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DIREITO CONSTITUCIONAL
A CF/88 atribui à União a competência privativa para legislar sobre direito processual,1 o que
inclui o direito processual trabalhista (art. 22, I).
Além das normas gerais quanto ao Poder Judiciário, no Texto Constitucional há uma série de
normas que regulam a competência material e funcional da Justiça do Trabalho (arts. 111 e
segs., CF), além da disciplina quanto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) (art. 128, I, b).
O Poder Judiciário é um dos Poderes do Estado (art. 2º, CF), de modo que seus atos não
jurisdicionais são atos regidos pelo Direito Administrativo.
A própria atuação do juiz corregedor não é jurisdicional. Também merece ser destacado que os
magistrados e servidores da Justiça do Trabalho possuem uma relação jurídico-administrativa
com o Estado.
3.5 DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL
No desenrolar do processo trabalhista há vários momentos nos quais o Direito Penal está sendo
observado pelo magistrado trabalhista, a saber: crimes de falso testemunho, falsa perícia,
coação, fraude processual, além de crimes contra a organização do trabalho, contra a Justiça,
crimes praticados por funcionários públicos e o crime de trabalho escravo.
Nessas situações, os órgãos trabalhistas devem oficiar a autoridade competente para que sejam
tomadas as medidas administrativas e judiciais cabíveis (art. 40, CPP).
Várias normas materiais trabalhistas são assemelhadas aos ilícitos penais, notadamente na área
da justa causa para o término da relação jurídico-trabalhista, deve o magistrado trabalhista, ao
sentenciar, conhecer e aplicar as interpretações das normas penais, como forma de se dar a
melhor solução ao caso concreto, como ocorre no caso de furto e assédio sexual.
Há também os casos em que a decisão penal faz coisa julgada trabalhista. Se a Justiça Criminal
reconhecer, por exemplo, a legítima defesa ou o estado de necessidade, a decisão faz coisa
julgada na Justiça do Trabalho (art. 65, CPP). No caso da não condenação dos réus, por falta de
elementos, tais decisões na Justiça Criminal não influenciam a Justiça Comum ou Trabalhista
(art. 66). Poderá o juízo trabalhista reconhecer a justa causa e declarar a improcedência dos
títulos rescisórios solicitados. A decisão criminal que reconhece a existência material do crime e
da autoria faz coisa julgada na Justiça do Trabalho (art. 63). A sentença criminal, a qual
reconhece a inexistência categórica do crime ou a inocência do réu, tem força de coisa julgada
na Justiça Comum ou do Trabalho (art. 935, CC).
No tocante à prescrição, quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo
criminal, ela não correrá antes da respectiva sentença definitiva (art. 200, CC).
3.6 DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Entre direito processual civil e direito processual do trabalho, além de pertencerem ao mesmo
ramo do direito (teoria monista), existem princípios comuns (ex., economia processual e boa-
fé) e institutos comuns (mas também existem os institutos com idêntico nome, contudo, com
tratamentos distintos, ex.: agravo de instrumento e perempção).
Quanto ao direito processual civil, não se pode esquecer que o mesmo é fonte subsidiária do
direito processual do trabalho (art. 769, CLT; art. 15, CPC). Quando for o caso de lacunas, o
magistrado trabalhista há de aplicar a norma do direito processual civil, desde que seja
compatível com os princípios do processo do trabalho. Como exemplos: a aplicação dos
conceitos de ação, autor, réu, exceção, reconvenção, recurso etc.
Na execução trabalhista, de forma subsidiária, em primeiro lugar aplica-se a lei dos executivos
fiscais (art. 889, CLT) (Lei 6.830/80) e, posteriormente, as normas do processo civil.
O art. 16, da Lei 11.457/07, atribui a Procuradoria Geral Federal à representação da União, nos
processos em tramitação perante a Justiça do Trabalho relacionados com a cobrança de
contribuições previdenciárias, de imposto de renda retido na fonte e de multas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho, mediante delegação da
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
Além disso, tem-se a competência da Justiça do Trabalho para decidir todas as questões
relacionadas ao imposto sobre a renda incidente sobre os créditos trabalhistas.4
3.8 DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL
Vários são os pontos de conexão entre o Direito do Trabalho e o da Seguridade Social: (a)
empregado (art. 3º, CLT); (b) empregador (art. 2º); (c) remuneração (art. 457); (d) salário (art.
457); (e) salário-utilidade (art. 458); (f) conceito de empregado doméstico (art. 1º, LC 150/15);
(g) conceito de trabalhador temporário (Lei 6.019/74) etc.
Pela EC 20/98, a Justiça do Trabalho passou a ser competente para executar, de ofício, as
contribuições sociais previstas no art. 195, I, a (contribuição social do empregador, da empresa
e da entidade a ela equiparada na forma da lei incidente sobre a folha de salários e demais
rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste
serviço, mesmo sem vínculo empregatício) e II (contribuição social do trabalhador e dos demais
segurados da previdência social), e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que
proferir (art. 114, § 3º). Atualmente, essa competência está disciplinada pelo art. 114, VIII.
O TST, com respaldo do entendimento do STF (SV 53), vem entendendo que a competência da
Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às
sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de acordo homologado,
que integrem o salário de contribuição (Súm. 368, I, TST). A matéria encontra-se disciplinada
pelo art. 876, parágrafo único, CLT, alterado pela Lei 13.467/17.
Com a alteração do art. 43 da Lei 8.212, pela MP 449/08 e pela Lei 11.941/09, o TST (Súm. 368,
IV e V) passou a entender que:
Quanto ao direito privado (direito civil e comercial), o magistrado do trabalho utiliza-se de uma
série de normas, tais como: falência, recuperação judicial, habilitação de herdeiros, laços de
parentesco (para fins de análise da incapacidade e impedimento das testemunhas), prescrição,
decadência, direitos de personalidade, atos e fatos jurídicos, direito de empresa, teoria geral
das obrigações, contratos etc. Também não se pode esquecer que o Direito comum é fonte
subsidiária do direito do trabalho (art. 8º, CLT).
Por ser o Direito uma Ciência Social aplicada, parece-nos inegável que ele se relaciona com
todas as demais ciências, principalmente as sociais e humanas como a Filosofia, a Psicologia, a
Antropologia, a História, a Sociologia, a Estatística e a Política.
O direito processual do trabalho é um segmento da Ciência do Direito, razão pela qual também
se relaciona com todas as ciências e, é óbvio, com todos os demais ramos da árvore jurídica.
Preferimos utilizar o termo transdisciplinar para designar que o direito processual do trabalho
relaciona-se no plano externo com as demais ciências e no plano interno, com as outras
disciplinas jurídicas.
No que concerne ao plano interno, o direito processual do trabalho mantém estreita relação
com as seguintes disciplinas jurídicas: direitos humanos, direito processual, direito
constitucional, direito do trabalho, direito civil, direito das relações de consumo, direito
administrativo, direito penal, direito tributário e direito previdenciário.
O direito processual é gênero de que são espécies o direito processual civil, o direito processual
penal e o direito processual do trabalho. É pela teoria geral do direito processual que a nossa
disciplina mais se aproxima dos outros ramos do direito processual, pois é ela o tronco comum
de todos os setores da processualística moderna. Institutos como ação, defesa, processo e
jurisdição são inerentes a todos os ramos do direito processual. A relação com o processo civil é
mais estreita, haja vista as regras de subsidiariedade e supletividade estampadas no art. 769 da
CLT e art. 15 do CPC.
Com o direito constitucional, o direito processual do trabalho relaciona-se não apenas com os
seus princípios fundamentais – dignidade da pessoa humana e valor social do trabalho –, como,
também, com os princípios constitucionais do processo que decorrem do princípio do devido
processo legal e do princípio do acesso à justiça. Além disso, existem regras de organização e
competência da própria Justiça do Trabalho que estão explícitas na Constituição (arts. 111 a
117). Ademais, já vimos no item 3, supra, que a Carta Magna brasileira contempla, a um só
tempo, normas de direito processual constitucional e de direito constitucional processual. Não
é, portanto, exagero dizer que o direito processual do trabalho é também direito constitucional
aplicado.
A relação do direito processual do trabalho com o direito do trabalho é a mais íntima possível,
pois aquele constitui instrumento de realização deste. Esse vínculo é tão próximo que alguns
autores chegam a dizer que o direito processual do trabalho nada mais é do que uma parte do
direito do trabalho. Todavia não podemos olvidar que o direito processual do trabalho, assim
como o direito processual em geral, emancipou-se em relação ao direito material, já que ambos
possuem autonomia, caracterizada, principalmente, pela presença de valores, regras e
princípios próprios.
Com o direito civil, que é fonte subsidiária do direito do trabalho (CLT, art. 8º, parágrafo único),
o direito processual do trabalho também se relaciona, mormente no que diz respeito aos
conceitos relacionados às pessoas naturais e jurídicas, à capacidade para prática dos atos da
vida civil, aos direitos de personalidade, aos atos e fatos jurídicos, à prescrição e à decadência,
ao direito de empresa etc. Com a ampliação da competência da Justiça do Trabalho para
processar e julgar ações oriundas das relações de trabalho de natureza civil, a relação entre o
direito civil e o direito processual do trabalho torna-se cada vez mais evidente.
O direito administrativo mantém relações com o direito processual do trabalho, seja pelo
próprio regime jurídico de trabalho dos magistrados e servidores, seja em função da
organização e funcionamento da Justiça do Trabalho. Ademais, o Juiz do Trabalho exerce o
Poder de Polícia nas audiências que preside.
A vinculação com o direito tributário ocorre, principalmente, por meio da Lei n. 6.830/80, que é
a Lei de Execuções Fiscais. Esta Lei é aplicada subsidiariamente à execução trabalhista, como se
infere do art. 889 da CLT. A competência da Justiça do Trabalho para as questões atinentes ao
imposto de renda (TST, Súmula 368) sobre os valores pagos por decisão judicial também
demonstra a relação do processo do trabalho com o direito tributário.