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Unidade 1

Nesta Unidade abordaremos a organização da Justiça do Trabalho, no que se


refere à história, ao conceito, às fontes, à natureza, às normas e aos princípios
do Direito Processual do Trabalho, além da competência da Justiça
Trabalhista.

Aqui o principal objetivo é entender os aspectos relevantes da teoria geral do


processo trabalhista e da organização da Justiça do Trabalho, a partir da
Emenda Constitucional n.º 45/2004.

Bom estudo!

Os direitos trabalhistas são frutos de reivindicações históricas para suprir


carências da coletividade frente à ausência do Estado, no que concerne ao
estabelecimento de direitos e garantias sociais.

A história dos direitos trabalhistas identifica-se com os direitos sociais de


segunda geração, advindos de documentos históricos, tais como a
Constituição do México de 1917, a Constituição de Weimar de 1919 e a
Declaração dos Direitos Humanos de 1948.

No Brasil, o primeiro documento a tratar dos direitos sociais trabalhistas foi a


Constituição de 1934, seguido do Decreto-Lei n.º 5.452/43 – Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT) –, os quais preveem diversos princípios e normas de
direito material e processual trabalhista, com o intuito de solucionar litígios e
de estabelecer jurisdição ao juiz, para dizer o Direito no caso concreto na
Justiça do Trabalho, a partir de suas atribuições e competências.

Todavia, somente após a promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988


houve uma expansão e um forte reconhecimento dos direitos sociais
trabalhistas no País, vez que a Constituinte estabeleceu novos princípios e
dispositivos que tratam de matéria trabalhista, inclusive, destinou um capítulo
para assegurar os direitos sociais.

Nessa perspectiva, cabe enfatizar outros documentos de grande repercussão


na área trabalhista, tais como as Emendas Constitucionais n.º 24/99 e 45/2004,
vez que também estabeleceram novos dispositivos, no que concernem ao
processo trabalhista e à forma de organização da Justiça do Trabalho.

A Emenda Constitucional (EC) n.º 24/99 extinguiu a competência dos juízes


classistas, exercidos por representantes dos sindicatos dos empregados, bem
como pelos sindicatos dos empregadores, pois o objetivo da Reforma
Constitucional foi atribuir competência exclusiva aos juízes e órgãos da
Justiça do Trabalho para processar e julgar os dissídios, seja de natureza
individual ou coletiva.
Por outro lado, a EC n.º 45/2004, além de alterar diversas matérias processuais
trabalhistas na Constituição Federal, de forma substancial incluiu nova
redação ao Artigo 114 da CF, para atribuir competência à Justiça do Trabalho
para processar e julgar determinadas matérias.

Desse modo, a partir das alterações introduzidas no processo do trabalho


pelos referidos documentos históricos, nesta Unidade estudaremos o conceito,
as normas e os princípios atinentes ao processo trabalhista e à organização da
Justiça do Trabalho.

Material Complementar e
Fórum 1

1. Conceito de Direito Processual do Trabalho


O Direito Processual do Trabalho é regido por um conjunto de normas e
princípios, tendo por objetivo sanar eventuais litígios advindos da relação de
trabalho a partir da competência do juiz em exercer jurisdição para dizer o
direito no caso concreto a esse submetido.

A partir de um sistema jurídico, o Direito Processual do Trabalho poderá


utilizar-se de fontes formais, materiais e supletivas para solucionar os
conflitos trabalhistas que, por sua vez, poderão ser de natureza individual ou
coletiva.

2. Natureza do Direito Processual do Trabalho


O conflito será de natureza individual quando advier da relação de trabalho
entre empregado e empregador; por outro lado, o conflito será de natureza
coletiva quando advier das reivindicações de um grupo, de uma categoria ou
de uma classe, seja econômica ou profissional.

3. Fontes do Direito Processual do Trabalho


As normas do Direito Processual do Trabalho emanam das fontes do Direito
que, por sua vez, podem ser de natureza formal, material ou supletiva para
solucionar litígios advindos das relações de trabalho.
A fonte formal advém das normas legais, tais como a CF, a CLT, decretos, leis,
instruções normativas e resoluções; por outro lado, a fonte material advém das
negociações coletivas de trabalho, tais como os contratos, as convenções
coletivas, ou os acordos coletivos de trabalho.
Por fim, a fonte supletiva ocorre quando os juízes, na falta de disposições
legais ou contratuais, decidirem o caso concreto pela jurisprudência, analogia,
equidade e outros princípios e normas gerais de Direito, principalmente do
Direito do Trabalho e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o Direito
Comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou
particular prevaleça sobre o interesse público.

4. Normas do Direito Processual do Trabalho


O Direito Processual do Trabalho tem por objetivo garantir ao indivíduo e à
coletividade – classes, grupos e sindicados – o acesso à Justiça do Trabalho;
dar cumprimento à legislação social e trabalhista e solucionar os conflitos
decorrentes da relação de trabalho.

Todavia, para assegurar a efetividade da Justiça do Trabalho, é necessário


compreender os diversos instrumentos normativos existentes, tais como a CF
de 1998; a CLT (Decreto-Lei n.º 5.452/43), o Código de Processo Civil (Lei n.º
13.105/2015), a Resolução do Tribunal Superior do Trabalho (TST) n.º 203 e a
Lei n.º 13.467/2017 – Reforma Trabalhista.

A CF de 1934 foi a primeira a tratar dos direitos trabalhistas, com o objetivo de


garantir ao trabalhador um lugar no “Estado Novo”. Entretanto, somente com o
advento da CF de 1988 foram assegurados e conferidos os direitos sociais e
trabalhistas, por meio das disposições contidas nos artigos 6º e 7º.

Outras inovações trazidas pela nova Constituinte correspondem ao resguardo


de direitos atinentes à matéria trabalhista prevista no Artigo 5º, pois o intuito
da Carta Magna foi conferir autenticidade na prestação positiva aos
trabalhadores que objetivam vida digna. Além de assegurar diversos direitos, a
Constituinte tratou, do Artigo 114 ao 117, dos critérios de competências da
Justiça do Trabalho, quanto à matéria, pessoa e ao local.

Por conseguinte, outro dispositivo normativo que é aplicado na Justiça do


Trabalho é o Código de Processo Civil, que dispõe sobre diversas matérias que
podem ser aplicadas no processo trabalhista, considerando o princípio da
subsidiariedade, pois na ausência de norma específica, aplicam-se as
disposições do Código de Processo Civil (CPC). Ademais, é necessário
ressaltar que o Novo Código de Processo Civil (NCPC) proporcionou inúmeras
inovações e alterações no que se refere à matéria processual, ajustando a
regra processual ao direito material.

A grande inovação legislativa introduzida no processo do trabalho decorre da


Lei n.º 13.467/2017, conhecida também como a Reforma Trabalhista. A
repercussão das mudanças ocorridas na CLT não alterou apenas disposições
normativas do direito material, mas também dispôs sobre o Direito Processual
Trabalhista, no que se refere ao ônus da prova; à petição e ao pedido; à
desistência da ação; à audiência, entre outras matérias.
Post-It:
Note-se a importância de saber interpretar o conjunto de disposições
normativas que podem ser aplicadas no processo do trabalho, pois o Direito
Processual do Trabalho não é estático, aperfeiçoando-se e se desenvolvendo
no tempo, com o intuito de assegurar efetividade na prestação jurisdicional.

5. Do Acesso à Justiça
O acesso à Justiça tem por objetivo estabelecer um sistema jurídico para que
as pessoas possam provocar a tutela jurisdicional do Estado para resolverem
os seus litígios.

Trata-se de uma das garantias mais importantes dos cidadãos, uma vez que,
modernamente, a acessibilidade ao Judiciário é um direito fundamental de
qualquer pessoa para efetivação de seus direitos. De outro lado, não basta
apenas à ampla acessibilidade ao Judiciário, mas também que o procedimento
seja justo e que produza resultados (efetividade) (SCHIAVI, 2017, p. 15).

Para esse autor o acesso à Justiça diz respeito à acessibilidade das pessoas
ao Judiciário para efetivação de seus direitos. Todavia, para outros
doutrinadores, o acesso à Justiça está intrinsecamente relacionado à justiça
social, quanto ao estabelecimento do jus postulandi, da assistência judiciária
gratuita, da gratuidade de despesas e custas processuais às partes
desfavorecidas na relação processual, para que tenham oportunidade de
acionar o Poder Judiciário.

No que concerne às custas e despesas processuais, a Lei n.º 13.467/2017


alterou a redação do Artigo 789 da CLT, com o objetivo de estabelecer que os
valores das custas serão de 2%, observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e
sessenta e quatro centavos), cujo limite será de quatro vezes o regime geral
da Previdência Social.

Diante das alterações introduzidas no Processo do Trabalho pela Lei n.º


13.467/2017, no que se refere às custas, a Procuradoria Geral da República
impetrou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n.º 5.766, com o objetivo
de declarar a inconstitucionalidade da redação do Artigo 789 da CLT, vez que
as restrições à garantia de gratuidade judiciária aos que comprovam a
insuficiência de recursos na Justiça do Trabalho restringem o acesso à Justiça
às pessoas, a fim de invocarem a tutela jurisdicional do Estado.

6. Princípios do Direito Processual do Trabalho


Os princípios do Direito Processual do Trabalho têm por objetivo suprir lacunas
no ordenamento jurídico, bem como servir de alicerce às normas processuais
existentes, com o intuito de auxiliar as autoridades na prestação jurisdicional,
haja vista a ausência de lei que não disciplina eventual matéria.

CLT. Art. 8º – As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta


de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela
jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais
de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os
usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum
interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público (grifo
nosso).

Diálogo com o autor:


[...] os princípios também são destinados aos preenchimentos de lacunas na
legislação processual. Há lacuna quando a Lei não disciplina determinada
matéria. Desse modo, os princípios, ao lado da analogia, do costume, serão
instrumentos destinados a suprir as omissões do ordenamento jurídico
processual (SCHIAVI, 2017, p. 19).

Além de servir de alicerce aos dispositivos normativos existentes, os


princípios servem de fonte do direito para que os juízes da Justiça do Trabalho
julguem os dissídios individuais ou coletivos cuja matéria ainda não foi
regulamentada pelo legislador, por exemplo, a ausência de regulamentação do
direito de greve dos servidores públicos, vez que os dispositivos normativos
que disciplinam essa matéria são insuficientes para solucionar conflitos
originados do exercício desse direito.

6.1 Princípio da Igualdade Processual

O princípio da igualdade processual tem por objetivo proporcionar às partes


envolvidas na relação jurídica processual oportunidades iguais para se
manifestarem nos autos.

Note que o princípio da igualdade processual deriva do constitucional da


isonomia, consagrado no Artigo 5, Caput da CF, dispondo que todos são iguais
perante a Lei.

6.2 Princípio da Ampla Defesa e do Contraditório

A ampla defesa objetiva conceder igualdade de oportunidades para o sujeito


defender-se dos fatos alegados e das provas arroladas pela parte contrária da
relação jurídica processual.

Por outro lado, o contraditório objetiva conceder oportunidade para que o


sujeito preste esclarecimentos dos fatos alegados e das provas arroladas pela
parte contrária da relação processual.

6.3 Princípio da Informalidade

Este princípio refere-se à desburocratização dos atos processuais no processo


do trabalho, com o objetivo de tornar o processo ágil e simples, por meio da
participação direta dos envolvidos, pois na Justiça do Trabalho partes dos atos
processuais se exteriorizaram de forma oral, com o intuito de tornar célere o
acesso à justiça do trabalhador.
Podemos citar os seguintes exemplos de atos e procedimentos que
possibilitam uma prestação jurisdicional célere na Justiça do Trabalho:

 Jus postulandi (Art. 791 da CLT);


 Ausência de despacho de recebimento da inicial (Art. 841 da CLT);
 Petição inicial e contestação podem ocorrer na forma oral (Art. 840, 846 da
CLT);
 Testemunhas podem comparecer em audiência independente de intimação
(Art. 825 da CLT);
 Designação de audiência logo após a distribuição da ação (Art. 84 da CLT);
 Interposição de recurso por petição simples (Art. 899 da CLT).

6.4 Princípio da Conciliação

Tradicionalmente, a Justiça do Trabalho preza pela formalização da


conciliação entre as partes, tanto nos dissídios individuais como nos coletivos,
objetivando solucionar os conflitos existentes.

Com efeito, o Artigo 764, Caput e seus parágrafos da CLT dispõem que:

Art. 764 – Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da


Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.

§ 1º – Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho


empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma
solução conciliatória dos conflitos.

§ 2º – Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á


obrigatoriamente em arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste
Título.

§ 3º – É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda


mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório.

Além de a CLT incentivar tradicionalmente a conciliação na Justiça do


Trabalho, estabelece, no Artigo 831, que as tentativas de conciliação
realizadas pelo juiz ou presidente são algumas das condições para a validade
da sentença trabalhista, vez que o juiz somente poderá julgar a lide após
propor a conciliação às partes, mesmo que as propostas sejam rejeitadas.

Outra peculiaridade do processo do trabalho é que a CLT estabelece a


necessidade de o juiz propor a conciliação em dois momentos, vejamos:

Art. 831 – A decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta
de conciliação.

Parágrafo Único – No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá


como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às
contribuições que lhe forem devidas.

Art. 850 – Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em


prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou
presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será
proferida a decisão.

Parágrafo único – O presidente da Junta, após propor a solução do dissídio,


tomará os votos dos vogais e, havendo divergência entre estes, poderá
desempatar ou proferir decisão que melhor atenda ao cumprimento da Lei e ao
justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao interesse social.

Há de se destacar que no procedimento comum ordinário trabalhista há dois


momentos obrigatórios para o juiz propor a conciliação entre as partes: a
primeira tentativa ocorre por ocasião da abertura da audiência; já a segunda
tentativa de conciliação se dá após o término da instrução e apresentação das
razões finais pelas partes.

6.5 Princípio da Celeridade

O princípio da celeridade processual advém do constitucional da razoável


duração do processo (Art. 5º, LXXVII); embora não seja um princípio exclusivo
do processo do trabalho, assume ênfase, haja vista a natureza se alimentar
dos créditos trabalhistas postulados em juízo pelo trabalhador.

6.6 Princípio da Concentração

A Justiça brasileira do Trabalho preza pela concentração dos atos e


simplicidade das formas, com o objetivo de desburocratizar o processo para
assegurar uma prestação jurisdicional célere.

Nesse aspecto, torna-se importante ressaltar o Artigo 899 da CLT, vez que
prevê a possibilidade de os recursos serem interpostos por petição simples,
com o intuito de consagrar a celeridade e economia processual.

6.7 Princípio da Oralidade

O princípio da oralidade é um desdobramento dos princípios da celeridade, vez


que um dos objetivos da Justiça brasileira do Trabalho é concentrar partes dos
atos processuais na audiência designada pelo juiz, pois parte dos atos realizar-
se-á na forma oral, tais como o depoimento, requerimento, protesto, as
contraditas e razões finais.

6.8 Princípio da Irrecorribilidade das Decisões Interlocutórias

O conceito de decisão interlocutória advém do Artigo 203, Parágrafo 2º do


NCPC, como o ato de pronunciamento do juiz de natureza decisória que não se
enquadre no Parágrafo 1º – sentença. Na Justiça Comum é possível a parte
insatisfeita com o pronunciamento do juiz recorrer da decisão interlocutória
proferida para sanar questões incidentais de cunho decisório.

Todavia, no processo do trabalho, em regra, as decisões interlocutórias não


possuem imediata recorribilidade. O fundamento dessa matéria tem por base
legal o Artigo 893, Parágrafo 1º da CLT, disciplinando que “[...] os incidentes do
processo do trabalho serão resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal,
admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias
somente em recurso da decisão definitiva”.

Todavia, o princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias


possui algumas exceções disciplinadas no Artigo 799, Parágrafo 2º da CLT,
bem como na Súmula n.º 214 do TST:

Súmula n.º 214 do TST – Na Justiça do Trabalho, nos termos do Art. 893, § 1º
da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas
hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula
ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível
de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe
exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal
Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o
disposto no Art. 799, § 2º, da CLT.

6.9 Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional

O princípio da inafastabilidade da jurisdição está consagrado no Artigo 5º,


XXXV da CF, objetivando garantir às partes a possibilidade de provocarem o
Poder Judiciário para que aprecie ameaça ou lesão a direito. Em outras
palavras, tal princípio garante às partes o direito de ajuizar ação perante o
Poder Judiciário quando determinado direito for violado.

7. Eficácia da Norma Trabalhista no Tempo


A eficácia da norma trabalhista no tempo refere-se à aplicação imediata de
uma lei que entra em vigor. Desse modo, a norma processual é aplicável
imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais
praticados e as situações jurídicas sob a vigência da norma revogada,
conforme preceitua o Artigo 14 do NCPC.

Nesse passo, considerando a disposição normativa, vale mencionar as


alterações introduzidas no processo do trabalho pela Lei n.º 13.467/2017, que
possuem aplicação imediata, dado o princípio do efeito imediato da Lei.

Entretanto, é necessário destacar que a CF garante que a aplicação da nova


Lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada
(Art. 5º, XXXVI), pois o objetivo é estabelecer segurança jurídica às partes que
tiveram direitos constituídos ou reconhecidos antes de a nova Lei entrar em
vigor.

8. Organização da Justiça do Trabalho


A grande inovação no que concerne à forma de organização da Justiça do
Trabalho foi introduzida pela EC n.º 24/99, vez que as redações de diversos
artigos da Constituição Federal foram alteradas, com o objetivo de atribuir
competência exclusiva aos órgãos e juízes “togados” para julgarem conflitos
decorrentes das relações de trabalho.

Importante consignar que após a EC n.º 24/99, a figura dos juízes classistas
que exerciam jurisdição desaparece, afinal, o intuito da Reforma
Constitucional foi estabelecer segurança jurídica aos envolvidos no processo.
Desse modo, no âmbito da Justiça do Trabalho, a jurisdição ficou estruturada
da seguinte forma, segundo o Artigo 111 da CF:

 Tribunal Superior do Trabalho (TST);


 Tribunais Regionais do Trabalho (TRT); e
 Juízes do trabalho.

8.1 Composição e Funcionalização do TST, TRT e da Vara do Trabalho

De acordo com o Artigo 111-A, o TST é o órgão máximo da Justiça do Trabalho,


com jurisdição em todo o território nacional, sendo composto por 27 ministros
escolhidos com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, nomeados pelo
presidente da República.

Art. 111-A – O Tribunal Superior do Trabalho compor-se-á de vinte e sete


ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e
menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada,
nomeados pelo presidente da República após aprovação pela maioria absoluta
do Senado Federal, sendo:

I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade


profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez
anos de efetivo exercício, observado o disposto no Art. 94;

II – os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da


Magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior;

§ 1º – A Lei disporá sobre a competência do Tribunal Superior do Trabalho.

§ 2º – Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho:

I – a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do


Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais
para o ingresso e promoção na carreira;

II – o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma


da Lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da
Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do
sistema, cujas decisões terão efeito vinculante.

§ 3º – Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e julgar,


originariamente, a reclamação para a preservação de sua competência e
garantia da autoridade de suas decisões.

Nos termos do Artigo 111-A da Constituição Federal, funcionarão junto ao TST:


 A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrado, com o
objetivo de preparar os juízes ao ingresso e à promoção na carreira de
magistrado;

 O Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cuja função é a supervisão


administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do
Trabalho.

Nesse passo, cumpre destacar ainda a possibilidade de advogados e membros


do Ministério Público comporem um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais
Federais (TRF), dos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e de territórios,
conforme disciplina o Artigo 94 da CF:

Art. 94 – Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos


Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios serão compostos de
membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de
advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos
de representação das respectivas classes.

No que diz respeito ao “quinto constitucional”, as indicações decorrem de uma


lista tríplice, enviada ao Poder Executivo para que escolha os integrantes que
comporão os Tribunais da Justiça do Trabalho.

Seguindo as diretrizes estabelecidas pelo Artigo 96, Inciso I, alínea a da CF, o


TST editou o seu regimento interno, no qual dispõe sobre a composição e
funcionalização da Justiça do Trabalho, de modo que são órgãos do TST:

1.
I. Tribunal Pleno;
II. Órgão Especial;
III. Seção Especializada em Dissídios Coletivos;
IV. Seção Especializada em Dissídios Individuais;
V. Turmas.

De acordo com as diretrizes do Artigo 112 da CF e do Artigo 674 da CLT, a Lei


disporá sobre a jurisdição dos TRT no território nacional. Atualmente, existem
24 TRT instalados em algumas capitais.

Cumpre destacar que no Estado de São Paulo existem dois TRT instalados, um
na Capital e outro na Cidade de Campinas, tendo em vista o índice
populacional do Estado.

Outra peculiaridade no que tange aos TRT refere-se ao fato de os Estados de


Tocantins, Acre, Roraima e Amapá não terem instalados, pelo menos, um TRT,
pois com o advento da EC n.º 45/2004 não é mais obrigatória a instalação de
TRT em cada Estado e no Distrito Federal.

Já no que diz respeito à composição e instalação de Vara do Trabalho, a CF,


nos artigos 112 e 116 estabelece que:

1.
I. A Lei criará Varas do Trabalho;
II. A jurisdição será exercida pelo juiz singular;
III. Nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, os juízes de direito
serão investidos de jurisdição trabalhista.

9. Competência
A competência advém da jurisdição reconhecida pela CF como tutela
jurisdicional frente os interesses individuais ou coletivos. Nessa perspectiva, a
competência se refere aos critérios de delimitação do juiz de dizer o direito no
caso concreto.

Na CF, a competência da Justiça do Trabalho está disciplinada no Artigo 114,


especificamente nos seguintes termos:

1.
I. As ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

II. As ações que envolvam exercício do direito de greve;

III. As ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos


e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

IV. Os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato


questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;

V. Os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,


ressalvado o disposto no Art. 102, I, o;

VI. As ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da


relação de trabalho;

VII. As ações relativas às penalidades administrativas impostas aos


empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;

VIII. A execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no Art. 195, I,


a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

IX. Outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da


Lei.

Assim, a competência da Justiça do Trabalho pode ser dividida em relação à


matéria, às pessoas e ao lugar.

A competência em razão da matéria do processo decorre da natureza jurídica


material postulada pelas partes em juízo; já a competência em razão das
pessoas diz respeito à qualidade das partes para figurarem no processo. Por
outro lado, a competência em relação ao lugar refere-se ao espaço geográfico
do
Poder Judiciário para conhecer e julgar os conflitos que lhe são submetidos,
conforme disciplina a CLT:

Art. 651 – A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é


determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado,
prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local
ou no estrangeiro.

§ 1º – Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a


competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou
filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a
Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais
próxima.

§ 2º – A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida


neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no
estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção
internacional dispondo em contrário.

§ 3º – Em se tratando de empregador que promova realização de atividades


fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar
reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos
respectivos serviços.

Considerando as disposições do Artigo 651 da CLT, a regra geral é que a ação


trabalhista deverá ser proposta no último local da prestação de serviço do
empregado, ainda que tenha sido contratado em outro local ou no estrangeiro.

É importante registrar quando a parte do dissídio for agente ou viajante


comercial, dado que a competência será da Vara do Trabalho da localidade em
que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado
e, na falta, será competente à Vara do Trabalho da localidade mais próxima do
domicílio do empregado.

Por outro lado, quando o empregado for brasileiro e desempenhar as suas


atividades no exterior, a ação pode ser proposta no Brasil; se o empregador
desempenhar as suas atividades fora do lugar da contratação, poderá escolher
entre propor a ação no local da contratação ou da prestação do serviço.

9.1 Competência em Dissídio Coletivo

Os dissídios de natureza coletiva devem ser ajuizados perante os TRT.


Entretanto, caso o dissídio coletivo exceda a jurisdição do TRT, deve ser
proposto no TST.

9.2 Prorrogação da Competência em Razão do Lugar

A ação trabalhista proposta em juízo incompetente poderá tornar-se


competente nos casos de conexão e de continência, conforme disciplina o
Artigo 65 do NCPC. Ademais, é importante consignar que a prorrogação da
competência em razão do lugar decorre de dois princípios constitucionais do
acesso à Justiça e da inafastabilidade do Poder Judiciário para solucionar os
conflitos existentes.

9.3 Conflitos de Competência

Os conflitos de competência ocorrem quando dois ou mais órgãos ou quando


dois ou mais juízos se derem por competentes – conflito positivo – ou
incompetentes – conflito negativo – para julgarem a lide. Vejamos:

CLT, Art. 803 – Os conflitos de jurisdição podem ocorrer entre:

1.
A. Juntas de Conciliação e Julgamento e Juízes de Direito investidos na
administração da Justiça do Trabalho;
B. Tribunais Regionais do Trabalho;
C. Juízos e Tribunais do Trabalho e órgãos da Justiça Ordinária;

Fechamento da Unidade 1

O objetivo desta Unidade foi realizar um estudo, no que concerne à teoria geral
do Direito Processual do Trabalho, quanto à história, ao conceito, às fontes,
normas e aos princípios do processo trabalhista. Considerando que as normas
aplicáveis ao processo do trabalho advêm da Constituição Federal (CF), da

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), dos Decretos, das Leis, Instruções
Normativas e Resoluções.
Vale ressaltar que na Justiça do Trabalho não existe um código que se refere
às matérias processuais, de aspecto meramente trabalhista. Nesse passo, é
possível aplicar as disposições do Código de Processo Civil (CPC), de modo
subsidiário, naquilo que for compatível, nos seguintes termos:

CLT, Art. 769 – Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte
subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for
incompatível com as normas deste Título.

Note que, apesar de a Justiça do Trabalho prever a possibilidade da aplicação


de normas esparsas no processo trabalhista, a CLT adverte que o direito
processual comum somente será aplicado como fonte subsidiária no processo
do trabalho quando houver compatibilidade de normas, ou nos casos de
omissão.

Passada essa fase, no segundo momento desta Unidade estudamos a


organização da Justiça do Trabalho, no que concerne à composição, ao
funcionamento e à competência dos juízes e órgãos que compõem a Justiça
Trabalhista. Considerando que, com o advento da Emenda Constitucional (EC)
n.º 24/99, a Justiça do Trabalho passou a ser integrada pelos seguintes órgãos:
Tribunal Superior do Trabalho (TST); Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) e
juízes do trabalho.

Outra mudança estrutural na Justiça do Trabalho ocorreu com o advento da EC


n.º 45/2005, vez que foi acrescido o Artigo 111-A à CF, que disciplina a
integração de membros na Justiça Trabalhista, o funcionamento do TST com a
Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrado e o Conselho
Superior da Justiça do Trabalho, além de dispor sobre o “quinto constitucional”
dos advogados e membros do Ministério Público.

Por fim, a Unidade tratou das peculiaridades da jurisdição trabalhista, da


competência da Justiça do Trabalho e dos casos de conflitos de competência,
em razão da matéria, da pessoa, do local e da função. Nesse passo, foram
estabelecidos os critérios para a solução dos conflitos de competência, sejam
positivos ou negativos.

Unidade 2

Nesta Unidade abordaremos o Processo Trabalhista (conhecimento), no que se


refere ao conceito de ação, à natureza jurídica da ação, aos procedimentos
processuais, à audiência, às provas, à sentença, aos honorários e às hipóteses
de prescrição e decadência.

Aqui o principal objetivo é possibilitar ao(à) aluno(a) noções gerais e


específicas do Processo Trabalhista.

Bons Estudos!

Ação refere-se ao Direito Subjetivo. Ocorre quando o indivíduo ou a


coletividade almeja que determinado direito seja constituído, exaurido ou
executado pelo Estado.

Note que a Ação se refere ao direito do indivíduo ou da coletividade de


provocar a prestação da tutela jurisdicional, com intuito de obter uma
manifestação do Estado quanto à pretensão deduzida.

Por outro lado, o Processo refere-se ao Direito Formal. Pode-se dizer que o
processo nada mais é que a forma, a exteriorização de procedimentos para
que determinado Direito Material ou do Bem Jurídico tutelado seja reconhecido
pelo Estado.
No que concerne ao Direito Processual do Trabalho brasileiro, ainda inexiste
um código que trate apenas de matéria processual trabalhista na Justiça do
Trabalho.

Todavia, é possível aplicar o Código de Processo Civil como uma fonte


subsidiária no Direito Processual Trabalhista, naquilo que for compatível,
dados os termos do art. 769 da CLT:

Art. 769 – Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte
subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for
incompatível com as normas deste Título.

Além disso, é preciso destacar que a Lei nº 13.467/2017, também conhecida


como “Reforma Trabalhista”, introduziu diversas normas no Processo do
Trabalho, com possibilidade de aplicação imediata.

Nesse passo, insurge a necessidade de se realizar uma análise sistemática


das normas que são aplicáveis no Direito Processual do Trabalho, para que não
haja colisão, mas sim prevalência das disposições introduzidas no Processo do
Trabalho pela Lei nº 13.467/2017.

Desse modo, será analisado nesta Unidade o Processo Trabalhista


(conhecimento) no que se refere ao conceito de ação, à natureza jurídica da
ação, aos procedimentos processuais existentes no processo do trabalho, à
audiência, às provas, à sentença, às custas e despesas processuais, aos
honorários e às hipóteses de incidência de prescrição e decadência no
processo trabalhista.

Processo do Trabalho – Conhecimento


1. Partes e procuradores
As partes são todos aqueles sujeitos que participam da relação processual,
abrangendo inclusive o juiz investido de jurisdição para dizer o direito frente ao
caso concreto.

Os sujeitos do processo são todos aqueles que participam da relação


processual. Os sujeitos imparciais do processo são os juízes, os peritos, o
Ministério Público e os demais auxiliares de justiça. As partes, ao revés, são
sujeitos interessados em um resultado que lhes seja favorável, em função do
que são sempre parciais. (LEITE, 2018, p. 462).

Note que as partes podem ser sujeitos parciais ou imparciais na relação


processual, diferentemente da figura do advogado, que exerce uma atividade
de representação em favor dos interesses de seus clientes.

 Capacidade: refere-se à capacidade civil da pessoa física de estar em juízo


(art. 3 do CC); (art. 70 e 71 do NCPC) e (art. 791 da CLT).

 Representação: refere-se à necessidade de a pessoa física


estar representada em juízo, haja vista as causas de incapacidade civil
absoluta (art. 3 do CC). Todavia, a representação pode decorrer das
relações laborais, pois o empregado pode fazer-se representar pelo
sindicato ou por outro empregado que desempenha a mesma atividade (art.
843, § 2º, CLT).

 Assistência: refere-se à necessidade de a pessoa física estar assistida em


juízo, haja vista as causas de incapacidade civil relativa (art. 4 do CC).

 Procuradores: apesar de a súmula do TST nº 425 possibilitar a parte de


autorrepresentar-se na Justiça do Trabalho, o art. 791 da CLT adverte que
as partes podem se representar por meio de advogado.

2. Atos processuais
Os atos processuais são os acontecimentos e as manifestações que ocorrem
no processo, com o intuito de exteriorizar os fatos jurídicos deduzidos pelas
partes em juízo.

O conceito de ato processual deve ser formulado com âncora na teoria geral
dos atos e fatos jurídicos em geral. Fato Jurídico é o acontecimento em virtude
do qual os direitos nascem, se modificam ou se extinguem. O fato jurídico em
sentido amplo abrange os fatos jurídicos em sentido estrito (ordinários e
extraordinários), os atos jurídicos (atos jurídicos em sentido estrito e os
negócios jurídicos) e os atos ilícitos. (LEITE, 2018, p. 462).

Os atos processuais podem ser unilaterais ou bilaterais, particulares, judiciais


ou legais:

 Unitários: decorrem de um sujeito da relação processual (petição inicial e


contestação);

 Bilaterais: decorrem de um colegiado (acórdão);

 Particulares: atos praticados pelas partes do processo (autor e réu);

 Judiciais: atos praticados pelo juiz (despachos e sentenças);

 Legais: o exercício do ato decorre da norma (leis).

Ademais, os atos processuais podem ser classificados:

 Quanto à forma dos atos processuais: atos processuais independem de


determinação, exceto quando a lei prescrever (art. 188 do NCPC).

 Quanto à publicidade dos atos processuais: todos os atos proferidos pelo


Poder Judiciário são públicos, podendo a lei restringir a publicidade da
matéria em favor do interesse público, ou do particular, quando a matéria
referir-se ao estado de pessoa (art. 93, IX da CF).

 Quanto ao tempo dos atos processuais: os atos processuais serão


realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. Todavia, é possível
que os atos processuais executados na forma eletrônica sejam realizados a
qualquer horário até o último dia do prazo (art. 26, 770 a 774 da CLT – art.
213 do NCPC – resolução nº 185 de 2013 do CNJ).

Cabe ressaltar que após o advento da Lei nº 11.419 de 2006 (Processo


Eletrônico) foi implantado na Justiça do Trabalho o PJE (Processo Judicial
Eletrônico), com objetivo de sistematizar o processo eletrônico.

 Quanto ao local dos atos processuais: em regra, os atos processuais


ocorrem em juízo, excepcionalmente podem ocorrer em outro lugar,
dependendo da natureza do ato (art. 217 do NCPC).

 Quanto à comunicação dos atos processuais: cartas (art. 260 a 268 do


NCPC); intimações (art. 269 a 275 do NCPC); e notificações (art. 841 da
CLT).

 Quanto à nulidade dos atos processuais: os atos processuais podem ser


nulos ou anuláveis, quando decorrerem de vícios processuais (art. 276 a 283
do NCPC) e (art. 794 a 798 da CLT).

3. Prazos processuais
Prazo é um lapso temporal para que determinado ato seja realizado pelas
partes ou pelos auxiliares da justiça.

Os prazos processuais podem ser classificados:

Quanto à aplicação:

 Prazos particulares: são aqueles prazos que fluem apenas para uma das
partes.
 Prazos comuns: são aqueles prazos que fluem para todas as partes.

Quanto à origem:

 Prazos legais: são prazos estabelecidos pela lei.


 Prazos judiciais: são prazos determinados pelo juiz.
 Prazos convencionais: os prazos decorrem da convenção entre as partes.

Quanto à natureza:

 Prazos peremptórios: são aqueles prazos que não podem ser prorrogados
por vontade das partes, pois decorrem de norma cogente, impossibilitando
que sejam objeto de convenção entre as partes.

 Prazos dilatórios: são aqueles prazos que podem ser prorrogados pela
vontade das partes. Entretanto, o pedido de dilação de prazo realizado pelas
partes deve ser encaminhado ao juiz.

Quanto aos destinatários:

 Prazos próprios: são os prazos destinados às partes, podendo inclusive


incidir na preclusão, caso não cumprido.
 Prazos impróprios: são os prazos destinados aos auxiliares da justiça,
sendo que não há possibilidade de incidência de preclusão, caso não
cumprido.

3.1. Contagem dos Prazos Processuais

A contagem dos prazos processuais trabalhistas é disciplinada nos artigos 774


e 775 da CLT. A primeira hipótese refere-se ao início do prazo, já a segunda ao
início da contagem de prazo em dias úteis.

Além das disposições da CLT que tratam dos prazos processuais na Justiça do
Trabalho, é possível verificar que as matérias também estão disciplinadas nas
súmulas 1 e 16 do TST, vejamos:

Súmula nº 1 do TST. Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a


publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial será
contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente,
caso em que fluirá no dia útil que se seguir.

Súmula nº 16 do TST. Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito)


horas depois de sua postagem. O seu não-recebimento ou a entrega após o
decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário.

Por fim, é importante destacar que os prazos na Justiça do Trabalho serão


contados em dias úteis, vez que a Lei nº 13.467/2017 alterou a redação do art.
nº 775 da CLT.

4. Formas Voluntárias de Resolução de Conflitos


As formas voluntárias de resolução de conflitos têm por objetivo solucionar os
litígios de natureza individual, decorrentes das relações de trabalho no âmbito
interno da empresa, do juízo arbitral e do sindicato.

Entretanto, é importante destacar a ausência de previsão legal para discutir os


litígios de natureza coletiva no âmbito da empresa, de juízo arbitral, e do
sindicato, por se tratar de matéria de interesse público.

4.1. Comissão de Conciliação Prévia

A Comissão de Conciliação Prévia - CCP está disciplinada nos artigos 635-A a


635-H. O objetivo é incentivar as empresas e os sindicatos a instituírem
Comissões de Conciliação Prévia, com o intuito de tentar conciliar o conflito
individual do trabalho.

4.2. Arbitragem na Justiça do Trabalho


Com o intuito de mitigar o número de litígios, a “Reforma Trabalhista”
disciplinou a possibilidade de as partes, nos contratos individuais, submeterem
o conflito ao juízo arbitral, desde que a remuneração do empregado seja
superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do
Regime Geral da Previdência Social.

Com efeito, dispõe o referido dispositivo da CLT:

Art. 507-A. Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja


superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do
Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula
compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou
mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei n o 9.307,
de 23 de setembro de 1996.

4.3. Acordo Extrajudicial

Outra inovação introduzida pela Lei nº 13.467/2017 na CLT é a possibilidade de


as partes formalizarem um acordo extrajudicial para dirimir litígios.

Entretanto, para que o acordo extrajudicial possa tornar-se válido é necessário


que as partes estejam representadas por advogados, para que a Justiça do
Trabalho passe a decidir sobre a homologação.

Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por


petição conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por advogado.


o 1o As partes não poderão ser representadas por advogado comum.
o 2o Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de
sua categoria.

Art. 855-C. O disposto neste Capítulo não prejudica o prazo estabelecido no §


6o do art. 477 desta Consolidação e não afasta a aplicação da multa prevista
no § 8o art. 477 desta Consolidação.

Art. 855-D. No prazo de quinze dias a contar da distribuição da petição, o juiz


analisará o acordo, designará audiência se entender necessário e proferirá
sentença.

Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o


prazo prescricional da ação quanto aos direitos nela especificados.

Parágrafo único. O prazo prescricional voltará a fluir no dia útil seguinte ao do


trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do acordo.

Note que a homologação do acordo extrajudicial pactuado pelas partes tem


por objetivo verificar a inexistência de lide entre os envolvidos ou no caso de
pleito que vinculação a expressão livre da aceitação do ajuste.

5. Prescrição e Decadência
Prescrição é a perda da pretensão de invocar Tutela Jurisdicional do Estado no
tempo devido; já a decadência é perda do direito, ocorre quando o titular não
no tempo devido.

Importante destacar que na Justiça do Trabalho existem duas modalidades de


prescrições:

1.
1. Prescrição bienal
2. Prescrição quinquenal

A prescrição bienal refere-se ao tempo de 2 (dois) anos que o empregado tem


para acionar o Poder Jurisdicional. Já a prescrição quinquenal diz respeito ao
direito do empregado de cobrar os créditos trabalhistas dos últimos 5 (cinco)
anos, decorrentes da relação de trabalho.

Entretanto, cabe enfatizar que a prescrição poderá será interrompida quando a


ação trabalhista for proposta, conforme preceitua a súmula nº 268 do TST.

Com efeito, as prescrições aplicáveis na Justiça do Trabalho estão previstas


na Constituição Federal, no art. 7º XXIX e no art. 11 da CLT.

6. Ação Trabalhista
Ação refere-se ao direito subjetivo. Ocorre quando o indivíduo ou a
coletividade almeja que determinado direito seja constituído, exaurido ou
executado pelo Estado.

Cabe advertir, por oportuno, que esse direito subjetivo está vinculado ao
interesse material do indivíduo ou da coletividade de provocar a prestação da
tutela jurisdicional, com intuito de obter uma manifestação do Estado quanto à
pretensão deduzida.

7. Processo e Procedimentos na Justiça do Trabalho


Se por um lado ação refere-se ao direito subjetivo do sujeito para invocar a
tutela estatal, o processo concerne ao direito formal, cujo objetivo é tornar-se
efetivo o direito ou interesse deduzido pelo sujeito. Em sentido amplo, pode-se
dizer que o processo nada mais é que a forma, a concretização e a
exteriorização de procedimentos para que determinado direito material ou do
bem jurídico tutelado seja reconhecido pelo Estado.

Considerando que o processo é a exteriorização de atos processuais para


tornar efetivo determinado direito o interesse, o procedimento irá se preocupar
com o rito do processo, ou seja, com consecução e desenvolvimento dos atos
processuais na relação jurídica.

7.1. Procedimento
O procedimento comum no processo do trabalho divide-se em três
classificações: ordinário, sumário e sumaríssimo.

7.2. Procedimento ordinário

O procedimento ordinário é o rito mais utilizado nos dissídios individuais, em


decorrência de suas características legais, que estão previstas no art. 837 ao
art. 852 da CLT:

1.
1. dissídios individuais que ultrapassem 40 (quarenta) salários mínimos na
data da propositura;
2. audiência inicial de conciliação;
3. audiência de instrução;
4. limite máximo de 3 (três) testemunhas para cada parte;
5. audiência de julgamento.

7.3. Procedimento sumário

O procedimento sumário encontra-se previsto na Lei nº 5.584/1970, trata-se de


um rito de concentração de atos, com o intuito de garantir a celeridade
processual. As principais características são:

1. dissídios individuais que não ultrapassem 2 (dois) salários mínimos na data


da propositura;
2. não há possibilidade de interposição de recursos, exceto quando a matéria
for constitucional.

7.4. Procedimento Sumaríssimo

O procedimento sumaríssimo foi instituído pela Lei nº 9.957/00, encontra-se


previsto no art. 852-A a 852-I na CLT, tem por objetivo processual simplificar
as formas dos atos processuais. As principais características são:

1.
1. dissídios individuais que não ultrapassem 40 (quarenta) salários mínimos
na data da propositura;
2. esse rito processual não é aplicável para Administração Pública direta,
autárquica e fundacional;
3. indicação da qualificação da Reclamada para fins de citação;
4. o pedido deverá ser líquido e certo, indicar o valor correspondente;
5. designação de audiência única;
6. limite máximo de 2 (duas) testemunhas para cada parte.
7. Petição inicial

A petição inicial é uma peça elaborada pela parte que almeja invocar a tutela
jurisdicional do Estado. A petição inicial é a primeira peça que proporciona o
impulso do processo.
Na Justiça do Trabalho a petição inicial tem por objetivo efetivar ou reparar
um direito que foi violado por um dos sujeitos da relação de emprego e da
relação de trabalho.

Os requisitos da Petição Inicial estão previstos nos artigos 787 e 870 da CLT, e
de forma subsidiária no art. 319, naquilo que for compatível.

8. Requisitos da Petição Inicial


Endereçamento: diz respeito à designação da peça ao órgão competente para
processar e julgar a lide.

Qualificação das Partes: objetiva identificar as partes pela qualificação, para


que seja possível notificá-las posteriormente quanto ao cumprimento,
cientificação ou execução de um ato judicial.

Breve Relato dos Fatos: o intuito é que a parte descreva as violações de


direitos ocorridas do ambiente laboral.

Razões de Direito: almeja-se que a parte correlacione os fatos ao direito


material violado, para que o Poder Jurisdicional possa dizer o Direito.

Pedido: refere-se à indicação da pretensão deduzida em juízo, quanto ao


direito ameaçado ou violado.

Valor da Causa: refere-se à indicação de valores deduzidos pela parte, a partir


do valor da causa que será definido no rito do processo.

Provas: a petição inicial deverá acompanhar documentos que a parte


dispuser, para efeito de comprovação dos fatos alegados.

Quanto aos requisitos da petição inicial, uma das principais alterações


introduzidas pela Lei nº 13.467/2017 na CLT refere-se à necessidade de
indicação do valor das verbas. Vejamos:

Art. 840 - A Reclamação poderá ser escrita ou verbal.

 1o Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a


qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o
dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de
seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.

 2o Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias datadas e


assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que couber, o disposto
no § 1o deste artigo.

 3o Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo serão


julgados extintos sem resolução do mérito.

Note que a nova redação do §1º do art. 840 da CLT evidencia a necessidade de
a reclamação apresentar pedido certo e determinável e que contenha
indicação do valor das verbas. Ademais, perceba que o objetivo da Reforma
Trabalhista foi estabelecer diretrizes para que a parte liquide os pedidos na
Petição Inicial e evite os pedidos exagerados, além de parametrizar a
sucumbência e o risco.

9. Resposta do Réu
A contestação é uma das formas de defesa da parte contrária na relação
jurídica processual trabalhista. Na contestação, a parte contrária pode
suscitar toda matéria de defesa expondo razões de fato e de direito que julgar
necessárias.

A contestação está prevista no artigo 847 da CLT, e de forma subsidiária nos


artigos 335 a 337 do NCPC.

No processo do trabalho, a defesa da parte contrária poderá ocorrer


verbalmente na audiência, no prazo de 20 (vinte) minutos. Cumpre esclarecer
que embora a defesa ocorra na forma verbal, na prática a resposta da parte
contrária também é apresentada na forma escrita.

Ademais, vale ressaltar que a parte contrária poderá suscitar matérias


preliminares previstas no art. 337 do NPC, antes das razões de fato e de
direito, vez que a medida poderá ensejar a correção de algum vício processual,
ou até mesmo a extinção do processo, caso seja acolhida pelo juiz.

Uma das alterações introduzidas no Processo do Trabalho pela Lei nº


13.467/2017 é a possibilidade do oferecimento da contestação na forma
escrita pelo sistema do processo eletrônico, até a audiência. Todavia, cumpre
salientar que ainda que a parte contrária ofereça defesa nesses moldes, a
parte reclamante não poderá desistir do processo sem o consentimento da
parte adversa.

Por logo, é necessário esclarecer que o parágrafo do art. 847, da CLT, versa,
exclusivamente, sobre o momento da apresentação da defesa (escrita) no
sistema de processo eletrônico. Não houve alteração no caput desse
preceptivo legal. Sendo assim, a defesa escrita, no processo tradicional
(físico) deverá ser formulada, oralmente, em audiência, ou apresentada por
escrito, também em audiência. Somente em casos excepcionais é que a
defesa escrita no processo físico poderá ser apresentada antes ou depois da
audiência. (TEIXEIRA FILHO, 2017, p. 172).

No que concerne às alterações introduzidas no art. 847 da CLT, o intuito do


legislador foi estabelecer duas oportunidades para que a parte contrária
apresente contestação. A primeira ocorre quando a parte oferece defesa na
forma escrita pelo sistema eletrônico, até a audiência; já a segunda
oportunidade acontece quando a parte apresenta defesa na forma verbal na
audiência.

Com efeito, note que ambos dispositivos possibilitam que as partes contribuam
para a celeridade processual, haja vista a desburocratização de alguns atos
designados para as partes na relação jurídica processual, após a “reforma
trabalhista” trazida pela Lei nº 13.467/2017.
10. Audiência
A audiência é um ato processual presidido pelo juiz, que ficará desincumbido
de ouvir as pretensões deduzidas pelas partes, além de ouvir as testemunhas
arroladas no processo, à luz do princípio da concentração.

Na CLT a audiência está disciplinada no art. 843 ao art. 852. Assim, as


principais características são:

1.
1. Concentração de atos: diz respeito à concentração de atos realizados na
audiência pelas partes e pelo juiz (defesa, depoimento, razões finais e
sentença) - ( 847 da CLT);

2. Ato contínuo: em regra, a audiência é um ato contínuo (audiência única).


Todavia, é possível o juiz desmembrar atos, bem como designar uma
nova data para a continuação da audiência (força maior) – (art. 847 e 849
da CLT);

3. Ato público: em regra, a audiência é um ato público, porém a lei prevê


algumas exceções, quando o litígio versar sobre o interesse público, e
quando referir-se ao estado de pessoa a audiência realizar-se-á a portas
fechadas (segredo de justiça) – (art. 368 do NCPC);

4. Arquivamento do processo: o não comparecimento da parte reclamante


na audiência designada importa o arquivamento do processo (art. 844 da
CLT).

5. Custas: na hipótese de ausência do reclamante na audiência, este será


condenado ao pagamento de custas, ainda que beneficiário da justiça
gratuita (art. 844, §2º da CLT).

6. Efeitos da Revelia: o não comparecimento da parte reclamada na


audiência designada importa revelia, além da confissão quanto à matéria
de fato, ainda que presente seu advogado (art. 844 da CLT e súmula nº
122 do TST). Todavia, caso a parte reclamada incida nas hipóteses do
§4º do art. 844 da CLT a revelia não produzirá efeitos, haja vista as
exceções introduzidas pela Lei nº 13.467/2017 no Processo do Trabalho.

7. Prescrição: se a reclamação for proposta pela segunda vez, em


decorrência da ausência do reclamante na audiência, interrompem-se os
efeitos da prescrição para os pedidos idênticos (art. 732 da CLT e súmula
nº 268 do TST);

8. Perempção: se a ação for proposta pela terceira vez e o reclamante não


comparecer na audiência importa os efeitos da perempção. Logo, não
será possível propor uma nova reclamação (art. 732 da CLT e súmula nº
268 do TST);
9. Confissão para o Reclamante: aplicam-se os efeitos da confissão ao
reclamante quando estiver ausente na audiência designada, cuja
reclamada já tenha apresentado defesa (súmula nº 74 do TST).

10. Substituição do Reclamante: no caso de doença ou de força maior,


o reclamante poderá fazer-se representar por outro empregado que
pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato, desde que
devidamente comprovado (art. 843, §2º da CLT);

11. Substituição da Reclamada: é facultado à parte reclamada fazer-se


substituir pelo gerente ou preposto que tenham conhecimento dos fatos.
Vale ressaltar que a Lei nº 13. 467/2017 alterou a CLT quanto ao fim da
obrigatoriedade de o preposto ser empregado da parte reclamada (art.
843, §3º da CLT);

12. Provas: as partes comparecerão à audiência acompanhadas das


suas testemunhas e demais provas (art. 845 da CLT);

13. Conciliação: o juiz deverá realizar duas propostas de conciliação; a


primeira acontecerá antes de ser apresentada a contestação, já a
segunda ocorrerá após o oferecimento das razões finais, sob pena de
nulidade processual (art. 834 e 850 da CLT). Cabe enfatizar ainda que
foram implantados na Justiça do Trabalho os Centros Judiciários de
Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC), com objetivo de incentivar a
conciliação entre as partes.

Vale registrar que apesar de a CLT dispor sobre a continuidade da audiência


de julgamento (audiência única - una), o juiz poderá designar nova data para
continuação, caso não consiga concluí-la no mesmo dia.

Note que a lei possibilita o fracionamento da audiência, haja vista os inúmeros


atos que o juiz deve conduzir (art. 849 da CLT).

Nessa hipótese, a audiência será dividida em três fases: inicial, instrução e


julgamento:

 Audiência Inicial: oferecimento de tentativa de conciliação entre as partes.


Sendo rejeitada a proposta, será designada uma nova data para
apresentação de defesa e comparecimento de testemunhas em juízo.

 Audiência de Instrução e Julgamento: apresentação de defesa, oitiva de


depoimentos pessoais e testemunhais, arguições das razões finais e
oferecimento de nova tentativa de conciliação entre as partes.

 Audiência de Julgamento: proferimento da sentença e comunicação da


decisão às partes.

11. Provas
As provas têm por objetivo comprovar os fatos alegados pelas partes na
relação jurídica processual. Os principais efeitos das provas são constituir,
exaurir ou reconhecer direitos ou interesses aduzidos pelas partes em juízo.

Nos domínios da ciência jurídica processual, a palavra “prova” também pode


ser empregada com diversas acepções. Às vezes, concerne à atuação das
partes no processo com objetivo de evidenciar a existência do fato que
pretendem demonstrar em juízo. Nesse sentido utiliza-se a expressão produzir
prova (LEITE, 2018, p. 773).

Note que as provas apresentadas pelas partes na formação do processo têm


finalidade de formar o convencimento do juiz acerca da veracidade ou não dos
fatos alegados pelo empregado, empregador ou terceiro.

Os meios de provas na CLT estão previstos nos art. 818 a 830, e no que for
compatível aplicam-se as disposições do NCPC.

Em função das normas processuais trabalhistas, é possível verificar a


existência de dois momentos para que as partes apresentem as provas dos
fatos alegados.

A primeira oportunidade ocorre na fase instrutória do processo, na qual


incumbirá às partes acostarem provas na Petição Inicial, no caso do autor, e
na defesa, no caso do réu, para comprovarem os fatos deduzidos.

Já a segunda oportunidade ocorre na fase probatória do processo, na qual será


realizada a oitiva de depoimentos pessoais e testemunhais, além da realização
de perícia técnica caso o fato decorra da ausência de concessão ou de
reconhecimento de determinado direito.

Os princípios que norteiam a relação probatória são:

1. Princípio da Unidade das Provas: refere-se à necessidade de o juiz examinar


o conjunto de provas de modo unitário.

2. Princípio da Proibição da Prova Obtida Ilicitamente: diz respeito à vedação


das provas obtidas por meios ilícitos, podendo inclusive ensejar a nulidade
processual.

3. Princípio do Livre Convencimento do Juiz: refere-se ao livre convencimento


do juiz quanto à aferição das provas realizadas no processo.

4. Princípio da Oralidade: preferencialmente, as provas devem ser produzidas


na forma verbal pelas partes, quando for realizada audiência de instrução de
julgamento.

11.1 Ônus da prova

De acordo com as alterações introduzidas no processo do trabalho pela Lei nº


13.467 de 2017, o ônus da prova incumbe (art. 818 da CLT):

I. Ao reclamante, quanto ao fato constitutivo do direito;


II. Ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do reclamante.

Outra inovação na CLT introduzida pela “Reforma Trabalhista” foi a inclusão de


parágrafos no art. 818 da CLT, no que concerne à possibilidade de o juiz
determinar a inversão do ônus da prova, por meio de decisão fundamentada,
quando:

I. Constatada a impossibilidade ou excessiva dificuldade de uma das partes


cumprir o encargo incumbido;
II. Quando a referida decisão resultar no adiamento da audiência, para que a
parte possa produzir a prova.

Os principais meios de provas admitidos no Processo do Trabalho são:

 Depoimento Pessoal: o depoimento pessoal incumbirá ao reclamante arguir


fato constitutivo de seu direito, já ao reclamado incumbirá deduzir fato à
existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
reclamante. Vale registrar a possibilidade de as partes incidir na confissão
ficta, quando não responder uma das perguntas realizadas pelo juiz, ou
quando admitir a veracidade dos fatos alegados pela parte contrária (art.
818 e 819 da CLT - art. 389 ao 395 do NCPC).

 Prova Documental: considera-se prova documental qualquer documento ou


papel, original ou autenticado, que seja capaz de comprovar a veracidade
dos fatos alegados pela parte em juízo (art. 830 da CLT).

 Prova Testemunhal: conforme as diretrizes estabelecidas pela CLT, são


admitidas às partes arrolarem testemunhas para que realizem os
depoimentos em juízo, como o intuito de comprovar os fatos alegados. No
procedimento ordinário é possível às partes arrolarem 3 (três) testemunhas,
já o procedimento sumaríssimo incumbe às partes arrolarem 2 (duas)
testemunhas (art. 821 e 845-H §2º da CLT – súmula 357 do TST).

 Perícia: a prova pericial tem por objetivo demonstrar questões de ordem


técnica ao juiz da causa. Na Justiça do Trabalho esse meio de prova é
muito comum nos pedidos de incidência ou não de insalubridade e de
periculosidade. Vale ressaltar que as alterações introduzidas no Processo
do Trabalho pela Lei nº 13.467/2017 disciplinou que o pagamento dos
honorários periciais é da parte sucumbente interessada no resultado da
perícia, ainda que seja beneficiária da justiça gratuita (art. 790-B da CLT -
art. 684 ao 480 do NCPC).

 Inspeção Judicial: ocorre quando o juiz de ofício, ou mediante o


requerimento da parte interessada, inspeciona pessoas ou coisas, cujo
objetivo seja fato que esteja atrelado à causa (art. 765 da CLT - art. 481 ao
885 do NCPC).

 Sentença
Sentença é um ato judicial exclusivo do juiz, que objetiva dizer o direito às
partes, após analisar o conjunto probatório do processo. Para alguns
doutrinadores a sentença é conhecida como ato decisório do juiz, que tem a
finalidade de encerrar o processo, bem como o litígio estabelecido entre as
partes.

Todavia, cumpre salientar que a sentença deixou de ser conceituada como um


ato judicial que põe fim ao processo e passou a ser descrita pelo art. 203, §1º,
do NCPC como um pronunciamento do juiz que põe fim à fase cognitiva do
processo comum, bem como extingue a execução, vez que o processo
prossegue após a prolação da sentença do juiz.

Nesse passo, a sentença pode ser conceituada como terminativa e definitiva.


A primeira ocorre quando o pronunciamento do juiz não julga o mérito, já na
segunda hipótese há julgamento do mérito da demanda.

A sentença pode ser classificada como:

 Declaratória: quando o Poder Jurisdicional estabelece a existência ou não


relação jurídica entre as partes.

 Constitutiva: quando o Poder Jurisdicional reconhece ou extingue a


pretensão deduzida pela parte.

 Condenatória: quando o Poder Jurisdicional condena a parte adversa a uma


obrigação de fazer ou não fazer.

 Mandamental: quando o Poder Jurisdicional determina que a parte se


abstenha ou realize ato.

De acordo com o art. 832 da CLT, os elementos da sentença são:

1. Nome das partes;


2. Resumo do pedido e da defesa;
3. Apreciação das provas;
4. Indicação dos fundamentos da decisão;
5. Conclusão.

De forma subsidiária ao Processo do Trabalho, os elementos da sentença no


NCPC (art. 489) são:

1. O relatório;
2. Os fundamentos;
3. O dispositivo.

Convém ressaltar que o juiz poderá proferir a sentença na audiência única


(UNA), ou designar audiência de julgamento para proferir a sentença. Após o
juiz proferir a sentença, as partes serão intimadas para terem ciência da
decisão, de acordo com o disposto no art. 852 da CLT.
Outrossim, vale ressaltar também que no procedimento sumaríssimo
trabalhista o relatório da sentença é inexigível, conforme disciplina o art. 852-
I da CLT.

13. Custas e Despesas Processuais


Uma das alterações introduzidas no processo do trabalho pela Lei nº
13.467/2017 refere-se às custas processuais previstas no art. 789 da CLT, pois
no processo de conhecimento o valor das custas terá a base de 2% (dois por
cento), considerando o limite do teto de quatro vezes dos benefícios do
Regime da Previdência Social, seja nos dissídios individuais ou coletivos.

Nesse passo, as custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado
da decisão, conforme preceitua o §1º do art. 789 da CLT, ainda que a parte
seja beneficiária da justiça gratuita ou da gratuidade processual.

Cabe evidenciar a nova redação do §3º do art. 789, que possibilita aos juízes,
aos órgãos e aos presidentes dos tribunais do trabalho concederam o benefício
da justiça gratuita àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40%
(quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.

14. Honorários Periciais


Quanto aos honorários periciais, a nova redação do art. 790-B da CLT
disciplina que o pagamento dos honorários periciais é de responsabilidade da
parte sucumbente da perícia, ainda que o solicitante seja beneficiário da
justiça gratuita ou da gratuidade processual.

Ademais, de acordo com as alterações introduzidas pela Lei nº 13.467/2017,


estabelece ainda diretrizes aos juízes quanto ao limite de fixação dos
honorários periciais, quanto à possibilidade de parcelamento dos honorários
periciais pela parte solicitante, quanto à impossibilidade de o juiz exigir
adiantamento de valores para realização da perícia, além de tratar da hipótese
de que a União responderá pelo encargo.

15. Honorários Advocatícios


Outra matéria importante objeto de inclusão na CLT, a partir da Lei nº
13.467/2017, refere-se aos honorários, vez que foi introduzida no processo do
trabalho a possibilidade de o advogado receber honorários sucumbenciais,
ainda que atue em causa própria.

De acordo com a redação do art. 791-A da CLT, serão devidos honorários


sucumbenciais ao advogado da parte vencedora, fixados entre 5% (cinco por
cento) a 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da
sentença, do proveito econômico ou do valor da causa, por isso é importante à
parte liquidar os pedidos na Petição Inicial.

Entretanto, ao fixar os honorários, o juiz deverá observar:

1. o grau de zelo do profissional;


2. o lugar da prestação do serviço;
3. a natureza da causa;
4. a importância da causa;
5. o trabalho realizado pelo advogado;
6. o tempo exigido para o serviço.

Outros pontos controvertidos com a inserção da redação do art. 791-A da CLT


referem-se à possibilidade de o juiz fixar sucumbência recíproca, na hipótese
de procedência parcial da ação, pois os honorários sucumbenciais pertencem
ao advogado e não à parte. Assim, resta definir quais os parâmetros que serão
adotados pelos tribunais nos casos de sucumbência recíproca, ou seja, quando
a parte não ganha a totalidade dos pedidos formulados na Petição Inicial.

Outrossim, a nova redação do art. 791-A da CLT também dispõe sobre a


hipótese de a parte vencida ser beneficiária da justiça gratuita, nesse caso o
credor terá o prazo de dois anos para executar o sucumbente, após
demonstrar que a insuficiência de recursos deixou de existir.

Por fim, a nova redação desse artigo irá tratar da possibilidade de fixação de
honorários de sucumbência da reconvenção.

Fechamento da Unidade 2
O objetivo inicial desta Unidade foi de realizar um estudo sobre os prazos e
atos processuais, quanto ao conceito, à classificação, à comunicação dos
atos, à publicidade dos atos, além da contagem dos prazos processuais, haja
vista a informatização do processo judicial trabalhista.

Nesse passo, foi enfatizada a alteração da redação do artigo 775 da CLT,


introduzida pela Lei nº 13.467 de 2017, na qual foi adotada a mesma
sistemática do NCPC, quanto à contagem de prazo, estabelecendo, portanto,
que os prazos serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do começo e
inclusão do dia do vencimento.

Por conseguinte, foram abordados os principais aspectos do processo de


jurisdição voluntária de conflito trabalhista, quanto a seu exercício, por meio
da Comissão de Conciliação Prévia, bem como pelo Acordo Extrajudicial.
No caso do Acordo Extrajudicial, foram introduzidas na CLT algumas
disposições que tratam da necessidade desse processo de jurisdição
voluntária ser homologado em juízo, sendo as partes obrigadas a estarem
representadas por advogados, haja vista o princípio da proteção, que objetiva
proteger os direitos do trabalhador.

Outrossim, vimos nesta Unidade as peculiaridades dos Procedimentos


Processuais, quanto à forma e à matéria, para que a ação possa ser
enquadrada em algum rito processual, sela ele Ordinário, Sumário ou
Sumaríssimo.

Nessa perspectiva, também restou analisado nesta Unidade os principais


aspectos da Ação Trabalhista, no que concerne à natureza jurídica e sua
exteriorização, por meio da Petição Inicial, da Resposta do Réu, da Audiência,
das Provas e da Sentença.

É preciso ressaltar, contudo, as alterações introduzidas no Processo do


Trabalho pela Lei nº 13.467 de 2017, no que se refere à Petição Inicial e à
necessidade de indicação de pedidos; ao oferecimento de Contestação e à
impossibilidade de desistência da ação, sem o consentimento do réu; à não
obrigatoriedade de o Preposto ser empregado da parte reclamada e à
observação do teto para recolhimento de Custas, relativas ao processo de
conhecimento.

Por fim, é preciso destacar o estudo realizado no que concerne aos honorários
e às alterações introduzidas pela “Reforma Trabalhista”, pois na Justiça do
Trabalho serão devidos honorários sucumbenciais, ainda que o advogado atue
em causa própria. Outra mudança estrutural dessa matéria refere-se aos
honorários periciais, vez que a responsabilidade pelo pagamento passou a ser
da parte sucumbente na pretensão do objeto da perícia.

Unidade 3

Nesta Unidade abordaremos os recursos trabalhistas em espécie, no que se


refere ao conceito, à natureza jurídica, aos princípios e procedimentos
recursais.

Aqui o principal objetivo é lhe possibilitar noções gerais e específicas dos


recursos trabalhistas aplicáveis ao processo trabalhista.

Não se esqueça de acessar o link Materiais didáticos, onde encontrará o


conteúdo e as atividades propostas para esta Unidade.

Bons Estudos!
Recursos são instrumentos processuais destinados às partes para rever ou
anular determinadas decisões proferidas pelos juízes ou órgãos judiciais.

Pode-se dizer que a parte insatisfeita provocará a tutela jurisdicional do


Estado para que determinada matéria de mérito seja reexaminada, objetivando
a sua reforma ou anulação.

Assim, nesta Unidade analisaremos o conceito, a natureza, as fontes, os


princípios e as classificações dos recursos previstos no Artigo 893 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para o processo do trabalho.

Entre os recursos previstos na CLT, destacam-se:

1.
I. Embargo;
II. Recurso ordinário;
III. Recurso de revista;

Todavia, é possível aplicar alguns recursos de aspectos constitucionais,


administrativos e comuns no processo no trabalho e que não estejam na CLT,
desde que seja observado o princípio da subsidiariedade das normas (Art. 769),
que dispõe sobre a possibilidade de aplicação do Direito Processual Comum no
Direito Processual do Trabalho, nos casos de omissão e naquilo em que for
compatível.

Desse modo, nesta Unidade estudaremos, além dos recursos previstos no


Artigo 893 da CLT, o recurso extraordinário, cuja natureza advém da
Constituição Federal.

Por conseguinte, analisaremos os recursos de natureza administrativa, que são


aplicáveis na Justiça do Trabalho, tais como o agravo regimental e a correição
parcial.

Nessa perspectiva, analisaremos também os recursos que advêm do processo


comum, porém, aplicados no processo do trabalho, entre os quais se destaca o
recurso adesivo.

Por fim, veremos as alterações introduzidas no processo do trabalho pela Lei


n.º 467/2017, conhecida também como Reforma Trabalhista, no que concerne
aos indicadores de transcendência e ao aspecto extraordinário do recurso de
revista ao Tribunal Superior do Trabalho.

Recursos Trabalhistas
Recursos são instrumentos processuais destinados às partes para rever ou
anular determinadas decisões proferidas pelos juízes ou órgãos judiciais.

Pode-se dizer que a parte insatisfeita provocará a tutela jurisdicional do


Estado para que determinada matéria de mérito seja reexaminada, objetivando
a sua reforma ou anulação, além do prolongamento do direito de ação.
Os recursos previstos no Artigo 893 da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT) que são aplicáveis no processo do trabalho são os seguintes: embargo;
recurso ordinário; recurso de revista; agravo.

Todavia, é possível aplicar no Processo os recursos previstos na Constituição


Federal (CF), nos regimentos internos dos Tribunais e no Código de Processo
Civil (CPC).

Desse modo, a seguir trataremos dos principais recursos trabalhistas, bem


como das alterações introduzidas no processo do trabalho pela Lei n.º
13.467/2017, no que concerne à matéria de recursos.

Conceito dos Recursos

Para Amauri Mascaro Nascimento (2009, p. 281), “[...] recursos constituem um


instrumento assegurado aos interessados para que sempre que vencidos,
possam pedir aos órgãos jurisdicionais um novo pronunciamento sobre
questões decididas”.

Note que os recursos são meios de impugnações das decisões proferidas por
juízes ou pelos órgãos da Justiça do Trabalho, cujo intuito é revisar os
fundamentos da decisão atacada, proferida pelo juiz, órgão, ou instância
judicial, objetivando a reversão do julgado.

Princípios Recursais no Processo do Trabalho


Seguindo as diretrizes estabelecidas pela CF, é possível enumerar alguns
princípios recursais aplicáveis no processo do trabalho – como veremos a
seguir.

Princípio do Duplo Grau de Jurisdição

O princípio do duplo grau de jurisdição refere-se à possibilidade de as partes


provocarem a tutela jurisdicional para que determinada decisão desfavorável
seja reexaminada, ou mesmo para anular eventuais erros cometidos pelos
juízes e órgãos da Justiça do Trabalho.

Todavia, é preciso advertir que no processo do trabalho os dissídios discutidos


pelo rito sumário não são cabíveis de recurso, exceto quando a matéria versa
sobre Direito Constitucional. Ademais, vale ressaltar as disposições de que
trata o Artigo 5º, Inciso LV da CF e a Súmula n.º 303 do Tribunal Superior do
Trabalho (TST), quanto ao reexame necessário nas decisões contrárias à
Fazenda Pública.

Princípio da Unirrecorribilidade

Em regra, as decisões judiciais – sentença e acórdão – comportam a


possibilidade de interposição de apenas um recurso, exceto quando a decisão
proferida por juízes ou órgãos da Justiça do Trabalho versar sobre matéria de
cunho constitucional, bem como quando a parte invocar divergência da
decisão com os entendimentos das turmas e seções do TST – recurso
extraordinário e embargos ao TST.

Princípio da Fungibilidade

Trata-se da possibilidade de o juiz ou órgão receber um recurso no lugar de


outro, como correto – recurso adesivo –, haja vista o princípio da simplicidade
dos atos aplicados no processo do trabalho.

Princípio da Irrecorribilidade das Decisões Interlocutórias

Em regra, não é possível recorrer das decisões interlocutórias no processo do


trabalho, por força do Artigo 893, Parágrafo 1º da CLT. Logo, somente é cabível
recurso das decisões definitivas, salvo as exceções da Súmula n.º 214 do TST
e do Artigo 799, Parágrafo 2º da CLT.

São exceções ao princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias


quando:

 O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) contrariar a Súmula ou orientação


jurisprudencial do TST;

 For suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;

 For acolhida a exceção de incompetência territorial, com a remessa dos


autos para TRT distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado,
consoante ao disposto no Artigo 799, Parágrafo 2º da CLT.

Princípio da Proibição da Reformatio in Pejus

Este princípio proíbe que o Tribunal piore o resultado da decisão de primeira


instância para o recorrente, quando for realizado o reexame.

Note que a vedação da reformatio in pejus se refere à proibição do Tribunal


reformar pontos da sentença que não foram objetos de discussão, por meio do
recurso interposto pela parte recorrente.

Pressupostos Recursais

Os pressupostos referem-se aos requisitos estabelecidos pela Lei para que


determinados recursos interpostos pela parte possam ser conhecidos e
apreciados pelo juiz ou órgão. Nesse passo, os pressupostos dividem-se em
extrínsecos e intrínsecos, como veremos a seguir.

Pressupostos Intrínsecos

Os pressupostos intrínsecos referem-se aos requisitos subjetivos para que


determinado recurso seja interposto pela parte:
 Legitimidade: partes e terceiros prejudicados – concerne aos atributos
pessoais do recorrente;

 Capacidade: refere-se ao discernimento ou à aptidão psíquica do


recorrente;

 Interesse/prejuízo: refere-se à necessidade da decisão prolatada em face


do recorrente ser anula ou reformada.

 Pressupostos Extrínsecos

Os pressupostos extrínsecos referem-se aos requisitos objetivos para que


determinado recurso seja conhecido pelo juiz ou órgão:

 Cabimento: refere-se à necessidade de anulação ou reforma da decepção


proferida pelo juiz ou órgão;

 Adequação: concerne à previsão legal dos recursos, cujo intuito seja


impugnar a decisão judicial;

 Tempestividade: refere-se ao prazo estabelecido pela Lei para a


interposição do recurso;

 Representação: refere-se à necessidade de a parte estar representada por


advogado munido de procuração na fase recursal;

 Preparo: refere-se aos emolumentos judiciais, seja em relação à


formalidade do recurso ou aos recolhimentos pecuniários;

 Custas: refere-se à necessidade de recolhimento de custas e depósitos


judiciais pela parte, salvo o caso de a parte ser beneficiária da Justiça
Gratuita e da Assistência Judiciária Gratuita.

 Efeito dos Recursos Trabalhistas

Em regra, no processo do trabalho os recursos interpostos são dotados de


efeito meramente devolutivo. Entretanto, é possível que o presidente, vice-
presidente ou relator conceda eventual efeito suspensivo, mediante o
requerimento da parte e conforme as hipóteses elencadas na Súmula n.º 414
do TST.

Uniformidade do Prazo

No concernente às normas de Direito Processual do Trabalho, o prazo para


interpor e contra-arrazoar qualquer recurso é de oito dias. Todavia, alguns
recursos podem ter os prazos diferenciados, tais como os embargos de
declaração e o recurso extraordinário, além da concessão do prazo em dobro
para pessoas jurídicas de direito público para recorrer das decisões judiciais.

Depósito Judicial Recursal


O depósito recursal realizado pela parte vencida em juízo tem por objetivo
garantir o pagamento de futura execução movida pela parte vencedora na
relação processual.

Com o intuito de reforçar a necessidade da garantia do juízo por meio do


depósito recursal, a Lei n.º 13.467/2017, conhecida também por Reforma
Trabalhista, introduziu na CLT novas disposições no que concerne à matéria,
entre as quais:

 Necessidade do depósito recursal ser realizado em conta vinculada ao juízo


e corrigido com os mesmos índices da poupança (Art. 899, § 4º da CLT);

 Redução pela metade quanto ao recolhimento do depósito recursal para as


entidades sem fins lucrativos, aos empregados domésticos,
microempreendedores individuais, às microempresas e empresas de
pequeno porte (Art. 899, § 9º da CLT);

 Isenção do depósito recursal aos beneficiários da Justiça Gratuita, às


entidades filantrópicas e microempresas em recuperação (Art. 899, § 10 da
CLT);

 Possibilidade de o depósito recursal ser substituído por fiança bancária ou


seguro judicial (Art. 899, § 11 da CLT).

 Recursos Trabalhistas em Espécie

Considerando os princípios processuais da singularidade e taxatividade,


analisaremos as espécies de recursos no processo do trabalho.

Embargos de Declaração

Os embargos de declaração têm por objetivo sanar eventuais vícios


processuais – omissão, contradição, obscuridade, erro e equívoco – da
sentença ou acórdão cometido pelo juiz ou órgão.

A previsão dos embargos de declaração está descrita no Artigo 897-A da CLT


e, de forma subsidiária, no Artigo 1.022 no CPC.

O prazo para a interposição desse recurso é de cinco dias, independentemente


de preparo. Ademais, admite-se efeito modificativo e a representação ocorre
pelo jus postulandi ou mandado judicial.

Recurso Ordinário

O recurso ordinário é uma forma de impugnação destinada às partes, cujo


objetivo é atacar os pontos da decisão que lhe forem desfavoráveis,
independentemente de serem definitivas ou terminativas, possibilitando,
portanto, o reexame da matéria na instância superior.

Ademais, vale ressaltar que o recurso ordinário é cabível contra a sentença


proferida no primeiro grau de jurisdição, bem como contra acórdãos proferidos
pelos TRT, haja vista ações individuais, dissídios coletivos e ações
anulatórias, cuja competência originária para processar e julgar seja do
Tribunal.

De acordo com as diretrizes do Artigo 895 da CLT, o prazo de interposição do


recurso ordinário é de oito dias, e o efeito será meramente devolutivo,
observada a necessidade de preparo pela parte.

O recurso ordinário interposto pela parte insatisfeita deverá ser dirigido ao juiz
ou órgão que proferiu a decisão, a fim de que seja realizado o juízo de
admissibilidade recursal. Observado o preenchimento dos pressupostos, o
recurso será remetido ao Tribunal.

Cumpre destacar que, após o recurso ordinário ser encaminhado ao Tribunal,


haverá reexame dos pressupostos recursais, a fim de que o recurso seja
processado e julgado.

Ademais, quando uma das partes for pessoa jurídica de direito público, haverá
remessa de ofício, independentemente se a decisão for de cunho definitivo ou
terminativo, haja vista a necessidade do reexame, conforme diretrizes
estabelecidas pela Súmula n.º 303 do TST.

Por fim, é importante ressaltar as súmulas do TST, no que concerne ao recurso


ordinário:

Súmula n.º 158 do TST – Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho, em ação


rescisória, é cabível recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho em
face da organização judiciária trabalhista.

Súmula n.º 201 do TST – Da decisão de Tribunal Regional do Trabalho em


mandado de segurança cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o
Tribunal Superior do Trabalho, e igual dilação para o recorrido e interessados
apresentarem razões de contrariedade.

Note que as súmulas do TST expostas têm por finalidade regulamentar


questões de competência em relação à matéria, pois no caso da ação
rescisória e do mandado de segurança, será cabível recurso ordinário para o
TST.

Recurso de Revista

O recurso de revista é cabível contra as decisões proferidas em grau de


recurso ordinário, em dissídio individual, pelos TRT quando:

 Derem ao mesmo dispositivo de Lei federal interpretação diversa da que lhe


houver dado outro TRT, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios
Individuais do TST, ou se contrariarem Súmula de jurisprudência uniforme
da Corte ou Súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF);

 Derem ao mesmo dispositivo de Lei estadual, convenção coletiva de


trabalho, acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial
de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do
TRT prolator da decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da
alínea a;

 Proferidas com violação literal de disposição de Lei federal ou afronta direta


e literal à CF.

De acordo com as diretrizes estabelecidas no Artigo 896, Parágrafo 1º, o


recurso de revista deverá ser dirigido ao presidente do Tribunal Regional
Federal (TRF) para que seja realizado o juízo de admissibilidade dos
pressupostos recursais; após o recurso será encaminhado à Turma do TST
para que seja processado e julgado.

O prazo de interposição do recurso de revista é de oito dias, observada a


necessidade de preparo e mandado jurídico de representação. Ademais, o
recurso de revista terá efeito meramente devolutivo, podendo o presidente do
TRT receber ou negar seguimento ao recurso, por meio de decisão
fundamentada.

Cabe enfatizar que o objeto de discussão do recurso de revista contemplará


questões de direito, não cabendo, portanto, a discussão de matéria fática
entre as partes, conforme as diretrizes estabelecidas pela Súmula n.º 126 do
TST.

Nesse passo, tal qual a nova redação do Artigo 896 da CLT, o recurso poderá
deixar ser conhecido quando a parte recorrente não:

I. Indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o


prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista;

II. Indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade ao dispositivo de


Lei, Súmula ou orientação jurisprudencial do TST que conflite com a
decisão regional;

III. Expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os fundamentos


jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante demonstração analítica
de cada dispositivo de Lei, da CF, de Súmula ou orientação jurisprudencial
cuja contrariedade aponte;

IV. Transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de nulidade de


julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos embargos
declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do Tribunal sobre
questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional que
rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano,
da ocorrência da omissão.

É de se atentar ainda que a Lei n.º 13.467/2017 introduziu o Parágrafo 14 na


redação do Artigo 896, com o objetivo de tratar das hipóteses em que o relator
do recurso de revista poderá negar seguimento, em decisão monocrática.
Entre as hipóteses, destacam-se as seguintes: intempestividade, deserção,
irregularidade de representação ou ausência de qualquer outro pressuposto
extrínseco ou intrínseco de admissibilidade recursal.
O ponto alterado pela Lei n.º 13.467/2017, conhecida também como Reforma
Trabalhista, refere-se à transcendência do recurso de revista com relação aos
reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica.

Não se pode ignorar que o objetivo da inclusão de novos parágrafos no Artigo


896-A da CLT pelo legislador foi estabelecer os indicadores de transcendência
ao processamento do recurso de revista, vez que a não transcendência poderá
impedir o seguimento do recurso.

Por fim, é importante ressaltar as súmulas do TST, no que concerne ao recurso


de revista:

Súmula n.º 23 do TST – Não se conhece de recurso de revista ou de embargos,


se a decisão recorrida resolver determinado item do pedido por diversos
fundamentos e a jurisprudência transcrita não abranger a todos.

Súmula n.º 296 do TST – I – A divergência jurisprudencial ensejadora da


admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser
específica, revelando a existência de teses diversas na interpretação de um
mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram. II – Não
ofende o Art. 896 da CLT decisão de Turma que, examinando premissas
concretas de especificidade da divergência colecionada no apelo revisional,
conclui pelo conhecimento ou desconhecimento do recurso.

Súmula n.º 333 do TST – Não ensejam recurso de revista decisões superadas
por iterativa, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.

Súmula n.º 337 do TST – I – Para comprovação da divergência justificadora do


recurso, é necessário que o recorrente:

A. Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a fonte


oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; e

B. Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos acórdãos


trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de teses que
justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se
encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso.

I. A concessão de registro de publicação como repositório autorizado de


jurisprudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores.

II. A mera indicação da data de publicação, em fonte oficial, de aresto


paradigma é inválida para comprovação de divergência jurisprudencial, nos
termos do item I, a, desta Súmula, quando a parte pretende demonstrar o
conflito de teses mediante a transcrição de trechos que integram a
fundamentação do acórdão divergente, uma vez que só se publicam o
dispositivo e a ementa dos acórdãos;

III. É válida para a comprovação da divergência jurisprudencial justificadora do


recurso a indicação de aresto extraído de repositório oficial na internet,
desde que o recorrente:

1.
A. transcreva o trecho divergente;

B. aponte o sítio de onde foi extraído; e

C. decline o número do processo, o órgão prolator do acórdão e a data da


respectiva publicação no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho.

I. A existência do código de autenticidade na cópia, em formato pdf, do


inteiro teor do aresto paradigma, juntada aos autos, torna-a equivalente ao
documento original e também supre a ausência de indicação da fonte oficial
de publicação.

Note que as súmulas do TST expostas têm por finalidade regulamentar


questões de prequestionamento do recurso de revista, haja vista a sua
natureza extraordinária, pois o prequestionamento do recurso de revista
refere-se à repercussão geral, vez que o recurso de revista pode, inclusive,
versar sobre matéria de ordem pública.

Desse modo, verifica-se que o referido prequestionamento e a transcendência


recursal passaram a ser tratados pela doutrina e Lei como pressupostos de
admissibilidade do recurso de revista.

A ideia é equiparar a lógica da repercussão geral do recurso extraordinário,


entretanto, não se pode negar que a previsão normativa ainda deixa muitas
dúvidas de enquadramento.

Embargos

Os embargos ao TST têm por objetivo sanar eventuais divergências entre


turmas ou tribunais.

A previsão legal e o cabimento dos embargos ao TST estão disciplinados no


Artigo 894 da CLT, vejamos:

Art. 894 – No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8


(oito) dias:

I. De decisão não unânime de julgamento que:


a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que
excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e
estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do
Trabalho, nos casos previstos em lei;

II. Das decisões das turmas que divergirem entre si ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios
Individuais, ou contrárias à Súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou
Súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal.

 2º – A divergência apta a ensejar os embargos deve ser atual, não se


considerando tal a ultrapassada por Súmula do Tribunal Superior do
Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada por iterativa e
notória jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.

 3º – O ministro relator denegará seguimento aos embargos:


I. Se a decisão recorrida estiver em consonância com a Súmula da
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal
Federal, ou com iterativa, notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior
do Trabalho, cumprindo-lhe indicá-la;

II. Nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregularidade de


representação ou de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco de
admissibilidade.

 4º – Da decisão denegatória dos embargos caberá agravo, no prazo de 8


(oito) dias.

Importante ressaltar as súmulas do TST, no que concerne aos embargos desse


tribunal:

Súmula n.º 126 do TST – Incabível o recurso de revista ou de embargos (Art.


896, 894, b da CLT) para reexame de fatos e provas.

Súmula n.º 433 do TST – A admissibilidade do recurso de embargos contra


acórdão de Turma em recurso de revista em fase de execução, publicado na
vigência da Lei n.º 11.496, de 26/06/2007, condiciona-se à demonstração de
divergência jurisprudencial entre Turmas ou destas e a Seção Especializada
em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho em relação à
interpretação de dispositivo constitucional.
Note que pelas orientações do TST não é possível suscitar matérias fáticas
nos embargos – somente matéria de direito. Ademais, a interposição de
embargos contra acórdão de Turma em recurso de revista é condicionada à
necessidade de demonstrar a divergência jurisprudencial entre Turmas.

Agravo de Instrumento

O agravo de instrumento tem por finalidade destrancar recurso ou impugnar as


decisões que indeferiram a interposição de recursos. Está previsto no Artigo
897, alínea b da CLT:

Artigo 897, alínea b – Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:

[...]

b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos.

[...]

2º – O agravo de instrumento interposto contra o despacho que não receber


agravo de petição não suspende a execução da sentença.

[...]

4º – Na hipótese da alínea b deste artigo, o agravo será julgado pelo Tribunal


que seria competente para conhecer o recurso cuja interposição foi denegada.
5º – Sob pena de não conhecimento, as partes promoverão a formação do
instrumento do agravo de modo a possibilitar, caso provido, o imediato
julgamento do recurso denegado, instruindo a petição de interposição:

I – obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da


respectiva intimação, das procurações outorgadas aos advogados do
agravante e do agravado, da petição inicial, da contestação, da decisão
originária, do depósito recursal referente ao recurso que se pretende
destrancar, da comprovação do recolhimento das custas e do depósito
recursal a que se refere o § 7º do Art. 899 desta Consolidação;

II – facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis ao


deslinde da matéria de mérito controvertida.

6º – O agravado será intimado para oferecer resposta ao agravo e ao recurso


principal, instruindo-a com as peças que considerar necessárias ao julgamento
de ambos os recursos.

7º – Provido o agravo, a Turma deliberará sobre o julgamento do recurso


principal, observando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo
a esse recurso.

O prazo para interposição desse recurso é de oito dias, a contar da data da


publicação da decisão que denegou seguimento ao recurso. A competência
para processar e julgar o agravo de instrumento é do Tribunal, sendo o recurso
dotado de efeito meramente devolutivo.

Quanto ao preparo do recurso, o Artigo 899 da CLT estabelece a necessidade


de o recorrente, no ato de interposição do agravo de instrumento, realizar o
depósito recursal, este correspondente a cinquenta por cento do valor do
depósito do recurso ao qual se pretende destrancar.

Por fim, cabe enfatizar que a Lei n.º 13.467/2017 revogou o Parágrafo 5º do
Artigo 899 da CLT. Desse modo, não é mais necessário ao recorrente formar o
instrumento com cópias simples das peças processuais para instruir o recurso,
dado que a revogação desse dispositivo vem de encontro ao princípio da
economia processual.

Recurso Extraordinário

O recurso extraordinário será cabível quando as causas decididas em única ou


última instância:

 Contrariarem dispositivo da CF;

 Declararem a inconstitucionalidade de tratado ou Lei federal;

 Julgarem válida a Lei ou o ato de governo local contestado em face da CF;

 Julgarem válida a Lei local contestada em face de Lei federal.

A previsão legal do recurso extraordinário está descrita no Artigo 102, III da


CF.
O prazo para interposição do recurso é de quinze dias, sendo que a parte
recorrente deverá observar a necessidade de realizar o depósito recursal, bem
como recolher as custas inerentes ao recurso.

A interposição do recurso extraordinário ocorrerá perante a presidência do


TRT ou TST, a fim de que seja realizado o juízo de admissibilidade. O recurso
somente será apresentado perante a Vara do Trabalho quando o processo
tramitar pelo rito sumário.

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, o recurso será encaminhado


ao STF para que seja processado e julgado, haja vista a sua natureza jurídica
extraordinária, na qual se discutirá apenas questões relevantes, envolvendo
aspectos políticos, sociais e/ou jurídicos.

Ademais, para a interposição do recurso extraordinário, torna-se necessário


que a parte recorrente demonstre a repercussão geral, bem como o
prequestionamento da matéria de ordem pública, considerando se tratar de
recurso de interesse coletivo – e não individual.

Recurso Adesivo

Para a Doutrina, o recurso adesivo não é necessariamente um recurso, mas


uma forma de interposição, vez que a parte aproveita a interposição do recurso
da parte contrária para recorrer de determinada matéria.

Conforme as disposições da Súmula n.º 283 do TST, é cabível o recurso


adesivo na Justiça do Trabalho nas hipóteses de interposição de:

 Recurso ordinário;

 Agravo de petição;

 Recurso de revista.

Diante da ausência de previsão legal quanto à forma e ao preparo do recurso


adesivo na Justiça do Trabalho, devem ser observadas as disposições do
Artigo 997, Parágrafo 2º do CPC, naquilo que for compatível ao processo
trabalhista, vejamos:

Art. 997 – Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com


observância das exigências legais.

2º – O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe


aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e
julgamento no Tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o
seguinte:

I – será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora


interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder;

II – será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso


especial;
III – não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for
ele considerado inadmissível.

Vale ressaltar que a parte recorrente não precisa vincular-se à matéria objeto
de discussão no recurso principal interposto pela parte contrária. No entanto,
a parte recorrente deverá observar o preparo e prazo de interposição do
recurso, que é de oito dias.

Cumpre destacar ainda que o recurso adesivo fica subordinado ao recurso


principal, no que se refere aos requisitos de admissibilidade e julgamento no
Tribunal.

Ademais, caso haja desistência do recurso principal, ou se for considerado


inadmissível, o recurso adesivo não será conhecido, devido à sua relação
intrínseca ao recurso interposto pela parte contrária.

Agravo Regimental

O agravo regimental é o meio para impugnações de decisões judiciais. A


previsão, o cabimento, prazo e as hipóteses advêm dos regimentos internos
estabelecidos pelos Tribunais, no que concerne ao sistema de recursos
trabalhistas e meios de impugnações proferidas em sede de decisão
monocrática.

Correição Parcial

A correição parcial no processo do trabalho é um recurso de natureza


administrativa. Será cabível quando a parte constatar a incidência de ato
atentatório à Justiça ou às boas ordens processuais cometidas pelos juízes de
Direito investidos na administração da Justiça do Trabalho.

A estrutura, forma de interposição e o prazo desse recurso estão disciplinados


nos regimentos internos dos TRT.

Fechamento da Unidade 3

O objetivo desta Unidade foi realizar um estudo sobre a teoria geral dos
recursos trabalhistas, quanto ao conceito, à natureza, às fontes, aos
princípios, às classificações, aos pressupostos, procedimentos e seus efeitos.

Além de realizar um estudo sobre os recursos previstos na Consolidação das


Leis do Trabalho (CLT), vimos também os recursos que não estão previstos na
CLT, mas que são aplicáveis na Justiça do Trabalho, em decorrência da
matéria e subsidiariedade.
Desse modo, os recursos analisados nesta Unidade foram os seguintes:
embargos de declaração; recurso ordinário; recurso de revista; embargos ao
Tribunal Superior do Trabalho (TST); recurso extraordinário; recurso adesivo;
agravo regimental; correição parcial.

Os embargos de declaração são recursos cabíveis para sanar eventuais vícios


presentes na decisão, seja por omissão, obscuridade, contradição, ou
manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso,
cometidos pelo magistrado. O prazo de interposição desse tipo de recurso é de
cinco dias.

O recurso ordinário é cabível contra sentenças terminativas ou definitivas,


proferidas pelas Varas e Juízos trabalhistas, bem como das decisões
definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais do Trabalho (TRT) de sua
competência originária. O prazo de interposição desse tipo de recurso é de
oito dias.

O recurso de revista é cabível contra decisões proferidas pelos TRT, nas


hipóteses de recurso ordinário e de agravo de petição. O recorrente somente
poderá interpor esse recurso nos casos de dissídio individual, sendo
necessário demonstrar a transcendência e o pré-questionamento, vez que a
parte somente arguirá matéria exclusivamente de direito. O prazo de
interposição desse tipo de recurso é de oito dias.

Os embargos no TST são recursos cujo objetivo é sanar eventuais divergências


entre turmas ou tribunais. O prazo de interposição desse tipo de recurso é de
oito dias.

O recurso extraordinário é um “remédio constitucional” cabível nas causas


decididas em única ou última instância que contrariarem o dispositivo da
Constituição Federal (CF), declarando-se a inconstitucionalidade de tratado ou
Lei federal, que julgar válida Lei ou ato de governo local contestado em face
da CF, ou que julgar válida Lei local contestada em face de Lei federal. O prazo
de interposição desse tipo de recurso de natureza extraordinária é de quinze
dias.

O recurso adesivo é conhecido pela Doutrina e jurisprudência como uma forma


de interposição, vez que a parte aproveita a interposição do recurso da parte
contrária para recorrer de determinada matéria. Quanto à forma e ao preparo,
a parte deverá observar o recurso principal interposto pela parte contrária.

O agravo regimental é o meio de impugnações de decisões judiciais. A


previsão, o cabimento, prazo e as hipóteses advêm dos regimentos internos
estabelecidos pelos Tribunais.

O último assunto abordado nesta Unidade foi a correição parcial que, por sua
vez, trata-se de um recurso de natureza administrativa, cabível quando for
constatada a incidência de ato atentatório à Justiça ou às boas ordens
processuais cometidas por juízes de Direito investidos na administração da
Justiça do Trabalho.
Unidade 4

Nesta Unidade abordaremos o processo trabalhista, no que se refere à fase de


execução e cumprimento para satisfação da obrigação.

Aqui o principal objetivo é lhe fornecer noções gerais e específicas da


liquidação de sentença, da sentença de liquidação, dos meios de impugnações
e dos recursos atinentes à fase de execução.

Não se esqueça de acessar o link Materiais didáticos, onde encontrará o


conteúdo e as atividades propostas para esta Unidade.

Bons Estudos!

A execução e o cumprimento de sentença referem-se a uma fase processual


para que determinado crédito trabalhista seja satisfeito, conforme as diretrizes
estabelecidas pelo Artigo 769 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

No que concerne a essa fase processual, é possível aplicar de modo


subsidiário no processo do trabalho as disposições estabelecidas em outros
dispositivos normativos, tais como a Lei n.º 11.232/2005 – cumprimento de
sentença –; Lei n.º 6.830/80 – execução fiscal –; e Código de Processo Civil
(CPC).

Vale dizer que essa fase processual poderá ser composta por três etapas:
liquidação, constrição e expropriação, a fim de que determinado crédito
trabalhista constituído ou reconhecido pelo Poder Jurisdicional do Estado seja
satisfeito.

Assim, nesta Unidade analisaremos a liquidação de sentença quando a decisão


proferida pelo juiz não determinar o valor da condenação, bem como a
sentença de liquidação, esta que incide na hipótese de a decisão determinar o
objeto ou valor da condenação.

Por conseguinte, estudaremos as espécies de títulos executivos judiciais, bem


como os títulos executivos extrajudiciais, no que concerne à execução e ao
cumprimento de sentença trabalhista. Desse modo, veremos também os
procedimentos da penhora e as hipóteses da execução provisória e definitiva
na Justiça do Trabalho.

Superada essa fase, analisaremos os principais meios de impugnações da


sentença de liquidação, além dos principais recursos atinentes à fase de
execução trabalhista. Entre os recursos existentes na fase de execução,
destacam-se os seguintes: agravo de petição, embargos à execução, à
penhora e de terceiros.

Veremos também a possibilidade de se aplicar no processo do trabalho o


incidente de desconsideração da personalidade jurídica, após o advento da Lei
n.º 13.467/2017, conhecida também como Reforma Trabalhista. Diante disso,
estudaremos as hipóteses de cabimento desse procedimento executório.

Por fim, estudaremos as formas para a extinção da execução trabalhista,


considerando as principais inovações introduzidas no processo do trabalho
pela Reforma Trabalhista.

Execução Trabalhista
Execução significa cumprimento ou satisfação de obrigação. Na Justiça do
Trabalho, o processo de execução tem por objetivo exigir do devedor o
cumprimento de obrigação decorrente do crédito trabalhista.

Legitimidade Ativa
A parte vencedora do litígio é quem possui a legitimidade ativa para promover
a execução trabalhista. Entretanto, a Lei possibilita que o juiz da Vara do
Trabalho dê início à execução de ofício, tendo como base o Artigo 878 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), na hipótese do jus postulandi.

Art. 878 – A execução será promovida pelas partes, permitida a execução de


ofício pelo juiz ou pelo presidente do Tribunal apenas nos casos em que as
partes não estiverem representadas por advogado.

Competência
A competência para apreciar a fase de execução é do juiz que tiver julgado
originariamente o conflito trabalhista, conforme redação dos artigos 877 e 877-
A da CLT, in verbis:

Art. 877 – É competente para a execução das decisões o juiz ou presidente do


Tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio.

Art. 877-A – É competente para a execução de título executivo extrajudicial o


juiz que teria competência para o processo de conhecimento relativo à
matéria.

Objeto da Execução
Na execução trabalhista, o devedor responde à obrigação com títulos definidos
em Lei ou com seus bens presentes e futuros.
Títulos Executivos Judiciais
Os títulos executivos judiciais podem ser objetos de execução trabalhista, tais
como a sentença ou acórdão condenatório transitado em julgado, os acordos
não cumpridos e a sentença arbitral, conforme as diretrizes estabelecidas pelo
Artigo 876 da CLT.

Títulos Executivos Extrajudiciais


Os títulos executivos extrajudiciais também poderão ser objetos de execução
trabalhista. De acordo com o Artigo 876 da CLT, os títulos executivos
extrajudiciais são os seguintes: termo de ajustamento de conduta, firmado
perante o Ministério Público do Trabalho (MPT); termo de acordo celebrado na
comissão de conciliação prévia; multa aplicada pelos órgãos fiscalizadores do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a certidão de dívida ativa da União.

Execução Provisória
A execução provisória ocorrerá quando tiver sido interposto recurso sem efeito
suspensivo pela parte executada. Vale ressaltar que a execução provisória se
limita à penhora e deve ser requerida pela parte, observando os requisitos para
instrução, disciplinados no Artigo 522 do Código de Processo Civil (CPC).

Com efeito, o Artigo 899 da CLT dispõe que:

Art. 899 – Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito
meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a
execução provisória até a penhora.

Assim, para que sejam realizados os demais atos de constrição, torna-se


necessário que a parte exequente aguarde o julgamento e o trânsito em
julgado do recurso interposto pela parte executada.

Execução Definitiva
A execução definitiva ocorrerá por iniciativa das partes ou de ofício pelo juiz
nas seguintes hipóteses: não cumprimento do acordo firmado entre as partes e
incidência de trânsito em julgado da sentença ou acórdão, conforme as
diretrizes estabelecidas nos artigos 876 da CLT e 784, I do CPC.

Liquidação
Se a sentença for ilíquida, será necessário realizar a liquidação, que poderá
ser feita por cálculo, arbitramento ou artigos, conforme disposto no Artigo 879
da CLT, in verbis:

Art. 879 – Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á, previamente, a


sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por arbitramento ou por
artigos.

 1º – Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença


liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa principal.

 1o-A – A liquidação abrangerá, também, o cálculo das contribuições


previdenciárias devidas.

 1o-B – As partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do


cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária incidente.

 2o– Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às partes prazo
comum de 8 (oito) dias para impugnação fundamentada com a indicação
dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de preclusão.

 3o– Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares da Justiça do


Trabalho, o juiz procederá à intimação da União para manifestação, no
prazo de 10 (dez) dias, sob pena de preclusão.

 4o– A atualização do crédito devido à Previdência Social observará os


critérios estabelecidos na legislação previdenciária.

 5o– O ministro de Estado da Fazenda poderá, mediante ato fundamentado,


dispensar a manifestação da União quando o valor total das verbas que
integram o salário-de-contribuição, na forma do Art. 28 da Lei n.º8.212, de
24 de julho de 1991, ocasionar perda de escala decorrente da atuação do
órgão jurídico.

 6o– Tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz poderá nomear


perito para a elaboração e fixará, depois da conclusão do trabalho, o valor
dos respectivos honorários com observância, entre outros, dos critérios de
razoabilidade e proporcionalidade.

 7o– A atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será


feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo Banco Central do Brasil,
conforme a Lei n.º 8.177, de 1º de março de 1991 Links to an external
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É importante destacar que a Lei n.º 13.467/2017 alterou o Parágrafo 2º e


acrescentou o Parágrafo 7º ao Artigo 879 da CLT, objetivando estabelecer
diretrizes ao juiz para conceder prazo às partes para manifestarem acerca de
eventual discordância em relação aos cálculos apresentados nos autos.

Outra alteração introduzida no processo do trabalho pela referida Lei diz


respeito à necessidade de atualização dos créditos decorrentes de
condenação judicial, por meio da TR divulgada pelo Banco do Brasil (Art. 879, §
7º da CLT).
Modalidades de Liquidação
A liquidação por cálculos será realizada por meio de cálculos aritméticos, a
fim de se chegar a um valor devido, através dos elementos constantes nos
autos (Art. 879 da CLT).

Por outro lado, na liquidação por arbitramento o juiz e/ou as partes nomearão
um árbitro para apurar o valor devido na condenação (Art. 509, I do CPC).

Por fim, a liquidação por artigos será cabível quando houver a necessidade de
provar fatos novos nos autos que, por sua vez, servirão de base para a
apuração dos valores devidos (Art. 509, II do CPC).

Impugnação à Sentença de Liquidação


Após a conclusão da fase de liquidação da sentença, o executado tem o prazo
de 48 horas para realizar o pagamento da execução ou para que garanta o
juízo, após o ato de citação, nos termos do Artigo 880 da CLT.

Entretanto, vale ressaltar que o Artigo 884 da CLT prevê a possibilidade de o


executado, no prazo de cinco dias, opor embargos, cabendo igual prazo para o
exequente apresentar impugnação, mesmo após a realização da garantia da
execução ou penhora de bens.

Nomeação de Bens à Penhora


Quando o executado não pagar a importância a exequente, será facultado
apresentar seguro garantia judicial ou nomeação de bens à penhora, nos
termos do Artigo 822 da CLT:

Art. 882 – O executado que não pagar a importância reclamada poderá


garantir a execução mediante depósito da quantia correspondente, atualizada
e acrescida das despesas processuais, apresentação de seguro-garantia
judicial ou nomeação de bens à penhora, observada a ordem preferencial
estabelecida no Art. 835 da Lei n.º 13.105, de 16 de março de 2015 – Código de
Processo Civil Links to an external site..

Portanto, caso o executado não apresente seguro de garantia judicial, será


nomeado bens à penhora, observada a ordem de preferência estabelecida no
Artigo 835 do CPC:

1.
I. Dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição
financeira;

II. Títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com
cotação em mercado;
III. Títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;

IV. Veículos de via terrestre;

V. Bens imóveis;

VI. Bens móveis em geral;

VII. Semoventes;

VIII. Navios e aeronaves;

IX. Ações e quotas de sociedades simples e empresárias;

X. Percentual do faturamento de empresa devedora;

XI. Pedras e metais preciosos;

XII. Direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de


alienação fiduciária em garantia;

XIII. Outros direitos.

Entretanto, é possível às partes requererem a substituição da penhora, nos


termos do Artigo 848 do CPC, quando:

 Não obedecer à ordem legal;

 Não incidir sobre os bens designados em Lei, contrato ou ato judicial para o
pagamento;

 Havendo bens no foro da execução, outros tiverem sido penhorados;

 Havendo bens livres, tiver recaído sobre bens já penhorados ou objeto de


gravame;

 Incidir sobre bens de baixa liquidez;

 Fracassar a tentativa de alienação judicial do bem; ou

 O executado não indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicações
previstas em Lei.

Penhora na Justiça do Trabalho


Penhora refere-se a um ato judicial de constrição de bens, para satisfação da
obrigação, os quais decorrentes de créditos trabalhistas.

A penhora pode ocorrer nas seguintes hipóteses: quando o executado não


cumpre a obrigação ou realiza a garantia do juízo à execução (Art. 883 da
CLT).

Nessas circunstâncias, a execução trabalhista prosseguir-se-á por meio da


penhora, cabendo às partes indicarem bens (Art. 884), observada a ordem de
preferência para nomeação de bens à penhora (Art. 835 do CPC).
Entretanto, cabe estatizar que as partes deverão observar que diversos bens
não são suscetíveis de constrição judicial, como se infere no Artigo 833 do
CPC. Assim, são impenhoráveis:

1.
I. Os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à
execução;

II. Os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a


residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que
ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio
padrão de vida;

III. Os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado,


salvo se de elevado valor;

IV. Os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações,


os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios,
bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e
destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de
trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal;

V. Os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou


outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do
executado;

VI. O seguro de vida;

VII. Os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas


forem penhoradas;

VIII. A pequena propriedade rural, assim definida em Lei, desde que


trabalhada pela família;

IX. Os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação


compulsória em educação, saúde ou assistência social;

X. A quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40


(quarenta) salários-mínimos;

XI. Os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político,


nos termos da Lei;

XII. Os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime


de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.

Logo, no ato da penhora caso algum bem impenhorável sofra constrição


judicial, o juiz poderá, a requerimento – oposição de embargos – da parte
prejudicada, transferir a penhora para outro bem.

Bacenjud e Penhora On-Line


O Bacenjud é um sistema informatizado e operado pelo Banco Central,
objetivando atender à solicitação de informações e ao envio de ordens
judiciais às instituições financeiras, por meio da internet.

Por outro lado, a penhora on-line corresponde a uma ordem judicial cujo
objetivo é solicitar informação e bloquear ativos financeiros de determinado
sujeito, via internet.

Negativação do Nome do Executado


A Lei n.º 13.467/2017 modificou, no processo do trabalho, a possibilidade de se
incluir o nome do executado nos órgãos de proteção ao crédito, bem como no
Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), no prazo de quarenta e
cinco dias após a decisão transitada em julgado.

O objetivo desse procedimento executório é tornar público o inadimplemento


da obrigação, decorrente da ausência de satisfação do crédito trabalhista pelo
executado.

Nesse passo, cabe enfatizar que o Artigo 883-A da CLT dispõe que esse
procedimento executório somente deve incidir nas hipóteses de o executado
não garantir o juízo, ou no caso de não responder à execução a partir da
citação.

Recursos Específicos na Execução Trabalhista


Conforme as diretrizes estabelecidas na CLT, no que concerne à fase de
execução no processo do trabalho, o processamento da liquidação da
sentença é composto por quatro etapas, vejamos:

 Liquidação da sentença por cálculo, por arbitramento e por artigos;

 Impugnação à sentença de liquidação pelas partes, por meio de oposição de


embargos;

 Prolação de sentença de liquidação ou homologação de cálculos de


liquidação pelo juiz;

 Garantia ou nomeação de bens à penhora realizada pelas partes.

Na execução também é admitido o contraditório entre as partes,


especialmente os de minuta, por meio dos recursos que veremos a seguir.

Embargos à Execução

Os embargos à execução são meios de impugnação destinados ao executado


contra a decisão do juiz, no que concerne à sentença de liquidação (Art. 884, §
1º da CLT).
O prazo para oposição de embargo pelo devedor é de cinco dias (Art. 915 do
CPC), cuja matéria de arguição será restrita ao cumprimento da decisão ou
acordo realizado na execução, sendo que é facultado ao executado arrolar
testemunhas para comprovar o alegado.

Nos termos do Artigo 917 do CPC, nos embargos à execução o executado


poderá alegar:

1.
I. Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;

II. Penhora incorreta ou avaliação errônea;

III. Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

IV. Retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução


para entrega de coisa certa;

V. Incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;

VI. Qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo
de conhecimento.

[...]

1.
I. O exequente pleiteia quantia superior à do título;

II. Ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;

III. Ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título;

IV. O exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o


adimplemento da prestação do executado;

V. O exequente não prova que a condição se realizou.

Cabe salientar que a oposição de embargos está condicionada ao preparo, no


que concerne à garantia prévia da execução, seja por meio da nomeação de
bens à penhora, ou pela garantia do juízo. Caso o devedor não observe os
termos do Artigo 884 da CLT, o juiz poderá rejeitar liminarmente os embargos.

Com efeito, de acordo com o Artigo 915 do CPC, o juiz poderá rejeitar
liminarmente os embargos:

 Quando intempestivos;

 Nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do


pedido;

 Manifestamente protelatórios.

No processo de execução, as custas processuais serão pagas ao final pela


parte executada, nos termos do Artigo 789-A da CLT.
Outrossim, uma das inovações introduzidas no processo do trabalho pela Lei
n.º 13.467/2017 refere-se à ausência de exigência da garantia ou penhora das
entidades filantrópicas e/ou para aqueles que compõem ou compuseram a
diretoria dessas instituições.

Nesse passo, vale ressaltar que a Fazenda Pública também estará dispensada
de garantir previamente o juízo ou de indicar bens à penhora para opor
embargos, nos termos do Artigo 910 do CPC. Outra matéria assegurada à
Fazenda Pública refere-se à concessão de prazo de trinta dias, após a citação
para opor embargos, caso deseje.

Exceção de Pré-Executividade
A exceção de pré-executividade não possui previsão legal, vez que essa
modalidade de defesa do executado advém da Doutrina e da jurisprudência.

Vale destacar que a principal defesa do executado continua sendo a oposição


de embargos; porém, a Justiça do Trabalho vem admitindo a possibilidade de o
devedor arguir exceção de pré-executividade na execução, a fim de suscitar
matéria de ordem pública, tais como excesso na execução, prescrição
intercorrente, preliminares dilatórias e peremptórias, conforme as hipóteses
elencadas nos artigos 337 e 485 do CPC, bem como no Artigo 11-A, Caput,
parágrafos 1 e 2 da CLT.

Embargos de Terceiro
Os embargos de terceiro correspondem a um meio de impugnação destinado
ao sujeito que é estranho na relação jurídica processual, cujo objetivo seja
reaver bens que foram atingidos por uma ameaça ou constrição judicial no
curso de uma execução.

A previsão legal dos embargos de terceiro está presente do Artigo 674 ao 680
do CPC, vez que a CLT é omissa quanto à previsibilidade dos embargos de
terceiro.

Nesse passo, o Artigo 674, Parágrafo 2º do CPC elenca quem são os


legitimados para oporem embargos de terceiro:

1.
I. O cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou
de sua meação;

II. O adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a


ineficácia da alienação realizada em fraude à execução;

III. Quem sofre constrição judicial de seus bens por força de


desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez
parte;
IV. O credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de
direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais
dos atos expropriatórios respectivos.

No que concerne à oposição de embargo de terceiro, a oposição poderá


ocorrer a qualquer momento do curso do processo, desde que seja
demonstrada a ameaça ou constrição de bem, nos termos do Artigo 675 do
CPC.

Quanto à execução por carta precatória, os embargos de terceiro serão


oferecidos no juízo deprecado, salvo se o juiz deprecante indicar o bem
constrito ou se já devolvida a carta, conforme evidencia a Súmula n.º 419 do
Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Por fim, vale ressaltar que o terceiro deverá observar os requisitos do Artigo
677 do CPC para opor embargos, ou seja, prova sumária, posse ou domínio do
bem, além do oferecimento de documentos e rol de testemunhas.

Agravo de Petição
O agravo de petição é um recurso contra decisões proferidas pelo juiz no curso
da execução, com previsão no Artigo 897, alínea a da CLT.

O prazo para interposição do agravo de petição é de oito dias, e não há a


necessidade de depósito recursal, apenas as custas previstas no Artigo 789-A
da CLT, que devem ser pagas ao final do processo.

Conforme os ditames da Súmula n.º 416 do TST, a parte deverá, no agravo de


petição, delimitar justificadamente a matéria e os valores objeto de
discordância, não ferindo direito líquido e certo do prosseguimento da
execução quanto aos tópicos e valores não especificados no recurso.

No que concerne ao preparo, o agravo de petição somente será recebido


quando o agravante delimitar, justificadamente, as matérias e os valores
impugnados, sendo possível a execução imediata da parte remanescente até o
final, nos próprios autos ou por carta de sentença.

A competência para julgar o agravo é do próprio Tribunal, exceto quando se


tratar de decisão proferida pelo juiz do Trabalho de primeira instância ou de
juiz de Direito, quando o julgamento competirá a uma das Turmas do Tribunal
Regional do Trabalho (TRT) a que estiver subordinado o prolator da sentença.

Por fim, caso seja constatada a violação ao texto constitucional, do acórdão


que julgar o agravo de petição, a parte poderá interpor recurso de revista ao
TST, com base no Artigo 896, Parágrafo 2º da CLT.

Desconsideração da Personalidade Jurídica


A desconsideração da personalidade jurídica é um instrumento destinado à
parte exequente, a fim de afetar o patrimônio dos sócios, quando a pessoa
jurídica não vier a cumprir com as suas obrigações, no concernente aos
créditos trabalhistas.

A previsão legal da desconsideração da personalidade jurídica está


disciplinada no Artigo 855-A da CLT, seguindo o rito previsto no processo
comum, naquilo que for compatível (Art.133-137 do CPC).

Por fim, cabe evidenciar que, no incidente de desconsideração da


personalidade jurídica é garantido o contraditório e a ampla defesa, sendo
possível a sua aplicação na fase de cognição, bem como na de execução.

Prescrição Intercorrente
A prescrição intercorrente é a perda de um direito pelo decurso do tempo; no
processo do trabalho ocorre em razão da paralização do processo ou não
realização de atos no prazo de dois anos na fase de execução.

Nesse passo, a prescrição intercorrente pode ser requerida pela parte ou


declarada de ofício em qualquer grau de jurisdição. A previsão da prescrição
intercorrente está no Artigo 11-A da CLT; o instituto foi introduzido no
processo do trabalho pela Lei n.º 13.467/2017.

Extinção da Execução
A execução será extinta nos seguintes casos (Art. 914-925 do CPC):

1.
I. Quando o devedor satisfaz a obrigação;

II. Quando o devedor obtém a transação ou remissão da dívida;

III. Quando o credor renunciar o direito.

Fechamento da Unidade 4

O objetivo desta Unidade foi realizar um estudo sobre a execução e o


cumprimento de sentença, com o intuito de compreender os procedimentos
atinentes à fase de execução do processo trabalhista, a fim de que
determinado crédito seja satisfeito, conforme as diretrizes estabelecidas nos
seguintes instrumentos normativos: Artigo 769 da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT); Lei n.º 11.232/2005 – Lei de cumprimento de sentença –; Lei n.º
6.830/80 – Lei da execução fiscal –; Lei n.º 13.105/2015 – Código de Processo
Civil (CPC).
Superado esse ponto, foi realizado um estudo sobre as três etapas da fase de
execução – liquidação, constrição e expropriação – para que determinado
crédito trabalhista constituído ou reconhecido pelo Poder Jurisdicional do
Estado seja satisfeito.

Assim, ficou também estabelecido quem são os sujeitos que possuem


legitimidade ativa para promover a execução trabalhista, bem como quem
possui competência para apreciar e julgar o processo na fase de execução na
Justiça do Trabalho, conforme as diretrizes estabelecidas na redação dos
artigos 877 e 878 da CLT.

Por conseguinte, analisamos que o objeto da execução trabalhista pode advir


dos títulos executivos judiciais, bem como dos títulos executivos
extrajudiciais, vez que o devedor responde com os seus bens presentes e
futuros para a satisfação da obrigação.

Verificamos também que a execução provisória ocorrerá quando tiver sido


interposto recurso sem efeito suspensivo pela parte executada, e que a
execução definitiva ocorrerá por iniciativa das partes, ou de ofício pelo juiz da
execução trabalhista.

Ademais, adentramos na liquidação de sentença que, por sua vez, poderá ser
realizada por cálculo, arbitramento ou artigos. Outrossim, estudamos qual é o
momento no qual as partes devem indicar bens à penhora, quais são os bens
impenhoráveis, além das peculiaridades da aplicação da penhora pela Justiça
do Trabalho.
Nessa perspectiva, analisamos quais são os recursos e as impugnações que
são cabíveis nessa fase processual, entre os quais se destacam os embargos à
execução, a exceção de pré-executividade e o agravo de petição.
É preciso ressaltar, contudo, as alterações introduzidas no processo do
trabalho pela Lei n.º 13.467/2017, vez que restou estabelecida a aplicação do
instituto da desconsideração da personalidade jurídica na Justiça do Trabalho,
a fim de afetar o patrimônio dos sócios, quando a pessoa jurídica não vier a
cumprir com as suas obrigações, no que concernem aos créditos trabalhistas.

Outra inovação introduzida pela Reforma Trabalhista no processo executivo é


a possibilidade de a parte ou de o juiz reconhecer a incidência da prescrição
intercorrente, em razão da paralização ou não realização de atos no processo.

Por fim, é preciso destacar o estudo realizado, no que concernem às hipóteses


de extinção da execução, quando o devedor satisfaz a obrigação, quando
obtém a transação ou remissão da dívida, ou quando o credor renunciar ao
direito.

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