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Marina de Faria Pereira 7° Período.

1 - O Tribunal Superior do Trabalho - TST, com sede em Brasília-DF e


jurisdição em todo o território nacional, é órgão de cúpula da Justiça do
Trabalho, nos termos do artigo 111, inciso I, da Constituição da
República, cuja função precípua consiste em uniformizar a jurisprudência
trabalhista brasileira.
Nos processos de sua competência, o TST é dividido em turmas e seções
especializadas para a conciliação e julgamento de dissídios coletivos de
natureza econômica ou jurídica e de dissídios individuais.
O TST é composto de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros
com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados
pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do
Senado Federal, sendo:
I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva
atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com
mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
II - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho,
oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal
Superior.
Compõem a direção do TST no biênio 2022/2024 :
 Presidente: Ministro Emmanoel Pereira.
 Vice-Presidente: Ministra Dora Maria da Costa.
 Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho: Ministro
Guilherme Augusto Caputo Bastos.

Para desenvolver as atribuições jurisdicionais o TST atua por meio de


seus órgãos:
 Tribunal Pleno;
 Órgão Especial;
 Seção Especializada em Dissídios Coletivos;
 Seção Especializada em Dissídios Individuais, dividida
em duas subseções (Subseção I e Subseção II); e
 8 (oito) Turmas.
O TST também conta com 4 (quatro) Comissões Permanentes:
 Comissão Permanente de Regimento Interno;
 Comissão Permanente de Documentação;
 Comissão Permanente de Jurisprudência e
Precedentes Normativos;
 Comissão de Acessibilidade e Inclusão.

2 - Na atual pesquisa, a competência da Justiça do Trabalho foi analisada


desde o seu nascimento até os dias atuais. Nota-se que, no início, ela não era
reconhecida como órgão do Poder Judiciário, porém, com o passar do tempo
foi conquistando o seu espaço.
Em um dado momento, por conta da restrição de sua competência, chegou-se
a seguinte questão: “A Justiça do Trabalho será extinta ou ampliada?” Pois
houve uma série de motivos, dentre eles, como exemplo, o fato de o dano
moral decorrente do trabalho ser julgado na Justiça Comum, enquanto as
verbas trabalhistas deste mesmo contrato de trabalho ser julgado na Justiça
Especializada. A partir disto que a Emenda Constitucional n.º 45/2004 foi
editada.
A emenda supramencionada ampliou consideravelmente a competência da
Justiça Laboral uma vez que acrescentou vários incisos ao art. 114 da CF/88.
Deu-se como exemplo, o caso do dano moral decorrente do trabalho, sendo
que, após esta emenda à Constituição, a Justiça Trabalhista passou a julgar as
verbas e, também, casos de danos morais.
Os magistrados do trabalho passaram a ser competentes para julgar ações que
envolvessem relações de trabalho, dano moral e material, direitos de greve e
assim por diante.
Importante dizer que a redação deste artigo foi alterada com o objetivo de fazer
com que este órgão do Poder Judiciário deixasse de ser competente apenas
para apreciar relações entre trabalhadores e empregadores. Com a alteração,
se tornou competente para jugar as ações decorrentes das relações de
trabalho, inclusive com as Pessoas Jurídicas de Direito Público seja externo ou
interno, da administração direta ou indireta.
A conceituação de empregado celetista deu margem para atribuir semelhança
entre eles e os servidores públicos, pelo fato de o servidor público deter as
quatro características essenciais destes empregados, sendo elas:
habitualidade, onerosidade, subordinação e pessoalidade. E, por esse motivo,
alguns juristas defendem que os servidores devem ser julgados na Justiça do
Trabalho.
Diferentemente dos servidores, os empregados públicos – aqueles que mesmo
tendo que serem aprovados em concursos públicos, mantém o regime celetista
com o Estado – são julgados na Justiça Laboral. O doutrinador Mauro Schiavi,
já citado, defende que não faz sentido os servidores serem julgados na Justiça
Comum e os empregados públicos na Justiça Trabalhista [38].
Diante de todo o exposto, conclui-se que a Justiça Trabalhista é competente
para apreciar demandas que envolvam direitos de todos os servidores públicos,
sejam eles estatutários, celetistas ou temporários.
Foram aduzidos inúmeros argumentos para demonstrarem tal competência.
Começando pelo texto constitucional, o art. 114 da CF/88 diz ser a Justiça do
Trabalho a competente para julgar ações decorrentes da relação de trabalho,
incluindo agentes dos entes de direito público externo ou interno, da
administração direta ou indireta. Se esta é competente para apreciar ações que
decorrem da relação de trabalho, logo, também é para julgar as ações
decorrentes da relação de emprego, que é uma espécie desta.
Relação de emprego é aquela em que o regime jurídico entre o contratante e o
contratado é o celetista. Portanto, não restam dúvidas de que as causas
envolvendo direitos do empregado público são de competência da Justiça
Especializada.
O servidor público ao desempenhar a sua função, exerce um trabalho em favor
do Estado. Assim, se ele está trabalhando em favor do Estado, logo, ele
mantém uma relação de trabalho com este.
Independentemente se o seu regime jurídico é regulado por um estatuto, nada
obsta o seu julgamento na Justiça do Trabalho, razão pela qual a Justiça
Laboral, de acordo com a Constituição Federal, é competente para apreciar
demandas que envolverem relações de trabalho, e não para apreciar
demandas decorrentes de vínculo de emprego. Tanto é verdade, que o
trabalhador autônomo – cuja relação com o tomador dos serviços seja de
pequena empreitada – pode ajuizar ação na Justiça do Trabalho com aplicação
das regras do Direito Civil.
Com base nisso, constata-se que o Direito Material não é o obstáculo para que
os servidores estatutários possam ingressar nesta Justiça. Deste modo, torna-
se difícil entender o motivo de os servidores públicos estatutários não poderem
ajuizar suas demandas na Justiça Trabalhista, com está aplicando as regras do
Direito Administrativo, quer seja, do estatuto.

Data vênia, não é correto argumentar no sentido de que os servidores devem


ser julgados na Justiça Comum, fundamentando que estes não têm relação de
trabalho com o Estado, mas, tão somente, uma relação jurídico-administrativa.
A questão é que a relação jurídico-administrativa é uma espécie da relação de
trabalho, assim como a relação de emprego e a relação de trabalho autônomo.
Por conseguinte, o servidor público estatutário possui sim uma relação de
trabalho com os entes de direito público.
Com a reforma do Poder Judiciário, através da EC n.º 45/04, ficou claro que a
Justiça do Trabalho não é só competente para receber demandas decorrentes
da relação de emprego – que se caracteriza pelo regime jurídico celetista –,
como também para julgar direitos dos empregados e servidores públicos.
Verifica-se que não há fundamentação ou justificativa escorreita para que os
empregados públicos ajuízem suas ações na Justiça Especial e os servidores
públicos na Justiça Comum. O vínculo celetista não é o fator determinante,
ocasião que já foi referida. A Justiça do Trabalho é competente para exercer a
jurisdição em todas as relações de trabalho, e não só nas relações de
emprego.
Salienta-se que a ressalva proposta no art. 114, inc. I, da CF não foi aprovada.
Esta ressalva excetuava os servidores estatutários da competência da Justiça
do Trabalho. Isto posto, tem-se que a interpretação restritiva não foi a vontade
do constituinte, pois, se assim fosse, ele aprovaria a referida exceção.
A reforma do Poder Judiciário, através da EC n.º 45/04, teve o objetivo, dentre
outros, de ampliar a competência da Justiça Trabalhista. Consequentemente, é
um tremendo retrocesso tornar esta Justiça incompetente para apreciar as
demandas dos servidores públicos estatutários. Afinal, ela não é a Justiça do
empregado ou desempregado, e sim, a Justiça do Trabalho.

REFERÊNCIAS

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__________. Manual de Direito Processual do Trabalho. 10. ed. de acordo com o novo CPC. – São Paulo: LTr, 2016.

3 - Os conflitos de competência suscitados entre os Tribunais Regionais do


Trabalho, ou entre Varas do Trabalho e Juízes de Direito sujeitos à jurisdição
de Tribunais Regionais diferentes, serão resolvidos pelo Superior Tribunal de
Justiça.
4- A competência territorial no processo do trabalho rege-se pelo art. 651 da
CLT, que estabelece que as demandas trabalhistas serão propostas no local da
prestação dos serviços.
5 - A diferença entre os ritos trabalhistas advém do seu valor da causa, visto
que a partir daí se dá o enquadramento — salvo disposição em contrário.

 Sumário: não deve ultrapassar 2 salários-mínimos;


 Sumaríssimo: acima de 2 não ultrapassando 40 salários-mínimos;
 Ordinário: acima de 40 salários-mínimos.
Contudo, o rito sumaríssimo não comporta as demandas que, mesmo com
valor da causa dentro de sua delimitação, figure como parte a Administração
Pública direta, autárquica e fundacional, e dessa forma seguirão pelo rito
ordinário.
Além das diferenças frente às audiências e testemunhas trazidas acima,
também é necessário destacar que apenas o rito ordinário permite a citação
por edital, sendo no rito sumário realizada por carta com aviso de recebimento.

Ainda, ao rito sumário não cabe recurso senão aquele fundado em matéria
constitucional, diferentemente do sumaríssimo e ordinário.

Quanto ao ordinário, por possuir um procedimento mais burocrático e


demorado, difere-se dos outros ritos por haver possibilidade de emenda
à petição inicial da reclamação trabalhista.

6 - As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em


audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser
convocado para atuar simultaneamente com o titular.” A audiência do rito
sumaríssimo tem como objetivo ser utilizada para conciliação, instrução e
julgamento entre as partes.

7 – Rito Sumaríssimo
O Rito Sumaríssimo está previsto no art. 852-A a 852-I da CLT e se aplica à
causa cujo valor supere dois e não ultrapasse 40 salários-mínimos vigente na
data do ajuizamento.

Este rito processual foi criado pela Lei nº 9.957/2000 com o objetivo de
simplificar o trâmite processual para as ações cujo valor da causa não
ultrapasse os 40 (quarenta) salários-mínimos.
8 – Rito Sumaríssimo
O Rito Sumaríssimo está previsto no art. 852-A a 852-I da CLT e se aplica à
causa cujo valor supere dois e não ultrapasse 40 salários-mínimos vigente na
data do ajuizamento.

Este rito processual foi criado pela Lei nº 9.957/2000 com o objetivo de
simplificar o trâmite processual para as ações cujo valor da causa não
ultrapasse os 40 (quarenta) salários-mínimos.
9 – A petição inicial do Processo do Trabalho em rito sumaríssimo é regida
pelos arts. 840, § 1.º e art. 852-B, da CLT, os quais exigem uma breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido com suas
especificações com indicação do valor correspondente.
10 – DA PRODUÇÃO DE PROVAS NO PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
Dispõe o artigo 852-H, da CLT que: Todas as provas serão produzidas na
audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente
inviável, porém, a produção de prova pericial em audiência, pelas suas
próprias características.
11 - Diferentemente do Processo Civil, em que a contestação deve ser
apresentada após a citação, conforme a nova CLT, a contestação trabalhista é
apresentada em data próxima ou na audiência. Ou seja, a data da audiência é
o prazo para contestação trabalhista.

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