplo, pode ser feita por via postal, por oficial de justiça ou por meio eletrônico. A
função da citação é convocar alguém para integrar a lide. Se o réu tomou conhecimento do processo de
forma espontânea, não houve a citação propriamente dita, contudo, como o réu veio ao processo,
então o ato alcançou a sua finalidade sem gerar prejuízos.

Regra: Atos são públicos


Exceção: Segredo de justiça (art. 189)

NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS


serve para alterar o procedimento ou as situações jurídicas que decorrem do procedimento (os direitos,
deveres e ônus processuais)

Pi  despacho (cite-se)  Contestação  réplica  Decisão de saneamento e org. do processo


39

Art. 190

Requisitos
- Disponíveis
1. Direito que admita autocomposição
- Indisponíveis (pois há possibilidade
- Capacidade processual
2. Partes plenamente capazes
- Capacidade negocial
Objetivo

1. Procedimento
2. Situações jurídicas

Momento

1. Antes ou durante o processo


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Para haver o controle dos negócios processuais, esse controle pode ocorrer:
• De ofício ou a requerimento;

• Somente pode ocorrer em casos de nulidade, de inserção abusiva em contrato de adesão em


que alguma das partes se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade

autor pode desistir da ação. E se ele pedir


desistência da ação, ocorre que há
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS
desistência da demanda, e não do direito.
1. Das partes: Na renúncia, renuncia-se ao direito em si.
Assim, quando a parte desiste da ação, ela
• Obtenção:
poderá repropor a ação, pois o direito
– Postulatórios; continua vivo. Já na renúncia, por ser uma
manifestação de autocomposição (ato
– Instrutórios; unilateral negocial do autor), não julga o
– Eventos físicos mérito (porque o juiz não está em
heterocomposição), mas é revestida de
• Disposição: mérito por ser irretratável, salvo vício de
– Desistência (autor, SRM, 486, VIII); declaração e de vontade.

– Submissão (Renúncia e reconhecimento do pedido – autor, CRM, 487, III, c);

– Negociais (ex.: quando se transacionam e um processo é resolvido por de uma


conciliação)

2. Dos pronunciamentos do juiz


O CPC trata dos pronunciamentos do juiz, que é o sujeito que mais pratica atos. Os pronunciamentos,
segundo o art. 203, tratam de:

• Sentença;

• Decisão interlocutória;

• Despacho.

3. Do escrivão e do chefe de secretaria


• Atos de documentação/escrituração;

• Atos de comunicação;

• Atos de logística.
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O autor pode desistir da ação até sentença.

Para que haja desistência, precisará ou não do consentimento do réu? Depende se houve ou não
contestação, que é resposta do réu
42

AÇÃO RECURSO EXECUÇÃO


Sem resolução do mérito (485, Sem resolução do mérito Sem resolução do mérito (não
VIII) (impede o juízo de mérito do implica em renúncia ao crédito).
recurso).
Depende de homologação para Produz efeitos imediatos e Depende de homologação para
produzir efeitos (exceção – art. independentemente de produzir efeitos (art. 200,
200, parágrafo único). homologação (art. 200 + art. parágrafo único)
998).
Pode ocorrer até a sentença (art. Pode ocorrer a qualquer tempo e Pode ocorrer total ou parcial e
485, § 5º), mas dependerá do independe do consentimento da independe do consentimento do
consentimento do réu se já parte contrária (art. 998) executado (art. 775) – observar
contestada a ação (art. 485, § 4º). objeto da impugnação ou dos
embargos (art. 775, parágrafo
único, II)

a) sentenças:

- decisão que põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a
execução.

- Para ser sentença, é preciso ter conteúdo previsto no art. 485 ou no art. 487 +
finalidade de sentença: encerrar a fase cognitiva de procedimento comum ou extinguir a
execução

b) decisão interlocutória:

- Decisão que não põe fim à fase cognitiva do procedimento comum ou execução.

- todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1º.

c) despacho:

- Demais provimentos praticados pelo juiz


43

DESPACHO ART. 1001


Decisão interlocutória (art. 203, Será cabível agravo de instrumento nas
§ 2º) hipóteses do art. 1.015 + observar o
Tema 988, do STJ (o rol do art. 1.015
sobre taxatividade mitigada). Poderá
caber apelação (art. 1.009, § 1º)
DECISÃO
JUIZ 1° GRAU
Sentença (Art. 203, § 1º) Apelação (art. 1.009) + Embargos de
declaração (art. 1.022) (Exceção do art.
1.027, II, b – recurso ordinário)

Pode ser proferida pelo Agravo interno (art.


relator 1.021) ou Embargo de
Declaração (art. 1.022).

Unipessoal Pode ser proferida por Agravo interno (art.


TRIBUNAL DECISÃO Presidente ou Vice- 1.021), AREsp/ARE (art.
Presidente de um Tribunal 1.042).

Acórdão é a decisão Recurso Ordinário (art. 1.027),


colegiada Recurso Especial ou Extraordinário (art. 1.029),
Embargo de divergência (art. 1.043),
Embargo de Declaração (art. 1.022).

NULIDADES DOS ATOS PROCESSUAIS (art. 276 e ss)


É a invalidade dos atos processuais.

Princípio da instrumentalidade das formas (art. 188)  Alcançou seu objetivo sem causar prejuízo, este
ato é considerado válido

Preclusão (art. 278)


Preclusão é a perda de uma faculdade processual, podendo ser

consumativa – pela prática do ato

temporal – pelo decurso do tempo

lógica – pela incompatibilidade do ato que se deseja praticar com o que foi praticado
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PRINCÍPIO DA BOA-FÉ

boa-fé subjetiva é o FATO, a sua intenção, como se pensou.

boa-fé objetiva é NORMA

- Segundo o professor Fredie Didier, a boa-fé OBJETIVA (prevista no art. 5º do CPC) é uma norma de
conduta que impõe ou proíbe comportamentos, INDEPENDENTEMENTE da existência de boas ou más
intenções.

- Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Parágrafo
único. Considera-se aceitação tácita a prática, SEM NENHUMA RESERVA, de ato incompatível com a
vontade de recorrer.

“Venire contra factum proprium” (que significa “vir contra seus próprios atos”) nada mais é do que um
brocardo latino que proíbe as partes de agirem de forma contraditória. Perceba que o factum proprium
é o comportamento contraditório e isso é vedado. Portanto, fale VEDAÇÃO ao “venire contra factum
proprium”

Exemplo: Advogado comunica cliente que ele foi condenado a pagar 100.000 reais. Cliente quer
recorrer, mas decide pagar logo para seguir impugnando e talvez ser ressarcido posteriormente.
Advogado efetua pagamento, mas não faz a reserva, que seria comunicar o pagamento com o objetivo
de cessar juros de mora e correção monetária, e avisar que não aceita a derrota e que irá interpor o
recurso. Posteriormente, se o advogado entra com recurso, há um comportamento contraditório: pagar
sem reservas e posteriormente impugnar.

TUTELA PROVISÓRIA
Tutela provisória é uma forma de gerir o tempo do processo, de dar justiça ao ônus do tempo.

Se o juiz defende uma tutela provisória em favor da parte que estava sofrendo com o ônus do tempo, a
outra parte deve correr atrás para provar que está sofrendo injustiça.

Tutela provisória é um aspecto amplo de gestão do tempo, em que é claramente injusto que uma das
partes sofra com o tempo, quando existem todos os indícios de que ela está certa

Características da tutela provisória


1ª – Possuem cognição SUMÁRIA.

- Obs.: Quando o juiz analisa um pedido de tutela provisória, ele está analisando normalmente
sem todos os elementos para formar uma opinião com cognição exauriente. As tutelas
provisórias, por via de regra, são formadas com base em cognição sumária
45

2ª – São PRECÁRIAS;

Obs.: Podem ser modificadas ou revogadas a qualquer tempo

3ª – Dependem de REQUERIMENTO, salvo quando a lei expressamente autorizar sua concessão de


ofício

TUTELA PROVISÓRIA TUTELA DEFINITIVA


Cognição sumária Cognição exauriente
São precárias (podem ser revogadas ou São definitivas (art. 494)
modificadas a qlqr tempo e de oficio)
Salvo exceções legais, só podem ser concedidas a
requerimento

- Aquilo que vai gerar um


procedimento anterior/próprio

Antecedente
Tutela de
urgência
antecipada
Incidente
Tutela de
urgência

Antecedente
Espécies
Tutela de
urgência cautelar

Incidente
tutela de
evidência

 Salvo exceções legais, só podem ser concedidas a requerimento.


A necessidade de requerimento ocorre, pois as tutelas provisórias geram a responsabilidade objetiva
para quem a requereu. Então, nesse caso, de responsabilidade objetiva, o juiz não poderia (salvo
exceções legais) impor a parte autora ou a parte que pediu a tutela provisória esse risco, por esse
motivo que as estruturas provisórias só podem ser concedidas nos termos do artigo 302 à requerimento
da parte
46

 Competência – art. 299


Se o processo está correndo em primeiro grau, o pedido será formulado em 1º grau. Caso tenha sido
interposta uma apelação, com o processo sendo reanalisado no tribunal, e surja uma urgência, será
preciso uma medida cautelar incidental. Nesse caso, o pedido será feito ao relator do Tribunal. A
primeira regra básica para se pedir uma tutela provisória é saber onde está o processo, já que isso
determinará onde será feito o pedido.

No caso de modalidade antecedente, em que sequer foi formulado o pedido principal, será feito o juízo
de prelibação, que significa imaginar onde seria formulado a ação principal, de forma que o pedido de
tutela provisória antecedente seria pedido lá também.

Geralmente, a propositura das tutelas antecedentes torna prevento aquele juízo para a formulação do
pedido principal

Tutelas Provisórias em Juizados


Enunciado n. 418 do FPPC: “As tutelas provisórias de urgência e de evidência são admissíveis no sistema
dos Juizados Especiais.”

Tutela Provisória em Recursos


Em geral, as decisões judiciais produzem um efeito imediato, ou seja, os recursos não impedem a
eficácia da decisão; sendo assim, quem recorre contra essa decisão poderá requerer a suspensão da
decisão ao relator, se essa imediata produção de efeito gerar um risco de dano grave e de difícil
reparação, bem como ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. Portanto, isso é um
pedido de tutela provisória

ATENÇÃO  Todas as vezes em que estiver sendo pedido um efeito suspensivo, estará sendo pedido
uma medida cautelar, isto é: uma tutela provisória de urgência cautelar incidental.
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido
diverso.

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata
produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso.

Art. 932. Incumbe ao relator:

II – apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal

Enunciado n. 496 do FPPC: “Preenchidos os pressupostos de lei, o requerimento de tutela provisória


incidental pode ser formulado a qualquer tempo, não se submetendo à preclusão temporal”

Enunciado n. 609 do FPPC: “O pedido de antecipação da tutela recursal ou de concessão de efeito


suspensivo a qualquer recurso poderá ser formulado por simples petição ou nas razões recursais”.

Enunciado n. 647 do FPPC: “A tutela provisória pode ser concedida pelo relator liminarmente ou após
justificação prévia”.
47

TUTELA DE URGÊNCIA
Observar fungibilidade entre as tutelas (art. 305, §único)

3°- Necessidade de reversibilidade dos efeitos da decisão (art. 300, 3°)

Antecipada
1°- Probabilidade do direito (fumus boni juris)

2°- Perigo de dano OU risco ao resultado útil do processo (periculum in mora)

Cautelar

§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou
fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la

- Essa caução é chamada pela doutrina de contracautela.

Enunciado n. 40 da I Jornada de DPC do CJF: “A irreversibilidade dos efeitos da tutela de urgência não
impede sua concessão, em se tratando de direito provável, cuja lesão seja irreversível.”

Enunciado n. 419 do FPPC: “Não é absoluta a regra que proíbe tutela provisória com efeitos
irreversíveis’

Enunciado n. 497 do FPPC: “As hipóteses de exigência de caução para a concessão de tutela provisória
de urgência devem ser definidas à luz do art. 520, IV, CPC”.

Enunciado n. 498 do FPPC: “A possibilidade de dispensa de caução para a concessão de tutela provisória
de urgência, prevista no art. 300, §1º, deve ser avaliada à luz das hipóteses do art. 521”.

Antecedente (art. 303)

- a estabilização da tutela é algo a ser gerado. Se o proponente formular pedido


na forma de tutela antecipada ANTECEDENTE e o réu não resistir a essa tutela
provisória, haverá estabilização

TUTELA ANTECIPADA

Incidental (art. 294, §único + art. 300)

se o autor formular o pedido na forma de tutela antecipada INCIDENTAL e,


deferida a medida, o réu não impugna a decisão e essa decisão não se
estabiliza, isto é, o processo continuará tramitando
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• formular pedido com base em tutela antecipada ANTECEDENTE.

Neste caso, o juiz pode dar a liminar e, se o réu não impugnar a decisão, o processo será extinto, sem
resolução de mérito, haverá estabilização, e o autor seguirá recebendo o medicamento;

• formular pedido com base em tutela antecipada INCIDENTAL.

Neste caso, o juiz pode dar a ordem para conceder o medicamento e, se o réu não impugnar tal decisão,
o processo não será extinto, continuará por mais 1 (um) ou 2 (dois) anos e, no final, dando tudo certo, o
juiz confirmará a ordem dada por sentença, com resolução de mérito. Durante esse período, o
proponente seguirá recebendo o medicamento, porque a tutela produz efeitos até ser substituída na
tutela final.]

Tutela antecipada requerida em caráter antecedente


Nesse caso, a petição inicial é feita de forma simplificada, na qual é demonstrada:

- a probabilidade do direito

- perigo de dano.

Com base nesses argumentos, são formulados os pedidos de


tutela antecipada

Nessa petição também devem ser indicados os pedidos de tutela final.


49

1. Decisão interlocutória: o juiz analisa o pedido de tutela provisória da parte e indefere o pedido. Por
exemplo, o juiz indeferiu o pedido de cirurgia.

Nesse caso, a forma antecedente não funcionou. Nesse caso, somente resta a formulação do pedido
principal.

Indeferimento da tutela antecipada


• É aberto prazo de 5 dias para emenda da petição inicial – art. 303, § 6º. Possibilidades:

– Autor realiza a emenda, por conseguinte, o processo tem seguimento pelo rito comum.

– O autor não emenda. O juiz profere sentença de extinção do processo sem resolução de mérito.
Considerando que a medida foi indeferida, o réu não sofreu nenhum prejuízo, não havendo que se falar
em reparação.

2. Deferimento da medida:
o juiz defere a medida. A parte será intimada para se manifestar sobre essa decisão, abrindo prazo para
impugnação da decisão (prazo para recurso).

- O recurso cabível para atacar essa decisão é o Agravo de Instrumento (prazo: 15 dias).

- Se não for interposto o agravo, a decisão torna-se estável.

Situações possíveis:
• Réu não interpõe o agravo de instrumento. Ocorre a estabilização da medida. Em seguida, o processo
será extinto sem julgamento do mérito;

• Réu interpõe o agravo de instrumento. Não há estabilização da tutela antecipada.

- Somente ocorre a estabilização se o réu não recorrer da decisão de deferimento da tutela antecipada.

Art. 303, §1°, I


- Deferida a tutela antecipada, é aberto prazo para o aditamento da petição inicial, durante 15 dias ou
mediante outro prazo maior, fixado pelo juiz.

Assim, a necessidade de complementação da petição inicial pela parte autora surge a partir da
impugnação do réu; pois, se o réu não impugnar a decisão, o processo será extinto (art. 304, § 1º).
50

Ação impugnativa:
A ausência de recurso do réu gera como consequência a estabilização da medida e a extinção do
processo (art. 304, caput e § 1º).

Posteriormente, essa decisão pode ser revista, mas o instrumento processual cabível não será a ação
rescisória. A tutela antecipada antecedente estabilizada pode ser atacada mediante ação impugnativa.

Essa ação impugnativa pode ser proposta por qualquer das partes e pode ter por objeto qualquer
argumento para rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada.

A ação impugnativa tem cognição plena, cabe alegação de qualquer matéria que reforme, revogue ou
modifique a tutela antecipada (art. 304, § 2º).

Essa ação será proposta no juízo em que a tutela antecipada foi concedida

Ela deve ser ajuizada no prazo de 2 anos (mesmo prazo da ação rescisória) – art. 304, § 5º, mas não se
confunde com a ação rescisória.

O § 6º define que a decisão que concede a tutela NÃO FAZ COISA JULGADA, apenas pode ensejar a
estabilização dos efeitos.

Resumindo – Ação Impugnativa:


• Cognição plena (art. 304, § 2º)

• Dispensa caução ou garantia

• Será proposta no juízo em que a tutela antecipada foi concedida (art. 304, § 4º)

• Prazo: 2 anos (art. 304, § 5º)

Tutela cautelar requerida em caráter antecedente


Características da tutela cautelar:
1. Acessoriedade: a tutela cautelar existe para garantir a eficácia de um pedido principal, de mérito,
cognitivo ou executivo (satisfatividade da execução).

2. Provisoriedade: apenas gera efeitos enquanto for necessário.

É precária. A partir do momento em que a medida deixa de ser útil, ela será revogada, modificada ou
substituída por uma tutela final.

3. Instrumentalidade hipotética: Conforme lição do professor Sérgio Bermudes, o processo cautelar é


instrumento do instrumento

O processo civil é um direito instrumental e tem como função estabelecer as regras do jogo para definir
quem está certo. Dessa forma, o processo civil caracteriza-se como instrumento de aplicação do direito
material.

Esse instrumento pode ser ineficaz, razão pela qual existe a tutela cautelar, que serve como instrumento
para que o instrumento (processo civil) não perca sua eficácia.
51

Petição Inicial – tutela antecipada antecedente:


– indicação da lide e fundamentos

– formulação do pedido cautelar: com exposição sumária do direito (fumus boni iuris) e o perigo de
dano/risco ao resultado útil do processo (periculum in mora);

• A petição inicial será distribuída •

O juiz analisará se irá, ou não, conceder a medida

– Para o CPC/2015 não há previsão de o juiz analisar o pedido cautelar antes da citação do réu. Pelo rito
do art. 305 o juiz profere despacho determinando a citação do réu para oferecer contestação.

• Despacho: cite-se

• Citação

• Abertura do prazo para contestação

– Art. 306 CPC, o prazo para contestação é de 5 dias

• Essa contestação não é uma contestação do pedido principal. É uma contestação do pedido cautelar,
por isso o prazo é exíguo (5 dias), pois o objeto da contestação não é saber se a dívida existe, mas se há
indícios de inexistência do débito, impedindo a inscrição no cadastro de inadimplentes.

• Se o réu não contestar, se houver revelia – nos termos do art. 307 – o juiz deverá decidir em 5 dias.

• Contestado o pedido, será observado o procedimento comum, assim o professor interpreta esse
dispositivo da seguinte maneira: decisões interlocutórias deverão ser proferidas em até 10 dias, nos
termos do art. 226, inciso II;

• O juiz decidirá pelo deferimento, ou não, da tutela cautelar.

• Pela literalidade dos arts. 305 ao 307, não há previsão de concessão da tutela cautelar antecedente,
de forma inaudita altera pars (sem a oitiva do réu).

– Isso significa impossibilidade de concessão liminar (antes da citação do réu) no procedimento cautelar
antecedente?

– Na opinião do professor, essa impossibilidade não é razoável, razão pela qual ele defende que mesmo
inexistindo no rito dispositivo que autorize a concessão de liminar, ela pode ser concedida, com base no
art. 9º, parágrafo único, inciso I, que afasta a decisão surpresa para os casos de tutela de urgência;

– Assim, a possibilidade de concessão inaudita altera pars é possível com base no art. 9º, parágrafo
único, inciso I do CPC
52

Então, dois cenários podem surgir:

• O juiz indefere a tutela cautelar antecedente.

• O juiz defere a tutela cautelar antecedente e determina que a medida seja efetivada.

– A medida deve ser efetivada/cumprida, deve ser aplicada no “mundo real”, por exemplo:

- intimar a parte a não inserir o autor nos cadastros de inadimplentes, sob pena de multa;

- comunicar ao SERASA a medida protetiva;

- indisponibilizar os bens no caso de arresto;

- sequestrar o bem;

- deixar o imóvel na detenção de terceiro enquanto não se discute quem é o legítimo possuidor.

– Se a medida for deferida, ela deve ser executada, ocorrendo a efetivação da medida;

– Quando ocorrer a efetivação da medida, estará aberto o prazo para formulação do pedido principal
(art. 308), pois na petição inicial apenas foi requerido o pedido cautelar

Quando a medida cautelar for efetivada, o pedido principal deverá ser formulado em até 30 dias. É o
período máximo para formulação do pedido principal.

Prazo para formulação do pedido principal:


• 30 dias, contados em dias úteis, pois é prazo originado de relação processual, que deve ser cumprido
dentro do processo, cujo descumprimento gera como sanção processual a perda de eficácia da medida.

• A natureza desse prazo é decadencial. A formulação do pedido principal é um direito potestativo.

• O prazo começa a contar da efetivação da medida.

O deferimento da medida distingue-se da sua efetivação. Efetivar é executar a ordem, cumpri-la no


mundo real. O prazo de 30 dias não começa a contar do deferimento, e sim da efetivação da ordem.

Considerando que o prazo começa a ser contado da efetivação da ordem, a contagem se opera “contra”
o autor da tutela cautelar, pois foi o autor quem solicitou a cautelar. Dessa forma, é o autor quem tem
de formular o pedido principal no prazo de 30 dias

Como o autor terá conhecimento da efetivação da medida?

- O prazo de 30 dias começa a contar da efetivação ou do momento em que o autor é intimado da


efetivação? O prazo NÃO corre da intimação do autor acerca da efetivação da medida, mas, de acordo
com a 2ª Seção do STJ (há mais de 20 anos), o prazo começa a ser contado da literal efetivação.

A lógica do prazo é a proteção do réu de uma constrição excessiva e indevida.


53

Existindo vários atos de constrição, efetivados em dias distintos, o prazo de 30 dias começa a ser
contado do primeiro ato de constrição ou do último?

- Considerando que o objetivo do prazo é proteger o réu de um excesso de constrição, o réu passou a
sofrer constrição desde o primeiro ato. Por esse motivo,

- o prazo começa a ser contado do primeiro ato de constrição patrimonial do réu.

É possível que o autor requeira uma medida cautelar, que não gera constrição de direito.

 Trata-se de cautelar meramente conservativa de direito (não constritiva).


 Sendo ouvida a testemunha (efetivação da ordem cautelar), qual prazo que o autor tem para
formular o pedido principal?
NÃO HÁ PRAZO, pois o objetivo da norma é a proteção do réu de
eventual excesso de constrição. Portanto, se a medida for
meramente conservativa, não houve constrição ao réu. Se não
gerou constrição ao réu, não há motivo contagem de prazo para
formulação do pedido principal.

• Destinatário do prazo:
̶ corre contra o autor, mas tem por finalidade proteger o réu de excesso de constrição.

̶ não se aplica quando a cautelar for meramente conservativa de direito.

Resumindo:
1. O prazo é de 30 dias, contados da efetivação da medida.

2. A natureza desse prazo é decadencial.

3. Começa a contar da literal efetivação da medida. Se houver várias medidas, o prazo começa a ser
contado a partir da primeira medida.

4. Não se aplica quando a medida não for constritiva de direito

É possível que o juiz indefira a medida cautelar? Sim, é possível. Nesse caso, qual é o prazo para
formulação do pedido principal?

Considerando que o objetivo da norma que estabeleceu o prazo é a proteção do réu de excesso de
constrição, sabe-se que, se a medida foi indeferida, o réu não sofreu constrição. Por esse motivo, não há
prazo para formulação do pedido principal

 Assim, se a medida for indeferida, não há prazo para formulação do pedido principal, pois o réu
não sofreu constrição, razão pela qual não se aplica o art 308
54

Desdobramentos:
1. O pedido principal deve ser deduzido nos mesmos autos.

2. Formulado o pedido principal, ocorrerá a audiência de conciliação (art. 334).

3. Nova contestação ao pedido principal (art. 335), no prazo de 15 dias.

a. Essa contestação não deve ser confundida com a contestação do art. 306, com prazo de 5 dias, na
qual se discute o pedido cautelar.

b. São duas contestações, pois se trata de rito da tutela cautelar antecedente.

c. O pedido principal pode ser formulado em conjunto com a tutela cautelar (art. 308, § 1º):

- Autor protocola a petição inicial, formula o pedido cautelar COM o pedido principal. Nesse caso, o
pedido cautelar é incidental.

- O pedido será distribuído.

- Despacho: cite-se.

- Citação para comparecer à audiência do art. 334

- Contestação, art. 335.

- A análise do pedido de tutela cautelar será feita mediante decisão interlocutória, na qual a medida
pode ser deferida ou não.

- Esse procedimento segue o procedimento comum, pois se trata de tutela cautelar incidental

• A parte autora formula o pedido principal. Por conseguinte, o processo seguirá o procedimento
comum;

• Se o pedido principal não é formulado:

- a decisão liminar que havia sido deferida e efetivada (art. 309, I) terá sua eficácia “cancelada” –
cessa a eficácia da medida

- Súmula 482 do STJ: “A falta de ajuizamento da ação principal* (*leia-se: pedido principal) no
prazo do art. 806 do CPC (leia-se art. 308 CPC/2015) acarreta a perda da eficácia da liminar
deferida (art. 309, inciso I do CPC/2015) e a extinção do processo cautelar”. Apesar de ser da
época do CPC/1973, essa súmula continua em vigor.

- Nesse caso, o processo será extinto, nos termos da Súmula 482 do STJ.

- Essa decisão não possui mérito, pois não houve julgamento ou reconhecimento de mérito nesse
momento

A extinção da medida impede que o mesmo pedido seja formulado novamente. Ver o disposto no art.
309, parágrafo único:

“Novo fundamento”: qualquer alteração na causa de pedir

Essa vedação é denominada por parte da doutrina de preclusão ou coisa julgada pro judicato.
55

O indeferimento do pedido cautelar requerido em caráter antecedente impede a formulação do


pedido principal?

 Não impede (art. 310) e não influi no julgamento do pedido principal, pois são objetos distintos
 Assim, o indeferimento da tutela cautelar não influi no julgamento nem impede a formulação do
pedido principal, SALVO se o juiz reconhecer prescrição ou decadência.

O procedimento cautelar faz coisa julgada material?

 o indeferimento da cautelar antecedente não faz coisa julgada material e não impede a
formulação do pedido principal. Mas, se nessa fase da cautelar antecedente, o juiz declarar
prescrição e decadência, essa decisão é proferida com resolução de mérito – nesse caso, a
extinção do processo pela prescrição e decadência, em sede de cautelar antecedente, faz coisa
julgada material.

TUTELA DE EVIDÊNCIA
O rol do art. 311 não é exaustivo:

• A tutela monitória, art. 701 é de evidência.

• A Liminar do art 562 das ações possessórias, em rito especial é tutela da evidência.

• Há outros exemplos da tutela da evidência espalhados pelo Código.

Segundo exemplo, o pedido do autor está baseado em REsp Repetitivo (no mesmo sentido) e há prova
documental dos fatos. O juiz pode proferir sentença de procedência sem que o réu tenha sido citado?
Não, sob pena de violação da ampla defesa e do contraditório (princípios constitucionais), pois não
houve oportunidade de contraditório. Nesse caso, o juiz pode conceder tutela de evidência. O juiz não
pode julgar liminarmente procedente, mas pode julgar liminarmente improcedente (art. 332).

Sendo assim, embora o juiz não possa julgar liminarmente procedente, ele pode conceder tutela de
evidência – deferindo a medida, com base no art. 311, inciso II, mediante decisão interlocutória.

art. 311, inciso II, é preciso haver prova documental E súmula vinculante (STF) ou julgamento de casos
repetitivos (REsp/RE repetitivos, IRDR). Isso, com base na letra da lei.
56

PETIÇÃO INICIAL

No CPC/2015, o procedimento foi dividido apenas em procedimento comum e procedimento especial


(aquele que não é comum) – art. 539 e seguintes, que se divide em jurisdição contenciosa e jurisdição
voluntária.

- A petição inicial é o ato inaugural da relação processual.

• Deve preencher os requisitos dos arts. 319 e 320, para não sofrer inépcia ou ter de complementar a
Petição Inicial.

- São requisitos formais, de regularidade formal

• Algumas petições iniciais - ex: ação rescisória, art. 968 - possuem requisitos a mais

§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial,
requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.

§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso
II, for possível a citação do réu.

1. Partes

Elementos da ação: 2. Causa de Pedir

3. Pedido

1. Certo: o pedido deve ser certo (art. 322)

• O pedido deve ser expresso/explícito. A ideia de certeza é de que o


pedido deve ser expresso Regra.

• Não deve ser admitido o pedido implícito

2. Determinado (art. 324)

• É o pedido específico: quantidade + qualidade Regra.

• Não deve ser admitido o pedido genérico

- Portanto, a certeza está associada ao fenômeno da sentença extra petita ou ultra petita

- Logo, certeza e determinação do pedido estão relacionadas ao princípio da congruência/adstrição ao


pedido
57

Princípio da congruência ou da adstrição do pedido


- A esse princípio deve-se dar uma visão substancial (a petição como um todo) e não geográfica
(topográfico)

- Ou seja, deve analisar se foi feito o pedido, não importando onde ele esteja geograficamente na
petição inicial

Já que o pedido tem de ser explícito, não deveriam ser aceitos pedidos implícitos, que são os casos em
que o juiz deve se manifestar mesmo quando não há o pedido

Três deles estão previstos no art. 322, § 1º, e o quarto está no art. 323

Juros legais

Correção monetária
Pedidos implícitos Verbas sucumbenciais (inclusive os honorários adv.)

Ação c/ obrigação sucessiva, essas estão incluídas no


pedido, independente de declaração do autor

 Se o juiz não se manifestar com relação a elas, é possível afirmar que a decisão é omissa. Então,
cabem embargos de declaração sobre essa omissão, conforme o art. 1.022, II

- Nas ações universais

-  quando não for possível determinar as


Pedidos genéricos consequências do ato ou do fato;

-  quando a determinação do objeto ou do valor da


condenação depender de ato que deva ser praticado
pelo réu.

Dano moral (valor) admite formulação genérica?


- Poder-se-ia pedir a indenização por danos morais de forma genérica, com o valor final apurado no
curso do processo, pelo fato de não ser possível medir de imediato as extensões do dano. Com isso, o
valor final da indenização poderia ser fixado no curso do processo

- Já a doutrina oscila em relação a esse tema. No CPC de 2015, o art. 292, V, prevê que, na petição
inicial, é preciso atribuir valor à causa. E, quando o pedido for indenizatório, a parte deve atribuir o valor
que pretende da indenização, inclusive se for de dano moral.
58

Nome da ação
Ementa: “(...) 3. O nome atribuído à ação é irrelevante para aferição da sua natureza jurídica, que tem a
definição baseada na causa de pedir e no pedido. Deve-se abolir o exagero formal para que o processo
não venha a se torna um fim em si mesmo” (STJ-4ª Turma, REsp 1.374.222/RS, rel. Min. Luis Felipe
Salomão, j. 18.10.2018, deram provimento, v.u., DJe 04.12.2018)

CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
O pedido da petição inicial, além de ser certo e determinado, pode também ter a chamada cumulação
de pedidos. É possível a cumulação ainda que não haja conexão.

Simples os pedidos são independentes e o juiz pode deferir um e indeferir


outro.
Art. 292, VI  Soma dos pedidos
1- Própria/típica

- A parte formula Sucessiva há uma interdependência entre os pedidos. Pode acontecer de


pedidos e quer a um pedido só ser atendido se outro pedido for deferido
soma de todos eles
(art. 292, VI)

Alternativa (art. 292, VII (o de maior valor) são feitos dois ou mais
pedidos, sendo que o autor aceita um deles. Se um pedido for deferido,
o outro interesse é retirado do autor da ação, ou seja, se ele ganhou a
ação num dos pedidos o autor, na alternativa, não poderá entrar com
nova ação para tentar o outro pedido

- O deferimento de um dos pedidos retira o interesse recursal do autor


2- Imprópria/atípica para recorrer do outro

A parte faz mais de um Subsidiária (eventual) é feito um pedido principal e é feito mais um
pedido, mas não irá, se for outro subsidiário, que será dado se o principal não for reconhecido.
procedente o pedido, Exemplo: dono da casa pede o despejo do locatário da casa (principal)
receber todos deles. O ou, se não for decidido pelo despejo, o autor da ação pede o aumento
pedido pede uma coisa ou do aluguel.
outra. Exemplo: a parte
quer R$ 100.000 ou a casa
59

- Pedidos compatíveis

Requisitos para cumulação (art.327) – Competente o mesmo juízo

- Mesmo procedimento para todos os pedidos (regra)

Exceção: § 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a
cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas
processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos
cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum

Emenda da inicial (art. 321)


- Terminada a petição inicial, será dada entrada e ela vai passar por distribuição ou, onde não houver
distribuidor, será registrada. O juiz, ao verificar que a petição está correta, dará o despacho “cite-se”

- Se houver erro, o juiz dará o despacho de saneamento da petição inicial (art. 321), com prazo de 15
dias para que haja as correções.

- Nem todo o caso será de emenda; pode ser que o juiz peça complementações.

- Esses 15 dias, de acordo com o STJ, trata-se de prazo dilatório

Não cumprida a diligência Juiz indeferirá a petição inicial (sentença sem resolução de mérito)

Aditar ou alterar pedido ou causa de pedir:

Pi  Distr.  Desp. (cite-se)  cit.  aud. art 334  cont  réplica  decisão de saneamento e org. do proc. (art. 357)

Independentemente do
Desde que haja consentimento do réu (art. 329, II)
consentimento do réu (art.
329, I)

INDEFERIMENTO LIMINAR DA PETIÇÃO INICIAL (art. 330)


- A petição inicial será indeferida (art. 330) quando não é analisado o pedido, não é analisado o mérito,
por algum vício processual

- Já a palavra improcedente está relacionada à rejeição do pedido, que foi analisado e foi entendido que
ele não pertence ao autor
60

I - for inepta;

II - a parte for manifestamente ilegítima;

Indeferimento liminar da inicial III - o autor carecer de interesse processual;

IV - não atendidas as prescrições dos arts.


106 e 321 .

I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;

II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que


se permite o pedido genérico;

III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;


Considera inepta a inicial quando:
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

§2°- revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento


ou de alienação de bens, o autor terá que discriminar na petição inicial,
dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter,
além de quantificar o valor incontroverso do débito.

Pode ser dada ordem para que a petição inicial seja corrigida, emendada, completada.

Se não houver a correção, haverá a sentença de indeferimento da petição inicia

Se o autor não corrigir a petição inicial, será expedida uma sentença sem resolução de mérito, nas
hipóteses do art. 330. Contra essa sentença, o recurso cabível é a apelação.

Se o indeferimento for parcial, a decisão será interlocutória (art. 354, §único e art. 208, § 2º) e caberá
agravo de instrumento

Total: Sentença sem resolução de mérito  Apelação

Indeferimento
Parcial: Decisão interlocutória parcial s/ análise do mérito  agravo de instrumento

- Essa apelação permitirá juízo de retratação e será lícito ao juiz voltar atrás, no prazo de 5 dias, em
chamado efeito regressivo.

- O efeito regressivo ocorre quando o juiz se retrata.

- Alguns recursos possibilitam que esse efeito ocorra, outros não. A apelação não gera efeito regressivo
automático (esse efeito só acontecerá se o juiz se retratar). Ela pode gerar esse efeito.
61

- A apelação é interposta no juiz que proferiu a sentença, então, quando o autor interpõe a apelação, o
juiz que a recebeu terá 5 dias para se retratar.

- Prazos que correm contra juízes são impróprios, ou seja, a não obediência a esse prazo não gera
preclusão processual, não gera sanção processual, podendo ele se retratar depois dos 5 dias.

- Se o juiz se retratar, então significa que a sentença estava errada e que o processo renasce e deve
prosseguir. A primeira sentença é anulada e o processo, que estava extinto, volta à ativa. Então, é dado
o despacho, pelo juiz, de “cite-se”

- Se ele não se retratar, o réu será citado, conforme o art. 331. Após a citação do réu, ou seja, após
apresentadas ou não as contrarrazões, é que o processo será enviado ao tribunal.

* A apelação subirá para o tribunal independentemente de juízo de admissibilidade (art. 1.010, § 3º).

- Se o tribunal reformar a sentença, o processo volta à origem e terá prosseguimento com a intimação
do autor para contestar, se não for a hipótese de audiência de autocomposição.]

- Se o juiz, ao receber a apelação, perceber que ela é intempestiva e deserta, e, ao invés de remeter ao
tribunal para que o relator decidisse isso, ele inadmitiu a apelação em 1º grau, essa atitude será
considerada ilegal por usurpação de competência, cabendo reclamação, com base no art. 988, I

- Se o autor não apelar a sentença de indeferimento da petição inicial e os vícios não tiverem sido
corrigidos dentro do prazo, será possível repropor a ação, desde que corrigido o problema que deu
causa à extinção anterior (art. 487, § 1º).

- A nova proposição deve ser feita no mesmo juízo da primeira petição

- Se o autor não apelar e o processo transitar em julgado sem resolução de mérito, o réu deverá ser
comunicado do trânsito em julgado da sentença (art. 331, §3°)

IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO


A palavra liminar significa in limine, portanto todo o pronunciamento do juiz antes da citação do réu é
liminar

- Súmula do STF ou STF

- Acordão do STF ou STJ em Resp e RE repetitivo

IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO - Entendimento firmado em IRDR ou assunção de competência


PEDIDO QUE CONTRARIAR:
- Súmula de TJ sobre direito local

- Prescrição ou decadência (ñ precisa dispensar fase instrutória)

Nas causas que dispensar


fase instrutória
62

- É usado o termo improceder, em vez de indeferir, já que agora o pedido está sendo rejeitado, agora a
decisão é de mérito.

- No indeferimento, se o autor não apelasse dessa sentença, haveria o trânsito em julgado sem coisa
julgada material e a ação poderia ser reproposta. Mas, na improcedência, se o autor não apelar contra
essa sentença, a decisão transitará em julgado e fará coisa julgada material, sem possibilidade de
reanálise dentro do Judiciário, salvo se for promovida uma ação rescisória (art. 966).

Sentença sem resolução de mérito juiz pode se retratar em 5 dias

Sentença com resolução de mérito Apelação contra decisão de improcedência liminar - única exceção

O comum, nas petições iniciais, é que haja cumulação de pedidos. Se um for improcedente e os outros
não, não será uma sentença, e sim uma decisão interlocutória liminar parcial de mérito (art. 356 e art.
1.015, I).

Proferida a sentença de improcedência liminar e interposta a apelação, haverá a citação do réu em


qualquer caso. Isso porque, depois de interposta a apelação, o juiz poderá se retratar.

 Se isso acontecer, ele citará o réu para contestar a ação.


 Se o juiz não se retratar, ele também citará o réu, mas não para contestar, e sim para
contrarrazoar.

Se o autor não apelar, haverá trânsito em julgado e o réu será intimado de que houve um processo. Se o
autor tentar propor novamente a mesma ação, será decidida a improcedência liminar da nova ação

AUDIÊNCIA DE AUTOCOMPOSIÇÃO (art. 334)


- Entre o despacho de cite-se para aud. a marcação da aud tem que ter no mínimo 30 dias

- Entre a citação e a aud. antecedência mínima de 20 dias

Conciliação (autocomposição)
 o conciliador atua preferencialmente nas ações, nas quais não houver vínculo entre as partes, e pode
sugerir soluções

Mediação (autocomposição)
Já o mediador atua nas ações na quais as partes possuem vínculos, com objetivo de restabelecer o
diálogo e permitir que elas proponham soluções para o caso.

Arbitragem (heterocomposição)
A arbitragem é regulada pela Lei 9.307/96 e depende de convenção das partes, em cláusula específica e
expressa, para ser aplicada.
63

Quando as partes optam pela arbitragem, elas afastam a via judicial e permitem que um ou mais
terceiros, os árbitros, que geralmente detém vasto conhecimento da matéria em questão, decidam o
conflito.
Os árbitros atuam como juízes privados e suas decisões têm eficácia de sentença judicial e não pode ser
objeto de recurso

CONTESTAÇÃO

Prazo: 15 dias
- O prazo da Contestação tem várias formas de termo inicial, mas o padrão do art. 335, inciso I, dispõe
que esse prazo tem início a partir do dia da Audiência: excluído o dia da Audiência, conta-se o prazo do
art. 335, inciso I, que são 15 dias
64

Se houver litisconsórcio e o Direito admitir autocomposição e se as partes, todos os litisconsortes, não


quiserem (art. 334, § 6º), não se espera a citação do último litisconsorte, ou seja, a manifestação do
último litisconsorte, por exemplo, demonstrando desinteresse: quando for protocolado o desinteresse
de cada um dos réus, já está aberto o prazo de contestação (art. 335, § 1º)

 contestação, como peça de defesa dos fatos e direitos alegados na petição inicial. Está para o
réu assim como a petição inicial está para o autor;
 reconvenção, destinada a formular pedidos contra o autor na própria ação. É um meio de
contra-ataque do réu (reconvinte) contra o autor (reconvindo)

O prazo para o oferecimento das respostas é único de 15 (quinze) dias

Princípio da eventualidade (art. 336)


cumpre ao réu, na própria contestação, apresentar todas as razões que possam levar ao desacolhimento
do pedido, ainda que não sejam compatíveis entre si. Todas as razões de defesa devem, em suma, estar
concentradas na contestação, uma vez que o réu não terá outra oportunidade de alegá-las

além do mérito (fato ou fundamento principal no qual se escora a petição inicial do autor), incumbe ao
réu, na contestação, alegar as chamadas ―defesas processuais‖, que podem ser de duas espécies: as de
acolhimento que implique a extinção do processo; ou as de acolhimento que resulte apenas em sua
dilação

A lógica do Princípio da Eventualidade é a concentração das teses de defesa para que o Juiz analise a
próxima na eventualidade de não acolher a anterior, com a necessidade de observar a preclusão
consumativa para defesas não apresentadas: o que o réu não alega na primeira oportunidade, em tese,
não poderá alegar posteriormente.

Há exceções previstas no art. 342


65

I – relativas a direito ou a fato superveniente;

Depois da contestação, só é lícito ao II – competir ao juiz conhecer delas de ofício;


réu deduzir novas alegações quando: III – por expressa autorização legal, puderem ser
formuladas em qualquer tempo e grau de
jurisdição

Preliminares
- São questões processuais que são cognoscíveis de ofício, via de regra, e que são apresentadas para,
caso o Juiz as acolha, as chamadas defesas peremptórias, o processo se extinga sem resolução de
mérito.
66

I – inexistência ou nulidade da citação;

II –incompetência absoluta e relativa;

III – incorreção do valor da causa;

IV – inépcia da petição inicial;

V- perempção;

VI – litispendência;

VII – coisa julgada;

Art. 337. Incumbe ao réu, antes VIII – conexão;


de discutir o mérito, alegar: IX – incapacidade da parte, defeito de representação
ou falta de autorização;

X – convenção de arbitragem;

XI – ausência de legitimidade ou de interesse


processual;

XII – falta de caução ou de outra prestação que a lei


exige como preliminar;

XIII – indevida concessão do benefício de gratuidade


de justiça

§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das


matérias enumeradas neste artigo

A palavra “exceção” é polissêmica, ou seja, admite mais de um sentido. Para o professor Moacir Amaral
Santos, as defesas podem ser utilizadas como sinônimos de exceções. Logo, toda defesa apresentada,
sob uma perspectiva ampla, é uma exceção. Todavia, no plano do processo civil, normalmente a palavra
exceção está associada às matérias que não são cognoscíveis de ofício

a objeção é utilizada para as matérias que são cognoscíveis de ofício.

- Preliminares (art. 337)

Pi Desp. (cite-se) citação Aud. De auto.--> Contestação - Impug. Dos fatos

- Mérito

- Fatos modif. Extint. Ou impeditivos do direito do


autor

Questões prejudiciais
- Defesa indiretas de mérito

- Questões levantadas pelo réu que impedem a análise do mérito do pedido formulado pelo autor

- Pedido é julgado improcedente


67

1) João prossegue em sua ação contra Marcos.

2) João pode reconhecer que errou e solicitar a substituição de Marcos por uma terceira pessoa (Fábio).
Marcos é então excluído da lide. O advogado de Marcos tem direito a honorários, que variam, em
conformidade com a lei, de 3% a 5% do valor da causa.

3) Ao invés de solicitar a substituição de Marcos, João pode pedir a inclusão de Fábio na ação

ônus da impugnação especificada (art. 341)


"Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição
inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas

- Isso significa que cada fato precisará ser rebatido de forma analítica.

- Não é possível fazer uma contestação por negativa geral.

- Se cada fato não for impugnado, o fato não impugnado será presumido como verdadeiro

I – não for admissível, a seu respeito, a confissão;

II – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento


que a lei considerar da substância do ato;
Exceções III – estiverem em contradição com a defesa, considerada em
seu conjunto. Parágrafo único. O ônus da impugnação
especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao
advogado dativo e ao curador especial.

ATENÇÃO É preciso observar a exclusão do MP e quanto à Fazenda Pública deve-se observar a Art,
341, inciso I. Deve-se atentar quanto às variações em relação à necessidade de impugnação específica
dos fatos.
68

Importante lembrar que, teoricamente, após a contestação opera-se a preclusão quanto à apresentação
de novas alegações de defesa, bem como no tocante à produção de provas não requeridas, com três
exceções (art. 342):

a) relativas a direito superveniente;

Exceção b) quando competir ao juiz conhecer delas de ofício (matérias de ordem pública);

c) quando, por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer


tempo e grau de jurisdição

RECONVENÇÃO
1. Reconvenção é uma ação incidental.

• Que guarda autonomia em relação a ação originária. (art. 343, §2º)

• Observar a necessidade de conexão com a ação principal ou com o fundamento de defesa. (art. 343)

- Na ação incidental aplicam-se as mesmas regras de pedido da Petição Inicial (Art. 324, §2º)

2. Admite formação de litisconsórcio:

• Passivo (343, §3º)

• Ativo (343, §4º)

3. Será oferecida na contestação, em seguida o autor será INTIMADO na pessoa do seu advogado para
contestar. (343,§1º)

Prazo: 15 dias

 Apesar de vir dentro da contestação, trata-se de uma ação autônoma onde tem a inversão dos
polos (autor vira réu e réu vira autor) e pode adicionar um terceiro
 O réu não pode reconvir só contra um terceiro
 Na reconvenção em ação deve existir algum nexo (relação) entre a ação e reconvenção

1. Tem que existir conexão com a ação principal ou com o fundamento de defesa.

* Possibilidade de decisão parcial (203,§2º)

** Poderá haver a citação do terceiro.


69

- O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação.


* Se o réu apenas reconvir e não contestar, ele se lascará, porque em relação à ação principal ele
será considerado revel

Enunciado n. 154 do FPPC: “É cabível agravo de instrumento contra ato decisório que indefere
parcialmente a petição inicial ou a reconvenção”.

Enunciado n. 629 do FPPC: “Se o réu reconvier contra o autor e terceiro, o prazo de contestação à
reconvenção, para ambos, iniciar-se-á após a citação do terceiro

REVELIA
O termo revelia diz respeito às consequências jurídicas decorrentes da não apresentação de defesa pelo
réu (ausência de contestação), quando devidamente citado

Com efeito, não se pode confundir a revelia, isto é, o estado processual daquele que não apresentou
contestação, com os efeitos dela decorrentes

Autor  Contumácia

Contumácia
- Inércia do réu
Réu  Revelia
- Ausência de contestação

Súmula 196 do STJ “Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será
nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos”.

São dois os efeitos da revelia:

1 – o efeito processual/formal:

- art. 346, tem-se que "os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data
de publicação do ato decisório no órgão oficial";

Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado
em que se encontrar.

Só incidira para o réu que não tem advogado constituído nos autos
70

2 – o efeito material:

- Presunção de veracidade dos fatos

 é diferente de reconhecimento do pedido. O que está tido como verdade são os fatos e
não reconhecimento do direito do autor

 Assim, o réu pode ser revel e mesmo assim sair vencedor da demanda, pois não esta
aceitando o direito do autor

 se o réu reconvir, ocorrerá o efeito material da revelia?

- Trata-se de presunção relativa

"se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações
de fato formuladas pelo autor" (art. 344)

Ementa: “A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é assente no sentido de que a caracterização


da revelia NÃO importa em presunção absoluta de veracidade dos fatos, a qual pode ser afastada pelo
julgador à luz das provas existentes”. (STJ-3” Turma, Aglnt no REsp 1.816.726/RS, rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, j. 30/09/2019, negaram provimento, v.u., DJe 03/10/2019)

Ementa: “A ausência de apresentação da contestação, a redundar na revelia, não impede o julgador,


caso repute necessário à formação de sua convicção, determinar a produção de provas destinadas a
comprovar os fatos alegados na inicial, podendo, a partir disso e, em tese, extinguir o feito sem
julgamento de mérito ou mesmo julgar improcedente o pedido”. (STJ-3a Turma, Aglnt no RMS
62.555/RJ, rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 10/08/2020, negaram provimento, v.u., DJe 17/08/2020)

Ementa: “O Superior Tribunal de Justiça entende que os efeitos da revelia são RELATIVOS e NÃO
acarretam a procedência automática do pedido, devendo o magistrado analisar as alegações do autor e
a prova dos autos”. (STJ-4ª Turma, AgInt no AREsp 1.679.845/GO, rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, j.
28/09/2020, negaram provimento, v.u., DJe 01/10/2020)

Obs.: O inciso I desse art. 345 dispõe que haverá afastamento do efeito material da revelia
automaticamente pela apresentação da contestação por um dos litisconsortes. Todavia, isso não é uma
verdade absoluta, pois há casos em que um litisconsorte promova a contestação, mas essa contestação
apresentada não beneficie os demais litisconsortes revéis.

Obs.: Vale lembrar que, via de regra, o direito fazendário é indisponível e não admite a autocomposição.
Nesse sentido, não pode ser presumido como verdadeiro fato relativo a direito indisponível.

Assim, em cenários como esse, se a fazenda pública não contesta, apesar de ser considerada revel, não
sofrerá o efeito material da revelia e o autor ainda precisará comprovar o fato.

Ementa: “Consolidou-se nesta Corte o entendimento segundo o qual NÃO se aplica à Fazenda Pública o
efeito material da revelia, NEM É ADMISSÍVEL, quanto aos fatos que lhe dizem respeito, a confissão, em
face da indisponibilidade dos bens e direitos sob sua responsabilidade”. (STJ-13 Turma, Aglnt no AREsp
1.171.685/PR, rel. Min. Gurgel de Faria, j. 02/08/2018, negaram provimento, v.u., DJe 21/08/2018).
71
72
73

PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES (art. 347 e ss)


Se ocorreu o efeito material da revelia, tem-se o julgamento antecipado do mérito.

Já se não ocorrer esse efeito material, o juiz partirá para as providências preliminares, o que envolve
especificar os meios de prova (art. 348, CPC).

Nesse sentido, o autor deverá especificar as provas, pela não ocorrência do efeito material.

Art. 349- Vale lembrar que o réu revel pode comparecer a qualquer momento no processo. Todavia, não
haverá o julgamento antecipado do mérito se houver o pedido de produção de prova.

Art. 352. Verificando a existência de irregularidades ou de vícios sanáveis, o juiz determinará sua
correção em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.

Art. 353. Cumpridas as providências preliminares ou não havendo necessidade delas, o juiz proferirá
julgamento conforme o estado do processo, observando o que dispõe o Capítulo X.

Ou seja, a depender do que seja levantado, antes de tentar extinguir o processo, o juiz tentará salvar o
processo, permitindo o saneamento em até 30 dias.

Não sendo possível, então será hipótese de extinção do processo.

DECISÃO DE SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO (Art. 357 e ss.)


Ou seja, quando for o caso de uma decisão de saneamento e organização do processo, o juiz deverá:

1. Resolver questões processuais pendentes;

2. Delimitar as questões de fato, sobre as quais recairá a atividade probatória (as partes serão intimadas
para especificar os meios de prova);
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Obs.: vale lembrar que a parte autora especificar os meios de prova na petição inicial (vide art.
319 do CPC). Trata-se de um protesto genérico de produção de provas. Assim, é preciso informar
qual é o fato que se pretende provar e qual é o meio de prova. Todavia, vale destacar que essa
manifestação genérica feita na inicial não gera preclusão consumativa em relação a especificação
das provas. Isso porque o art. 357, II do CPC permite que o juiz reabra a possibilidade de
especificação de provas.

3. Em decisão de informação, o juiz deverá definir o ônus da prova (estática e dinâmica);

Vale lembrar que dizer que o ônus da prova é de quem alegou o fato é uma resposta perigosa,
pois, em alguns casos, pode ser equivocada. Via de regra, quem alega o fato é quem tem o ônus
de prová-lo. Isso é o que se chama de distribuição estática do ônus da prova (vide art. 373, I e II
do CPC)

É importante destacar que quando o juiz resolve inverter a ordem natural da produção da prova,
o réu deve ser avisado previamente dessa redistribuição, pois, caso contrário, será pego de
surpresa.

Por conta disso, a distribuição do ônus da prova não ocorre na sentença do processo, mas sim na
decisão de saneamento e organização.

4. Delimitar as questões de fato e de direito; e

5. Designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento

ATENÇÃO No procedimento comum, há a possibilidade de ter até 3 audiências

1. Audiência de conciliação e mediação


2. Audiência de saneamento do processo
3. Audiência de instrução e julgamento

Quando o juiz profere a decisão de saneamento e organização do processo, faz o que se chama de
estabilização da demanda, que é preparar o processo para a fase de instrução. Nesse momento, encerra
a fase postulatória, não permitindo que sejam trazidos novos elementos pelas partes
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TEORIA GERAL DAS PROVAS


Provas
Por conceito, provas são os meios utilizados para formar o convencimento do juiz a respeito de fatos
controvertidos que tenham relevância para o processo.

a controvérsia pode ser exclusivamente de direito, ou também de fato.

No primeiro caso, não há necessidade de provas (exceto os casos excepcionais do art. 376, em que o juiz
pode exigir a comprovação da vigência e do teor do direito municipal, estadual, estrangeiro ou
consuetudinário).

Mas se houver fatos controvertidos, às partes será dada a oportunidade de comprová-los. . Aí a


necessidade de produção probatória a cargo das partes

Ademais, é certo que a prova pertence ao processo, e não às partes, consagrando o conhecido princípio
da comunhão da prova (ou aquisição processual).

Objeto: fatos (alegações de fato): para uma parte da doutrina, o fato ocorreu e o que se prova é a
alegação de que o fato existiu.

Outra corrente entende que o que se prova é o fato. O Código, em alguns momentos, dispõe sobre
alegação de fato em alguns momentos. Mas, na maior parte, ele dispõe sobre fato

 Não existe prova lícita ou ilícita. O que existe é meio de prova lícito ou ilícito

• Destinatário (enuc, 50 FPPG)

- Juiz (normalmente)

• Dinâmica:

requerimento (partes/MP) -> admissão (juiz) -> produção (de ofício/ art. 370) -> valoração (juiz)

princípio da livre investigação das provas.


Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao
julgamento do mérito.

princípio da comunhão da prova


Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver
promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento
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O pedido pode ser julgado improcedente por ausência de provas. Quando se alega, é preciso provar,
salvo nas questões de distribuição de ônus da prova.

O sistema brasileiro não é de prova tarifária (hierarquia de provas com valores diferentes), mas o da
persuasão racional.

O juiz valora a prova de acordo com o seu critério pessoal, desde que o faça de maneira fundamentada.

Esse é o princípio da fundamentação motivada.

Prova emprestada
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor
que considerar adequado, observado o contraditório.

Obs.: é possível ter uma perícia constante nos autos, as que foi produzida em outro processo. Isso é o
que se chama de prova emprestada

Enunciado n. 52 do FPPC: “Para a utilização da prova emprestada, faz-se necessária a observância do


contraditório no processo de origem, assim como no processo de destino, considerando-se que, neste
último, a prova mantenha a sua natureza originária”

Enunciado n. 30 da I Jornada de Processo Civil do CJF: “É admissível a prova emprestada, ainda que não
haja identidade de partes, nos termos do art. 372 do CPC”

Distribuição do ônus da prova

Distribuição estática
I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
II – ao réu, quanto à existência de:

* fato impeditivo

* modificativo

* extintivo do direito do autor

Distribuição dinâmica
§ 1º Nos casos previstos em lei OU diante de peculiaridades da causa relacionadas À IMPOSSIBILIDADE
ou à EXCESSIVA DIFICULDADE DE CUMPRIR O ENCARGO NOS TERMOS DO CAPUT ou À MAIOR
FACILIDADE DE OBTENÇÃO DA PROVA DO FATO CONTRÁRIO, PODERÁ o juiz atribuir o ônus da prova de
MODO DIVERSO, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

Impugnação Agravo de instrumento (art. 1.015, XI)


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Prova diabólica (art. 373, §2°): aquela em que não se tem como desincumbir do encargo.

Distribuição estática (art. 373, I e II


Ônus da prova - Pelo juízo (§1°)

Distribuição dinâmica

- Por convenção §3°)

I - notórios;

II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;

Dispensa do ônus da prova III - admitidos no processo como incontroversos;

IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de


veracidade.

Produção antecipada da prova (Art. 381 e ss)


A produção antecipada da prova é realizada para que haja certeza quanto a promoção da ação principal
indenizatória, visando inclusive evitar o ajuizamento de uma ação indenizatória

I - haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito


difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação;

II - a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a


Produção antecipada de prova
autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito;

III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o


ajuizamento de ação.

Obs.: Como na produção antecipada de provas em tese, não há uma ação em curso, é necessário
realizar o chamado juízo de prelibação, ou seja, imaginar onde uma eventual ação principal futura seria
proposta, domicílio em que ocorrerá a produção antecipada da prova.

Obs.: Uma eventual ação principal futura não estará necessariamente “presa” a competência do juízo
em que foi produzida a prova antecipada. Isso ocorre pois o juiz, ao proferir sentença sobre a ação
principal, não valora a prova e não atribui verdade sobre os fatos, promovendo simplesmente a sua
coleta.
78

Procedimento para produção antecipada de prova (art. 382)


Obs.: a produção antecipada de provas serve para a produção de grandes provas. Ex.: perícia,
testemunhas, depoimento das partes

§ 1º O juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a citação de interessados na produção da


prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistente caráter contencioso.

Obs.: possibilidade de citação de interessados de ofício. Esse é um exemplo de intervenção Iussu Iudicis
(intervenção determinada pelo juiz) mais apropriado do que o do art. 115, parágrafo único, em que o
juiz manda requerer uma citação.

Obs.: o juiz não valora prova e não atribui verdade sobre os fatos. O juiz apenas colhe a prova (§2°)

Obs.: não haverá contestação e recursos. O juiz vai determinar a produção de prova depois do “cite-se”.
Ex.: perícia, audiência (testemunhas e partes). (§4°)

Exceções não previstas na lei:

Ex.: João entrou com a produção antecipada de provas citando o condomínio, o antigo proprietário e a
construtora. O juiz decide também colocar a empreiteira. Os citados podem pedir produção de provas.
O ônus será arcado pelo autor e não será ressarcido, já que não há sucumbência. As partes podem
também formular quesitos para serem respondidos pelos peritos e pelas testemunhas. Depois que o
perito disser quem é o responsável, o laudo fica no processo e o juiz apenas sinaliza na sentença que a
perícia foi realizada.

• Incompetência de juízo da produção antecipada de provas que prejudica as partes. A discussão não é
do mérito.

• Perito impedido.

• Vícios processuais.

PROVAS EM ESPÉCIE

DEPOIMENTO PESSOAL DAS PARTES (art. 385 e ss)


não cabe a parte requerer o próprio depoimento pessoal.

O depoimento pessoal é um ato que tem por objetivo obter a confissão provocada e não a confissão
espontânea, que não necessita de depoimento pessoal.
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O juiz pode determinar o depoimento pessoal das partes com objetivo de obter a confissão
provocada?
Se o juiz quiser ouvir a parte, de ofício, não é técnico dizer que ele quer o depoimento pessoal das
partes. O juiz não deve buscar a confissão provocada, sob o risco de se tornar parcial. Por isso,
parte da doutrina afirma que, quando o juiz age de ofício, o nome técnico não deveria ser
depoimento pessoal, mas interrogatório.

O depoimento pessoal poderia ser prestado por outra pessoa sem ser a própria parte?
Não, porque sempre se mandaria alguém que soubesse mentir ou atuar.

É um ato personalíssimo

O advogado pode fazer o depoimento pessoal do seu próprio cliente?


Não. Inclusive, a parte não pode nem olhar para o seu advogado para não ficar combinando
resposta.

Enunciado n. 33 do FPPC: “No depoimento pessoal, o advogado da contraparte formulará as perguntas


diretamente ao depoente.”

CONFISSÃO (art. 389 e ss.)


- no interrogatório, pode-se mandar alguém para confessar espontaneamente.

a revelia não ocorre se os direitos forem indisponíveis. O efeito material é presumir como verdadeiros
os fatos alegados. Isso não acontece quando o direito tutelado pelo autor recai sobre direitos
indisponíveis (art. 345, II).

A Confissão é a pena aplicada nos casos de depoimento pessoal quando a parte não comparece ou
comparece e fica dando respostas evasivas ou fica calado.
80

ATA NOTORIAL (art. 384)


a grande maioria das provas documentais atual são omitidas via meios eletrônicos.

A prova documental é associada a papel, mas o conceito de documento é mais amplo e envolve
fotografia, áudio, vídeos.

Ata notarial é a tentativa de dar maior credibilidade as provas documentais juntadas ao processo e essa
credibilidade se quando você vai ao tabelião e ele documenta isso dando fé

PROVA DOCUMENTAL
• Conceito de documento: imagem, foto, vídeo, papel, áudio.

• Presunção de veracidade: a parte contrária é intimada para se manifestar sobre os documentos


juntados.

A parte contrária pode impugnar a veracidade da prova. No entanto, caso ela não se manifeste, a lógica
do Código é de que ela se presume verdadeira.

No processo digital, é comum que se coloque um monte de provas documentais para deixar a parte
contrária perdida e deixar que ela deixe um documento importante passar. Portanto, o juiz pode
mandar retirar os documentos irrelevantes ou indicar os que são relevantes.

As provas documentais serão produzidas pelo autor na petição inicial e pelo réu na contestação. O autor
deve juntar, na petição inicial, as provas essenciais e indispensáveis à propositura da ação.

Em contrário senso, o que não for essencial poderá ser juntado no curso do processo.

É possível, ao autor, produzir documentos em réplica ao réu.

I – impugnar a admissibilidade da prova documental;

II – impugnar sua autenticidade;


A parte, intimada a falar sobre
III – suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração do
documento constante dos autos,
incidente de arguição de falsidade;
poderá:
IV – manifestar-se sobre seu conteúdo

Arguição de Falsidade (art. 430-433)


Uma vez arguida, a falsidade será resolvida como questão incidental,

é possível promover uma ação apenas para alegar a falsidade de documento.

Falsidade ideológica: documento verdadeiro, mas conteúdo não corresponde à verdade.

Falsidade material: o que será comprovado por perícia


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Falsidade arguida como incidente:

Decisão interlocutória

Atacada por Agravo de instrumento

Natureza jurídica da decisão


Falsidade arguida por ação:

Sentença

Atacada por Apelação

No momento em que o juiz declara em sentença, a coisa será acobertada pela coisa julgada material,
logo o documento passa a ser falso em qualquer outro processo.

Se não for resolvido como questão principal, a eficácia é interna ao processo, não acobertada pela coisa
julgada material

Questões prejudiciais também poderão serão acobertadas pela coisa julgada material, ainda que não
haja declaração expressa da parte sobre isso.

Se a declaração não for pedida pela parte expressa em sentença, a falsidade é uma prejudicial
acobertada pela coisa julgada material no caso de preencher os requisitos do art. 503, §1º, ter o
contraditório efetivo, o juiz for competente e não tiver nenhuma restrição probatória.

Prazo: 15 dias é prazo preclusivo

- A prova continuará a ser falsas, mas, no processo, ela terá presunção de veracidade. O prazo é
preclusivo para o incidente e não para promover uma ação declaratória de falsidade.

Nesse caso, é possível alegar conexão, que a ação é prejudicial da outra ação.

PROVA TESTEMUNHAL (art. 442 e ss)

Regra: Todas as pessoas

Pode ser testemunha


- Impedido

Exceção: - Suspeito

- Incapaz
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- Impedido

Informante - Suspeito Não prestam compromisso com a verdade

- Menor de 16 anos

Obs.: o sigilo profissional deve ser preservado.

Porém, ele não é uma barreira intransponível.

É o Código de ética de cada profissão que vai prever a barreira para o afastamento do sigilo.

Quantas testemunhas poderão ser arroladas? (art. 357)

3 testemunhas para cada fato.

Máximo 10 testemunhas

Enunciado n. 300 do FPPC: o juiz poderá ampliar ou restringir o número de testemunhas a depender da
complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados.

Enunciado n. 677 do FPPC: É possível a ampliação do número de testemunhas, em razão da


complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados.

Enunciado n. 694 do FPPC: Modificada a decisão de saneamento quanto à delimitação das questões de
fato sobre as quais recairá a produção de prova testemunhal, poderá a parte complementar ou alterar
seu rol de testemunhas

• O prazo de apresentação do rol de testemunhas preclui. Se não foi arrolado no momento, não é
possível arrolar em outro, senão estaria sendo violada a ampla defesa e o contraditório da parte
contrária. O juiz pode determinar o comparecimento de alguém de ofício.

PROVA PERICIAL
Perito x Especialista (obs. A possibilidade de prova técnica simplificada (art. 464, §2 e 3°)

• Após a entrada da petição, ocorreu a contestação e a decisão de saneamento e organização do


processo. Nessa decisão, houve requerimento de prova pericial. Nesse caso, o juiz deve decidir.

• Se o juiz decidir pela realização da perícia, ele deve estabelecer uma série de dinâmicas

• Sendo elas: nomeação do perito e fixação do prazo para apresentação do laudo pericial (que é o
documento dado pelo perito, em que ele responde aos quesitos formulados).

• O prazo para apresentação do laudo pericial é um prazo judicial, sendo fixado pelo juiz de acordo com
a complexidade da perícia.

• Quando o juiz nomeia o perito e intima as partes, abre-se um prazo para manifestações de quinze dias
(art. 465, § 1º). Poderão ser formulados quesitos, impugnações e nomeações de assistentes técnicos.
Esses quesitos serão respondidos no laudo pericial que será entregue
83

- O perito é do juízo, logo, aplicam-se as regras de impedimento e suspeição.

- Os assistentes técnicos são das partes, não havendo regra de impedimento e suspeição.

• Quando o juiz nomeia o perito, o perito deve apresentar a proposta de honorários no prazo de cinco
dias (art. 465, § 2º).

ATENÇÃO Não deve-se confundir quem adianta o valor inicial do perito e quem suporta esse ônus no
final. Quem suportará o ônus no final será sempre a parte sucumbente

Quem arcará com o adiantamento dos honorários do perito?


- Pago por quem pediu

- Rateada se os 2 pediram

Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo a do
perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada
de ofício ou requerida por ambas as partes.

Requerimento/Determinação Adiantamento Ônus final


Autor Autor Sucumbente

Réu Réu Sucumbente

Autor/réu Rateio Sucumbente

Juiz Rateio Sucumbente

MP (fiscal) Art. 81, §1° (autor) Sucumbente


Art. 91 (MP)
Art. 95 (rateio)
MP (parte) art. 91, §1 e 2° Sucumbente

Defensoria pública art. 91, §1 e 2° Sucumbente

Fazenda pública art. 91, §1 e 2° Sucumbente

Beneficiário da justiça gratuita Art. 95, §3° Sucumbente

§ 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo, manifestar-se no prazo


comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os fins do art.
95.

- O juiz, posteriormente, em decisão interlocutória, irá fixar esses honorários periciais. Esses
honorários se tratam de título executivo judicial (art. 515, V)
84

Os esclarecimentos sobre o laudo serão prestados na audiência de instrução e julgamento. O art. 361
estabelece que, nessa audiência, devem ocorrer primeiro os esclarecimentos do perito e dos assistentes
técnicos

ATENÇÃO

• Não é o juiz que fixa os honorários periciais, mas o perito que apresentará uma proposta de
honorários, e o juiz apenas homologa esse valor.

• O prazo para perícia não é um prazo legal, mas um prazo judicial, que pode ser modificado.

• O laudo deve observar o art. 473.

Após ser apresentado o laudo, é necessário seguir uma dinâmica.

• Intimação das partes: 15 dias, com antecedência mínima de 20 dias (art. 477, § 1º).

• As partes podem solicitar esclarecimentos ao perito

• Depois de apresentar a manifestação, o juiz intima novamente o perito, com prazo de 15 dias para
manifestação do perito (art. 477, § 2º).

• Esclarecimentos do perito das dúvidas formuladas pelas partes.

• Depois desse esclarecimento, o juiz deve ouvir novamente as partes, sendo possível que as partes
solicitem novos esclarecimentos. Se isso ocorrer, esses esclarecimentos serão prestados na audiência
(art. 477, § 3º)

• Intimação para que o perito preste esclarecimentos: antecedência mínima de 10 dias (art. 477, § 4º).

Mnemônico: “Judicial 20 15 15 10”

• O prazo para a apresentação do laudo pericial é o prazo que o juiz fixar.

• O laudo deve ser apresentado com 20 dias de antecedência da audiência de instrução e julgamento.

• As partes devem se manifestar sobre o laudo no prazo de 15 dias.

• Após a manifestação, o perito deve prestar esclarecimentos em 15 dias.

• Se houver necessidade, o perito deve ser intimado com 10 dias de antecedência da audiência para
responder novos esclarecimentos.

- O perito não presta esclarecimentos a perguntas formuladas na audiência. As perguntas devem ser
feitas antes e o prazo de dez dias é para que ele se prepare para responder a essas dúvidas na audiência
85

SENTENÇA
Para ser sentença, ela deve ter conteúdo de sentença e finalidade de sentença.

Conteúdo de sentença se enquadrar em um das hipóteses dos arts. 485 e 487.

Finalidade de sentença pôr fim à fase cognitiva do procedimento comum e da execução.

Haverá pronunciamentos do juiz que estarão tipificados no art. 485 e no 487, mas que não estarão
encerrando a fase cognitiva do procedimento comum. Esses pronunciamentos não podem ser chamados
de sentença, apenas de decisão interlocutória parcial de mérito ou decisão interlocutória sem resolução
de mérito (art. 356 e art. 354, parágrafo único).

Extinção do processo
- Ocorre com a sentença

Art. 316. A extinção do processo dar-se-á por sentença

A natureza jurídica da decisão que julga a liquidação de sentença ou que julga a impugnação ao
cumprimento de sentença depende do resultado.

Se não encerrou, trata-se de interlocutória;  agravo de instrumento

se encerrou, trata-se de sentença.  Apelação

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

I – indeferir a petição inicial;

II – o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III – por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de
30 (trinta) dias;

Extinção por abandono


1. Decisão sem resolução do mérito (art. 485, II e III).

Negligência das partes e abandono do autor. Nesses casos, para se extingua o procedimento, há
necessidade de inércia.

2. Lapso temporal

No caso de negligência das partes, o processo deve estar parado há, no mínimo, um ano; no caso de
abandono do autor, o lapso temporal é de trinta dias
86

- O juiz, nesse caso, dará um despacho determinando a intimação para se manifestar no prazo de 5 dias.
Somente após a intimação pessoal, se ninguém aparecer, será proferida a sentença.

• Abandono/negligência das partes é decisão sem resolução de mérito.

• O abandono do autor fica caracterizado quando ele deixa de movimentar o processo por, no mínimo,
trinta dias.

• Se for negligência das partes (autor e réu), o lapso temporal é de um ano.

• Antes de extinguir, deve-se intimar a parte pessoalmente para que ela demonstre se tem ou não
interesse no prosseguimento do feito. O prazo para que a parte se manifeste é de cinco dias.

• O abandono do autor não pode ser reconhecido de ofício se o réu já houver contestado. Nesse caso,
depende de requerimento do réu.

Em uma situação favorável ao réu, o réu não aceitará o pedido de desistência – porque, se
aceitar, a desistência será sem resolução de mérito, o que significa que o autor poderá
entrar novamente com a ação contra o réu. Se o processo prosseguir para uma sentença de
mérito no final e o pedido for julgado procedente, haverá coisa julgada material

Via de regra, os pronunciamentos das partes produzem efeitos imediatamente e independem de


homologação judicial para produzir efeitos.

A exceção é a desistência da ação, que depende de homologação judicial.

Súmula 240/STJ: A extinção do processo, por abandono da causa pelo autor, depende de requerimento
do réu

- Quando ocorre a extinção sem resolução de mérito, a ação poderá ser reproposta.

Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação.

§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura
da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito.
87

Arts. 487

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


Heterocomposição
I – acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
- Julgamento (I)
II – decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou
- Resolução (II) prescrição;

III – homologar:

a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na


reconvenção;
Autocomposição
b) a transação;
- Vontade das partes
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332, a prescrição e a


decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes
oportunidade de manifestar-se

Art. 488
- Sobre esse art., recomenda-se a observância da noção de primazia do mérito (art. 4º) e das regras de
nulidade (art. 282, § 2º).

Conceito
- art. 203, §1°

Terminativas (art. 485) X Definitivas (art. 487)]

Classificação - Ternária

Quanto ao conteúdo da declaração

- Quinaria
88

T
E
R
N
Á
R
I
Q A
U
I
N
A
R
I
A

• Relatório: Resumo do que aconteceu no processo


Elementos da sentença (art. 489) • Fundamentação: O motivo de o juiz ter decidido aquilo

• Dispositivo: Conclusão, atacando cada pedido

- Art. 38 da Lei 9.099 de 1995, em que se prevê que na esfera dos juizados há a possibilidade de a
sentença não dispor de relatório.

- Já para o CPC, uma sentença sem relatório e sem fundamentação é considerada nula.

- Por outro lado, uma sentença sem dispositivo é considerada inexistente.


89

- Sentença mal fundamentada não é nula

Art. 286
- Extinta a ação sem resolução de mérito, a repropositura da ação tem que ser no mesmo juízo que a
ação foi proposta inicialmente

- Isso ocorre para que não haja violação ao princípio do juiz natural

O § 1º do art. 489 descreve quais são as situações em que qualquer decisão judicial (sentença, DI,
unipessoal, acórdão) é considerada nula

LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
 formulado pedido certo, é vedada a prolação de sentença ilíquida, sendo que "a decisão definirá
desde logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o termo inicial de
ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso" (art. 491);

Decisão ilíquida só é permitida quando:

• não foi possível determinar o montante devido;

• a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou


excessivamente dispendiosa.

Rega: Ainda que o pedido tenha sido genérico (art. 491)

Exceção: Inciso I e II

 Para esses casos, ocorrerá a liquidação (art. 491, §1°)

- Quando necessitar de simples cálculos aritméticos, não haverá a necessidade de liquidação

Objeto:
- Estabelecer o quantum debeatur (valor/quantidade/cifra)

- Servindo apenas para complementar o que nesta já deveria constar (quantidade).

- Não se discute se a sentença foi justa ou injusta

- Não gostou da sentença? Apele

- É vedado na liquidação rediscutir a sentença (509, § 4º):


90

Legitimação
a requerimento do credor ou devedor

Esse requerimento pode ser feito mesmo na pendência do recurso no tribunal?


- é permitido esse requerimento, mesmo na pendência do recurso no tribunal.

Art. 512. A liquidação poderá ser realizada na pendência de recurso, processando-se em autos
apartados no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças
processuais pertinentes.

Esse efeito suspensivo, que impede a produção de efeitos da sentença, impede também a
liquidação?”
- A liquidação pode ser requerida independentemente do efeito do recurso

O art. 512 não especifica se o recurso tem ou não efeito suspensivo, mas apenas esclarece que é
possível liquidá-lo. Isso porque, nesse pedido, não se faz cumprimento à execução (a liquidação é um
passo anterior à execução).

- Mas se na pendencia do recurso come feito suspensivo e devolutivo houver a liquidação da sentença,
não será possível executá-la, pois a decisão esta suspensa.

- Determinado pela sentença


- Arbitramento (art. 509, I) - Convencionado entre as partes

- Exigido pela natureza da obrigação


Espécies

- Pelo procedimento comum (art. 509, II)


91

Necessidade de alegar ou provar fato novo

Fato novo é aquele que não foi


discutido na ação inicial.

Caso se queira insurgir sobre essa decisão, o recurso cabível é o agravo de instrumento (AI) (art. 1.015,
parágrafo único – cabe agravo de instrumento contra qualquer decisão interlocutória em liquidação).

A natureza jurídica dessa decisão interlocutória poderia ser uma sentença?


O professor Leonardo da Cunha defende que a liquidação é um procedimento distinto da sentença.
Logo, a decisão que julga a liquidação é sempre uma sentença.

Por outro lado, a maior parte da doutrina considera a liquidação como um incidente complementar do
procedimento comum do processo de conhecimento. Nesse sentido, via de regra, entende-se que a
decisão que julga a liquidação é de natureza interlocutória.

• Ementa: “Não comprovada a extensão do dano (quantum debeatur), possível enquadrar-se em


liquidação com “dano zero”, ou “sem resultado positivo”, ainda que reconhecido o dever da União em
indenizar (an debeatur1 )”. (STJ-1a Seção, REsp 1.347136/DF, rel. Min. Eliana Calmon, j. 11.12.2013,
negaram provimento, por maioria, DJe 07.03.2013). •

No mesmo sentido: “Na fase liquidatória, ainda que definido o an debeatur, é admitida a liquidação
zero quando se verifica a inexistência de débito em favor do credor, em decisão que põe fim ao
processo com julgamento de mérito e eficácia definitiva”. (STJ3a Turma, REsp 1.549.467/SP, rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, j. 13.09.2016, deram provimento, v.u., DJe 19.09.2016; RB 635/32)

ATENÇÃO observar a liquidação de decisões parciais de mérito (art. 356)

A liquidação feita de modo diverso do estabelecido em sentença viola a coisa julgada?


• Súmula n. 344 do STJ: “A liquidação por forma diversa da estabelecida na sentença não ofende a coisa
julgada.”

Liquidação pelo Procedimento Comum


92

IRRETRATABILIDADE (art. 493 e 494)


quando uma sentença é proferida, o juiz não pode mais modificá-la

Uma sentença publicada não poderá ser modificada, excetuando as seguintes hipóteses:
• Erro de cálculo ou inexatidões materiais;

– Esse tipo de erro pode ser corrigido a qualquer tempo (ad eternum), por simples petição.

– Na verdade, esta é a única hipótese em que o juiz pode corrigir de ofício uma sentença.

– Não há qualquer tipo de preclusão para essa análise.

• Por embargos de declaração

Hipóteses via recurso:

• Apelação contra sentença sem resolução de mérito (art. 485, § 7º).


Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: [...]

§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5
(cinco) dias para retratar-se./

• Apelação contra sentença de improcedência liminar (art. 332, § 3º).


Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu,
julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:

§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.


93

Hipoteca Judiciária (art. 495)


- A hipoteca recai sobre bens imóveis e é um direito real de garantia.

- Ela surge de uma decisão judicial:

Enunciado n. 310, do FPPC: “Não é constitutivo de hipoteca judiciária a decisão judicial que condena à
entrega de coisa distinta de dinheiro.”

TUTELAS ESPECÍFICAS (art. 497 e 498)


Quando uma sentença condena em obrigações de fazer, não fazer e de entrega de coisa, diz-se que
houve uma tutela específica.

- Obrigação de fazer
TUTELA ESPECÍFICA
Condenação - Obrigação de não fazer

- Obrigação de entregar coisa


94

Tutela inibitória X tutela de remoção do ilícito


Tutela inibitória como o próprio nome diz, refere-se à inibição de determinada ação: “não divulgue a
matéria”, “não se apresente”, “não fale nome”.

- Medida preventiva para evitar a lesao

Tutela de remoção de ilícito exige a reparação do que “não deveria ter sido feito”: “desfaça
determinado ato”

- Tutela que visa a reparação por algo que não deveria ter sido feito

- é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo

- Por outro lado, se não for mais possível cumprir a ordem, há a possibilidade da conversão de perdas ou
danos, conforme o art. 499

- Essa indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada, conforme o art. 500

- Para evitar a conversão em perdas e danos, para evitar que descumpra a ordem judicial, pode-se valer-
se de medidas executivas típicas (mais conhecida é a multa ou astreintes) ou atípicas

- Logo, multa é diferente de indenização. Mesmo tendo recebido o valor de uma multa, ainda se pode
aplicar uma ação indenizatória contra uma parte, por esta ter descumprido uma ordem judicial.

- A multa e as suas variações serão estudadas mais detalhadamente em outro momento mais oportuno.

-Multa é diferente de indenização

REMESSA NECESSÁRIA (art. 496)

- Grau de eficácia da decisão

Natureza jurídica
- Recurso

- Sentença

Decisões sujeitas
- Decisão interlocutória parcial de mérito

Não estão sujeitas Acórdão, decisões unipessoais de relator, decisões interlocutórias (tela provisória)
95

- União

- Estados

- Distrito Federal
Proferida contra - Municípios

- autarquias ou fundações de direito público

- Que julgarem procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal

É importante observar a obrigatoriedade na Lei de Mandado de Segurança (art. 14, Lei 12.016 de 2009).
Art. 14.Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.

§ 1ºConcedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.

No mandado de segurança, se a decisão for contrária à Fazenda Pública, a remessa necessária deve
ocorrer.

§ 1º:
- Leonardo da Cunha defende que a remessa necessária só ocorre se não houver interposição de recurso
voluntário pela Fazenda Pública.

Súmula 325 do STJ: A remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as parcelas da
condenação suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários de advogado.

Súmula 45 do STJ: no reexame necessário, e defeso, ao tribunal, deve- -se agravar a condenação
imposta à Fazenda Pública

No caso de uma matéria subir por causa de uma remessa necessária, sendo debatida na sentença,
mas não no tribunal, essa remessa gera o requisito do pré-questionamento?

- quando a lei dispensar remessa necessária, não se impedirá a interposição de recurso voluntário

DISPENSA DA REMESSA NECESSÁRIA


1000 S. M.  União, autarquia e fundação federal

500 S. M.  Estado, D. F. autarquia e fundação estadual

Condenação certa e liq. INFERIOR a


500 S. M.  Municípios que são capitais de estados

100 S. M Demais municípios, autarquia e fundações municipais


96

Súmula 490 do STJ “A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do direito
controvertido for inferior a sessenta salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas”.

- Súmula 490 não se aplica se a ação for contra o INSS de natureza previdenciária, pois o teto de
aposentadoria mais o prazo prescricional não chega a um milhão e cem mil reais

- No caso do § 4º a dispensa da remessa necessária não é pela alçada, e sim pela existência de
precedente obrigatório ou orientação vinculante

- Nesses casos independe do valor da condenação e não impede a interposição de Recurso Voluntário
pela Fazenda Pública.

1 — Quando se tiver Súmula de Tribunal Superior;

2 — REsp e RE Repetitivo;

3 — IRDR e IAC e;

4 — Orientação Vinculante na esfera administrativa.

– Súm. Vinculante

– Súm. Const.
STF
– IAC

– Re Repetitivo

– Súm. Infrac.

– IAC
STJ
– Resp Repetitivo

– IRDR

– Súmula
TJ/TRF
– IAC

– IRDR
97

COISA JULGADA (art. 502 e ss)


- Material  Sentença de mérito não mais sujeita a recurso

Impede que ocorra a rediscussão em outros processos

Espécies - Formal Decisão sem resolução de mérito ou com resolução, mas não sujeita a recurso

Impede que ocorra a rediscussão neste processo

- Processual

A imutabilidade e a indiscutibilidade podem ser atacadas apenas de


forma excepcional através de ação rescisória.

1. Negativo Impede a repropositura da mesma ação (imutável)

Efeitos 2. Positivo Imutabilidade do que já foi decidido (indiscutível)

3. Preclusivo/saneador art. 508 – Não atinge as matérias do art. 966

o efeito saneador da coisa julgada não consegue sanear o que


pode ser objeto de ação rescisória

I– ser uma prejudicial


- Questão principal expressamente decidida
II – Ter contraditório
- Objetivo prévio e efetivo, não se
aplicando no caso de
- Questão prejudicial decidida expressamente (503, §1°)
revelia;
- Motivos III – Juiz competente em
Não faz coisa julgada razão da matéria e da
Limites - Verdades dos fatos
pessoa
- Atinge as partes do processo
- Subjetivo - Não atinge terceiros (obs. Exceção art. 109,§3)

- É possível C. J. in utilibus (beneficiar 3°)? Não há vedação legal,


feita uma interpretação a contrário sensu, pode
98

ATENÇÃO Toda questão prejudicial de mérito é incidental. Mas nem toda questão incidental de mérito é
prejudicial

Observando-se o § 1º, as questões prejudiciais poderão ser atingidas pela coisa julgada material.

ATENÇÃO Mesmo que toda questão tenha sido resolvida incidentemente, ela pode ser uma prejudicial
de mérito, mas, para ser imunizada pela coisa julgada material, deverá preencher todos os requisitos do
art. 503:

I – ser uma prejudicial

II – Ter contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia;

III – Juiz competente em razão da matéria e da pessoa

ATENÇÃO Art. 1.054. O disposto no art. 503, § 1º , somente se aplica aos processos iniciados após a
vigência deste Código, aplicando-se aos anteriores o disposto nos arts. 5º , 325 e 470 da Lei nº 5.869, de
11 de janeiro de 1973 .

- Temporal: A perca se dá pelo decurso do tempo

Preclusão - Lógica: Proibição de comportamento contraditório

- Consumativa: Perca se dá pela prática do ato

Perca de um faculdade processual

Coisa julgada progressiva ou por capítulo


- Estudar essa porra

EXECUÇÃO − CUMPRIMENTO X PROCESSO DE


EXECUÇÃO
A Execução pode estar fundada em título executivo judicial ou executivo extrajudicial.

ATENÇÃO Cumprimento de sentença também é execução, apesar de não estar ocorrendo através de um
processo executivo propriamente dito. É uma atividade executiva contínua.
99

Título executivo judicial (art. 515)  Cumprimento de sentença  Intimação do executado


Defesa: Impugnação

Título executivo extrajudicial (art. 784) Processo de execução (ação executiva)  Citação
Defesa: Embargos à execução

TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL (ART. 515) TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL (ART. 784)

as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a
exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de debênture e o cheque;
não fazer ou de entregar coisa;
a decisão homologatória de autocomposição judicial; a escritura pública ou outro documento público
assinado pelo devedor

a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial o documento particular assinado pelo devedor e por 2
de qualquer natureza testemunhas;

formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação o instrumento de transação referendado pelo Ministério
ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública,
singular ou universal; pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou
mediador credenciado por tribunal;
o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou
emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por outro direito real de garantia e aquele garantido por
decisão judicial; caução;
sentença penal condenatória transitada em julgado; o contrato de seguro de vida em caso de morte;

sentença arbitral o crédito decorrente de foro e laudêmio;

sentença estrangeira homologada pelo STJ  o crédito, documentalmente comprovado, decorrente


de aluguel de imóvel, bem como de encargos
acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio
 a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União,
do exequatur à carta rogatória pelo STJ dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei
 o crédito referente às contribuições ordinárias ou
extraordinárias de condomínio edilício, previstas na
respectiva convenção ou aprovadas em assembleia
geral, desde que documentalmente comprovadas;
a certidão expedida por serventia notarial ou de registro
relativa a valores de emolumentos e demais despesas
devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas
tabelas estabelecidas em lei;
 todos os demais títulos aos quais, por disposição
expressa, a lei atribuir força executiva
100

Art. 523.No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre parcela
incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo o executado
intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.

Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da citação.

- Se no cumprimento, na impugnação o indivíduo que está sendo executado já teve outras


oportunidades de se defender, seria lícito ele alegar qualquer matéria de defesa? Sendo assim,
estabelece-se um limite para isso, fazendo da impugnação uma cognição limitada

- Segundo o professor Alexandre Flexa, deve-se olhar para a formação da coisa julgada. O que ocorreu
antes já não deverá ser considerado (efeito preclusivo da coisa julgada), mas os vistos posteriores, esses
poderão ser objetos da impugnação.

- Para o professor Araken de Assis, a cognição nos embargos é plenária, no sentido de que o executado,
nos embargos, poderá alegar absolutamente qualquer matéria, que seria lícito a ele alegar uma
contestação. Art. 917, Inc. VI, citado acima.

Resumindo, existe um diálogo de fonte que pode ser observado na análise dos Arts. citados acima, pois
todos tratam a questão da execução.

Ao se examinar o código, percebe-se que a parte de cumprimento de sentença é muito mais detalhada
do que a parte de execução de título extrajudicial. No entanto, ao consultar o Art. 911, por exemplo, ele
direciona o leitor para o Art. 528. Todos estão interligados com o assunto atividade executiva, cujo
objetivo é a satisfação, a realização do direito e não mais a resolução. Portanto, execução.
101

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
É a execução dos títulos executivos judiciais (art. 515).

ESPÉCIES
– Definitivo: a decisão já transitou em julgado.

– Provisório: quando a decisão que está sendo executada via cumprimento


• Quanto ao momento
está com recurso pendente de julgamento. Neste caso, pode executar porque
o recurso pendente de julgamento não tem efeito suspensivo (sem efeito
suspensivo).

– Direto: o credor vai cobrar o devedor.

– Invertido: art. 526. O devedor oferta o pagamento. Isso é feito com


• Quanto ao interessado frequência com banco.

– Quantia certa: arts. 523 ao 527. Dinheiro.

– Obrigação de fazer e não fazer: arts. 536 ao 537.


• Quanto ao objeto – Entrega de coisa: art. 538.
Condenações de fazer, não fazer, entrega
– Alimentos: arts.contra
528 aoa 533.
Fazenda Pública, não há procedimento especial, é
feito pelo
procedimento – Que fixa obrigação de pagar contra a Fazenda Pública: arts. 534 e 535
102

comum, ou seja, é executada normalmente. Aqui há o procedimento especial, quantia certa porque,
conforme a Constituição, art. 100, será pago através de precatório. Logo, aqui há um procedimento
diferente quando se trata de pagamento em dinheiro, porque nesses casos há RPV e precatório

Competência no cumprimento

- Ação rescisória  Acórdão (pagar x) O cumprimento ocorrera no próprio


TJ e TRF tribunal, pois são ações originárias do
- Mandado de segurança  Acórdão
tribunal
(faça y)

Exemplo 2: uma sentença proferida pelo juiz da primeira vara de Niterói foi objeto de recurso. Na
Segunda Câmara Cível no TJRJ, o desembargador Alexandre Freitas Câmara (presidente da Segunda
Câmara do TJRJ) alterou a sentença proferida pelo juiz da primeira vara de Niterói.

- O acordão do TJ será executado na primeira vara de Niterói, porque a competência recursal não altera
a competência funcional de quem proferiu a decisão originária

I - os tribunaisnas causas de sua competência originária;

II - o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição;


Competência
Art. 516 III - o juízo cível competente, sendo sentença penal condenatória,
sentença arbitral, sentença estrangeira ou de acórdão proferido
pelo Tribunal Marítimo.

- atual domicílio do executado


Nas hipóteses
Art. 516, dos incisos II e - local onde se encontrem os bens sujeitos à execução
§único III, o exequente
- local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer,
poderá optar
casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao
pelo juízo do:
juízo de origem

- Sendo alimentos no novo domicílio do exequente (§9°, art. 528)

Protesto judicial
Quando o indivíduo não está pagando, pode gerar uma constrição via cartorária contra ele.

Medidas executivas
103

Direta:
- é aquela tomada cuja medida tem relação direta com o objeto da execução.

- O objeto da medida coincide com o objeto da execução

Indireta:
- Quando não houver esse coincidência entre o objeto da execução e a medida tomada

- Mozart quer que o executado entregue um carro. O juiz fixa uma multa em caso de descumprimento. A
multa é uma medida executiva, mas o que está sendo estabelecido por essa medida executiva não
coincide com o objeto da execução. A multa é apenas uma forma indireta de alcançar o resultado

Típica
- tem previsão no ordenamento.

Exemplo: penhora, busca e apreensão, imissão na posse, penhora eletrônica, multa em caso de
descumprimento (astreinte, arts. 536, IV e 537)

Atípica
- o Código não prevê apreensão de passaporte, de cartão de crédito.

Exemplo: um juiz mandou um oficial de justiça, acompanhado de um eletricista do fórum, até a


concessionária de energia do estado, determinando que a concessionária de serviço público religasse a
luz do autor, uma vez que foi determinado pelo juiz três vezes que fosse religada. Foi fixada multa por
descumprimento, mas a concessionária continuava descumprindo a ordem. O juiz mandou um oficial de
justiça acompanhado de um eletricista para que a ordem fosse cumprida imediatamente a partir da
ciência, e se não fosse cumprida, imediatamente determinou que o eletricista do fórum cortasse a luz da
concessionária de energia. Não está regulado no Código, é uma medida atípica

Constritivas
- medidas executivas que têm por objetivo gerar uma constrição ao executado, como a multa, a busca e
apreensão, a penhora. São medidas que agridem o executado, que impõe ao executado uma situação
que provavelmente ele não desejaria

Premiais
medidas que não pioram a situação do executado, mas melhoraram caso ele cumpra, que são técnicas
premiais,
104

exemplo: art. 827, o juiz vai fixar os honorários das execuções de título extrajudicial em dez por cento,
mas se ocorrer pagamento integral da dívida em três dias, os honorários serão reduzidos de dez por
cento para cinco por cento.

Protesto judicial (art. 517)


O protesto judicial é uma medida executiva típica, indireta (não se tem por objeto o protesto judicial,
ele é apenas uma forma de vencer a recalcitrância) e constritiva (gera uma constrição em relação ao réu
que terá que cumprir a ordem judicial).

- O protesto judicial é diferente de cadastro em órgãos de inadimplentes (Serasa, SPC).

- O protesto judicial é feito em cartório de tabelionato de protesto

- Por exemplo, a Fazenda Pública, o juiz, o exequente munido de uma certidão, vai ao cartório de
protesto informar que algum indivíduo é devedor. Logo, há um protesto cartorário contra o
indivíduo/devedor. Se o indivíduo/devedor quiser dar baixa, tem que pagar, ir ao cartório e comprovar
que pagou para que seja dado baixa. É preciso gastar um bom dinheiro para retirar o protesto.

Regra: Decisão transitada em julgado


Exceção: Alimentos provisórios (art. 528, §3°). Juiz determina protesto de oficio

Como derrubar o protesto: com o pagamento integral (art. 517, §4°)

13. Tese jurídica firmada: “O art. 782, §3º do CPC é aplicável às execuções fiscais, devendo o
magistrado deferir o requerimento de inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes,
preferencialmente pelo sistema SERASAJUD, independentemente do esgotamento prévio de outras
medidas executivas, salvo se vislumbrar alguma dúvida razoável à existência do direito ao crédito
previsto na Certidão de Dívida Ativa - CDA.” (TEMA 1.026, STJ-1ª Seção, REsp 1.807.180/ PR, Rel.
Ministro Og Fernandes, j. 24.02.2021, deram provimento, v.u., DJe 11/03/2021)

CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE SENTENÇA (art.


520 e ss)
105

Definitivo: o baseado em uma decisão transitada em julgado


CUMPRIMENTO Provisório: quando executa uma decisão judicial que ainda não
PROVISÓRIO DE transitou em julgado.
SENTENÇA
Ocorre com base em decisão com recurso pendente de julgamento
e desprovido de efeito suspensivo

Se não transitou em julgado, como é que vai executar ainda? E se houver uma reviravolta no julgamento
desse recurso? É o cumprimento provisório, que só pode acontecer se esse recurso, que ainda está
pendente de julgamento, não tiver sido recebido no efeito suspensivo

Uma das funções do efeito suspensivo é impedir que a decisão produza efeitos, logo, se o recurso foi
recebido no efeito suspensivo, não pode executar aquela decisão porque ela não está produzindo
efeitos

Como o recurso é
desprovido de efeito
Agravo de
suspensivo, a decisao ja Acórdão
instrumento
produz efeitos a partir da
publicação
Decisão
P.i
interlocutóra
Cumprimento
A parte pode requere Requerimento provuisório porque
cumprimento provisório do credor ocorre na pendencia
do jrecurso

- O cumprimento provisório corre sobre a responsabilidade objetiva do exequente, porque está


executando algo que pode ser revisto pelo tribunal, ou seja, está executando uma decisão que pode ser
alterada pelo julgamento do recurso

- O inciso I estabelece a responsabilidade objetiva.

- Não ocorre de oficio, depende de requerimento do exequente

Regra: - O cumprimento provisório exige caução (§4°, art. 520).

- Não exige caução para ser iniciada, mas antes dos atos de alienação e afins

I - o crédito for de natureza alimentar, independentemente de sua origem;

II - o credor demonstrar situação de necessidade;


Exceção Art. 521
III – pender o agravo do art. 1.042;             

IV - a sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da


jurisprudência do STF ou do STJ ou em conformidade com acórdão proferido no
julgamento de casos repetitivos.
106

Com base no art. 520, § 2º, são devidos a multa e honorários advocatícios de dez por cento no
cumprimento provisório.

CUMPRIMENTO DEFINITIVO DE SENTENÇA QUE


FIXA OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA (art. 523 e
ss)
107

O cumprimento definitivo ocorre com base em uma decisão que já transitou em julgado.

O cumprimento definitivo pode também se dar com base em uma decisão parcial de mérito, art. 356, §
3

O principal requisito é o demonstrativo atualizado do crédito (quando para obtenção do valor depender
apenas de cálculo aritmético, pode dar entrada no requerimento com o demonstrativo atualizado, sem
necessidade de liquidação). O demonstrativo será distribuído nos termos do art. 516

O cumprimento de sentença é requerido no juízo que proferiu a sentença

PEGADINHA DA BANCA

A banca pode perguntar: o cumprimento de sentença pode se dar de ofício?

Sim, quando for fazer, não fazer ou entrega. Porém, quando for para pagar quantia, não pode ser de
ofício, depende de requerimento.

O código preserva o Princípio da Disponibilidade

Enunciado n. 450 do FPPC: “Aplica-se a regra do art. 827, § 2º, ao cumprimento sentença”

INTIMAÇÃO DO EXECUTADO
Com advogado nos autos Pelo DJe na pessoa do advogado (art. 513, §2°, I)
Patrocinado pela Defensoria Pública Intimação por carta com aviso de recebimento (art.
513, §2°, II)
Pessoa natural e jurídica Intimação por carta com aviso de recebimento(art.
que não se enquadram 513, §2°, II)
no art. 246, §1°

Sem advogado
Pessoa jurídica que se Intimada por meio eletrônico (art. 513, §2°, III)
enquadra no art. 246,
§1°

Sem advogado e citado por edital e revel na fase de Intimado por edital (art. 513, §2°, IV)
conhecimento
Com advogado, mas o requerimento foi formulado Intimação por carta com aviso de recebimento (art.
após 1 ano do trânsito em julgado 513, §4°)

A partir do momento que transita em julgado e a dívida é exigível, tem que esperar para o credor fazer o
requerimento. Se o requerimento demorar muito para ser formulado, ou seja, se o exequente passar
mais de um ano para fazer o requerimento, observar art. 513, § 4º.
108

A partir do momento em que a dívida é exigível, começa a correr prazo prescricional. Se o exequente
demorar muito para fazer o requerimento, quando ele for fazer, talvez o crédito possa estar prescrito. O
prazo prescricional, conforme a súmula n. 150 do STF, depende da natureza do crédito da ação
cognição.

Passado os quinze dias, abre prazo para o oferecimento de eventual impugnação, que é a defesa do
executado no cumprimento de sentença.

IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA


(art. 525 e ss)
• O prazo da impugnação é sucessivo, o que significa que quando termina o prazo para pagar, abre
automaticamente o prazo para impugnar, contado em dias úteis;

• Esse prazo para impugnação tem início independentemente de nova intimação;

• No 16º dia, que é o primeiro após o término do prazo para pagar, é o primeiro dos 15 dias para
impugnar.

O prazo de 15 dias dobra se houver litisconsorte com diferentes procuradores, segundo o art. 229 do
Código de Processo Civil.

Não tendo pagado nos 15 dias, no 16º dia o devedor já está sujeito a penhora e avaliação; isso quer
dizer que a partir do 16º dia o executado já pode sofrer atos de constrição

Os vícios que aconteceram antes do trânsito em julgado normalmente estão preclusos; os que
acontecem posteriormente poderão ser alegados dentro da impugnação. Assim, tem-se o efeito
109

preclusivo da coisa julgada (art. 508), salvo expressa previsão legal; logo, vícios posteriores ao trânsito
em julgado poderão ser objeto da impugnação.

• Independe de garantia do juízo (525)

• Cogn. Limitada

- Obs. rol exemplif. do art. 525, § 1º |

- Obs. ef. preclusivo da coisa julgada (508)

– Quanto a nulidade/falta de citação do executado na fase de conhecimento, obs. art. 515

- Só pode ser alegado quando o título e. jud. for do art. 515:

* I- as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação


de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;

*IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos


herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;

*V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem


sido aprovados por decisão judicial;

*VII - a sentença arbitral;

• Prazo: 15 d. (obs. art. 525, § 3º / possib. do art. 229)

• Efeito suspensivo

– Não é ope legis (525, § 6º)

– Mas poderá ser concedido pelo juiz (ope judiciais) [Possibilidade de prosseguir mediante caução
(art. 525, § 10)]

- 1º Garantir o juízo

- 2º Relevância dos fundamentos (probabilidade do direito

- 3º Risco ao resultado útil (perigo de dano iminente)


110

Art. 525, §1°, III, IV, V

Se o vício na penhora ou avaliação for posterior à impugnação, como deve ser apontado?
- arguido por simples petição (art. 525, §12°)
Prazo: 15 dias

DECISÃO QUE JULGA A IMPUGNAÇÃO

- Não encerra o cumprimento

Decisão interlocutória  Agravo de instrumento (art. 1015, §único)

Sentença  Apelação (art. 1009)


- Conteúdo de sentença (art. 485/487)

- Finalidade de encerrar o cumprimento de sentença


111

CUMPRIMENTO INVERTIDO DE SENTENÇA (art. 526)


- Reu oferece pagamento

- Autor (exequente) tem prazo de 5 dias para manifestação

- Pode:

* Aceitar o valor (sentença extinguindo o procedimento)

* Impugnar o valor (mas pode fazer o levantamento quanto a parte controversa)

- Juiz profere decisão interlocutória

- Se entender:

* Pela insuficiente sofre o valor ofertado, sobre ele incidirá 10% de multa e honorário

* Que o valor está certo (extingue)


112

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE FIXA


ALIMENTOS-EXECUÇÃO DE ALIMENTOS (art. 528
e ss)
1. Por coação (que gera prisão civil) – art. 528, § 3º.
Cabe ao exequente
A execução de alimentos 2. Por expropriação (penhora) – art. 528, § 8º.
optar pela forma mais
pode se dar de diversas 3. Por desconto em folha – art. 529 adequada
formas:
4. Por constituição de capital – art. 533

- D.i (alimentos provisórios) ou sentença (alimentos definitivos- não apelou, t. em. julgado) -fixa
alimentos em 1000 reais

- Requerimento do credor

- Juiz desp. (intimação pessoal do executado)

- Prazo de 3 dias uteis para (art. 528):

* Pagar

* Provar que pagou

* Justificar a impossib. de pagar

* Ficar inerte

- juiz determina protesto judicial (ocorre de oficio-exceção à regra)


113

- Se não pagar ou o juiz não aceitar a justificativa

* Determina o protesto de oficio

* Determina a prisão civil que pode durar de 1 a 3 meses (dias corridos)

Por que não deve ser utilizado o habeas corpus?

- O habeas corpus deve ser utilizado quando a


prisão é ilegal e abusiva, seria o caso do devedor A. I.
que, mesmo tendo efetuado o pagamento, foi
preso, o devedor que pagou e continua preso, o Art. 1015, §único
devedor que cumpriu o prazo do decreto prisional e
continua preso.

- Prisão tem caráter coercitivo e não indenizatório

 Pois o tempo que ficar preso não o libera do pagamento (art. 528, §5)
 Será no regime fechado
 Preso separado dos demais presos
 Pagamento integral juiz suspende a ordem de prisão
 Não há limites para o número de prisões

Parcelas que legitimam a prisão:


- Débito que compreende até as 3 ultimas parcelas anteriores ao ajuizamento da execução (§7°)

As prestações vencidas durante o cumprimento da pena de prisão civil podem ser utilizadas como
justificativa para um novo decreto prisional?

O STJ considerou que não.

As prestações vencidas durante o curso do decreto prisional não podem ser utilizadas como justificativa
para uma nova prisão.

Pode ser requerida uma nova prisão, embora o requerimento anterior ainda esteja em curso, só termina
quando ele efetuar o pagamento.
114

- AP (ñ tem ef. Susp. Contra sent. Que fixa


alim.

16° dia

- Ordem será de:

DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO (ART. 529)

- Funcionário público

- Militar - Exequente pode requerer o


Executado desconto em folha
- Diretor ou gestor de empresa

- Empregado CLT
115

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS BASEADA EM TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL


A execução de alimentos baseada em título executivo extrajudicial segue exatamente as mesmas regras
da execução baseada em título judicial

CUMPRIMENTO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA


(art. 534 e ss)
O regime especial diferenciado que faz com que a Fazenda sofra um processo executivo de forma
diferente é apenas para as execuções fundadas em quantia certa.

Se a pessoa for executar a Fazenda Pública por uma obrigação de fazer, de não fazer, de entrega de
coisa, a Fazenda será executada normalmente. O regime só é diferenciado quando é feita cobrança de
dinheiro, porque ela tem que pagar por RPV ou por precatório.

É uma exigência do art. 100, CF, e também um controle de constitucionalidade feito pelo Supremo. No
caso de quantia, a Fazenda é intimada para se defender, e depois, não havendo defesa, ou rejeitada a
defesa, é que vem a ordem de pagamento.
116

• Cabe cumprimento provisório contra a Fazenda Pública?


Depende do motivo pelo qual a Fazenda está sendo executada.

Obrigação de fazer, não fazer ou entrega cabe, porque a Fazenda, nesses casos, não possui regime
diferenciado. Ainda que haja um recurso, se esse recurso estiver sem efeito suspensivo, a decisão contra
a Fazenda, já está produzindo efeitos e pode ser executada

Obrigação de pagar quantia certa e determina expedição de RPV ou precatório, a CF exige regime
especial e a decisão precisa ter transitado em julgado para promover a execução provisória.

Obs.: A representação da Fazenda Pública é feita (art. 75) da seguinte forma: a União é intimada na
pessoa do Advogado da União; os estados, na pessoa do procurador do estado; os municípios, na pessoa
de seu procurador ou do prefeito

- Sentença T. em Julg. (100mil)

- Requerimento do credor + demonstrativo atualizado do crédito

- Despacho intime-se a f. pública (pessoal por:

* carta

* Remessa

* Meio eletrônico

- Prazo de 30 para impugnação (art. 535)  esse prazo é próprio logo não dobra

- A fazenda pode:
- Precatório: Não incide honorário (Art. 85, §7°)
* Não impugnar
- RPV: Incide honorário (não aplica o art. De cima)

* Oferece impugnação

Pode ser:

Total-
- Controverso
Parcial- Há um valor
- Incontroverso
117
118
119

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER, NÃO FAZER E ENTREGAR COISA CERTA
Quando se fala em obrigação de fazer e não fazer ou de entrega de coisa, trata-se de tutelas específicas.

Tutelas específicas
São aquelas que impõem obrigações de fazer, não fazer ou de entrega de coisa. Pagar quantia não é tutela
específica.

• Obrigação de FAZER;

• Obrigação de NÃO FAZER;

• Obrigação de ENTREGA DE COISA.

• A obtenção de tutela específica pode ser cumulada com medidas executivas típicas indiretas, que é para
compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação. Isso não afasta a obrigação de perdas e danos;

• Suponha que:

– um juiz ordene ao plano de saúde que expeça uma guia de internação e que arque com todas as
necessidades do paciente em seu tratamento – obrigação de fazer;
120

– um juiz determine que o fabricante de um determinado veículo/bem móvel substitua o produto – obrigação
de entrega de coisa;

Então, todas as vezes que se tem na decisão judicial uma obrigação de fazer, de não fazer ou de entrega,
espera-se que o réu cumpra isso de forma específica;

• E no caso de uma eventual recalcitrância, quando o réu não cumpre a ordem judicial? Como compelir o réu a
obedecer a ordem judicial, evitando eventual execução forçada?

Uma das possibilidades é através de multa, a astreinte. Essa multa não impede uma ação indenizatória e/ou de
perdas e danos, porque a função da multa não é indenizar.

CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE NÃO FAZER


• fase de execução – pressupõe-se que já houve a fixação da ordem de pagamento;
121

• O cumprimento de sentença que fixa obrigação de pagar depende de requerimento do credor.

O cumprimento de obrigação de fazer, de não fazer e de entrega de coisa pode ter o requerimento, mas o
juiz/a secretaria deve proceder a um cumprimento dessa decisão independentemente de requerimento.
Nesses casos, essa fase da execução forçada ocorre de ofício.

Portanto, cumprimento de sentença necessariamente depende de requerimento se for quantia certa; fazer,
não fazer e entrega podem ocorrer de ofício.

Observe que a multa é apenas uma das medidas possíveis. Veja, também, que isso serve tanto para as
obrigações de fazer como para as obrigações de não fazer. De acordo com o professor Humberto Theodoro
Júnior, negativa (não fazer) é a obrigação; a execução (cumprimento) é sempre positiva. Ou seja, não se
executa para que o outro não faça. Na verdade, se executa para que ele desfaça o que não poderia ter feito
(remoção de ilícito). Para fazer valer essa ordem judicial, são necessárias medidas executivas diretas e
indiretas para obter um resultado específico, e uma delas é a multa.

Multa astreinte
– segundo o professor Cândido Rangel Dinamarco, tem por objetivo vencer a recalcitrância, convencer alguém
que se deve obedecer à ordem judicial.

É necessário valer-se de medidas executivas para compelir essa pessoa a agir obedecendo normas e regras.

Ex.: obrigatoriedade do uso de cinto de segurança e multa para quem não a cumprir.

– No art. 536, o Código prevê a possibilidade de multa. Já o art. 537 regula essa multa.

–Objetivo: compelir a parte ao cumprimento da ordem judicial;

– imposição: pode ser aplicada de ofício ou a requerimento;

– aplicação de ofício ferramenta de executoriedade do juiz (juiz se vale da multa para fazer valer a ordem
judicial, que deveria ser cumprida espontaneamente);

– ferramenta do Estado de compelir o réu ao cumprimento específico da ordem judicial;

– Momento: pode ser aplicada em qualquer fase do processo, seja em tutela provisória, seja na sentença ou
na fase de execução;

– Fixação: princípios da proporcionalidade e da razoabilidade;

critérios para que o juiz reflita com cuidado sobre um percentual da multa, seu valor, periodicidade e sobre um
prazo razoável para o cumprimento da ordem para a incidência da multa;

– ofensor x ofendido
122

– o juiz, quando vai fixar uma multa, deve pensar, também, sob a perspectiva pedagógica, para que o ofensor
não continue gerando novas lesões;

– flexibilização da Súmula 7 do STJ quando o valor da astreinte for irrisório ou muito alto;

– a Súmula 7 é constantemente afastada para rever o valor de indenização de astreinte.

Um ex-presidente do STJ levantou uma discussão sobre a culpa do judiciário nessa desobediência generalizada
de ordens judiciais, uma vez que, ao criar a cultura de que a multa fixada será revista a qualquer momento
caso esteja desproporcional, isso, de certa forma, faz com que o réu aja com mais descaso, porque ele não
confia que a multa será aquela.

Obs.: o Código estabeleceu critérios para que a multa que ainda vai vencer (vincenda) possa ser modificada,
mas a multa vencida não deve ser alterada

Obs. 1: quem é o titular e/ou beneficiário desse crédito é o credor. A multa é convertida para ele, não para o
Estado;

Obs. 2: o que ele receber a título de multa não impede uma ação indenizatória (art. 500).

• Se não houver cumprimento da ordem judicial, a multa, que já está incidindo, pode ser executada
provisoriamente (art. 537, § 3º);

Ementa: “PROCESSUAL CIVIL. FIXAÇÃO DE ASTREINTES CONTRA O PODER PÚBLICO. POSSIBILIDADE. 1. O STJ
entende ser cabível a cominação de multa diária (astreinte) contra a Fazenda Pública como meio executivo
para cumprimento de obrigação de fazer ou entregar coisa (arts. 536 e 537 do CPC/2015). 2. Recurso Especial
provido”. (STJ – 2ª Turma, REsp 1.827.009/PE, rel. Min. Herman Benjamin, j. 20.08.2019, deram provimento,
v.u., DJe 13.09.2019).

Obs.: a multa recai sobre o Estado e não sobre o servidor (princípio da impessoalidade).
123

Art. 537. (...)

§ 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo, permitindo o
levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte.

• Exemplo: se há tutela provisória sendo fixada e a multa vai para o credor, caso a decisão não seja confirmada
futuramente, não se pode permitir que se pague a multa por uma ordem não devida.

• A partir do momento que a multa incidir, é possível requerer o cumprimento provisório dela.

• É possível o cumprimento provisório dos valores fixados a título de multa em tutela provisória, em sentença,
em acordo etc.

• Se a multa for executada, os valores apreendidos do devedor que descumpriu a ordem judicial só poderão
ser levantados pelo exequente quando a condenação transitar em julgado.

Art. 537. (...)

§ 4º A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for
cumprida a decisão que a tiver cominado.

§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de
não fazer de natureza não obrigacional.

• Exemplo: a sentença condenou o réu a pagar cem mil reais, o credor fez o requerimento para que o
executado seja intimado a pagar o valor, sob pena de multa de 10% e honorários advocatícios.

Neste caso, a obrigação de pagar é do devedor, porém está sendo intimado na pessoa de seu advogado. Logo,
o advogado possui responsabilidade de manter o cliente informado sobre a pena de não pagamento de multa.

Súmula n. 410 do STJ: “A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança
de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”.

(RESSALVA DE ENTENDIMENTO) (MIN. NANCY ANDRIGHI): “Não há necessidade de intimação pessoal da parte
para a incidência da multa diária pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, sendo suficiente a
intimação do devedor na pessoa de seu advogado. Isso porque a tendência do atual Direito Processual Civil é
de agilizar e desburocratizar a execução, com previsão, inclusive, de expansão dos poderes inerentes ao
mandato conferido ao advogado. Além disso, exigir a intimação pessoal do devedor no cumprimento das
obrigações de fazer e de não fazer proporciona, ainda, o estímulo à sua ocultação, já que, sem essa
formalidade, não haverá como lhe impor medidas coercitivas para o cumprimento específico da obrigação.
Desse modo, constata-se que a intimação do devedor, via advogado, acerca da imposição da multa do artigo
461, § 4º, do CPC, se mostra como o meio mais adequado de cientificar a parte, por guardar consonância com
o espírito condutor das reformas que vêm sendo feitas ao CPC, em especial a busca por uma prestação
jurisdicional mais célere e fluida, bem como a antecipação da satisfação do direito reconhecido judicialmente”.

Ementa: “É necessária a prévia intimação pessoal do devedor para a cobrança de multa pelo descumprimento
de obrigação de fazer ou não fazer antes e após a edição das Leis n. 11.232/2005 e 11.382/2006, nos termos
da Súmula n. 410 do STJ, cujo teor permanece hígido também após a entrada em vigor do novo Código de
Processo Civil”. (STJ-Corte Especial, EREsp 1.360.577/MG, rel. p/acórdão Min. Luis Felipe Salomão, j.
19.12.2018, deram provimento, por maioria, DJe 07.03.2019)

• A Corte Especial do Supremo Tribunal de Justiça manteve a Súmula n. 410 do STJ em vigor.
124

CUMPRIMENTO PARA ENTREGAR COISA


Art. 538. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na sentença, será expedido mandado de
busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.

§ 1º A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de conhecimento, em contestação, de forma discriminada e
com atribuição, sempre que possível e justificadamente, do respectivo valor.

§ 2º O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na contestação, na fase de conhecimento.

§ 3º Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as disposições sobre o cumprimento de obrigação
de fazer ou de não fazer.

• “(...) mandado de busca e apreensão (...)” – medidas executivas lato sensu.

• Exemplo: após o trânsito em julgado, intimou o réu para entrega do carro em 5 dias sob pena de multa
diária. Contra essa sentença, cabe recurso de apelação. Caso não apelado, transitou em julgado, intimando o
réu sobre a sentença. Essa intimação deve ser pessoal, por conta da multa (Sum. 410/STJ). A partir disso, abre-
se o prazo para cumprimento. Caso não cumpra, há a expedição do mandado de busca e apreensão (bem
móvel) ou imissão na posse (bem imóvel). Em caso de intimação pessoal, passa a incidir a multa.

EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL


DIÁLOGO DE FONTES
Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-se, no que couber
e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial deste Código.

1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou definitivo, far-se-á a
requerimento do exequente.
125

TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL (ART. 515) TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL (ART. 784)

as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a
exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de debênture e o cheque;
não fazer ou de entregar coisa;
a decisão homologatória de autocomposição judicial; a escritura pública ou outro documento público
assinado pelo devedor

a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial o documento particular assinado pelo devedor e por 2
de qualquer natureza testemunhas;

formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação o instrumento de transação referendado pelo Ministério
ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública,
singular ou universal; pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou
mediador credenciado por tribunal;
o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou
emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por outro direito real de garantia e aquele garantido por
decisão judicial; caução;
sentença penal condenatória transitada em julgado; o contrato de seguro de vida em caso de morte;

sentença arbitral o crédito decorrente de foro e laudêmio;

sentença estrangeira homologada pelo STJ  o crédito, documentalmente comprovado, decorrente


de aluguel de imóvel, bem como de encargos
acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio
 a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União,
do exequatur à carta rogatória pelo STJ dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei
 o crédito referente às contribuições ordinárias ou
extraordinárias de condomínio edilício, previstas na
respectiva convenção ou aprovadas em assembleia
geral, desde que documentalmente comprovadas;
a certidão expedida por serventia notarial ou de registro
relativa a valores de emolumentos e demais despesas
devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas
tabelas estabelecidas em lei;
 todos os demais títulos aos quais, por disposição
expressa, a lei atribuir força executiva

§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo não inibe o credor de
promover-lhe a execução.

§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não dependem de homologação para serem
executados.

§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do
lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação
126

SÚMULA 233, STJ-


O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta corrente, não é título executivo.

SÚMULA 247, STJ


O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento
hábil para o ajuizamento da ação monitória

• É possível execução contra a Fazenda Pública, por exemplo, baseado em título executivo extrajudicial.

• Não basta ter um documento particular, ele precisa ter duas testemunhas para presenciar a existência do
contrato.

• Não é apenas o MP que pode referendar termos de ajustamento de conduta.

• O contrato de abertura de conta corrente, ainda que esteja subscrito por duas testemunhas e acompanhado
no demonstrativo de débito, não se caracteriza como título executivo extrajudicial. Porém, esse contrato se
aperfeiçoa como prova escrita, sem eficácia de título, pode-se valer de monitoria.

• O proprietário de um imóvel pode mover uma execução contra o inquilino que não pagar o IPTU,
condomínio etc., previstos em contrato.

• A sentença estrangeira depende de homologação, mas título executivo extrajudicial não.

Art. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim
de obter título executivo judicial

• Exemplo de falta de interesse de agir: a parte autora instaura um processo de execução e ela já detém um
título executivo extrajudicial.

• Se dentro de uma cobrança de título extrajudicial existe uma obrigação decorrente daquilo que não está
constituída no título, algumas pessoas poderiam optar por entrar com uma ação única.

• É possível já possuir um título extrajudicial e requerer um título judicial.

• É possível entrar com ação monitória baseada no título extrajudicial

PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO
• Patrimonialidade A execução não recai sobre o devedor e sim sobre seus bens (art. 789)

• Utilidade O bem que será executado deve demonstrar algum tipo de proveito para o fim da obrigação
(art. 836)

• Menor onerosidade A execução se dará da forma menos gravosa ao executado (art. 805)

• Ônus da execução Art. 85, 907 e ss

• Disponibilidade O exequente pode desistir da execução, no todo ou em parte, a qualquer hora,


independente do consentimento do executado (art. 775)
127

Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte:

I – serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o exequente
as custas processuais e os honorários advocatícios;

II – nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante

LEGITIMADOS (art. 778)


Há dois tipos de legitimação: ordinária (credor) e derivada (subsidiária)

ATENÇÃO

Na cessão de crédito, a legitimação do cessionário independe da concordância do executado.

Na cessão de débito, a legitimação do concessionário é dependente da concordância do executado


Art. 779. A execução pode ser promovida contra:

I – o devedor, reconhecido como tal no título executivo;

II – o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;  Obs. Benefício do inventário

III – o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo;

IV – o fiador do débito constante em título extrajudicial;

V – o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito;

VI – o responsável tributário, assim definido em lei.

COMPETÊNCIA
Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo competente, observando-se o
seguinte:

I – a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado, de eleição constante do título ou, ainda, de
situação dos bens a ela sujeitos;

II – tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de qualquer deles; III – sendo incerto ou
desconhecido o domicílio do executado, a execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de
domicílio do exequente;

IV – havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à
escolha do exequente;

V – a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem
ao título, mesmo que nele não mais resida o executado.
128

CADASTRO DE INADIMPLENTES
Há a possibilidade de utilização de medidas executivas típicas indiretas para compelir o executado ao
cumprimento da quitação. Uma delas é a inscrição do executado em um órgão de inadimplência
Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e o oficial de justiça os cumprirá.

§ 1º O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados pelo juiz também nas comarcas contíguas, de
fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana.

§ 2º Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força policial, o juiz a requisitará.

§ 3º A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes.

§ 4º A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for garantida a execução ou se a
execução for extinta por qualquer outro motivo.

§ 5º O disposto nos §§ 3º e 4º aplica-se à execução definitiva de título judicial.

ATENÇÃO É possível a cumulação de execuções, mas devem ser preenchidos certos requisitos, conforme
definição expressa no CPC:

- Mesmo executado

- Juízo seja competente para todas as execuções

- Idêntico procedimento

Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for
o mesmo e desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento

RELEMBRANDO

Espécies de Execução de Título Extrajudicial (cada uma é um rito/procedimento)

• Execução para entrega de coisa (arts. 806 a 813 do CPC);

• Execução de obrigação de fazer e não fazer (arts. 814 a 823);

• Execução por quantia certa (arts. 824 a 909);

• Execução contra a Fazenda Pública (art. 910);

• Execução de Alimentos (arts. 911 a 913);

• Execução Fiscal (Lei n. 6.830/1980).

Cada uma dessas execuções possui rito específico.


129

RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
associada às execuções por quantia certa

Quem é o principal responsável patrimonial?

- O devedor.

1. Bens do devedor: art. 789.

2. Bens de “terceiros”: art. 790.

i. Sócios (observar regime societário: nome coletivo, comandita simples, contas de participação,
limitada etc);

ii. Cônjuge (observar benefício do casal). Súmula n. 251 do STJ: A meação só responde pelo ato
ilícito quando o credor, na execução fiscal, provar que o enriquecimento dele resultante
aproveitou ao casal.

Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo
as restrições estabelecidas em lei.

“Todos” os bens, mas com exceções: o imóvel usado para moradia, por exemplo, é impenhorável. O salário,
pensão, aposentadoria, vencimentos também são impenhoráveis (salvo para pagamento de pensão
alimentícia ou se o devedor recebe mais de 50 salários mínimos).

Art. 790. São sujeitos à execução os bens:

I – do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória;

II – do sócio, nos termos da lei;  a depender do regime societário

III – do devedor, ainda que em poder de terceiros;

IV – do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela dívida;

V – alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução;

VI – cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de
fraude contra credores;

VII – do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica

Fraude
130

- Fraude contra credores

- Fraude à execução

O que é a fraude?

Ponto de partida para entender a fraude: a parte está com o patrimônio insuficiente para solver a dívida e a
transferência de bem coloca o devedor em um estado de insolvência. A premissa da insolvência é um fator
caracterizador da fraude.

Porém, além da insolvência, para ser considerado fraude, tem que existir a intenção, a conduta ilícita.

- muitas vezes a alienação de bens ocorre com a ação já ajuizada, mas antes da citação. Neste caso, pode
ocorrer a fraude contra credores ou a fraude à execução. A depender se o devedor, de alguma forma, tinha
ciência da existência da ação, ônus de provar de que ele tinha ciência de que a ação estava em curso é do
credor

- é muito comum que tenha um terceiro envolvido. Este terceiro pode alegar boa-fé, mas pode estar agindo
com o devedor. Ou pode ser um indivíduo desavisado, que não tomou as medidas protetivas necessárias.

- Transferência para terceiros em simulação: consilium fraudis, exigência para fraude contra credores

ATENÇÃO Fraude à execução não é dilapidação que se dá com a execução em curso ou com a futura
execução em curso. É quando existe qualquer tipo de ação que pode levar o devedor à insolvência.

Súmula 375, STJ: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado
ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.

Enunciado n. 191 do FPPC: (arts. 792, § 4º, 675, caput, parágrafo único) O prazo de quinze dias para opor
embargos de terceiro, disposto no § 4º do art. 792, é aplicável exclusivamente aos casos de declaração de
fraude à execução; os demais casos de embargos de terceiro são regidos na forma do caput do art. 675.
(Grupo: Execução; redação revista no VI FPPC-Curitiba).

EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA


131

Art. 806. O devedor de obrigação de entrega de coisa certa, constante de título executivo extrajudicial, será citado para,
em 15 (quinze) dias, satisfazer a obrigação.

§ 1º Ao despachar a inicial, o juiz poderá fixar multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação, ficando o respectivo
valor sujeito a alteração, caso se revele insuficiente ou excessivo.

 Astreinte. Portanto, no despacho, o juiz também pode fixar multa no caso de descumprimento.

§ 2º Do mandado de citação constará ordem para imissão na posse ou busca e apreensão, conforme se tratar de bem
imóvel ou móvel, cujo cumprimento se dará de imediato, se o executado não satisfizer a obrigação no prazo que lhe foi
designado.
 Na hipótese do executado não entregar o bem, imediatamente se dará a ordem de busca e apreensão
(bem móvel) ou imissão na posse (bem imóvel).

Lembre-se: em títulos judiciais, o executado não é citado, mas intimado (art. 513, § 2º).

Mas na execução de títulos extrajudiciais é necessário haver citação.

Mas esta citação precisa ser, necessariamente, por oficial de justiça ou poderia ser por AR (correios)? Não
existe mais restrição, portanto, pode ser feita pelos dois meios.

Então, veja: simultaneamente com o prazo de entrega, haverá o prazo para embargos (15 dias), art. 915.

Embargos à execução:

- dispensa depósito do bem (art. 914)

- cognição plena (art. 917, inciso VI)

- não possui efeito suspensivo ope legis (art. 919)

Portanto, promovida uma execução de título extrajudicial, embargada ou não, há incidência de honorários
(art. 85, §1°)
Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo
executado.

§ 1º No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios será reduzido pela
metade.

§ 2º O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, quando rejeitados os embargos à execução, podendo
a majoração, caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento executivo, levando-se em conta o trabalho
realizado pelo advogado do exequente.

Art. 808. Alienada a coisa quando já litigiosa, será expedido mandado contra o terceiro adquirente, que somente será
ouvido após depositá-la.

Art. 809. O exequente tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando essa se deteriorar, não lhe
for entregue, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente

 Se o executado não entrega o bem, e após ordem de busca e apreensão ou imissão na posse, o bem não
é encontrado ou está deteriorado > art. 809: perdas e danos

Obs.: os arts. 811, 812 e 813 representam uma variação da execução de entrega de coisa. Situação que é
pactuado a entrega de coisa incerta, ou seja, tratada pelo gênero. Neste caso, deverá ocorrer a
132

individualização do bem.

Se cabe ao exequente a individualização > individualização determinada na petição inicial.

Se cabe ao executado a individualização > individualização feito na entrega.

EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE NÃO


FAZER
A obrigação é negativa: exemplo, obrigação de não estacionar o carro, não se aproximar de determinada
pessoa, não divulgue a notícia, etc.

A execução é positiva: a execução é feita para que seja “desfeita” a ação > remoção de ilícito

Art. 814. Na execução de obrigação de fazer ou de não fazer fundada em título extrajudicial, ao despachar a inicial, o juiz
fixará multa por período de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida.

Parágrafo único. Se o valor da multa estiver previsto no título e for excessivo, o juiz poderá reduzi-lo .

Súmula 410, STJ: “A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de
multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.”

Prazo para cumprimento de obrigação de fazer e de não fazer: art. 815.


133

- prazo que o juiz lhe designar

- Portanto, prazo fixado pelo juiz no despacho > prazo judicial e será contado em dias úteis (art. 219).

embargos à execução:

não necessitam de garantia (art. 914)

possuem cognição plena (art. 917, inciso VI)

não possui efeito suspensivo ope legis (art. 919).

E o prazo é de 15 dias, art. 915.

Art. 816. Se o executado não satisfizer a obrigação no prazo designado, é lícito ao exequente, nos próprios autos do
processo, requerer a satisfação da obrigação à custa do executado ou perdas e danos, hipótese em que se converterá em
indenização

Executado não cumpre a obrigação, dois caminhos possíveis:

•Execução corre às custas do executado para realização por terceiro. Arts. 817 e 818.

• Conversão em perdas e danos. Neste caso, torna-se execução por quantia certa.
134

EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA


Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as execuções
especiais.

Art. 825. A expropriação consiste em:

I – adjudicação;

II – alienação;

III – apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de outros bens.

Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo, remir a execução, pagando ou
consignando a importância atualizada da dívida, acrescida de juros, custas e honorários advocatícios.

Remir > Remição: resgatar, liberar a dívida.

• Citação do executado. Feito por AR ou OJ. Enunciado n. 85 da I Jornada de Processo Civil do CJF: “Na execução
de título extrajudicial ou judicial (art. 515, § 1º, do CPC) é cabível a citação postal.

• Fixação dos honorários advocatícios (10%), art. 827

Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo
executado.

§ 1º No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios será reduzido pela metade.

§ 2º O valor dos honorários poderá ser elevado até vinte por cento, quando rejeitados os embargos à execução, podendo a
majoração, caso não opostos os embargos, ocorrer ao final do procedimento executivo, levando-se em conta o trabalho
realizado pelo advogado do exequente

Enunciado n. 451 do FPPC: “A regra decorrente do caput e do § 1º do art. 827 aplica-se às execuções fundadas
em título executivo extrajudicial de obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa”

Prazo para o pagamento 3 dias, art. 829, em dias úteis.

Se, nesse prazo, ocorrer o pagamento integral é possível diminuir os honorários advocatícios pela metade, art.
827, § 1º.

O prazo começa a ser contado depois que o mandado de citação é integrado aos autos
Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de 3 (três) dias, contado da citação.

§ 1º Do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de justiça
tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado, de tudo lavrando-se auto, com intimação do executado.

Não é feito o pagamento no prazo ordem de penhora e avaliação, art. 829, § 1º.

Se o pagamento é feito ocorre a sentença (art. 924) e termina o processo.


135

§ 2º A penhora recairá sobre os bens indicados pelo exequente, salvo se outros forem indicados pelo executado e aceitos pelo
juiz, mediante demonstração de que a constrição proposta lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.

 No § 2º aparece um dos princípios da execução: a execução dar-se-á da forma menos gravosa ao


devedor

no caso de penhora e avaliação, se for encontrado o patrimônio > auto/termo de penhora e avaliação. Mas
atenção: há casos em que não precisa da lavratura de auto/termo.

• Auto: procedimento feito pelo oficial de justiça.

• Termo: feito em secretaria

Obs.: é possível pedir, na petição inicial, o requerimento de penhora eletrônica (on-line), art. 854. E, também, a
indicação de bens do devedor passíveis de penhora, art. 798:
Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente: (...)

II – indicar: (...)

c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível

-após a citação, pode ocorrer situações em que o executado se oculta, dificultando o seu descobrimento. Para
situações como esta usa-se o arresto ex officio, art. 83.

Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a
execução.

§ 1º Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias
distintos e, havendo suspeita de ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido.

- Se a citação pessoal não for possível e tiver suspeita de ocultação > prosseguir para citação por hora certa, art.
252.

- E caso a citação por hora certa seja impossível de ser feita, segue-se com a citação por edital, art. 257.

- promovida a citação (por hora certa ou por edital) > citado o executado > abertura do prazo de pagamento. Se o
pagamento não for efetuado, os bens arrestados são convertidos em penhora.
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identificação das partes e do valor
da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou
indisponibilidade.

§ 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao juízo as averbações efetivadas.

§ 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o exequente providenciará, no prazo de 10
(dez) dias, o cancelamento das averbações relativas àqueles não penhorados.

§ 3º O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a requerimento, caso o exequente não o faça no prazo.
136

§ 4º Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a averbação.

§ 5º O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não cancelar as averbações nos termos do § 2º
indenizará a parte contrária, processando-se o incidente em autos apartados.

Enunciado n. 539 do FPPC: “ A certidão a que se refere o art. 828 não impede a obtenção e a averbação de
certidão da propositura da execução (art. 799)”.

Na etapa do despacho é possível obter a certidão para fins de averbação premonitória, art. 828.

EMBARGOS À EXECUÇÃO
• Art. 517: protesto judicial que se dá em cartório.

• Art. 828: não é um protesto, que é ato específico, mas é uma averbação. E esta se dá em registro de imóveis.

• Portanto, atos notariais distintos

A parte de embargos à execução será desenhada na parte de baixo do fluxograma. Representando a defesa do
executado, pois ele pode apresentar resistência após ser citado

citação > prazo para embargos à execução (15 dias), art. 915.

embargos possuem:

- cognição plena (art. 917, inciso VI)

- não possuem efeito suspensivo ope legis (art. 919)

- independem de garantia do juízo (art. 914).


Art. 914. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá se opor à execução por meio de
embargos.

§ 1º Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças
processuais relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoa

 embargos > distribuição por dependência.


Art. 918. O juiz rejeitará liminarmente os embargos:

I – quando intempestivos;

II – nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do pedido;

III – manifestamente protelatórios.

Parágrafo único. Considera-se conduta atentatória à dignidade da justiça o oferecimento de embargos manifestamente
protelatórios.

 Sentença de rejeição liminar, art. 918


-E é sentença, pois tem natureza de ação, art. 920
137

Art. 920. Recebidos os embargos:

I – o exequente será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias;

II – a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido ou designará audiência;

III – encerrada a instrução, o juiz proferirá sentença.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença
que: (...)

III – extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;

distribuição por dependência > se tudo estiver em ordem, juiz dá um despacho. No despacho, ele determinará a
citação (mas o código não fala). E, seguindo, terá a resposta do exequente (prazo de 15 dias), art. 920, inciso I

Resposta do exequente > fase instrutória, art. 920, inciso II > Sentença, art. 920, inciso III. Sobre as sentenças:

• Sentença de rejeição liminar: recurso cabível é a apelação, sem efeito suspensivo, art. 1.012, § 1º, inciso III.

• Sentença final: o pedido pode ser julgado procedente ou improcedente.

– Procedente: caberá apelação, com efeito suspensivo.

– Improcedente: caberá apelação, sem efeito suspensivo, art. 1.012, § 1º, inciso III

- enquanto os embargos são julgados, o resto da execução prossegue

auto/termo de penhora e avaliação > depósito > fase de expropriação, art. 825.

A fase de expropriação apresenta várias possibilidades:

1. Adjudicação.

2. Alienação:

a. Por iniciativa particular.

b. Por leilão judicial:

i. Presencial;

ii. Eletrônico.

3. Apropriação de frutos e rendimentos.

- o oferecimento dos embargos suspende a execução? Impediria, por exemplo, os atos de expropriação?

O simples ato de embargar não suspende, art. 919.


138

Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito suspensivo.

§ 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando verificados os requisitos
para a concessão da tutela provisória e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes

Tutela provisória: art. 300. Portanto, pode-se pedir nos embargos a concessão de direito suspensivo

- Portanto, pode-se pedir nos embargos a concessão de direito suspensivo.

- Ao requerer, o juiz analisará o pedido durante a distribuição por dependência. E, por decisão interlocutória (DI)
ele irá conceder ou não.

Recorribilidade das decisões interlocutórias nas execuções


Art. 1.015, parágrafo único: nas execuções, todas as decisões interlocutórias são agraváveis de instrumento

- Mas, embargo à execução não é execução. É ação de conhecimento.

- Portanto, nem toda decisão interlocutória em embargos é agravável, necessário observar o art. 1.015

ATENÇÃO obter o efeito suspensivo não impede que a execução seja aparelhada. Ou seja, pode penhorar,
substituir o bem penhorado, pode proceder à avaliação. O que será impedido é a expropriação.

Enunciado n. 546 do FPPC: “O efeito suspensivo dos embargos à execução pode ser requerido e deferido a
qualquer momento do seu trâmite, observados os pressupostos legais”.

Enunciado n. 547 do FPPC: “O efeito suspensivo dos embargos à execução pode ser parcial, limitando-se ao
impedimento ou à suspensão de um único ou de apenas alguns atos executivos”.

Prazo dos embargos: 15 dias uteis (Art. 915)

ATENÇÃO O prazo para embargos, além de não dobrar com litisconsórcio, conta individualmente para cada
litisconsorte
§ 1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da juntada do respectivo
comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último

Mas existe exceção: se os executados litisconsorte forem casados ou companheiros, pois é provável que eles
apresentem uma defesa em conjunto

Execução por carta

Art. 915. (...)


139

§ 2º Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado:

I – da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da
penhora, da avaliação ou da alienação dos bens;

II – da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4º deste artigo ou, não havendo este, da
juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões diversas da prevista no inciso I deste
parágrafo.

Art. 914. (...)

§ 2º Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a
competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da
penhora, da avaliação ou da alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado
140

Aula 164
141
142

EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA - PENHORA -


AVALIAÇÃO – DEPÓSITO
PENHORA
- Penhora não significa expropriação, pois ela antecede essa fase

- Não confunda penhora com pagamento

- a penhora é uma fase de instrução

- Quando se tem um bem penhora, significa dizer que aquele bem está disponível para a atividade expropriatória,
mas a penhora em si não é expropriatória.

- Quando o bem é levado e é colocado no depósito judicial houve expropriação?

Não! Um dos efeitos da posse, é chamado de efeito material, sendo um dos seus efeitos ter a possibilidade de
haver desapossamento do bem, quando o oficial de justiça leva o bem e leva para o depositário. Pode perder a
posse direta, mas a pessoa continua proprietária. Sendo assim, a penhora pode gerar desapossamento, e não
gera em si desapropriação

Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das
custas e dos honorários advocatícios.

Penhorabilidade regra;

Impenhorabilidade exceção.

Art. 832. Não estão sujeitos à execução os bens que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.

Enunciado n. 153 da II Jornada de DPC do CJF: “A Penhorabilidade dos bens, observados os critérios do art. 190 do CPC, pode
ser objeto de convenção processual das partes.”

Obs.: pode ser que seja pactuado em um contrato que determinado bem seja impenhorável, ou seja, pode ser
convencidas regras de impenhorabilidade. Além disso, podem ser criadas de impenhorabilidade, bem como
renunciá-la e gerar uma penhorabilidade.

Enunciado n. 152 da II Jornada de DPC do CJF: “O pacto de impenhorabilidade (arts. 190, 200, e 833, I) produz efeitos entre
as partes, não alcançando terceiros”.

Obs.: Por exemplo, quando se diz que um apartamento é impenhorável para qualquer tipo de dívida, inclusive
para a dívida do próprio imóvel, e o Município aceita essa convenção processual. Se isso acontecer, só atingirá os
contratantes
143

Art. 833. São impenhoráveis: IX - os recursos públicos recebidos por instituições


privadas para aplicação compulsória em educação,
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato saúde ou assistência social;
voluntário, não sujeitos à execução;
X - a quantia depositada em caderneta de
II - os móveis, os pertences e as utilidades poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-
domésticas que guarnecem a residência do mínimos;
executado, salvo os de elevado valor ou os que
ultrapassem as necessidades comuns XI - os recursos públicos do fundo partidário
correspondentes a um médio padrão de vida; recebidos por partido político, nos termos da lei;

III - os vestuários, bem como os pertences de uso XII - os créditos oriundos de alienação de unidades
pessoal do executado, salvo se de elevado valor; imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária,
vinculados à execução da obra.
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os
salários, as remunerações, os proventos de § 1º A impenhorabilidade não é oponível à
aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os execução de dívida relativa ao próprio bem,
montepios, bem como as quantias recebidas por inclusive àquela contraída para sua aquisição.
liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do
devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador § 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se
autônomo e os honorários de profissional liberal, aplica à hipótese de penhora para pagamento de
ressalvado o § 2º ; prestação alimentícia, independentemente de sua
origem, bem como às importâncias excedentes a 50
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a
utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis constrição observar o disposto no art. 528, § 8º  , e
necessários ou úteis ao exercício da profissão do no art. 529, § 3º  .
executado;
§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no
VI - o seguro de vida; inciso V do caput os equipamentos, os implementos
e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa
VII - os materiais necessários para obras em física ou a empresa individual produtora rural,
andamento, salvo se essas forem penhoradas; exceto quando tais bens tenham sido objeto de
financiamento e estejam vinculados em garantia a
negócio jurídico ou quando respondam por dívida
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.
em lei, desde que trabalhada pela família;

Ementa: “As exceções destinadas à execução de prestação alimentícia, como a penhora dos bens descritos no art.
833, IV e X. do CPC/15, e do bem de familia (art. 3º, III, da Lei 8.009/90), assim como a prisão civil, NÃO SE
ESTENDEM AOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, como não se estendem às demais verbas apenas com natureza
alimentar, sob pena de eventualmente termos que cogitar sua aplicação a todos os honorários devidos a
quaisquer profissionais liberais, como médicos, engenheiros, farmacêuticos, e a tantas outras categorias”. (STJ-
Corte Especial, REsp 1.815.055/SP, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 03.08.2020, negaram provimento parcial, por
maioria, DJe 26.08.2020).

ATENÇÃO Não é independente da sua origem, porque se for honorários advocatícios não se aplica a
possibilidade de penhora de salário.
144

Se o salário da pessoa exceder a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, poderá ser penhorado o valor que
sobejar.

Ementa: “(...) 6.A REGRA GERAL DA IMPENHORABILIDADE DE SALÁRIOS, VENCIMENTOS, PROVENTOS ETC. (ART.
649, IV, DO CPC/73; ART. 833, IV, DO CPC/2015), PODE SER EXCEPCIONADA QUANDO FOR PRESERVADO
PERCENTUAL DE TAIS VERBAS CAPAZ DE DAR GUARIDA A DIGNIDADE DO DEVEDOR E DE SUA FAMÍLIA. 7. Recurso
não provido”. (STJ-Corte Especial, REsp no 1.582.475-MG, rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 03.10.2018, negaram
provimento, por maioria, DJe 16.10.2018).

Obs.: Apesar de haver divergência dentro do STJ, a caderneta de poupança em alguns procedentes pode ser
interpretada como só valores em poupança, já em outros como qualquer tipo de aplicação e outra até valor de
conta corrente.

A penhorabilidade é oponível - não pode penhorar

A impenhorabilidade é inoponível - pode penhorar

STJ
Ementa: “Não se incluindo nas excepcionais hipóteses legais de impenhorabilidade, a arma de fogo pode ser
penhorada e expropriada, desde que assegurada pelo Juízo da execução a observância das mesmas restrições
impostas pela legislação de regência para a sua comercialização e aquisição” (STJ-2a Turma, REsp 1.866.148/RS,
rel. Min. Herman Benjamin, j. 26.05.2020, deram provimento. v.u., DJe 20.08.2020; RT vol. 1021 p. 416).

Tese: “É impenhorável a pequena propriedade rural familiar constituída de mais de 01 (um) terreno, desde que
contínuos e com área total inferior a 04 (quatro) módulos fiscais do município de localização”. (STF Pleno, ARE
1.038.507, rel. Min. Edson Fachin, j. em sessão virtual de 11.12.2020 a 18.12.2020. negaram provimento, por
maioria, DJe 07.01.2021: Tema 961).

Obs.: a regra de impenhorabilidade é observada no art. 833, mas também é vista na Lei 8009/90, a famosa lei
Bem Família, que diz que é impenhorável a moradia que é utilizada pelo casal. Essa lei fala sobre a
penhorabilidade do veículo, como também no art. 3º fala sobre outras exceções

Súmula 364 
O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras,
separadas e viúvas
Súmula 486 do STJ

É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida
com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família
145

Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar
ciência prévia do ato ao executado, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade
supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do executado, limitando-se a
indisponibilidade ao valor indicado na execução.

§ 1º No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade
excessiva, o que deverá ser cumprido pela instituição financeira em igual prazo.

§ 5º Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-se-á a indisponibilidade em penhora,


sem necessidade de lavratura de termo, devendo o juiz da execução determinar à instituição financeira
depositária que, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, transfira o montante indisponível para conta vinculada ao
juízo da execução

DEPÓSITO

Art. 840. Serão preferencialmente depositados:

I - as quantias em dinheiro, os papéis de crédito e as pedras e os metais preciosos, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica
Federal ou em banco do qual o Estado ou o Distrito Federal possua mais da metade do capital social integralizado, ou, na
falta desses estabelecimentos, em qualquer instituição de crédito designada pelo juiz;

II - os móveis, os semoventes, os imóveis urbanos e os direitos aquisitivos sobre imóveis urbanos, em poder do depositário
judicial;

III - os imóveis rurais, os direitos aquisitivos sobre imóveis rurais, as máquinas, os utensílios e os instrumentos necessários
ou úteis à atividade agrícola, mediante caução idônea, em poder do executado.
146

§ 1º No caso do inciso II do  caput  , se não houver depositário judicial, os bens ficarão em poder do exequente.

§ 2º Os bens poderão ser depositados em poder do executado nos casos de difícil remoção ou quando anuir o exequente.

§ 3º As joias, as pedras e os objetos preciosos deverão ser depositados com registro do valor estimado de resgate.

MODIFICAÇÃO DA PENHORA
Art. 847

AVALIAÇÃO
Art. 870

- feita pelo oficial de justiça

- Se forem necessários conhecimentos especializados e o valor da execução o comportar, o juiz nomeará avaliador

Art. 873. É admitida nova avaliação quando:

Art. 874. Após a avaliação, o juiz poderá, a requerimento do interessado e ouvida a parte contrária, mandar:

I – reduzir a penhora aos bens suficientes ou transferi-la para outros, se o valor dos bens penhorados for consideravelmente superior ao
crédito do exequente e dos acessórios;

II – ampliar a penhora ou transferi-la para outros bens mais valiosos, se o valor dos bens penhorados for inferior ao crédito do exequente

Art. 875. Realizadas a penhora e a avaliação, o juiz dará início aos atos de expropriação do bem.

FASE DE EXPROPRIAÇÃO

1- ADJUDICAÇÃO O credor pode pedir a penhora dos bens do


devedor. Se o credor se interessar por um bem
Adjudicar significa ficar com o bem como forma
específico, ele pode, no pedido de penhora, indicar
direta de pagamento
esse bem para ser o pagamento da dívida.

Ainda é possível que seja penhora bens que não


Art. 825 interessam ao credor, ou que, por obsoletos, se
tornaram inúteis (exemplo: fitas de VHS). Então, o
A alienação pode ser por iniciativa particular ou por credor pode pedir o que de fato lhe interessa. Deve
leilão judicial (e este pode ser presencial ou também haver uma harmonia entre o valor do bem
eletrônico). e o total da dívida
Nos casos de alienação, se houver a arrematação Art. 826
(compra do bem), o produto da venda (o dinheiro)
vai para o pagamento (art. 904, I). Art. 876

Na adjudicação, a própria adjudicação é a satisfação - Duas ou mais pessoas podem concorrer para ficar
do crédito (art. 904, II). com o mesmo bem. Haverá uma espécie de leilão, e
quem oferecer mais vai ficar com o bem
147

- A ordem é gradativa, em caso de a proposta ter o - Não sendo possível o leilão eletrônico, se usará o
mesmo valor leilão presencial.

Art. 877

Art. 878 Art. 882

- É o caso de ninguém querer ficar com o bem.

- Há uma ordem para quitação da dívida. Primeiro, Art. 890


tenta-se a adjudicação.
- Os profissionais elencados no inciso III podem
Se o credor não quiser ficar com o bem, parte-se participar, então, de leilões organizados em outros
para a alienação (venda do bem). lugares que não os de sua participação.

Se ninguém quiser comprá-lo, é possível, antes da


apropriação de frutos e rendimentos, nova
tentativa de adjudicação para o credor.
Art. 891

- Não será aceito lance que ofereça preço vil.


2- ALIENAÇÃO
Art. 879
Art. 892.
- O leilão eletrônico tem preferência e, se não for
possível, aí é feito o leilão presencial - Há a possibilidade de o pagamento do bem
leiloado ser feito em parcelas

Art. 880
Art. 895
- A alienação por própria iniciativa é o próprio
exequente tentando vender.

Lembrando: a primeira forma de alienação é por Art. 896


iniciativa particular (art. 880). O credor não é
obrigado a usá-la, mas cada vez mais há a iniciativa
de tirar do judiciário essa função. SATISFAÇÃO DO CRÉDITO
Art. 904 ao art. 909
Art. 881

MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS


MEDIDAS EXECUTIVAS DIRETAS

- Tem objeto exatamente a dívida

MEDIDAS EXECUTIVAS INDIRETAS

- (fixar multa em caso de descumprimento da obrigação


148

MEDIDAS EXECUTIVAS TÍPICAS

- Previstas no código

MEDIDAS EXECUTIVAS ATÍPICAS

- Não previstas no código


Art. 139, IV

Art. 297, Parágrafo único

Ementa: “4. O Código de Processo Civil de 2015, a fim de garantir maior celeridade e efetividade ao processo, positivou regra
segundo a qual incumbe ao juiz determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub–rogatórias
necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária
(art. 139, IV).

5. A interpretação sistemática do ordenamento jurídico revela, todavia, que tal previsão legal não autoriza a adoção
indiscriminada de qualquer medida executiva, independentemente de balizas ou meios de controle efetivos.

6. De acordo com o entendimento do STJ, as modernas regras de processo, ainda respaldadas pela busca da efetividade
jurisdicional, em nenhuma circunstância poderão se distanciar dos ditames constitucionais, apenas sendo possível a
implementação de comandos não discricionários ou que restrinjam direitos individuais de forma razoável. Precedente
específico.

7. A adoção de meios executivos atípicos é cabível desde que, verificando-se a existência de indícios de que o devedor possua
patrimônio expropriável, tais medidas sejam adotadas de modo subsidiário, por meio de decisão que contenha
fundamentação adequada às especificidades da hipótese concreta, com observância do contraditório substancial e do
postulado da proporcionalidade”. (STJ–3ª Turma, REsp 1.894.170/RS, rel. Min. Nancy Andrighi, jl. 27.10.2020, negaram
provimento, v.u., DJe 12.11.2020)

Logo, as exigências são:


1 – Indícios de patrimonialidade: tem que mostrar que o devedor tem condições de pagar a dívida. Para isso,
pode ser usado como prova, por exemplo, fatura de cartão de crédito que mostra grandes gastos. O Sisbajud, por
exemplo, permite que o juiz possa consultar até 100 CPFs relacionados ao processo. O advogado deve dar
elementos e pistas para as pesquisas do magistrado.

2 – As medidas atípicas sejam subsidiárias.

3 – Decisão fundamentada autorizando a medida executiva atípica.

4 – Garantido o contraditório substancial (em que o devedor tenha capacidade de influir na formação do
convencimento do juiz).

5 – Observada a proporcionalidade. Lembremos o art. 916, que é a possibilidade do devedor justo e decente pedir
o parcelamento legal
149

PARCELAMENTO LEGAL
Art. 916

- O requerimento de parcelamento da dívida gera uma confissão de dívida. Se o requerimento for rejeitado, não é
possível ao devedor opor embargos, o que seria um comportamento contraditório.

- O prazo para embargos é o prazo de 15 dias.

- O advogado não receberá os honorários em parcela.

- O parcelamento, que pode ser feito em até 6 vezes, recai sobre o 70% que sobraram do depósito de 30%.]

§ 1º

- É uma decisão interlocutória.

- O depósito de 30% é convertido em penhora, em caso de indeferimento.

-Se não houver o pagamento, haverá o vencimento antecipado das parcelas vincendas e multa sobre o saldo
devedor de 10%

Slide na aula 170


150
151

PRECEDENTES
SISTEMAS DE PRECEDENTES OBRIGATÓRIOS E A SUA
APLICAÇÃO
Precedente
- é a decisão judicial tomada em um caso concreto, que pode servir como exemplo para outros julgamentos
similares

Jurisprudência
- significa o conjunto das decisões, aplicações e interpretações das leis.

A jurisprudência pode ser entendida de três formas, como:

1. decisão isolada de um tribunal que não tem mais recursos


2. conjunto de decisões reiteradas dos tribunais
3. as súmulas de jurisprudência, que são as orientações  resultantes de um conjunto de decisões proferidas
com mesmo entendimento sobre determinada matéria. 

Dever de uniformização
Art. 926.

- É uma norma fundamental deslocada, que poderia muito bem estar no Livro 1

FPPC
Há enunciados que também tratam do ponto da uniformização.

Enunciado n. 453 do FPPC: A estabilidade a que se refere o caput do art. 926 consiste no dever de os
tribunais observarem os próprios precedentes. (É a chamada Autorreferência)

Enunciado n. 455 do FPPC: Uma das dimensões do dever de coerência significa o dever de não contradição,
ou seja, o dever de os tribunais não decidirem casos análogos contrariamente às decisões anteriores, salvo
distinção ou superação. (A uniformização deve ser aplicada com coerência)

Enunciado n. 456 do FPPC: Uma das dimensões do dever de integridade consiste em os tribunais decidirem
em conformidade com a unidade do ordenamento jurídico.

Enunciado n. 457 do FPPC: Uma das dimensões do dever de integridade previsto no caput do art. 926
consiste na observância das técnicas de distinção e superação dos precedentes, sempre que necessário
para adequar esse entendimento à interpretação contemporânea do ordenamento jurídico
152

Precedentes obrigatórios
• O CPC propõe uma obediência ao que já foi decidido, ao trazer o art. 927:

• Os incisos I e II por terem previsão constitucional, vinculação o poder judiciário e a administração pública. De
outro modo, os demais incisos (III, IV e V) vinculam somente o poder judiciário

A 3º turma do STJ já deu 3 (três) julgados nesse sentido:

STJ — Ementa: “(...) 3- A regra do art. 489, §1º, VI, do CPC/15, segundo a qual o Juiz, para deixar de aplicar
enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, deve demonstrar a existência de
distinção ou de superação, somente se aplica às súmulas ou precedentes vinculantes, mas não às súmulas e aos
precedentes apenas persuasivos. Precedente”. (STJ-3º Turma, Resp 1.892.941/SP, rel. Min. Nancy Andrighi, j.
01.06.2021, deram provimento parcial, vu., DJe 08.06.2021; RSD CPC vol. 132, p. 153).

Enunciado n. 308 do FPPC: “Aplica-se o art. 489, §1º, a todos os processos pendentes de decisão ao tempo da
entrada em vigor do CPC, ainda que conclusos os autos antes da sua vigência.”

Enunciado n. 309 do FPPC: “O disposto no §1º do art. 489 do CPC é aplicável no âmbito dos Juizados Especiais.”

• Distinção (distinguishing)

– É um método de confronto, “pelo qual o juiz verifica se o caso em julgamento pode ou não ser considerado
análogo ao paradigma”

O distinguishing é a prática de não aplicar dado precedente vinculante por se reconhecer que a situação sub
judice (aquela que se está julgando imediatamente) não se encarta nos parâmetros de incidência do precedente.
153

• Superação/modificação (overruling)

– Seria a superação de um precedente ou de um entendimento Jurisprudencial

é a técnica através da qual um precedente perde a sua eficácia vinculante e é substituído (overruled) por outro
precedente.

• O próprio tribunal, que firmou o precedente pode abandoná-lo em julgamento futuro, caracterizando o
overruling.c

REMÉDIOS PROCESSUAIS PARA CONTROLE DA APLICAÇÃO DESSES PRECEDENTES


Recursos

Art. 1.022

II – incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, §1º.

Art. 1.013, §3º

IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

Art. 988

III, IV

§4º

§5, II

Obs.: O STJ tem entendido pelo descabimento de reclamação nesses casos.

Ação Rescisória

Art. 966.

V–
154

§5º

§6º.

Precedente persuasivo x Precedente Obrigatório


– Precedente Obrigatório: Art. 927 do CPC (doutrina majoritária).

– Precedente persuasivo: Aquele que convence outros julgadores a seguirem aquele entendimento.

Ex.: O precedente da terceira turma do STJ que dispõe que o inciso VI somente se aplica para precedentes
obrigatórios e não a precedentes persuasivos; não se trata de um precedente obrigatório, pelo fato de ter sido
proferido pela terceira turma, não encaixando em nenhuma das hipóteses do artigo 927 do CPC (precedentes
obrigatórios). Contudo, se um juiz de primeiro grau leu essa decisão e se convenceu de que se trata do
entendimento correto. Assim, será precedente persuasivo, vez que ele não é obrigado a seguir o mesmo
raciocínio, mas pode convencer.

SÚMULA X JURISPRUDÊNCIA X EMENTA X PRECEDENTE

SÚMULA

• Trata-se de uma técnica de trabalho, criada no Brasil pelo STF

verbete que sintetiza a interpretação dominante de um Tribunal sobre um tema específico por meio da resolução
de casos parecidos.

JURISPRUDÊNCIA

repetição e julgados no mesmo sentido, que por muitas vezes, se trata de um argumento retórico para
estabelecer autoridade.

EMENTA

• Trata-se de um resumo do que aconteceu no processo e não é um critério de construção

PRECEDENTE

• Para Fredie Didier, precedente é a decisão judicial tomada à luz de um caso concreto, cujo elemento normativo
pode servir como diretriz para o julgamento posterior de casos análogos.

São os motivos determinantes que geraram uma primeira decisão

STJ — Ementa: “O CPC/2015 estabelece em seu art. 926 que é dever dos tribunais uniformizar a sua Jurisprudência e mantê-la
estável, íntegra e coerente. A integridade e coerência da Jurisprudência exigem que os efeitos vinculante e persuasivo dos
fundamentos determinantes (arts. 489, $1º, V; 927, §1º; 979, §2º; 1.038, §83º) sejam empregados para além dos processos
que enfrentam a mesma questão, abarcando também processos que enfrentam questões outras, MAS ONDE OS MESMOS
155

FUNDAMENTOS DETERMINANTES POSSAM SER APLICADOS.” (STJ-2a Turma, Resp 1.441457/RS, rel. Min. Mauro Campbell
Marques, j. 16.03.2017, negaram provimento, v.u., DJe 22.03.2017, RT 982/481 e RT 985/488)

MOTIVOS DETERMINANTES (TESE) — RATIO DECIDENDI

é a parte da decisão que de fato vincula, é a proposição de direito extraída do julgamento, o core da decisão, o
núcleo que emana a força vinculante do precedente, do qual se extrai “a regra Jurídica generalizável para outros
casos que tratem dos mesmos fatos essenciais”

ratio é o princípio que, com as características de abstração e generalidade, se extrai, especialmente, da


fundamentação e é destinada a ser a porção transcendente de uma decisão. pode traduzir-se como razões de
decidir, consubstanciando-se nos motivos determinantes de uma decisão e nos passos necessários para chegar ao
resultado, construído à luz dos fatos da causa.

OBITER DICTUM

trata-se de colocação ou opinião jurídica adicional, paralela e dispensável para a fundamentação e conclusão da
decisão.

– Por muitas vezes lê-se a ementa e existe um argumento que não é o precedente, mas sim uma questão obiter
dictum. Assim, ocorre o drama da aplicação de precedentes a partir da leitura de enunciados de súmulas e
ementas, sem compreender de a razão de decidir.

Art. 525. (...) §12, §14, §15


156

A modulação pode ser feita:

• Aplicação retroativa pura (atinge até decisões transitadas em julgado);

• Aplicação retroativa clássica (preserva decisões já transitadas em julgado);

• Aplicação prospectiva pura (apenas aos fatos posteriores);

• Aplicação prospectiva clássica (aos fatos novos e às partes do processo em que se originou);

• Aplicação prospectiva a termo (tribunal fixa data e condição para a eficácia do precedente).

TEORIA GERAL DOS RECURSOS


RECURSOS
• O Recurso é uma forma de impugnação de decisões judiciais que se desenvolve dentro da mesma relação
processual.

• A ação rescisória, embargos de terceiros, mandado de segurança, reclamação, por exemplo, são meios de
impugnações (são ações), ou seja, criam uma relação jurídica (uma nova demanda).

• De outro modo, os recursos não existem uma nova demanda, mas é um prolongamento da mesma relação.

Vícios da decisão:
– Error in judiciando: é a injustiça da decisão.

- juiz não apreciou corretamente o seu direito material

– Error in procedendo: é o erro da atividade.

- é relativo ao vício de procedimento. Assim, a decisão não é substancialmente (materialmente) errada, mas sim
formalmente errada.

–Error in judicando: o juiz é frio, sem coração, pois não ouviu e não entendeu a dor da parte.

– Error in procedendo: É o caso de um juiz burro e que não sabe processo civil.
157

Rol de Recursos
Rol de Recursos

I – apelação;

II – agravo de instrumento;

III – agravo interno;

IV – embargos de declaração;

V – recurso ordinário;

VI – recurso especial;

VII – recurso extraordinário;

VIII – agravo em recurso especial ou extraordinário;

IX – embargos de divergência.

• Quando comparado com o CPC de 1973, no CPC/2015 que não existem mais os recursos:

– Agravo retido;

– Embargos infringentes.

• Pode ocorrer na legislação Extravagante, previsões de outros recursos:

– Lei n. 9.099/1995, art. 41 dispõe que contra sentença cabe recurso. Nesse contexto, como não tem nome, é
chamado de Recurso Inominado, que é a apelação nos juizados especiais

Lei n. 6.830/1980: art. 35, dispõe sobre os embargos infringentes.

Princípio da taxatividade: para ser recurso deve estar previsto como recurso em lei federal

Recorrentemente em provas é cobrado o seguinte tema: Pode-se oferecer simultaneamente um agravo de


instrumento e um pedido de suspensão de liminar?

– A resposta é sim, pois não viola a unicidade, unirrecorribilidade ou a singularidade (para cada decisão somente
cabe um recurso), vez que o pedido de suspensão de liminar ou de segurança não é recurso.

O pedido de reconsideração não é recurso, pode ser chamado de sucedâneo recursal, pois as vezes se faz de
recurso, mas recurso não é, pelo fato de não está previsto como recurso em lei federal.
158

Quanto à fundamentação:
– Recursos de fundamentação livre: Pode-se alegar absolutamente qualquer matéria dentro dele.

Ex.: Apelação, agravo de instrumento e recurso ordinário.

– Recurso de fundamentação vinculada: A lei previamente estabelece as suas hipóteses de cabimento.

Ex.: RESP, RE e embargos de declaração (EDCL).

O embargo de declaração dispõe que quando a decisão for obscura, contraditória, omissa ou ter erro material, ou
seja, somente nessas 4 (quatro) situações poderão ser opostos os embargos. Assim, caso o juiz não encontre um
desses requisitos (situações) citadas, o recurso será considerado manifestamente incabível. Nesse contexto, o STJ
entende que não interrompe o prazo do recurso seguinte. – Assim, se o juiz demorar a dizer que não admite o
recurso por não ter apontado alguma das 4 (quatro) situações, pode ser que a parte perda o prazo do recurso
contra a decisão, vez que não interrompe o prazo

Pronunciamentos Judiciais:

Despacho: é um pronunciamento onde apenas impulsiona o processo - não caberá recurso.


159

Conteúdo e finalidade

– O que menos importa é o nome do ato, o que vale é o conteúdo e a finalidade.

– O tema 988 do STJ é a taxatividade mitigada, pois o rol do art. 1.015 do CPC é mitigado. Assim, mesmo não
havendo nas situações desse artigo de previsão para a decisão interlocutória, se for comprovado que ela possa
causar risco de grave lesão ou a apelação futura contra ela seja inócua, pode-se oferecer agravo de instrumento
mesmo que ele não esteja previsto neste rol

– As sentenças são impugnáveis por meio da apelação (art. 1.009 do CPC), que é o recurso próprio para isso.

– Contudo, existem casos excepcionais em que se pode atacar a sentença pelo R.O (recurso ordinário
constitucional), que cabe nas situações do art. 1.027, inciso II, alínea b do CPC.

• Contra qualquer um desses pronunciamentos, poderá ser oferecido embargos de declaração. Conforme a
doutrina majoritária, qualquer pronunciamento judicial é embargável.

– O STJ e o STF não têm admitido embargos de declaração contra as decisões do presidente ou do vice, quando se
faz análise de RESP e/ou RE. Assim, tem-se situações que o EDCL não tem sido aceito, como por exemplo, o
pronunciado no art. 1.030 do CPC da admissibilidade de RESP ou RE, o STF e o STJ somente tem admitido, via de
regra, o agravo em recurso especial e agravo em recurso extraordinário e os agravos internos.

PRINCÍPIOS
• Princípio do Duplo grau de jurisdição.

– Trata-se de um princípio implícito dentro da Constituição Federal (CF), pois ele prevê a possibilidade de
recursos.

– O STF entende que se trata de um princípio amplo, mas não absoluto. Assim, podem ocorrer decisões judiciais
que são simplesmente irrecorríveis. Nesse sentido, não se pode dizer que uma decisão irrecorrível é
inconstitucional, partirá da premissa que o duplo grau de jurisdição é um princípio absoluto, enquanto o Supremo
já disse inúmeras vezes que não é.

• Princípio da Taxatividade.

– Para ser recurso, tem que estar previsto como recurso em lei federal.

• Princípio da Singularidade (unirrecorribilidade/unicidade)

– Trata-se de uma regra Pontiana (do professor Pontes de Miranda), na qual para cada decisão, caberá um
recurso.
160

Exceções ao princípios da unirrecorribilidade/unicidade:

• O número de exceções varia a partir da tese de se admitir ou não que esses recursos possam ser ou não
interpostos simultaneamente.

1. A possibilidade contra o mesmo acórdão oferece RESP e RE (art. 1.029 do CPC). Assim, esse acórdão
violou norma infraconstitucional e norma constitucional, logo, contra ele poderá dar entrada com os dois
recursos.

2. Entrar com agravo interno, agravo em RESP e agravo em RE (art. 1.030, §§1º e 2º do CPC).

•Princípio da Fungibilidade (dúvida objetiva)

– Para se aceitar a fungibilidade, ou seja, aceitar um recurso errado e processá-lo com se certo fosse, há a
necessidade de a dúvida ser objetiva.

– A dúvida objetiva ocorre quando a doutrina e a jurisprudência estão discutindo qual é o recurso cabível contra
aquela decisão.

– é aplicado de ofício pelo relator, pois ele parte da premissa que aquele erro é escusável, pelo fato da dúvida se
objetiva, ou seja, a doutrina e jurisprudência estão discutindo qual é o recurso cabível para aquele caso.

STJ — Ementa: “A aplicação do princípio da fungibilidade depende do preenchimento dos seguintes requisitos: i)
dúvida objetiva quanto ao recurso a ser interposto; ii) inexistência de erro grosseiro; e iii) que o recurso
interposto erroneamente tenha sido apresentado no prazo daquele que seria o correto.” (STJ—1º Turma, AgInt
no REsp 1.760.693/CE, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 01.04.2019, negaram provimento, v.u., DJe 03.04.2019)

• Princípio da Consumação.

– Quando se interpuser o recurso, consome-se o ato. Assim, posteriormente não poderá alterá-lo.
161

– Em face do princípio da primazia do julgamento do mérito, no sistema recursal do CPC/2015, tende a ser
abrandado.

• Princípio da Complementaridade (art. 24, §4º do CPC)

– Assim, mudou-se a segurança jurídica e a pessoa que já recorreu e consumou o ato, poderá ajustar o recurso já
interposto alterando seu texto, para que se adapte à situação atual da decisão, conforme art.1.024, § 4º do CPC.

• Irrecorribilidade em separado das Decisões Interlocutórias (DI)

– Recorrer em separado significa, processualmente, recorrer com a suspensão da marcha processual. Nesse
sentido, trata-se da Irrecorribilidade em separado das Decisões Interlocutórias, ou seja, quando se recorre de uma
decisão interlocutória, o processo continua andando, mesmo que se conceda efeito suspensivo ao recurso

– Assim, recorribilidade em separado ocorre quando a parte recorre e se para a marcha processual.~

TEORIA GERAL DOS RECURSOS


Juízo de admissibilidade

• São utilizados os verbos:

– Conhecer e admitir.

Juízo de mérito

• São utilizados os verbos:

– Proceder e dar provimento

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
• Juízo de admissibilidade negativo.

– Não se chega ao juízo de mérito.

– Não conheceram do recurso.

• Juízo de admissibilidade positivo.

– Pode-se chegar no juízo de mérito. Assim, poderá negar provimento.

– Recurso conhecido.
162

• Juízo de admissibilidade positivo.

– Pode-se chegar no juízo de mérito. Assim, poderá dar provimento.

– Recurso conhecido.

• O juízo de admissibilidade é como se fosse o preenchimento dos pressupostos recursais para que se tenha o
recurso aceito. Nesse sentido, tem a ver com a análise dos pressupostos processuais e condições da ação, que são
requisitos formais de admissão do recurso.

• De outro modo, o juízo de mérito não necessariamente é o mérito do recurso.

– Juízo de admissibilidade: pressupostos e condições do recurso.

– Juízo de mérito: pode ou não coincidir com o mérito da ação.

O juízo de admissibilidade pode ser:


• Único (monofásico)

– Quando é feito diretamente no juízo ad quem.

• Bifásico:

– Feito no juízo a quo e pode ser reanalisado no ad quem.


163

Pressupostos de Admissibilidade
1. Cabimento.

2. Legitimidade para recorrer.

3. Interesse em recorrer.

4. Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer.

5. Tempestividade.

6. Preparo.

7. Regularidade formal.

Podem ser divididos em:

• Intrínsecos (1 a 4):

– Levam em consideração a decisão.

•Extrínsecos (5 a 7):

– Levam em consideração o recurso.

ATENÇÃO
• Existe uma divergência doutrinária com relação ao pressuposto da inexistência de fato impeditivo
ou extintivo do direito de recorrer (4).

– Majoritariamente: classifica como intrínseco;

– Minoritariamente: classifica como extrínseco (prof. Daniel Neves).

– Outra parcela da doutrina: sequer o classifica como pressuposto.

• O CESPE já cobrou esse tema em prova no Tribunal de Contas, e na oportunidade classificou a


Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer, como pressuposto intrínseco

• A decisão tem natureza declaratória.

– A decisão do juízo de admissibilidade é declaratória. Assim, retroagirá ao momento em que foi proferida.

• Não há preclusão para a análise dos pressupostos.

– Por ser matéria de ordem pública, o juízo de admissibilidade poderá ser visto e revisto a qualquer tempo.
164

Da inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer

• Subdivide-se em 3 (três):

– Desistência do recurso (art. 998 do CPC);

– Renúncia ao recurso (art. 999 do CPC);

– Aquiescência (art. 1.000 do CPC).

1. CABIMENTO
• O cabimento, que é o primeiro pressuposto, está relacionado aos pronunciamentos do juiz, que são ou não
passíveis de recurs

Observar o pronunciamento judicial (conteúdo + finalidade).

• Conteúdo e finalidade.

– Pouca importa o nome do ato, o que vale é o seu conteúdo e a finalidade. Assim, se o conteúdo é decisório,
caberá recurso.

Obs.: Para saber qual o recurso, dependerá da finalidade da decisão.

• A sentença, para ser considerada assim, é necessário do binômio:

– Conteúdo de sentença (artigos 485 e 487 do CPC);

– Finalidade de sentença (pôr fim à fase cognitiva do procedimento comum ou da execução).

• Assim, a partir da observação do pronunciamento judicial (conteúdo + finalidade), pode-se identificar qual é o
recurso cabível.

Para cada decisão só cabe um recurso (unicidade/unirrecorribilidade/singularidade)

• Exceções:

– Possibilidade de RESP + RE; Agravo interno + ARESP/Agravo em RE. Dessa forma, variará (conforme visto na
aula anterior) se for interpretado como unicidade e como simultaneidade. Assim, se houver a simultaneidade
ocorrerão essas exceções.

– Se não houver necessidade da simultaneidade (conforme entende o professor), tem-se a possibilidade do


recurso principal + embargos de declaração; Agravo de instrumento inadmitido por falta de cabimento e
posteriormente o uso da preliminar da apelação para atacar a mesma decisão interlocutória. Assim, teriam
exceções
165

Observar o princípio da fungibilidade (que será utilizado quando houver dúvida objetiva).

• Quando houver discussão na doutrina e na jurisprudência (dúvida objetiva) sobre qual seria o recurso cabível,
será utilizado o princípio da fungibilidade. Assim, a regra do cabimento é não incidir o princípio da fungibilidade.

– Nesse sentido, se interpuser o recurso errado, não se utilizará dele como se o certo fosse.

2. LEGITIMIDADE E 3. INTERESSE EM RECORRER


Art. 996 do CPC

A legitimidade é conferida:

1. Às partes. – Trata-se da parte vencida.

2. Ao Ministério Público.

– Pode ser parte ou fiscal da ordem jurídica (súmula 99 do STJ).

3. Ao terceiro interessado

– Deve mostrar o nexo causal.

1. Às partes

Interesse

Utilidade do recurso

• Normalmente está associada à parte vencida (sucumbiu). Assim, junto com o interesse de recorrer vem a
legitimidade em recorrer.

• O conceito de interesse está associado à sucumbência (parte vencida), contudo existe:

– A sucumbência formal: Quando se foi formalmente condenado em algo.

–A sucumbência material: Quando se tem outra perspectiva, ou seja, quando não se obtém tudo que o
processo poderia lhe render

2. O Ministério Público (MP)

• O MP pode ser tanto parte como fiscal da ordem jurídica.

• Como fiscal, deve observar a súmula 99 do STJ:


166

Súmula 99. O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda que não
haja recurso da parte.

• Diante dessa situação, o MP tem legitimidade para recorrer do processo, ainda que não haja recurso da parte
do réu (do investigado), pois está na condição de fiscal da ordem jurídica

3. Terceiro interessado

• Cabe ao terceiro interessado comprovar o nexo causal, parágrafo único do art. 996, CPC:

• Assim, ele deve mostrar o porquê da sua intervenção e demonstrar o interesse jurídico.

Princípio da voluntariedade: As partes, MP e interessado recorrem se quiserem e do que quiserem

Utilidade x Necessidade
• Utilidade:

– O julgamento do recurso tem que colocar o recorrente em uma situação mais favorável que a atual.

• Necessidade:

– Somente será possível essa melhora, através do recurso.

– Assim, ao poder alcançar a melhora sem o recurso, ele se torna desnecessário e assim, não há utilidade e
o recurso será inadmitido.

4. FATOS IMPEDITIVOS OU EXTINTIVOS


– Desistência (art. 998)

• Pressupõe recurso já interposto.

• Independe de anuência do recorrido.

• Desiste-se do recurso já interposto.

• Independe de homologação para produzir efeitos.

• Pode ser formulada a qualquer tempo.


167

– Renúncia (art. 999)

• Pressupõe recurso ainda não interposto.

• Independe de aceitação da outra parte ou parte contrária.

• Renuncia-se ao direito de recorrer.

• Produz efeitos imediatos e independe de homologação judicial.

– Aquiescência (art. 1.000)

• Precaução lógica: incompatibilidade entre o que se praticou e o que se deseja praticar.

• Vedação ao comportamento contraditório.

• Concordância com a decisão, sem reservas (obs.: art. 1.000, parágrafo único).

O PULO DO GATO

O CESPE, inclusive em prova dissertativa, explora bastante a diferença temporal entre


renunciar ao recurso e desistir de recurso, qual seja: renúncia pressupõe recurso ainda não
interposto; desistência pressupõe recurso já interposto. Portanto, em síntese, somente é
possível renunciar ao direito de recorrer e desistir de recurso já interposto.

Em síntese, o que o CESPE explora é: renúncia pressupõe recurso ainda não interposto;
desistência pressupõe recurso já interposto

Outro tema bastante explorado em provas do CESPE versa sobre os efeitos decorrentes dos
atos praticados pelas partes, qual seja: se a desistência do recurso precisaria (ou não) de
homologação para produzir efeitos.

A desistência do recurso precisa (ou não) de homologação para produzir efeitos? Não é preciso
homologar, pois quando o recorrente desiste, produzem-se, de imediato, todos os efeitos
legais, e o CESPE explora muito isso.

ATENÇÃO

Via de regra, pronunciamentos das partes produzem efeitos imediatos. Logo, no instante em que a
parte renuncia ao direito de recorrer, protocolando petição de renúncia, tal petição já produziu
efeitos. Igualmente, tão pronto a parte protocola petição de desistência de recurso, tal petição já
produziu efeitos.

Na falta de melhor redação para transpor a ideia principal, serve o seguinte: a questão central é que a
decisão posterior à petição de desistência não pode produzir efeitos; o ato os produziu antes, no
instante em que foi protocolado
168

PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS
1. Prazo (Tempestividade)

Prazos de 15 dias para razões (recurso) e contrarrazões (resposta ao recurso).

ATENÇÃO

O Código de Processo Civil (CPC) de 2015 transformou todos os tipos de agravos antes previstos pelo
Código de 1973 em agravos internos, que são aqueles contrários à decisão do relator, agravos
processados internamente no tribunal.

O PULO DO GATO

Razões e contrarrazões → prazo de 15 dias

Embargos de declaração → prazo de 05 dias

É possível que haja fora do CPC outros prazos, como é o caso dos recursos inominados, quem têm prazo de dez
dias, segundo o artigo 41 da lei 9.099/1995.

2. Contagem dos prazos

ocorrerá nos moldes do artigo 231 do Código em associação ao artigo 1003

3. Observar a data da postagem dos recursos enviados pelos Correios

súmula 216 do STJ

Enunciado n.º 96 (FPPC): Fica superado o enunciado 216 da súmula do STJ após a entrada em vigor do CPC
(art.1.003, § 4º).
Art. 1003/CPC

§ 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem.

4. Feriado local

- Art. 1003, §6°

- Os prazos apenas são contados considerando tão somente os dias úteis.

- Havendo feriados no intervalo de tempo, eles são desconsiderados, contando-se só os dias úteis.

- Em caso de feriados locais, NO ATO de interposição do recurso esse feriado deve ser devidamente comprovado

- Caso o recurso não apresente a devida comprovação do feriado local, NÃO haverá como proceder o saneamento
do vício
169

Art. 1.004., 1005 e 1006

Preparo
princípios extrínsecos de admissibilidade no que tange o seu juízo como pressuposto

 ato completo e imediato

- no momento de interposição de recursos, o preparo já deve ser devidamente recolhido

- a recolha do preparo, bem como a sua devida comprovação, devem ocorrer obrigatoriamente no momento do
ATO da interposição do recurso

Obs.: A não comprovação de recolhimento do preparo implica em seu pagamento dobrado

- A sanção aplicada a quem não realiza o preparo é a deserção.

- O não recolhimento do preparo (inexistência) gera o pagamento dobrado das custas relacionadas. É assim
também quando não acontecer a comprovação do preparo (art. 1.007, § 2º)

- Já quando se configura a insuficiência do preparo, determina-se-á o pagamento da diferença (art. 1.007, §§ 4º e


5º).

- Se ainda assim não acontecer a comprovação do pagamento das custas que são referentes ao preparo, segue-se
a deserção (Art. 1007, caput).

- Continuando a insuficiência do preparo, fica vedada qualquer forma de sua complementação (art. 1.007, §5º
170

Ementa: “O preparo do recurso deve ser comprovado no ato de sua interposição, não se admitindo a mera juntada de
comprovante de agendamento/lançamento” (STJ - 2ª Seção, AGInt nos EDVs nos EAREsp 1.430.338/SP, rel. Min. Nancy
Andrighi, j. 18.02.2020, negaram provimento, v.u., DJe 20.02.2020).

Isenção do preparo
Subjetiva (art. 1.007. § 1º) leva em consideração quem recorre

Objetiva Leva em consideração o recurso

• Embargos de Declaração (artigo 1.023);

• Agravo em Recurso Especial e Extraordinário (artigo 1.042, § 2º)

Ementa: “1. O STJ consolidou o entendimento “no sentido de os recursos dirigidos a esta Corte devem estar acompanhados
das guias de recolhimento e dos respectivos comprovantes de pagamento, de forma visível e legível, no momento de sua
interposição, sob pena de deserção” (AgRg no AREsp 731.504/PR. Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, DJe de
5/10/2017). In casu, essa previsão não foi cumprida. 2. É firme a jurisprudência desta Corte estipulando que a “juntada de
guias de preparo ilegíveis atrai o Enunciado da Súmula 187/STJ, implicando a deserção do recurso especial” (AgInt no AREsp
1.039.483/PE, Rel. Ministro Marco Buzzi, Quarta Turma, DJe de 26/6/2018)”. (STJ-3ª Turma, AgInt no AREsp 1.569.257/RS,
rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 15.06.2020, negaram provimento, v.u., DJe 22.06.2020)

Ementa: “(...) 2. “Este Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que a irregularidade no preenchimento das
guias do preparo, no ato da interposição do recurso especial, característica a sua deserção, sendo inviável nova intimação
para regularizar o vício” (AgInt no RMS 58.719/CE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segundo Turma, DJe
19/12/2018). 3. Precedentes:
171

Efeitos dos recursos


1. Devolutivo

2. Obstativo

3. Suspensivo

4. Translativo

5. Regressivo

6. Expansivo

7. Substitutivo

8. Rescindente.

1. Efeito devolutivo

A expressão “devolverá”, do art. 1.013, se refere à devolução para apreciação do judiciário, em órgão
hierarquicamente superior. Está associada ao efeito devolutivo e o objetivo seria a reforma/cassação da decisão.

O efeito devolutivo pode ser visto em extensão (horizontal) e em profundidade (vertical).

Extensão

- é aquele em que devolve-se o que foi objeto do recurso, ou seja, devolve-se o que foi impugnado

- Esse efeito deságua no princípio da proibição da reformatio in pejus.

-limita o campo de atuação do tribunal, pois ele não pode se manifestar sobre o que não foi impugnado.

Profundidade

- permite ao tribunal ir além dos fundamentos da decisão impugnada.

- não limita a atuação do tribunal

- No momento do aprofundamento, é possível que acabe se percebendo vícios que são matéria de ordem pública.
Se esses vícios de ordem pública não foram objeto de impugnação, eles poderão, chamando o feito à ordem, ser
analisados. No entanto, não será efeito devolutivo, mas sim efeito translativo. O efeito translativo ocorre nos
recursos ordinários

- O efeito translativo envolve a análise de matérias de ordem pública


172

Teoria da causa madura

A Teoria da Causa Madura surge nesse contexto e está relacionada ao efeito devolutivo art. 1013§ 3º

A Teoria da Causa Madura acontece quando o tribunal, ao julgar o recurso, afastada a questão processual e não
encontrado nenhum outro vício processual que impeça a análise do mérito, define que é possível julgar o mérito.

a permite que o tribunal julgue de pedido o que o juiz do primeiro grau não julgou e que analise o fundamento
que o juiz de primeiro grau não analisou.

Há vários precedentes do STJ dizendo que a Teoria da Causa Madura (art. 1013, §3°) é aplicável ao agravo de
instrumento.

RELEMBRANDO Na sucumbência formal há uma condenação explícita, então também sucumbiu


materialmente. Nos casos em que não há condenação mas a parte não obteve tudo que poderia obter no
processo, trata-se de sucumbência material.

2. Efeito obstativo
- impede o trânsito em julgado da decisão

- impede também a execução definitiva.

Ex. Suponha que saiu uma sentença mandando pagar R$ 70.000,00. Sem apelação, essa ação transitará em
julgado. Entretanto, se houver recurso, obstará o trânsito em julgado. A matéria continua viva para ser
reapreciada, ou seja, o recurso impede o cumprimento definitivo.

3. Suspensivo
- impede a decisão de produzir efeitos

- pode ser:
-ope legis/típico: imposto pela lei). a suspensão já acontece a partir da publicação.
Apelação
Recurso especial e extraordinário contra acordão de IRDR
Embargos de declaração contra essas decisões

- ope judicis/atípico: quando a lei não impuser, mas o relator determinar a suspensão da decisão. A
decisão passa a produzir efeitos a partir da publicação.
Art. 995

- Impede o cumprimento provisório


- Obs.: via de regra, os recursos não possuem efeito suspensivo automático.

O pedido de tutela provisória pode ser de urgência, se for cautelar ou antecipada (efeito suspensivo); e pode ser
também uma tutela da evidência (efeito ativo)
173

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. -> OPE LEGIS


§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que:
I – homologa divisão ou demarcação de terras;
II – condena a pagar alimentos;
III – extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV – julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V – confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI – decreta a interdição

- nesses casos, a apelação não está tendo efeito suspensivo automático.

Exceção:
Art. 987 Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou especial, conforme o caso.
§ 1º O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão constitucional eventualmente discutida

- Nesse caso, o RESP/RE tem efeito suspensivo ope legis


- O que impede a execução definitiva é o efeito obstativo, que impede o trânsito em julgado
- O efeito translativo está relacionado ao trânsito em julgado.

4. Translativo

5. Regressivo
O efeito regressivo é quando, com a interposição do recurso, o juízo a quo se retrata da decisão recorrida.
Basicamente quando o relator ou juiz se arrepende e volta atrás

6. Expansivo
O efeito expansivo pode ser dividido sob duas perspectivas:

• Objetivo – O julgamento do recurso atinge outras decisões;

• Subjetivo – O julgamento atinge outras partes além dos recorrentes.

• Interno – Quando atinge decisões e partes do próprio processo;

• Externo – Quando atinge decisões e partes de outros processos.


174

7. Substitutivo
8. Rescindente
• Ambos estão associados ao juízo de mérito;
• A decisão de mérito do recurso substitui ou rescinde a decisão recorrida (art. 1.008).

• Se há error in procedendo, a decisão possui um vício de forma;


• Se o recurso foi julgado improcedente, mantém-se a decisão e há efeito substitutivo ao confirmá-la;
• Se é reconhecida, por ex., a nulidade da citação, nem sempre o tribunal substitui a decisão; pode ser que a
procedência do recurso casse, anule, a decisão. Nesses casos, não há efeito substitutivo, e sim rescindente.

• Efeito interruptivo do prazo em embargos de declaração;


• Efeito integrativo da decisão que julga os embargos em relação à decisão embargada;
• Efeito modificativo quando a decisão embargada foi modificada pelo julgamento dos embargos etc.

APELAÇÃO
1. Objeto:
• Sentença (art. 1009);
• Decisões interlocutórias não agraváveis de instrumento (art. 1009, § 1º)

2. Vícios
• Error in judicando (EIJ);
• Error in procedendo (EIP)
175

3. Prazo
15 dias, assim como para contra-arrazoar (art. 1.003, § 5º)

- Esse prazo pode ser dobrado quando o recorrente for o Ministério Público, a Defensoria Pública, a Fazenda
Pública, litisconsortes com diferentes procuradores, escritórios de advocacia distintos e com processo em autos
não eletrônicos, por ex.

4. Preparo
- Significa que para apelar, é preciso pagar. O preparo é imediato; no ato de interposição de recurso, o recorrente
deverá comprovar que recolheu (recolher e comprovar é ato complexo);

5. Forma:
•O recurso será interposto por meio de petição;

• A reprodução ipsis literis da petição inicial ou de uma contestação dentro do bojo da apelação na maioria das
vezes conduz à inadmissão do recurso por falta de regularidade formal, que ocorre quando a pessoa
simplesmente reproduz a petição ou a contestação sem apontar os vícios da decisão que são motivos da sua
irresignação;

6. Órgão de interposição
juízo que proferiu a sentença (art. 1.010, caput).

- Depois de colhidas as contrarrazões, o processo sobe para o tribunal independentemente de juízo de


admissibilidade (art. 1.010, § 3º), passando aí por distribuição (art. 930) e caindo na mão de um relator
176

• Enunciado n. 662 do FPPC: “É admissível impugnar, na apelação, exclusivamente a decisão interlocutória não
agravável”

• Enunciado n. 611 do FPPC: “Na hipótese de decisão parcial com fundamento no art. 485 ou no art. 487, as
questões exclusivamente a ela relacionadas e resolvidas anteriormente, quando não recorríveis de imediato,
devem ser impugnadas em preliminar do agravo de instrumento ou nas contrarrazões”.

• Enunciado n. 55 da I Jornada de Direito Processual Civil do CJF: “É cabível apelação contra sentença proferida
no procedimento especial de habilitação (arts. 687 a 692 do CPC)”.

• Enunciado n. 93 da I Jornada de Direito Processual Civil do CIF: “Da decisão que julga a impugnação ao
cumprimento de sentença cabe apelação, se extinguir o processo, ou agravo de instrumento, se não o fizer”

Recurso Adesivo
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais

Recurso independente =
Recurso autônomo = x Recurso adesivo.
Recurso principal

- o recurso adesivo não se trata de um novo recurso, mas uma forma diferida de processar um recurso; ou seja,
não existe O Recurso, ele não é uma espécie própria de recurso, e sim recursos que estão sendo processados
adesivamente. Esse recurso não foi oferecido de forma principal, independente, autônoma, mas ele está sendo
oferecido de forma adesiva; por isso é preferível dizer “a apelação adesiva”, “o recurso especial adesivo” ou “o
recurso extraordinário adesivo”

1. Admissão
- apelação
- recurso especial
- recurso extraordinário

2. Requisitos
2. 1. Ter havido sucumbência recíproca
- O recurso adesivo fica condicionado à admissibilidade do recurso principal; se houver desistência ou inadmissão,
ele ficará prejudicado; a desistência independe da concordância da parte contrária e pode ser formulada a
qualquer tempo

2.2. Recurso comportar processamento adesivo;

2.3. Ser oferecido no prazo de resposta do recurso principal (15 dias).


177

- O recurso adesivo está condicionado à admissibilidade do recurso principal (ou seja, que ele seja conhecido), e
não ao provimento ou improvimento (art. 997, § 2º, III)

- O recurso adesivo não pode ser utilizado como complementação de recurso principal já interposto;

- A regra diz que se o recorrente principal desistir do recurso, mata o adesivo; essa regra é clara e não admite
interpretação elástica. Entretanto, o STJ tem dois julgados dizendo que, em alguns casos, se ficar evidente a má-fé
do recorrente principal, o adesivo prosseguirá mesmo após o pedido de desistência.

- O principal efeito dos recursos é o devolutivo, já que destinado a impedir o trânsito em julgado da sentença,
permitindo o reexame, a nova apreciação, da matéria já decidida pelo Judiciário por outro órgão funcionalmente
superior.

- O efeito devolutivo é regido pelo princípio dispositivo e pelo tantum devolutum quantum appellatum, pois, por
meio do recurso, somente se devolve ao órgão superior a matéria recorrida pela parte interessada

- A jurisprudência do STJ privilegia a instrumentalidade das formas, adotando a orientação de que a mera
circunstância de terem sido reiteradas, na petição da apelação, as razões anteriormente apresentadas na inicial
da ação ou na contestação, não é suficiente para o não conhecimento do recurso, eis que a repetição dos
argumentos não implica, por si só, ofensa ao princípio da dialeticidade

- É essencial, todavia, que as razões recursais da apelação guardem alguma pertinência com a matéria decidida na
sentença.

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