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P R O F E S S O R M A R C O A U R É L I O B O R T O L I N

UNIARA - Curso de Direito – 3ª Série – “Disciplina de Direito Civil – Contratos I”.

Períodos Diurno e Noturno: Prof. Marco Aurélio Bortolin


Aulas 5 e 6 (sinopse): I – Classificação dos contratos proposta: importância prática e sistemática adotada. II. Contrato
individualmente considerado. Critérios desse primeiro prisma de análise. 1. Classificação dos contratos em razão da sua
disciplina jurídica geral. 2. Classificação dos contratos em razão dos aspectos estruturais da carga obrigacional
estabelecida. 3. Classificação dos contratos em razão da forma. 4. Classificação dos contratos em razão de tipicidade e
nomenclatura. 5. Classificação dos contratos em razão da pessoa dos contratantes. 6. Classificação dos contratos em
razão do tempo de sua execução. III. Contrato em sua relação possível com outro contrato. Critérios desse segundo
prisma de análise. 1. Relação de subordinação. 2. Relação de preparação. 3. Distinções necessárias para contratos
atípicos (mistos e coligados).

I. Classificação dos Contratos.

1. Importância prática e sistemática adotada. Tradicionalmente, no


estudo do contrato se incorpora a análise da classificação, com o apontamento de critérios que
permitam ao intérprete relacionar um determinado negócio e o seu correlato tratamento jurídico,
aproximando ou não espécies contratuais, o que possibilita uma antevisão dos reflexos jurídicos
comuns que certos contratos irão despertar na norma civil. Tal sistemática de estudo e conhecimento
remonta ao Direito Romano1, em parte com o mesmo sentido que ainda estudamos nos tempos atuais,
ou seja, para sua melhor sistematização, aproximando espécies contratuais que recebem tratamento
jurídico parecido ou similar, e em parte para distinguir-lhes efeitos, pois os contratos típicos geravam
ação correspondente, ao passo que outros pactos e convenções atípicas não guardavam ação correlata.

Para tanto, cito:

“[...] Através da classificação dos contratos, visa-se o agrupamento das espécies em


várias ordens, conforme se aproximam ou se afastam, em seu objeto, uma das outras. A finalidade é a especificação das
semelhanças e dessemelhanças, de maneira a facilitar a compreensão de seu estudo. No direito romano, a classificação
obedeceu mais a fatores formais. Destacam-se os contratos consensuais, reais, verbais e literais – obligationes, quae
sunt ex contractu, aut consensu contrahuntur, aut re aut verbis, aut litteris. Os consensuais resultavam de mútuo acordo
das partes, ou do mero consenso, como a venda, a locação, a sociedade e o mandato. Os reais, formados pela entrega
de uma coisa, tinham, como exemplos, o mútuo, o comodato, o depósito e o penhor. Os verbais seguiam formas solenes
para a sua constituição, ou seja, dependiam do pronunciamento de certas palavras. Conheciam-se a promessa de dote

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Institutas de Gaio – Século II D.C.

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(doti dictio), a promessa de serviço feita e jurada pelo liberto (jurata operarum promissio liberti) e a estipulação (stipulatio),
espécie que ainda sobrevive. Os literais eram formalizados através da escrita, ou escritura, e do consentimento, como
mútuo e a promessa de dote. Observa Serpa Lopes: “A essas categorias acresceram os intérpretes do direito romano
uma outra – a dos contratos inominados – ao lado dos nominados, onde passaram a categorizar-se o comodato, o
depósito, o penhor e o mútuo. Os contratos inominados, portanto, eram relações jurídicas estabelecidas pelo só
consentimento e delas não resultava ação alguma para o credor, ao qual cabia apenas a actio repetitio indebitum, ou a
ação de dolo, quando a parte recusava a contraprestação. É uma categoria ainda utilizada pelos juristas modernos, que
nela incluem todos aqueles contratos não previstos expressamente em lei, por não encontrarem acolhimento adequado
nas categorias legais, enquanto na classe dos nominados incluem os contratos perfeitamente ajustáveis aos tipos legais,
como a compra e venda e o mandato”. Admitiam-se, igualmente, outras espécies de convenções, como os “pactos”, que
não tinham força obrigatória, distinguindo-se, assim, dos contratos propriamente ditos. Após algum tempo, receberam
alguma tutela ou dos pretores, ou das Constituições imperiais. Dentre eles, havia os que eram adjetos de outro contrato.
Denominavam-se pacta praetoria, pacta legitima e pacta adjeta. A distinção entre “pactos” e “contratos” perdeu o sentido
com o tempo” (RIZZARDO, Arnaldo. Contratos, 17ª edição. Forense, 01/2018. VitalBook file, p. 63/64).

Em regra, tal como se dá com o estudo dos bens na Parte Geral, as obras
de doutrina alinham critérios de classificação e é extremamente comum localizarmos com maior ou
menor identidade diversos critérios de classificação para o estudo do contrato. Em nosso curso
optamos por adotar a sistemática proposta pelos autores Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona
Filho2, com uma interessante divisão dos diversos critérios em em dois grandes grupos distintos,
sendo o primeiro a reunir critérios que são extraídos do contrato em “si mesmo considerado”, ou seja,
em sua essência como negócio jurídico analisado isoladamente, e o segundo grupo a reunir critérios
extraídos de possíveis relações jurídicas entre contratos distintos, com acréscimos de outros autores.

Portanto, vamos iniciar nosso estudo informados pela Doutrina citada


em razão de sua destacada importância pedagógica. Em outras palavras, queremos realçar, por
exemplo, que a estrutura de um contrato de compra e venda é distinta da estrutura de um contrato de
doação, e não estamos falando apenas que se tratam de negócios jurídicos distintos. A intenção é
pensarmos na estrutura dos mais diversos contratos a partir dos critérios de classificação.

Começaremos por analisar critérios que recaem sobre o próprio


contrato, sobre sua essência, e daí são extraídas distinções possíveis que mais tarde caracterizarão os
contratos em espécie, permitindo o estudo seguro de um contrato específico. Várias são as
classificações definidas pela doutrina tendo como foco a essência, a estrutura dos contratos.

2
Novo Curso de Direito Civil – Contratos: Teoria Geral – v.4 t.I. Saraiva: São Paulo, 12ª ed., 2016, p. 157.

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Vamos a eles.

II. Contrato individualmente considerado. Critérios desse primeiro prisma de análise.

1. Classificação dos contratos em razão da sua disciplina jurídica


geral. Há, obviamente, negócios jurídicos contratuais além do direito privado, que seguem
tratamento jurídico de fontes próprias do ramo jurídico a que pertençam, como o contrato
administrativo ou o contrato de trabalho. Nosso interesse, contudo, está voltado para os contratos
regulados pelo direito dos particulares, ou seja, pelo Direito Civil.

Neste, ademais, será possível notar uma clara divisão entre os contratos
individuais e particulares que nos interessam, vale repetir, e os contratos empresariais e bancários
(estudados antes pelo que convencionamos tratar no Brasil de Direito Comercial) e que atualmente
são regulados pelo Direito Empresarial através do regime jurídico que lhe deu o atual Código Civil,
e em pequena porção, pelo antigo Código Comercial de 1850 na parte que lhe restou vigente depois
do advento do Código Civil de 2002, qual seja, o comércio marítimo.

Nesse mesmo sentido, cito:


[...] “A tendência moderna é a unificação do direito privado. Desse modo, diminui a
importância de saber se um contrato é utilizado no Direito Civil ou no Direito Comercial. Entre nós, ainda persiste em vigor
o velho Código Comercial no tocante ao direito marítimo, revogado que foi o restante pelo atual Código Civil. No sistema
anterior, havia disposições do contrato de compra e venda mercantil e do contrato de compra e venda civil, portanto.
Embora seja essa a nova sistemática, existem contratos que são tipicamente de direito mercantil, melhor dizendo, de
direito empresarial, enquanto outros são de direito civil. O critério mais seguro, embora não absoluto, para distingui-los é
por meio do exame das partes, ou ao menos de uma das partes que os integra. Quando ao menos uma das partes é
comerciante ou empresa, o contrato pertence ao direito comercial, hoje mais propriamente denominado direito
empresarial. A distinção era importante mormente quando havia normas diversas a serem aplicadas a um contrato
regulado, tanto num como noutro compartimento do Direito. As regras de interpretação também diferiam nesses dois
campos. A questão perde importância atualmente, pois as normas do velho direito mercantil foram absorvidas pelo atual
Código Civil. O direito mercantil ou empresarial, por sua necessidade de dinamismo, procura simplificar as formas
tradicionais do direito civil. O novo direito comercial ou direito empresarial renova-se muito mais rapidamente, procurando
maior flexibilidade nos negócios, embora a base das obrigações seja sempre a do tradicional direito civil. Os contratos
empresariais, incluindo-se por extensão os contratos de direito bancário e financeiro, por essa razão, por vezes fogem
dos princípios tradicionais” (VENOSA, Sílvio Salvo. Direito Civil - Vol. 3 - Contratos, 18ª edição. Atlas, 12/2017.
VitalBook file, p. 75).

2. Classificação dos contratos em razão dos aspectos estruturais da

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carga obrigacional estabelecida. Como sabemos o contrato é um negócio jurídico, e como tal,
podemos afirmar que o contrato é, em sua formação, resultado das vontades inicialmente antagônicas
dos celebrantes.

Portanto, em sua formação, todo contrato é um negócio jurídico


bilateral. Repetimos, em sua formação, o contrato é negócio bilateral, e mesmo quando celebrado
pelas mãos de uma só pessoa, deverá esta agir em representação de uma ou mais partes contratantes,
de sorte que o contrato represente a vontade de mais de um celebrante (hipótese de autocontrato
aparente, em que há duas ou mais vontades de celebração, e que por representação, são materializadas
ocasionalmente por uma só pessoa).

No mesmo sentido, mas aprofundando seu alcance, destaca com enorme


brilho Flávio Tartuce:
“Na civilística nacional, porém, ainda prevalece o conceito tradicional ou clássico de
contrato, anteriormente exposto. Buscando a estrutura contratual, Maria Helena Diniz aponta dois elementos essenciais
para a formação do instituto: um estrutural, constituído pela alteridade presente no conceito de negócio jurídico; e outro
funcional, formado pela composição de interesses contrapostos mas harmonizáveis (Tratado..., 2002, p. 8-12). Vale
lembrar que a alteridade constitui-se pela presença de pelo menos duas pessoas quando da constituição do contrato.
Justamente pela existência desses dois elementos é que seria vedada a autocontratação, ou celebração de um contrato
consigo mesmo. [...] Para ilustrar, imagine um caso em que A outorga poderes para B vender um imóvel, com a
autorização para que o último venda o bem para si mesmo. Celebrado esse negócio haveria uma autocontratação, pelo
menos aparentemente. Mas é interessante perceber que a alteridade continua presente, na outorga de poderes para que
o segundo negócio seja celebrado. Desse modo, o presente autor entende que não há uma autocontratação perfeita, sem
alteridade, na figura referenciada no art. 117 do CC. O elemento destacado, a presença de duas pessoas, continua sendo
essencial para a validade de todo e qualquer contrato” (TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 3 - Teoria Geral dos
Contratos em Espécie, 11ª edição. Forense, 12/2015. VitalBook file).

Assim, após centrarmos nosso estudo em contratos de direito privado


sob a ótica do indivíduo, excluído portanto o campo do direito empresarial e seus contratos afins,
passaremos ao estudo da classificação dos contratos pelo critério mais importante sob o ponto de vista
prático, e que tem por finalidade observar as variáveis em torno da carga obrigacional do contrato
ajustada entre os seus celebrantes sob quatro ângulos de análise: distribuição das cargas obrigacionais
entre os polos da contratação, reflexos patrimoniais nos polos da contratação, exigibilidade concreta
das cargas obrigacionais reflexamente criadas entre os polos da contratação e possibilidade real de
ajustamento das cargas obrigacionais entre os polos da contratação.

Passemos então a analisar as classificações conhecidas, em razão de tais

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ângulos de análise:

2.1. Quanto à distribuição das cargas obrigacionais entre os polos da


contratação:

a) se o contrato firmado entre duas ou mais pessoas gerar obrigações a


apenas um dos polos do negócio jurídico contratual, o contrato será classificado como unilateral3.

b) se, no entanto, o contrato gerar carga obrigacional aos dois polos da


contratação, decorrendo de um campo negocial em que naturalmente as obrigações são reflexas, ou
seja, uma das partes assume carga obrigacional para seu patrimônio jurídico justamente em razão da
carga obrigacional que a outra parte celebrante assume, o contrato será classificado como bilateral.
Os contratos bilaterais, em regra, geram obrigações e direitos correspondentes para contratantes em
polos contratuais opostos, e esse equilíbrio de direitos e obrigações perfaz um sinalagma, que nada
mais é do que o vínculo obrigacional naturalmente recíproco, e por essa razão os contratos bilaterais
também são reputados como contratos sinalagmáticos4.

c) excepcionalmente, o negócio jurídico contratual pode apresentar


mais do que dois polos de contratação, e se ocorrer a atribuição de cargas obrigacionais aos mesmos,
esse contrato se classifica como plurilateral5.

Essa classificação inicial tem grande importância ao estudo, pois


veremos que o tratamento jurídico dado pela norma aos contratos unilaterais é essencialmente distinto
do tratamento dispensado aos contratos bilaterais. Basta notarmos que no contrato unilateral, o
vínculo negocial é naturalmente desequilibrado entre as partes, na medida em que apenas uma das

3
Exemplo de contrato unilateral: o contrato de doação pura, porque nele a carga obrigacional de dar coisa certa é estabelecida a
apenas um dos contratantes, qual seja, o doador, sem contrapartida obrigacional do donatário ou donatários.

4
Exemplo de contrato bilateral: o contrato de compra e venda, porque naturalmente a obrigação de entregar coisa certa assumida
pelo vendedor, nasce justamente em razão da obrigação reflexamente assumida pelo comprador de pagar quantia certa (preço). No
exemplo está estabelecido o sinalagma, ou o surgimento natural de prestações contrárias e correlatas entre os contratantes postos em
polos distintos da espécie de negócio jurídico, cujo campo negocial (compra e venda) é assim essencialmente sinalagmático.

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Exemplo de contrato plurilateral: contrato de constituição de sociedade comercial entre mais de dois sócios, com atribuições de
capital e trabalho a todos.

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partes suporta carga obrigacional, ao passo que no vínculo bilateral, há uma relação equilibrada pelas
vontades antagônicas dos celebrantes. Com isso, o tratamento jurídico para o contrato bilateral é
normalmente voltado para a preservação do equilíbrio ou retorno das partes ao estado anterior ao da
contratação, o que não se verificará com o tratamento jurídico dispensado ao contrato unilateral.

Outro aspecto a destacar para essa primeira classificação é que em


algumas situações legais do tratamento jurídico dispensado a contratos unilaterais de atividade,
mormente em que a carga obrigacional está atribuída a um dos contratantes apenas, a norma irá
atribuir ao outro contratante beneficiário a obrigação incidental de ressarcir prejuízos inicialmente
não previstos se porventura o obrigado vir a sofrê-los sem culpa. Bom exemplo desse aspecto
evolutivo do contrato unilateral é extraído do contrato de mandato sem remuneração, na hipótese do
mandatário vir a sofrer prejuízos materiais sem qualquer culpa no decorrer do exercício adequado do
mandato, pois diante dessa situação injusta, a lei determina ao mandante o dever de reparar, criando
uma carga obrigacional que não deriva do contrato, mas da própria lei (artigo 678, Código Civil)6.
Nessa hipótese citada (há outras similares, como no contrato de depósito), o contrato abstratamente
ajustado como unilateral passa a ser considerado bilateral imperfeito.

Nesse sentido, citamos:

“[...] É pacífico que nos contratos bilaterais as obrigações das partes são recíprocas e
interdependentes: cada um dos contraentes é simultaneamente credor e devedor um do outro, uma vez que as respectivas
obrigações têm por causa as do seu cocontratante e, assim, a existência de uma é subordinada à da outra parte. Os
autores imaginaram uma terceira categoria, a dos contratos bilaterais imperfeitos, atendendo a que há certos contratos
que normalmente criam obrigações para um só dos contratantes, e são portanto unilaterais. Mas, à vista de circunstâncias
excepcionais, podem eventualmente deles nascer obrigações para aquele que originariamente não as tinha. Destarte,
passam a dar nascimento a obrigações para um e outro contratante, como se fossem bilaterais. A distinção entre os
bilaterais imperfeitos e os bilaterais está em que, nestes, as obrigações recíprocas existem desde a origem e são
correlatas, enquanto naqueles a obrigação de um dos contratantes advém ulteriormente e não guarda correspectividade
com a do outro, originando-se de causação independente e eventual” (PEREIRA, Caio Mário Silva. Instituições de
Direito Civil - Vol. III, 23ª edição. Forense, 12/2018. P. 57/58).

2.2. Quanto aos efeitos patrimoniais negativos (saídas patrimoniais

6 Art. 678, Código Civil. É igualmente obrigado o mandante a ressarcir ao mandatário as perdas que este sofrer com a execução do
mandato, sempre que não resultem de culpa sua ou de excesso de poderes.

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objetivas) da carga obrigacional em relação aos polos da contratação:

a) além do caráter puramente distributivo das obrigações de um


contrato conforme visto nos contratos unilaterais, bilaterais e plurilaterais, outro aspecto
obrigacional relevante para a classificação decorre da distribuição dos reflexos patrimoniais negativos
(ou, em sentido inverso, benefícios patrimoniais) entre os contratantes. Nesse particular aspecto, se
somente uma das partes recebe benefícios e vantagem patrimonial, sem nenhum desfalque
patrimonial inversa ou não inversamente correspondente ao suportado exclusivamente pelo outro
contratante, temos diante de nós um contrato que se classifica como gratuito (ou benéfico), como por
exemplo, o comodato (empréstimo gratuito de bem imóvel);

b) em contrapartida, se os contratantes experimentam reflexos


patrimoniais negativos em correspondência com as vantagens contratuais recebidas (como no
exemplo da compra e venda), classificamos este contrato como oneroso, em que as vantagens e os
sacrifícios patrimoniais (sem a concepção de lucro, que não é relevante aqui) são experimentados
pelos contratantes e não por apenas um deles. Os alunos e alunas perspicazes perceberão a enorme
aproximação do contrato unilateral com o gratuito ou benéfico, e do contrato bilateral com o oneroso,
e é assim mesmo. Em regra, os contratos unilaterais são também gratuitos como a doação pura e o
comodato, e os bilaterais são igualmente onerosos, como a compra e venda e a permuta.

Contudo, como costumeiramente ocorre no estudo do Direito, há


exceções a essas correlações entre os contratos unilaterais-gratuitos e bilaterais-onerosos. Isso ocorre
para algumas modalidades de contratos unilaterais que conseguem assumir um ou outro perfil de
reflexos patrimoniais negativos, ou seja, contratos unilaterais que conseguem ser constituídos como
gratuitos ou onerosos, e o melhor exemplo disso é o contrato de mútuo (empréstimo) ou o contrato
de depósito, conforme o interesse dos celebrantes. Verifiquemos como exemplo o contrato de mútuo
(empréstimo). Se o mútuo for celebrado sem previsão de pagamento de juros, toda a carga
obrigacional estará conferida a uma das partes (mutuante), assim como o reflexo patrimonial negativo
atribuído apenas ao mesmo contratante (mutuante), mostrando-se como um contrato que pode ser
classificado como unilateral e gratuito. Já o mútuo com juros ainda é um contrato que estabelece
carga obrigacional a apenas uma das partes (mutuante), mas a devolução do capital remunerado por
juros pelo mutuário distribui os reflexos ou sacrifícios patrimoniais entre os contratantes, mostrando-
se a mesma modalidade contratual (mútuo) como unilateral, e, excepcionalmente, oneroso.

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A importância dessa classificação também é certa, porque o tratamento


jurídico dado pela lei civil aos contratos variará de acordo com esse perfil oneroso ou gratuito. Apenas
para ilustrar essa afirmação, podemos adiantar que as diferenças de tratamento jurídico são bem
destacadas, comportando interpretação restritiva da obrigação imposta ao obrigado nos contratos
gratuitos, bem como, a inexecução do contrato bilateral que vier a gerar responsabilização civil dos
contratantes obrigados será possível em caso de culpa ou dolo de qualquer deles, ao passo que nos
contratos gratuitos, somente haverá responsabilização do obrigado em caso de dolo do inadimplente.
Também os riscos da evicção, ainda a ser estudada, serão distintos para contratos gratuitos e onerosos.

2.3. Quanto ao teor de exigibilidade imediata e concreta (onerosidade


reflexa certa) das cargas obrigacionais atribuídas nos contratos bilaterais e onerosos:

a) trata-se de uma subdivisão dos contratos onerosos. Partindo da


categoria dos contratos onerosos (nos quais os contratantes experimentam reflexos patrimoniais
negativos em correspondência às vantagens contratuais recebidas, não necessariamente em
equivalência), em certos campos negociais a assunção da carga obrigacional nasce e é criada pelo
celebrante justamente em razão da reflexa exigibilidade da carga obrigacional a cargo do outro
celebrante. Em havendo certeza que a prestação nasce em razão do ajuste simultâneo e exigível da
contraprestação, o contrato se classifica como comutativo7;

b) contrapondo-se aos comutativos, há campos negociais que se


desenvolvem justamente em razão de obrigações que surgem reflexamente, sem gerar essa exata
correspondência de exigibilidade. Basta pensarmos no campo negocial da prevenção de riscos ou no
de apostas. Os contratos desenvolvidos nesses campos (para citarmos apenas alguns) se classificam
como aleatórios, pois se caracterização pela incerteza de se materializar uma contraprestação prevista
no contrato, porque esta dependerá de fatores de incerteza, da chamada alea 8.

7 Exemplo de contrato comutativo: o contrato de locação, porque naturalmente a obrigação de ceder a posse temporariamente de um
bem por parte do proprietário nasce e é assumida por este, em razão da obrigação reflexamente assumida e simultaneamente exigível
pelo locatário de pagar o locativo periódico. No exemplo está estabelecida a comutatividade das obrigações previstas, que são exigíveis
reflexamente, sem sujeição a qualquer incerteza.

8 Exemplo de contrato aleatório: o contrato de seguro contra furto ou roubo de veículo, que prevê a obrigação do segurado de pagar
as parcelas do seguro para ser ressarcido em caso de ocorrência do sinistro (acidente), e, portanto, oneroso, mas aleatório, porque na
prática pode nunca ocorrer o sinistro, havendo incerteza quanto a materialização da desvantagem patrimonial da parte seguradora,

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Cabível uma ressalva.

Devemos distinguir o contrato aleatório de um contrato condicional,


porque embora possam guardar aparente semelhança, na essência são inconfundíveis e distintos, já
que no plano da eficácia o contrato aleatório estabelece uma dependência da materialização de
determinada obrigação a um evento futuro e incerto, mas o contrato gera efeitos de pleno direito, ao
passo que o contrato condicional suspensivo sequer gera efeitos enquanto não verificada a condição
futura.

2.4. Quanto à possibilidade real de ajustamento das cargas


obrigacionais pelos sujeitos da contratação:

a) se cada parte contratante pode influenciar concretamente na


elaboração do conteúdo obrigacional com uma negociação real e autêntica, o contrato é classificado
como paritário, porque tem suas cláusulas paritariamente negociadas em total posição de igualdade
pelos contratantes;

b) em sentido distinto, se o conteúdo das cláusulas que definem as


obrigações de lado a lado for ditado por conduta de apenas um dos sujeitos da contratação,
competindo ao outro contratante apenas concordar, aderir com o conteúdo obrigacional sem a
possibilidade real de alterar esse conteúdo, revelando uma vulnerabilidade que impõe certos cuidados
com a força obrigatória e a vontade privada dos celebrantes, teremos o contrato classificado como
adesivo ou de adesão 9. Embora se trate de figura contratual típica do Direito do Consumidor, de
cujo estudo teremos maior tempo no decorrer do curso, há inegável preocupação do Código Civil de
dispor acerca do contrato de adesão em virtude de sua maior incidência em nossa vida moderna, e
certo é que tanto nos contratos de consumo como nos contratos de direito privado há características
comuns que identificam o contrato de adesão, mormente pela sua característica nata de encerrar
conteúdo previamente elaborado unilateralmente, que visa tratar o contratante de forma massificada
e não individualizada, com cláusulas impostas por apenas uma das partes e sem possibilidade de

mantendo-se certa e exigível a obrigação do segurado.

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Art. 54, caput, CDC. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo.

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negociação e que determinam inegável vantagem ao elaborador do contrato, daí porque é inegável o
reconhecimento de vulnerabilidade de um dos contratantes a merecer tratamento jurídico diferenciado
no Direito do Consumidor, agora estendido ao Direito Civil com o Código Civil de 2002, e que serão
inclusive tratadas em nosso curso, como a previsão de nulidade das cláusulas contratuais de adesão
que imponham forçadamente a renúncia a direitos do aderente (artigo 424, Código Civil).

3. Classificação dos contratos em razão da forma. Esse é um critério


muito utilizado, e segundo nos parece, hábil em reunir aspectos em torno da forma nos contratos em
dois planos distintos da chamada escada ponteana. Vamos a eles:

3.1. Plano da validade jurídica:

a) se a lei civil exigir determinada forma para a validade jurídica de um


negócio, classificaremos esse contrato como formal (ou solene). Bom exemplo de negócio formal
ou solene é a compra e venda de bem imóvel que tenha valor superior a 30 salários mínimos, e que,
de acordo com o artigo 108, do Código Civil, deve se realizar por escritura pública.

b) todavia, ausente previsão legal de forma como elemento constitutivo


de validade do negócio jurídico, e essa é a classificação da esmagadora maioria dos contratos de
direito privado, teremos o contrato não formal (ou não solene).

Neste mesmo sentido:


“[...] A rigidez da forma é exceção no direito posto e no direito moderno no qual
prevalece o princípio consensualista ou da liberdade de forma em comparação com os direitos menos evoluídos e o
sistema romano, que enxergava na forma, mais do que na vontade das partes, a fonte dos efeitos jurídicos, motivo pelo
qual, antes do triunfo das ideias jusnaturalistas, os contratos eram todos formais. A forma específica normalmente se
materializa na exigência de escritura cartorial (v.g. pacto antenupcial ou contratos constitutivos ou translativos de direitos
reais de valor superior a 30 salários mínimos), quando não de instrumento particular (v.g, fiança, seguro e doação de bens
de valor considerável)” (Teoria Geral dos Contratos / Renan Lotufo; Giovanni Ettore Nanni, coordenadores – São
Paulo: Atlas, 2011, p. 214).

Há, vale destacar, contratos que mesmo não se classificando como não
solenes, não admitem a chamada forma livre, pois a lei civil exige que sejam escritos. Essa exigência
legal não torna esses poucos contratos como formais, pois a exigência de prova não altera a validade
jurídica desses negócios, e ainda, há a possibilidade de serem voluntariamente cumpridos ou provados
pela confissão. Citamos em apoio:

“Para outros, a lei contenta-se com o escrito, embora privado, como ocorre com a

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fiança (Código Civil, art. 819), ou como a doação, salvo as de pequeno valor (Código Civil, art. 541). Constitui ainda
formalismo, apelidado de indireto, a inscrição no registro público, como se dá para que a cessão de crédito, por
instrumento particular, seja oponível a terceiro (Código Civil, art. 288), ou a promessa de compra e venda de imóvel seja
dotada de eficácia real, oponível a terceiros (art. 22 do DL 58/1937). Cumpre, entretanto, distinguir as formalidades
exigidas ad probationem das que o são ad solemnitatem. As primeiras não fazem o contrato formal, mas impõem-se
como técnica probatória. Assim, quando a lei diz que as obrigações de valor superior ao décuplo do maior salário mínimo
vigente no País (art. 227, do Código Civil – vale aqui a mesma observação supra sobre a constitucionalidade desta regra
quanto ao indexador) não se provam exclusivamente por testemunhas mas requerem um começo de prova escrita, estatui
uma formalidade ad probationem, porque, se o credor não pode provar a obrigação sem a exibição de um escrito qualquer,
nem por isto deixa de prevalecer a solutio, espontânea, nem deixa de ter validade a confissão do devedor como suprimento
da prova escrita. O mesmo não ocorre se a formalidade é instituída ad solemnitatem, porque aí é a validade da declaração
de vontade que está em jogo. Se não revestir aquela forma determinada, o ato não prevalece” (PEREIRA, Caio Mário
Silva. Instituições de Direito Civil - Vol. III, 23ª edição. Forense, 12/2018, p. 54/55).

3.2. Plano da eficácia jurídica:

a) sob o prisma da formação dos contratos, temos que os contratos reais


exigem a entrega da coisa contratada para a perfeita formação do contrato, posto que nos contratos
reais o que se tem antes da tradição ou entrega da coisa ao outro contratante é simplesmente uma
contratação preliminar. São exemplos de contratos reais o contrato estimatório, o comodato, o
penhor, o mútuo e o depósito;

b) no entanto, outros contratos se aperfeiçoam com o simples consenso


de vontades dos contratantes, e essa divisão é fundamental para estabelecer a formação completa do
contrato e início de sua eficácia (geração de efeitos válidos), e seus melhores exemplos estão
estampados na compra e venda, locação de coisas e permuta ou troca. São contratos classificados
como consensuais.

Novamente, cito:
“[...] São consensuais os contratos que se realizam pelo só consentimento das partes
interessadas, classe em que se enquadra a quase totalidade das avenças. Assim, a compra e venda de bens móveis,
quando consentida pelos contratantes, vendedor e comprador, perfaz-se, consuma-se, torna-se perfeita, embora o
domínio dos bens móveis só se transmita pela tradição, segundo o disposto no art. 1.267 do Código Civil (art. 620 do
Código anterior), o que nada tem a ver com esse aperfeiçoamento contratual. Por isso, nem o vendedor, nem o comprador
perdem o domínio de seus objetos, antes de entregá-los; contudo, perfeito o contrato por seu consentimento, sujeitam-se
a sua rescisão, com responsabilidade pelo pagamento de perdas e danos, em caso de seu inadimplemento. Os contratos
são reais, quando houver necessidade, para sua existência, da entrega (tradição) do objeto da prestação, que neles se
insere. Daí, a palavra real, que provém de res, rei, do latim, que significa coisa. Vejamos, dessa maneira, os contratos de
empréstimo (mútuo e comodato) e de depósito; sem a entrega do bem emprestado ou que se destina a ser guarda- do

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por alguém, não há contratação. Por mais que consintam os interessados na realização desses negócios, o que é também
necessário, sem a tradição, eles não chegam a existir na esfera jurídica, não se completam, não se aperfeiçoam”
(Azevedo, Álvaro. Teoria geral dos contratos típicos e atípicos, 3ª edição. Atlas, 08/2009. VitalBook file, p. 80).

4. Classificação dos contratos em razão de tipicidade e


nomenclatura: trata-se de distinguir contratos em razão de sua disciplina legal específica no Código
Civil. E, quando tratados especificamente em lei, recebem denominação. Dada a proximidade desses
critérios, optamos por reuni-los em um só tópico, a saber:

a) se um determinado contrato celebrado pelas partes é regulado na lei


civil, esse negócio é classificado como típico, e por receber tratamento terá seu nome jurídico
incorporado, também se classificando por esse critério como nominado;

b) ao contrário, se o contrato antes de sua celebração não encontra


detalhamento na lei civil (e é perfeitamente possível e legal a celebração de contrato não previamente
detalhado na lei positiva), estaremos diante de uma contratação que se classifica como atípica,
bastando que não exista para aquele contrato uma prévia disciplina jurídica na lei, nem tampouco,
denominação conhecida, tal como autoriza o artigo 425, do Código Civil. No mesmo sentido, cito:

“[...] Os contratos típicos recebem do ordenamento jurídico uma regulamentação


particular, e apresentam-se com um nome, ao passo que os atípicos, embora possam ter um nome, carecem de disciplina
particular, não podendo a regulamentação dos interesses dos contratantes contrariar a lei, a ordem pública, os bons
costumes e os princípios gerais de direito” (AZEVEDO, Álvaro Villaça. Teoria geral dos contratos típicos e atípicos.
São Paulo: Atlas, 2002. p. 132).

Esse critério de classificação pelo nome do contrato costuma ser muito


próximo do critério de tipicidade, mas com aquele não se confunde. Os contratos típicos são
invariavelmente nominados, porque, obviamente, se têm regulação na norma, encontram
nomenclatura preestabelecida pela mesma lei. Já os contratos atípicos, em tese, podem ser
inominados, mas não necessariamente, pois há contratos atípicos que guardam denominação
conhecida, como os contratos de hospedagem, de publicidade, de mediação, entre outros.

5. Classificação dos contratos em razão da pessoa dos contratantes.


Nessa categorização reunimos duas classificações considerando as relações possíveis entre os
contratos e os sujeitos da contratação.

5.1. Quanto ao alcance de sujeitos atingidos:

a) os contratos no direito privado encerram interesses individualizados,

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e como tal se classificam em individuais;

b) em outros sistemas jurídicos, além dos negócios afetos ao campo da


tutela individual, reconhece-se a possibilidade jurídica de celebrações contratuais coletivas
(convenções coletivas), firmados entre representantes de partes antagônicas de uma determinada
categoria profissional ou de consumidores, e que criam regras gerais para outros contratos individuais
celebrados no âmbito daquela categoria ou classe. São classificados como coletivos.

5.2. Quanto ao cumprimento da carga obrigacional:

a) no plano da eficácia, os contratos pessoais, também chamados de


personalíssimos, são aqueles estabelecidos em razão da pessoa de um dos contratantes, porque
justamente em razão da pessoa desse contratante é que o outro contratante aceita a estipulação. É o
chamado contrato celebrado intuitu personae, como o contrato de emprego ou contrato de prestação
de serviços de um determinado músico ou artista plástico;

b) em sentido contrário, o contrato impessoal visa o cumprimento da


obrigação, o resultado almejado, independentemente do executor da tarefa. A divisão é importante
porque nos contratos pessoais, o inadimplemento do contratado acarreta apenas a conversão do objeto
em perdas e danos. Além disso, o contrato celebrado em razão da pessoa é intransmissível a outrem,
e pode ser anulado por erro em razão da pessoa.

6. Classificação dos contratos em razão do tempo de sua execução.


O critério de classificação também pode ser temporal, de acordo com a forma pela qual os efeitos são
produzidos, ou seja, quanto ao aspecto de geração de efeitos, que podem ser distintos, senão vejamos:

a) se o contrato prevê a produção de seus efeitos de uma única vez, esse


contrato é considerado instantâneo. Os contratos instantâneos podem adotar execução imediata, ou
seja, os efeitos são produzidos de uma única vez e tão logo celebrados, ou adotar execução diferida,
em que os efeitos são produzidos de uma única vez, mas postergados para data futura através de um
termo inicial;

b) se a produção dos efeitos do contrato se prolonga no tempo, o


contrato é classificado como sendo de duração, ou de trato sucessivo, também chamado de
execução continuada ou de débito permanente. Nestes, cujos efeitos são produzidos de forma
prolongada, podemos ainda classificá-los em contratos de duração determinada que tenham

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previsão expressa de termo final, e de duração indeterminada, que não têm previsão expressa de
data final, e que se sujeitam, portanto, a uma condição resolutiva.

III. Contrato em sua relação possível com outro contrato. Critérios desse segundo prisma de análise.

1. Os contratos reciprocamente considerados (segundo grupo de


critérios). Os contratos também podem ser classificados a partir de uma visão dos contratos em
relação a outros contratos, e sob esse prisma temos alguns critérios a analisar.

2. Relação de subordinação. Trata-se da eventual relação de


dependência de um contrato em relação ao outro, e sob tal critério os contratos podem ser
classificados em:

a) contratos que não dependem de outros para a celebração de um ajuste


em determinado campo negocial, sendo assim classificados como principais; sua existência é
própria, e independem de outro vínculo negocial para que guardem aplicação10;

b) há, contudo, contratos que se classificam essencialmente como


acessórios, cuja existência depende daqueles outros ditos principais para sua própria existência, pois
retratam negócios que só existem em razão de outros, tais como os contratos de garantia real
(hipoteca, penhor, anticrese) ou fidejussória (fiança e caução).

Destacamos aqui o disposto no artigo 184, do Código Civil11, para


relembrar, como estudo da Parte Geral do Código Civil, que a nulidade porventura existente no
contrato acessório não contamina a validade do negócio principal se neste não estiver igualmente
existente. Contudo, na hipótese contrária, não vinga a manutenção do contrato acessório válido sem
a simultânea existência do contrato principal tido como nulo.

3. Relação de preparação.

10
Os contratos principais têm existência própria porque representam negócios jurídicos independentes de qualquer outra negociação,
como a compra e venda, a doação, o depósito, a locação de imóvel urbano, etc;

11
Art. 184, Código Civil. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida,
se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação
principal.

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a) destacamos contratos que não dependem de outros para sua


celebração, e os classificamos como principais. Estes, normalmente, podem apresentam a mesma
característica sob outro prisma de relação possível com outro contrato, que é o da eventual preparação
ou antecipação. Analisando, portanto, um contrato sob o prisma da preparação de outro, se tal
característica não lhe for atribuída, classificaremos esse contrato de definitivo, porque o mesmo já
tratará do ajuste desejado pelas partes no campo negocial desejado, e isso porque as partes celebrantes
já dispõem de todos os requisitos necessários para ajustarem sua pretensão negocial principal
definitivamente. Os principais são definitivos;

b) no entanto, as partes celebrantes podem não dispor de todos os


requisitos necessários para o ajustamento negocial que desejam, e igualmente, pode ocorrer que tais
sujeitos não pretendam deixar de ajustar que querem celebrar entre si o negócio principal e definitivo,
ainda que circunstancialmente não possam celebrar definitivamente o negócio. Torna-se possível,
então, a celebração de um contrato que se classifica como preliminar, e cujo objeto é a celebração
de outro contrato principal e definitivo no futuro.

Temporalmente, há distinção evidente entre os contratos acessórios e


os contratos preliminares que nos permitem diferenciá-los bem. O contrato acessório coexiste
temporalmente com o contrato principal, como podemos perceber na relação de vida simultânea entre
a fiança (acessório) e a locação (principal). Já o contrato preliminar antecede temporalmente o
contrato definitivo, preparando as partes celebrantes para esta última. Exemplo: a compra e venda do
bem imóvel na planta. Nessa situação, as partes não podem celebrar a compra e venda definitiva e
principal e lançam mão de um compromisso preliminar, para que, no futuro, quando presentes todos
os requisitos legais da celebração principal e definitiva, possam as partes fazê-lo.

4. Distinções necessárias para contratos atípicos.

a) contratos mistos: no campo do Direito Privado há a possibilidade


de ser celebrado uma convenção atípica, ou seja, não previamente regulada pela lei civil. O contrato
misto é uma hipótese comum de contratação atípica, decorrente da junção de aspectos típicos de dois
ou mais negócios distintos, mas formando uma categoria organicamente nova, atípica, diferenciando-
se da relação entre negócio principal e negócio acessório. Bom exemplo do negócio misto é o leasing,
que se apresenta com claros aspectos típicos da locação de bem móvel, e com claros aspectos típicos
da compra e venda do bem móvel mediante pagamento parcelado. A junção desses aspectos típicos

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da locação e da compra e venda formam um negócio misto com perfil próprio, único, sem que se
possa confundir com eventual relação de negócio acessório e principal;

“[...] O contrato misto “resulta da combinação de elementos de diferentes contratos,


formando nova espécie contratual não esquematizada na lei”. Denominado também de complexo, Darcy Bessone de
Oliveira Andrade entende-o como o formado da combinação de dois ou mais tipos de contratos, ou da inserção de
cláusulas que desfigurem um dos tipos simples. Em outros termos, esta espécie compõe-se de prestações típicas de
outras formas contratuais, ou de elementos mais simples, combinados pelas partes. Dos elementos extraídos de outras
figuras, ou de elementos mais simples, por subordinação ou coordenação, surge uma nova unidade. Esta nova unidade
se cristaliza de outros contratos completos, ou de prestações típicas inteiras, ou de elementos mais simples. Há a
formação através de um contrato completo e de um elemento simples de uma segunda figura; ou mediante um contrato
completo e uma prestação típica de outro; ou provém de prestações típicas de dois ou mais contratos; ou, igualmente, de
prestações típicas de múltiplos contratos e de elementos simples de outros. Em qualquer dos casos, completa Inocêncio
Galvão Telles, há fusão e não simples acúmulo: “O contrato misto é um contrato só, não se identifica com a união de
contratos”. Em outros termos, é essencial sempre a unidade de causa.

[...] Outrossim, cumpre-nos advertir que as regras principais e serem observadas, em


relação ao contrato misto, são estas: a) cada contrato se rege pelas normas do seu tipo; b) mas tais normas deixam de
ser incidentes, quando se chocarem com o resultado que elas visam assegurar”. No contrato misto, os elementos que
formam a aliança harmoniosa têm uma função comum. Perdem as funções peculiares e passam a ter uma nova causa.
Assim, não é possível descumprir uma parte do contrato, sem atingir os demais componentes. No leasing, por exemplo,
o desatendimento das obrigações atinentes à locação provoca o desmoronamento do conteúdo referente à opção de
compra. As prestações, que significavam a amortização do financiamento, perdem este caráter. Um elemento atingido
pela inadimplência repercute decisivamente nos demais.

[...] O leasing, ou arrendamento mercantil, é um caso típico de contrato misto. Várias


obrigações estão nele inseridas, caracterizadoras de diversos tipos contratuais, formando uma unidade indissolúvel, na
qual a inexistência ou o descumprimento de apenas um dos elementos de tipos diferentes e que compõem o conjunto
pode frustrar os resultados de toda a avença. Não há dois contratos. Ocorre, isto sim, o nascimento de uma nova figura.
Integram-no, essencialmente, os seguintes elementos: a) A locação, ou aspectos constitutivos da locação, como a
fornecimento, a uma das partes, do uso e gozo de coisa, por um determinado período de tempo, mediante uma justa
contraprestação. Os pagamentos das prestações encerram o conteúdo de aluguéis, tanto que, no final, se não formulada
a opção de compra, são considerados no mesmo sentido que estes; b) A compra e venda, ou seja, todo contrato de
arrendamento mercantil encerra um princípio de compra e venda. Ao adquirir o equipamento, a sociedade arrendante
celebra uma convenção com o arrendatário, assegurando-lhe a venda do bem, depois de decorrido o prazo do contrato.
Se for exercida a opção de compra, os pagamentos periódicos não significam apenas contraprestações pelo uso.
Envolvem, igualmente, amortização do preço; c) A operação de financiamento, isto é, marca a natureza da operação o
caráter financeiro, com o fim de obter a consecução de recursos para o pagamento do equipamento, o qual será
arrendado. Em última instância, o interessado em adquirir o bem está conseguindo o financiamento para uma compra,
servindo as prestações de amortização do valor, mas que possuem, também, o caráter de locação enquanto durar o
contrato, e se findo o mesmo, não for exercida a opção de compra” (RIZZARDO, Arnaldo. Contratos, 17ª edição.
Forense, 01/2018. VitalBook file, p. 77/78).

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b) contratos coligados: tal como os mistos, os contratos coligados são


vínculos contratuais que não se estabelecem como uma relação de negócio principal e negócio
acessório. São contratos voluntariamente coligados por cláusulas que geram uma interligação no
plano dos efeitos; em suma, são contratos distintos, mas interdependentes em seus efeitos.
Funcionalmente, são aspectos negociais distintos, ajustados de forma conectada, gerando uma
executividade única. Bom exemplo de contratos coligados verificamos no ajuste entre distribuidora
de combustíveis e posto de combustíveis, que celebram ajuste de aquisição de combustíveis e
lubrificantes com exclusividade, e ajuste de cessão de tanques, bombas de combustíveis, luminosos
e equipamentos para loja de conveniência, estabelecendo-se uma coligação entre os dois contratos
que se cumprem em conjunto, embora sejam negócios distintos 12.

[...] “Nos contratos coligados, não surge a unidade em uma única figura. Eles
simplesmente se formam da união de outras espécies, mas permanecendo estas autônomas quanto aos seus efeitos.
Falta-lhes a unidade intrínseca, mas transparece uma dependência recíproca, às vezes imposta pela lei, configurando-
se, então, como necessária, o que se verifica no transporte aéreo e no seguro de passageiros. Outras formas existem nas
quais a dependência é determinada pela vontade das partes. Importa se distinga mais profundamente cada categoria. O
Supremo Tribunal Federal já especificou as diferenças, ao assentar: “O que caracteriza o contrato misto é a coexistência
de obrigações pertinentes a tipos diferentes de contratos, enlaçadas pelo caráter unitário da operação econômica cujo
resultado elas asseguram. Ele se distingue da união de contratos, que se caracteriza pela coexistência, num mesmo
instrumento, de tais obrigações simultaneamente justapostas, sem a amálgama da unidade econômica aludida. Na
hipótese de união de contratos, pode ser anulado ou rescindido um deles, sem prejuízo dos outros; enquanto, em se
tratando de contrato misto, o grau de síntese alcançado torna inseparáveis as partes ou elementos do negócio.

[...] Na união ou coligação de contratos, um depende do outro, de tal modo que,


formado separadamente, é desinteressante o negócio. Tornam-se coligados porque são viáveis para as partes, desde
que celebrados para a realização de uma idêntica atividade, ou para a consecução de um mesmo bem. Verifica-se, v.g.,
quando se faz um contrato de comodato dos mecanismos necessários à operação de um negócio, e outro contrato de
promessa de venda dos produtos derivados do petróleo. A rescisão de uma convenção determina a rescisão da outra.
Cada ajuste de vontades tem o seu objeto e o seu campo de aplicação. (RIZZARDO, Arnaldo. Contratos, 17ª edição.
Forense, 01/2018. VitalBook file, p. 77/78).

IV. Julgados relacionados aos temas da aula (Fonte:www.tjsp.jus.br).

12
Enunciado 621 da VIII Jornada de Direito Civil do Centro de Estudos Jurídicos do Conselho da Justiça Federal: “os contratos
coligados devem ser interpretados a partir do exame do conjunto das cláusulas contratuais, de forma a privilegiar a finalidade negocial
que lhes é comum”.

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Ementa: ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA E VENDA E COMPRA – CONTRATOS COLIGADOS –


PERTINÊNCIA SUBJETIVA DA AÇÃO FRENTE À FINANCEIRA E VENDEDORA. Os contratos de compra e venda de
veículo e de alienação fiduciária em garantia de bem móvel são ajustes coligados, de modo que o destino do primeiro
determina a do outro. CONTRATOS DE COMPRA E VENDA DE VEICULO E DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM
GARANTIA – CONTRATOS COLIGADOS - CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - INCIDÊNCIA -VÍCIO NO
PRODUTO RECONHECIDO - RESCISÃO DOS CONTRATOS DE VENDA E COMPRA E FINANCIAMENTO - DANOS
MATERIAIS COMPROVADOS - INDENIZAÇÃO DEVIDA - DANOS MORAIS CONFIGURADOS - IMPEDIMENTO DO
USO DO VEÍCULO E INCLUSÃO DOS DADOS DO AUTOR EM CADASTRO DE DEVEDORES - COMPENSAÇÃO
ARBITRADA EM R$ 30.000,00 - REDUÇÃO PARA R$ 10.000,00 - RECURSO DA RÉ PARCIALMENTE PROVIDO E
PROVIDO O DO AUTOR, COM OBSERVAÇÃO. I- É de ser desfeita a transação comercial de venda e compra ante o
reconhecimento de vício do produto, retomando a vendedora e financeira a posse do veículo alienado ao autor, a este
restituindo os valores por ele despendidos, inclusive com os reparos havidos e gastos na transação; II- A omissão quanto
ao vício do produto, cuja documentação não estava em ordem, impedindo o autor em transferi-lo para seu nome e dele
se utilizar regularmente, aliado á inclusão indevida do seu nome em cadastro de devedores é fator caracterizador de dano
moral; III - Eleita a compensação pelo dano moral em valor excessivo, fugindo dos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, de rigor a sua redução. (TJSP – Apelação 0008764-15.2013.8.26.0100 – Rel. Des. Paulo Ayrosa -
Comarca: São Paulo – 31ª Câmara de Direito Privado – data do julgamento: 19/02/2019).

Ementa: RECURSO – APELAÇÃO CÍVEL – SEGURO PRESTAMISTA VINCULADO A FINANCIAMENTO BANCÁRIO


DE BEM MÓVEL – APÓLICE INDIVIDUAL – RELAÇÃO CONSUMERISTA – OBJETIVO – RECEBIMENTO DE CAPITAL
SEGURADO – AÇÃO DE COBRANÇA – MATÉRIA PRELIMINAR. 1) Arguição de ilegitimidade passiva pelo banco
requerido. Seguro prestamista que, ao contrário do afirmado, impõe atuação coligada de instituição financeira e
seguradora, caracterizada a responsabilidade para responder por eventual inadimplemento. 2) Seguradora requerida que
apregoa cerceamento de defesa pela ausência de complementação à perícia médica produzida nos autos. Ausência de
prejuízo processual. Questionamento formulado por assistente técnico da seguradora que não possui o condão de afastar
as conclusões da perícia realizada. Matéria preliminar afastada. RECURSO – APELAÇÃO CÍVEL – SEGURO
PRESTAMISTA VINCULADO A FINANCIAMENTO BANCÁRIO DE BEM MÓVEL – APÓLICE INDIVIDUAL – RELAÇÃO
DE CONSUMO – OBJETIVO – RECEBIMENTO DE CAPITAL SEGURADO – AÇÃO DE COBRANÇA – MÉRITO. 1)
Seguro prestamista vinculado a contrato bancário de financiamento para a aquisição de bem móvel. Ocorrência de sinistro
(morte do segurado). Avisada do sinistro, a seguradora recusou o pagamento da indenização, ao argumento de doença
preexistente à apólice. 2) Sentença de procedência dos pedidos com a condenação solidária da estipulante e da
seguradora ao pagamento da indenização securitária devida. 3) Recursos de apelação do banco e da seguradora,
alegando ausência de responsabilidade para indenizar e quebra da boa-fé do segurado, ao omitir doença, ademais de
excesso na fixação dos honorários sucumbenciais. Negativa de pagamento do capital segurado que se afigura irregular.
Segurado que, conforme a prova pericial acostada, teve ciência da doença fatal (neoplasia maligna) posteriormente à
assinatura do contrato. Recusa ao pagamento de indenização que se afigura indevida. Requeridos que devem indenizar
os familiares do segurado falecido, nos limites da apólice, verificando-se eventual débito do contrato bancário.
Possibilidade de redução dos honorários advocatícios sucumbenciais, pois fixados em montante excessivo, atentando-se
à natureza da ação bem como ao trabalho profissional envolvido. Recursos providos apenas para tal finalidade, mantida
a condenação e a distribuição do ônus sucumbencial. Majoração da honorária advocatícia (artigo 85, parágrafo 11, do
Código de Processo Civil) que não se aplica, dado o parcial provimento dos recursos. Procedência em Primeiro Grau.
Sentença parcialmente reformada. Recurso de apelação dos requeridos em parte provido para redução dos honorários

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advocatícios, descabida a majoração a que alude o artigo 85, parágrafo 11, do Código de Processo Civil. (TJSP –
Apelação 1004393-96.2016.8.26.0322 – Rel. Des. Marcondes D’Angelo - Comarca: Lins – 25ª Câmara de Direito
Privado – data do julgamento: 19/02/2019).

V. Dispositivos legais referidos em aula.

Art. 104, Código Civil. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou
determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Art. 107, Código Civil. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei
expressamente a exigir.

Art. 108, Código Civil. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos
que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta
vezes o maior salário mínimo vigente no País.

Art. 184, Código Civil. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará
na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a
destas não induz a da obrigação principal.

Art. 227, Código Civil. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios
jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram
celebrados. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015) Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico,
a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito.

Art. 423, Código Civil. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a
interpretação mais favorável ao aderente.

Art. 424, Código Civil. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente
a direito resultante da natureza do negócio.

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