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PRINCÍPIOS DO DIREITO

DO TRABALHO

HEIDER DE PAULA RODRIGUES DA SILVA


PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

• Os princípios do Direito do Trabalho são importantes


componentes do sistema jurídico, pois ajudam decisivamente
na formação e interpretação das normas jurídicas. Além
disso, são diretrizes e postulados que inspiram o sentido das
normas trabalhistas e regulamentam as relações de trabalho.
Os princípios têm algumas funções, dentre elas:
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

• Função Normativa: os princípios integram o ordenamento jurídico, ou seja, são fontes


supletivas, que atuam quando há lacunas ou omissões na lei (art. 4º LINDB/art. 8º CLT)
• Art. 4º, LINDB. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
• Art. 8º, CLT. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de
disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por
analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente
do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito
comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular
prevaleça sobre o interesse público.
• Função Informadora: são fontes de inspiração ao legislador e de fundamento para
novas disposições normativas.
• Função Interpretativa: os princípios servem como orientadores aos intérpretes e
aplicadores das normas, quanto ao seu real alcance e sentido.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

• A Constituição de 1988 não enumerou expressamente os princípios de


Direito do Trabalho, entretanto, é inquestionável a presença de princípios
no texto constitucional que se aplicam ao Direito do Trabalho. São eles: a
soberania, a cidadania, a dignidade humana, os valores sociais do trabalho
e a livre iniciativa.
• O princípio da Dignidade Humana é a própria base dos Direitos
Fundamentais, dentre os quais estão os de ordem trabalhista, e é por isso
que existe o princípio do valor social do trabalho. De forma semelhante, o
art. 3° da Constituição Federal entende que o Estado tem como objetivo:
• Art. 3º. [...] construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o
desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos (...).
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

• Além disso, a ordem econômica brasileira é fundada na valoração do trabalho e


tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social (art. 170 da Constituição Federal), em que é observado, dentre
outros princípios, o da função social da propriedade, da defesa do meio
ambiente, da redução das desigualdades e da busca pelo pleno emprego.
• O art. 5º, XIII, da Constituição, trata do princípio da liberdade de trabalho.
O art. 6º, por sua vez, assegura o direito ao trabalho como direito social, de
ordem fundamental. O art. 7º ressalta direitos que visam à melhoria da
condição social dos trabalhadores, pelo princípio de e ainda pelo princípio da
igualdade de tratamento.
• Além disso, o princípio da igualdade é o que fundamenta o princípio da isonomia
salarial, da não discriminação (no caso a salarial), da irredutibilidade salarial,
dentre muitos outros princípios próprios ao Direito do Trabalho.
Quais são os princípios do direito do trabalho?
• Como todas as áreas do direito, o direito do trabalho é norteado por princípios que definem a ótica
que o aplicador do direito deve aplicar sobre as normas e regras aplicáveis dentro do direito do
trabalho.

• Esses princípios, portanto, são muito importantes para a efetiva aplicação das regras expostas na CLT
nas relações jurídicas trabalhistas, pois o juiz deve analisar o caso concreto a partir desses
princípios.

• No caso da CLT, a aplicação dos princípios está exposta dentro do próprio documento, no artigo 8º:

• “Art. 8º – As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou


contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros
princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com
os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou
particular prevaleça sobre o interesse público”.
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO

• O princípio da proteção é o princípio mais importante do direito do trabalho, tanto é que os


demais princípios são baseados e levam em consideração este primeiro.

• Em outros âmbitos do direito, existe a preocupação em manter as partes juridicamente


envolvidas em pé de igualdade. No direito do trabalho, entretanto, há uma necessidade de dar
proteção preferencial ao trabalhador, que é a parte hipossuficiente numa relação jurídica
trabalhista.

• Entre o empregado e o trabalhador, o risco da relação contratual de trabalho sempre é maior


para o empregado, que geralmente depende daquela renda para a sua subsistência, enquanto o
empregador paga o empregado pela sua força de trabalho e habilidades na área.

• Assim, o princípio da proteção indica que, numa disputa judicial, a norma mais favorável deve
ser aplicada ao trabalhador e que, quando há dúvida na aplicação de uma norma ou de uma
decisão, o resultado deve compensar o trabalhador.
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

• Esse princípio, firmado pela súmula 212 do Tribunal Superior do Trabalho


(TST), define que o contrato de trabalho, por via de regra, tem prazo
indeterminado de validade, exceto nos casos de contrato com prazo
definido.

• Esse princípio aponta que, caso um contrato seja terminado ou rompido


por não prestação do serviço contratado, é tarefa do contratante provar o
motivo do término do contrato, pois o princípio da continuidade é
favorável ao trabalhador.
PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE

• O princípio da primazia da realidade aponta que os fatos devem ser julgados


mais importantes e relevantes para o caso concreto do que documentos ou
contratos.

• Por exemplo: se uma pessoa foi contratada como recepcionista de uma empresa,
porém realiza funções financeiras e administrativas e consegue prova-las por
meio de testemunhas e outras provas, valerá, naquele caso concreto, o que
puder ser provado a partir dos fatos, não o que está disposto no contrato.

• Esse princípio pode ser benéfico tanto para o trabalhador quanto para o
empregador, uma vez que ambas as partes podem apresentar outros tipos de
provas para mostrar como os fatos ocorriam na relação trabalhista.
PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL

• O Princípio da Intangibilidade Salarial é o conjunto de garantias jurídicas que


determina a periodicidade do salário, resguarda a questão do piso salarial,
protege o salário contra mudanças contratuais prejudiciais ao empregado, além
de impedir a aplicação de descontos indevidos e redução salarial.

• Sua importância é proteger o trabalhador, porque o salário supre as necessidades


básicas do ser humano: moradia, alimentação, saúde, transporte, educação,
etc.

• A relevância jurídica desse princípio é que ter o salário não apenas custeia os
elementos citados anteriormente, mas também ajudam na construção da
dignidade pessoal.
PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL
LESIVA

• O princípio da inalterabilidade contratual lesiva é similar ao da intangibilidade


salarial, mas define que não se pode estipular um contrato de trabalho cujas
cláusulas prejudiquem o trabalhador ou seus direitos.

• Esse princípio está disposto em alguns artigos da Consolidação das Leis do


Trabalho, como o artigo 468, por exemplo, que não permite que mudanças
contratuais que possam prejudicar o trabalho sejam feitas:

• “Art. 468 – Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das


respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de
nulidade da cláusula infringente desta garantia”.
PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE DE
DIREITOS

• Este último princípio define que os trabalhadores não podem abdicar de seus
direitos, independente se o fizerem por coação do empregador ou por vontade
própria.

• Esse princípio tem como objetivo preservar os direitos do trabalhador e dar força
efetiva às normas e leis dispostas na Consolidação das Leis do Trabalho, fazendo
com que tanto a sociedade quanto o Poder Judiciário sejam obrigados a cumprir
as normas aplicáveis.

• Dessa forma, mesmo que um trabalhador assine um contrato que indique que
algum direito dele não será contemplado, o contrato apresentará um vício e,
pelo princípio da inalterabilidade e da proteção, aquela cláusula não será válida.

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