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PROCESSO DO TRABALHO

dissídios, individuais ou coletivos, sobre relação de


ESPAÇO HISTÓRICO: trabalho.
  Inicialmente, o trabalho era tido como atribuição Contém princípios e normas, que são proposições
dos escravos e dos servos. genéricas, das quais derivam as demais normas, sendo
consideradas um ramo autônomo do Direito, com
Com a Revolução Industrial e a implementação tratamento especifico próprio. Mas também contém
das máquinas, surgiram novas condições de trabalho. instituições, que criam e aplicam o referido ramo do
Outrossim, tendo como elemento causador o Direito.
desemprego, que acarretou no aumento de mão de O Estado é o maior criador de normas processuais
obra e na diminuição dos salários. A partir desse trabalhistas. A Justiça do Trabalho é o órgão estatal do
momento, os operários passaram a reivindicar novas Poder Judiciário incumbido de aplicar as regras
condições de trabalhos e melhores salários, processuais trabalhistas. A DRT faz mesas-redondas
ocasionando greves como mecanismos de autodefesa, para mediar os conflitos coletivos do trabalho. Os
surgindo dessa forma, os conflitos coletivos sindicatos também são instituições que participam das
trabalhistas. negociações coletivas de trabalho, estabelecendo
condições de trabalho.
Com o decorrer dos conflitos, o Estado verificou
Os conflitos a serem resolvidos são tantos
que era necessário intervir nos conflitos trabalhistas,
individuais como coletivos, ou seja, não só os conflitos
pois com a paralisação do trabalho arrecadava menos
envolvendo interesses de pessoas determinadas, como
impostos, e também, geravam conturbações sociais,
de empregado e empregador, mas também
prejudicando a ordem interna. Desse modo, o Estado
solucionam conflitos coletivos, como entre sindicatos,
adotou algumas formas para a resolução dos conflitos
em caso de greve, ou entre empresa e sindicato de
entre empregados e empregadores, que foram:
empregados, na hipótese de a greve atingir apenas
1. Num primeiro momento, o Estado ordenava às uma empresa e não a categoria.
partes que chegassem a um acordo sobre a Trabalhadores são os empregados de empresas,
volta ao trabalho mediante CONCILIAÇÃO os empregados públicos, os pequenos empreiteiros,
OBRIGATÓRIA (não produziu nos resultados operários ou artífices, os trabalhadores avulsos e
desejados). temporários. Os empregadores são as pessoas físicas
ou jurídicas, que, assumindo os riscos de suas
2. Passou-se, então, à fase de MEDIAÇÃO, em atividades, admitem, dirigem e assalariam os obreiros
que o Estado designava um seu representante (art. 2º da CLT) a seu serviço.
para participar das negociações como
mediador.

3. Posteriormente, o Estado, em vez de designar


JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA:
1. COMPETÊNCIA FUNCIONAL (Art. 111, CF):
um mediador, passou a indicar um ÁRBITRO
a) Tribunal Superior do Trabalho: compõe-se
PARA JULGAR A CONTROVÉRSIA EXISTENTE
de vinte e sete Ministros, escolhidos
ENTRE AS PARTES.
dentre brasileiros com mais de trinta e
cinco e menos de setenta anos de idade,
Nasce assim, o Direito Processual do Trabalho,
de notável saber jurídico e reputação
como forma de solucionar os conflitos trabalhistas.
ilibada, nomeados pelo Presidente da
República após aprovação pela maioria
absoluta do Senado Federal. 1/5 de seu
CONCEITO: corpo de magistrados é integrado por
Direito Processual do Trabalho é o conjunto de advogados e membros do Ministério
princípios, regras e instituições destinado a regular a Público do Trabalho com mais de 10 anos
atividade dos órgãos jurisdicionais na solução dos de efetiva atividade profissional ou
exercício naquele órgão, os demais
ministros incluem magistrados de carreira.
PROCESSO DO TRABALHO
O TST ainda conta com quatro regime de juízo monocrático. Ele ocupa o
Comissões Permanentes: cargo mediante concurso público, com
mais de 18 anos, bacharel em direito com
Comissão Permanente de Documentação;
3 anos de prática jurídica, e exerce seu
Comissão Permanente de Regimento
poder sobre determinada territorialidade,
Interno;
fator que leva ao respeito do princípio do
Comissão permanente de Jurisprudência e
juiz natural. A competência funcional das
Precedentes Normativos;
Varas do Trabalho está prevista na CLT,
e Comissão de acessibilidade e inclusão.

o TST atua através de seus órgãos:

Tribunal Pleno;
Órgão especial;
Seção Especializada em Dissídios
Coletivos;
Oito turmas;
e Seção Especializada em Dissídios
Individuais, dividida em Subseção I e
Subseção II.

b) Tribunais regionais do trabalho:


correspondem ao 2º grau da jurisdição
trabalhista e são compostos por 7 nos artigos 652 e 653.
Desembargadores do Trabalho, com
idade entre 30 e 65 anos. 1/5 do corpo 2. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR (Art. 651, CLT):
será composto de membros, do Ministério
Público, com mais de dez anos de carreira, a) Regra geral: Local da prestação do serviço.
e de advogados de notório saber jurídico i)
com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional.
FONTES:
c) o território brasileiro é divido em As fontes formais do Direito Processual do
24 Regiões, contendo um Tribunal Trabalho são as mesmas do Direito em geral, isto é, a
Regional do Trabalho em cada uma delas. lei em sentido genérico (atos normativos e atos
d) O número de desembargadores administrativos) e os costumes como fontes diretas, e
varia em função do volume de processos a doutrina e a jurisprudência como fontes indiretas.
submetidos ao Tribunal, podendo ser
distribuídos ou não em Turmas. Tendo em vista o caráter público do Direito
e) Compete aos TRT’S julgar os Processual do Trabalho, a lei é a sua principal fonte. A
recursos das decisões das Varas do Constituição Federal está no topo das fontes DIRETAS
Trabalho e, originariamente, as ações e contém normas e princípios gerais do processo,
rescisórias, dissídios coletivos, mandados além de normas específicas do processo do trabalho
de segurança, cautelares e demais ações (arts. 111 a 116, CF).
previstas em lei e no seu Regimento É na Constituição que está estabelecida a
Interno. competência da Justiça do Trabalho (art. 114). Os
f) juízes do trabalho também gozam das garantias
g) Juízes do Trabalho: previstas no art. 95 da Norma Ápice.
h) Os Juízes do Trabalho atuam nas Varas do
Trabalho e formam a 1ª instância da No âmbito infraconstitucional, existem as leis que
Justiça do Trabalho. o que caracteriza o tratam do processo do trabalho, como, por exemplo:
PROCESSO DO TRABALHO
(a) a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)

(b) a Lei n. 5.584/70; que regula a assistência


judiciária na Justiça do Trabalho
PRINCÍPIOS:
O Direito Processual do Trabalho é regido por
(c) o Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/2015 Princípios Constitucionais do Processo, bem como por
(d) a Lei n. 6.830/80; Princípios do Direito Processual Civil.
(e) a Lei n. 7.701/88, que versa sobre competência Além disso, é inegável que o Processo Laboral
recursal do TST possui princípios peculiares, típicos, caracterizando a
sua autonomia.
O CPC é aplicável subsidiariamente ao processo
do trabalho na omissão da CLT e desde que haja  PRINCÍPIO DA INÉRCIA OU DISPOSITIVO:
compatibilidade com as normas da CLT (art. 769 da Determina que o processo inicia por
CLT) e no art. 15 do Código de Processo Civil. manifestação da parte, ou seja, para que o
Subsidiariedade não é princípio, mas técnica de Poder Judiciário atue é necessário o pedido da
integração da norma. parte. O Juiz não pode começar um processo
Integram também as fontes diretas do Direito por vontade própria, ele deve permanecer
Processual do Trabalho: inerte.

(a) a Lei da Ação Civil Pública (Lei n. 7.347/85);  PRINCÍPIO INQUISITIVO OU DO IMPULSO
(b) a parte processual do Código de Defesa do OFICIAL: Está relacionado à atuação de ofício
Consumidor (Lei n. 8.078/90); do Juiz e refere ao decorrer do processo e
significa que o magistrado tem o poder de
(c) o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. impulsioná-lo para que prossiga.
8.069/90);  PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO: Por meio deste
(d) a Lei de Proteção à Pessoa Portadora de princípio aplica-se o in dubio pro operario,
Deficiência (Lei n. 7.853/89) e o Estatuto da Pessoa que objetiva proteger a parte considerada
com Deficiência (Lei n. 13.146/2015)15. mais frágil na relação jurídica, ou seja, o
empregado.
Os costumes, a doutrina e a jurisprudência
também desempenham um papel importante no
Direito Processual do Trabalho, pois “não raros são os  PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO: a busca
problemas que surgem no curso dos processos que não constante pela conciliação, escolhida como a
encontram solução direta na lei, mas que o juiz tem mais adequada para a solução célere dos
que resolver. Daí o recurso obrigatório aos costumes conflitos. Existem dois momentos em que ela é
judiciais, à doutrina e à jurisprudência para fixação dos obrigatória: no início, antes do recebimento da
conceitos básicos do direito processual”. defesa (art. 846, CLT) e após as razões finais
(art. 850, CLT), sob pena de nulidade.
Especificamente em relação à jurisprudência, as
Súmulas e as Orientações Jurisprudenciais do Tribunal  PRINCÍPIO DA CELERIDADE: Deve haver
Superior do Trabalho são de grande relevância na simplificação do procedimento, para que o
interpretação do Direito Processual do Trabalho. processo seja o mais célere possível.
Vale lembrar: A Constituição é hierarquicamente
superior às demais normas, pois o processo de  PRINCÍPIO DA ULTRA PETITA OU DA
validade destas é regulado pela primeira. Abaixo da EXTRAPOLAÇÃO: diz respeito à
Constituição estão os demais preceitos legais, cada possibilidade de o juiz conceder mais do
qual com campos diversos: leis complementares, leis que foi pedido ou algo diferente do que foi
ordinárias, decretos-leis (nos períodos em que solicitado; A CLT não faz previsão explícita
existiram), medidas provisórias, leis delegadas, acerca da possibilidade do julgamento
decretos legislativos e resoluções.
PROCESSO DO TRABALHO
extra ou ultra petita em qualquer matéria.
Mas, em casos específicos, a legislação
trabalhista autoriza o magistrado a
condenar além ou fora do pedido.

 PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE
IMEDIATA DAS DECISÕES
INTERLOCUTÓRIAS: este princípio impede
que as partes insatisfeitas recorram
imediatamente; contra as decisões
interlocutórias são cabíveis recursos, mas a
parte prejudicada deve aguardar a decisão
final para dela recorrer.

 PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI: encontra-


se previsto no art. 791 da CLT, que prevê a
possibilidade de as partes ajuizarem e
acompanharem suas ações na Justiça do
Trabalho sem a necessidade de advogado.
Mas, existem algumas restrições, como as
previstas pela Súmula 425, do TST, que
determinam ser o advogado indispensável,
como no mandado de segurança, ação
rescisória, ação cautelar e recursos dirigidos ao
TST.

 PRINCÍPIO DA ORALIDADE: O processo


trabalhista é essencialmente oral, esse
princípio é acentuado tendo em vista a
concentração dos atos processuais em
audiência, com uma maior interatividade
entre juiz e partes.

 PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: Tal


princípio encontra-se previsto no art. 769
da CLT, onde extrai-se que nos casos em
que a lei trabalhista for omissa é possível
aplicar normativas de outras leis
processuais, como os códigos de processo
civil e penal.

 PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE: os atos


processuais trabalhistas, a priori, não
dependem de forma rígida para a sua
produção, podendo a defesa ser oral e os
recursos por simples peticionamento.

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