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RELAÇÕES CREDITICÍAS

1- A ORIGEM DESSAS RELAÇÕES:


Os indícios dos primeiros contratos remetem à história da Mesopotâmia, na
época de Hamurabi, a mais de 4 mil anos atrás.No momento de codificar suas leis,
a sociedade mesopotâmica registrou em pedras algumas disposições comerciais e
contratuais, regulamentando, inclusive, questões como a forma de execução, preço
e juros.
Entretanto, a definição de contrato como conhecemos hoje está formalmente
ligada ao Império Romano e suas leis.No período Justiniano (530 a 565 D.C),
foram compiladas quatro obras legislativas: Institutas; Digesto (ou Pandectas); o
Código; e Novelas.Nestes registros, encontram-se diversos regimentos contratuais.
Em Institutas, por exemplo, as obrigações eram definidas como um vínculo entre
duas pessoas, sendo que uma parte poderia obrigar a outra a liquidar a prestação.
Além disso, as obrigações poderiam surgir a partir de contratos ou de delitos.
Alguns contratos, como o de venda, locação e mandato, já existiam desde a época
do Direito Romano Clássico; mas, com as codificações de Justiniano, passou-se a
valorizar o elemento subjetivo (vontade das partes), em detrimento à formalidade
excessiva.
Assim, reconheceu-se o livre-arbítrio contratual das partes, e novos acordos
inominados começaram a produzir efeitos.
Com o tempo, não somente o Império Romano, como também outras sociedades
pelo mundo, evoluíram seus códigos legais, até alcançarmos as normas contratuais
que temos hoje.
Percebemos que no Brasil, durante o período colonial, teve o início os primeiros
contratos e as práticas creditícias, onde foram fundamentais para fazer circular
mercadorias, fomentar o setor de serviços durante o período colonial e permitir a
ascensão de certos grupos sociais.
A nosso ver, as práticas creditícias não foram soluções típicas de uma “economia
natural”, encontrada pelos indivíduos em um contexto de baixa circulação
monetária – como argumentariam autores como Ruggiero Roma.
Ao contrário, elas foram estratégias construídas pelos agentes históricos em um
contexto de crescente mercantilização, ocasionada pela grande oferta de ouro.
Nessa perspectiva, poderíamos afirmar que a recorrência e abrangência das
práticas creditícias nas minas setecentistas fazem parte de uma cadeia de novos
efeitos gerados pela produção mineral, conforme sugeriu Carlos Sempat
Assadourian para o caso da América hispânica.
Assim, ao contrário do que se pensou durante muito tempo, a economia colonial
nem sempre foi marcada por uma baixa monetização – embora pudesse haver com
certa freqüência a falta de dinheiro sonante, como moedas de ouro, de prata e de
cobre. Levando em conta não apenas os agregados macroeconômicos, mas
também a microescala, “à qual se revelam os comportamentos monetários e sua
incrustação social”, não nos restam dúvidas de que bilhetes, letras, recibos e
créditos tenham representados importantes instrumentos monetários na economia
setecentista.
Afinal, como já admitia Bluteau, em seu dicionário escrito no início do século XVIII,
“a moeda foi inventada para suprir a falta de comutação” e “não é sempre da
essência da moeda, que [esta] seja composta de matéria metálica”.
No Brasil; elas estarão e serão previstas, em sua maioria, no Código Civil. Em
específico sobre a lei da relação de contratos que se encontra no
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do
contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da
intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. (Incluído pela Lei
nº 13.874, de 2019)
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos
até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa
presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido
também que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a
interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de
resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada.
(Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

Como visto, até mesmo as sociedades mais antigas sentiram necessidade de se


organizar e dispor sobre a formalização dos acordos de vontade das partes.
Isso acontece porque, por meio do contrato, é possível levar maior segurança e
tranquilidade aos envolvidos, pois serve como “garantia” para que as obrigações
nele contidas sejam cumpridas.
Entretanto, no Brasil, ainda se vislumbra um certo receio na hora de realizar um
contrato, seja por desconfiança, por considerá-lo desnecessário ou, até mesmo,
burocrático.
Por conta disso, o advogado, quando consultado, deve saber quebrar tais
objeções, pontuando todos os benefícios que a realização de um contrato pode
trazer.
O mesmo se aplica aos responsáveis pela gestão de contratos ou pelo
departamento jurídico da empresa: estes devem sempre ressaltar e favorecer a
realização de contratos entre fornecedores e clientes, como forma de garantir
segurança para as partes.
Os contratos empresariais, também chamados de contratos corporativos ou
contratos entre empresas, são instrumentos jurídicos inseridos no contexto
corporativo, envolvendo obrigações pactuadas reciprocamente entre pessoas
jurídicas.
Esse tipo de documento não possui uma normatização própria, mas, por tratar de
negócios jurídicos no âmbito corporativo e possuírem peculiaridades, precisam de
um tratamento especial, seja na sua negociação ou na sua formalização.
O objetivo dos contratos empresariais, ou contratos corporativos, é garantir a
segurança jurídica das partes, uma vez que, por meio de um contrato, são
elencados todos os elementos do negócio pactuado, desde o objeto, as
obrigações, os valores devidos, até às hipóteses de rescisão ou suspensão,
penalidades, entre outras.
Os contratos nada mais são do que um acordo de vontades que visa criar,
modificar ou extinguir algum direito.
O contrato é um instrumento jurídico importante, que atua como garantidor de
direitos e obrigações das partes envolvidas.
Como observado, sua realização e formalização traz inúmeros benefícios,
facilitando o seu cumprimento e sua eventual execução judicial.
Desta forma, cabe ao advogado e ao gestor de contratos observar os requisitos
essenciais, os princípios e a modalidade contratual, visando tornar o documento
válido, legal e revestido de segurança jurídica.
O contrato é um instrumento em que, além dos requisitos legais, devem ser
definidos os direitos e as obrigações que vincularão as partes.

2- DIREITOS E OBRIGAÇÕES NESSAS RELAÇÕES CONTRATUAIS:


O contrato é um instrumento em que, além dos requisitos legais, devem ser
definidos os direitos e as obrigações que vincularão as partes. A partir disso, é
possível saber exatamente o que cada parte deve realizar no cumprimento do
contrato – e isso também facilita na hora de cobrar ou executar judicialmente o
instrumento, em caso de descumprimento.
Com a previsão escrita e clara das obrigações contratuais, tem-se o benefício
da previsibilidade, pois as partes sabem exatamente o que precisa ser feito e o que
podem esperar em retorno.
Muitas pessoas, seja por desconfiança ou por tradição, confiam no cumprimento de
um contrato através da palavra oral, não realizando-o por escrito.
Esse tipo de situação não traz nenhuma garantia ou segurança jurídica às
partes, pois, em caso de descumprimento, não há como se provar a realização do
contrato ou quais obrigações haviam sido definidas para cada parte.
Com um contrato escrito, confeccionado dentro das especificações legais e
assinado pelos envolvidos, as partes não somente compreendem os direitos e
obrigações de cada uma, como também passam a ter uma garantia e uma
segurança jurídica sobre o que foi pactuado.
Isso quer dizer que o gestor de contratos, ao se deparar com um
descumprimento contratual, pode exigir exatamente o que está em atraso,
utilizando-se de notificações extrajudiciais ou ações judiciais.
Além disso, um contrato corretamente redigido pode colaborar no compliance da
empresa. O compliance é uma estratégia jurídica que busca, por meio de planos de
adequação e políticas internas, aumentar a conformidade legal da organização e
melhorar a governança como um todo.

REFERÊNCIAS:
CÓDIGO HAMURABI, sec. XVIII a.C.: http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/hamurabi.htm
DUARTE, Melina, junho de 2009 - A Lei de Talião e o princípio de igualdade entre crime e punição na Filosofia
do Direito de Hegel
ALVES, José Carlos Moreira, Direito Romano, Forense, 6.ed., 1987.
ARRUDA, José Jobson de Andrade. O Brasil no comércio colonial, 1796-1808: contribuição ao estudo
quantitativo da economia colonial. Tese (Doutorado em História) - Universidade de São Paulo. São Paulo,
1972.
ESPÍRITO SANTO, Cláudia Coimbra do. Crédito no mundo colonial: religião, costume e economia nas
capitanias de Minas Gerais e do Maranhão - século XVIII. Revista História e Economia, São Paulo, v. 5, n. 1,
p.33-48, 2009.
LEVI, Maria Bárbara. História financeira do Brasil colonial Rio de Janeiro: IBMEC, 1979.
GUIMARÃES, Affonso Paulo, Noções de Direito Romano, Porto Alegre: Síntese, 1999..
SOUZA, Elizabeth Santos de. O mercado de crédito na Corte joanina: experiências das relações sociais de
empréstimos (c. 1808-1821). Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 2019.

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