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FACULDADE DE DIREITO DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM – FDCI

CLÁUSULAS ABUSIVAS NO CONTRATO DE ADESÃO

Hellen de Melo Coutinho


Bacharelando em Direito-FDCI
hellen_melocoutinho@hotmail.com
Ricardo Silva Fonseca
Advogado, contador, servidor público, auditor fiscal de Defesa dos Direitos do Consumidor, pós-
graduado em Direito Civil e Processo Civil. Professor-orientador FDCI
ricardosilvafonseca@hotmai.com

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo geral fazer um apanhado dos estudos
desenvolvidos por diversos autores sobre a proteção contratual constante do Código
de Defesa do Consumidor (CDC), com análise das Cláusulas Abusivas nos
Contratos de Adesão. A metodologia empregada nesta investigação foi a revisão
bibliográfica, utilizando-se de consultas às publicações em livros, revistas, Google
Acadêmico e artigos publicados nos últimos dez anos em periódicos online e
impressos, ou seja, este estudo utiliza métodos bibliográficos, através de pesquisas
e teorias, artigos de revistas e da Internet sobre temas relacionados. Os contratos de
adesão são uma ferramenta para a realização de contratos por volume, pois vários
contratados usam um único modelo e podem aumentar a flexibilidade do contrato.
No entanto, isso abrange não apenas os contratos de adesão, mas também todos os
tipos de contratos. O CDC visa proteger o sujeito dos direitos, nada mais que
consumidores. De acordo com o princípio da boa-fé, a função social e a integridade
do contrato são restritas. Por meio dessa análise, espera-se entender o conceito e
as características do contrato de adesão, seus termos injustos e as medidas de
proteção estipuladas na Lei de Defesa do Consumidor.

Palavras-chave: Contratos de Adesão. Cláusulas Abusivas. Transparência.

1 INTRODUÇÃO

Um contrato nada mais é do que uma fonte de obrigações. De acordo com a


doutrina clássica, um contrato consiste em um acordo de obrigações que, em última
análise, forma, modifica ou elimina direitos. A esse respeito, deve-se notar que o
contrato era inicialmente válido apenas para o contratante (princípio da relatividade
do contrato), dedução lógica do princípio da autonomia privada e não força terceiros.
De acordo com o Artigo 117 do Código Civil, um contrato é um acordo de
vontades e não permite que se faça consigo mesmo ou um autocontrato, “salvo se
permitir a lei ou o interessado”, é anulável o negócio jurídico celebrado consigo
mesmo. Repare que o negócio somente será anulável se não houver permissão
legal ou do representado. A permissão legal é aquela estabelecida na lei e não
merece maiores cogitações, ao passo que, nos negócios jurídicos, o representado
deve autorizar, expressamente, a realização do negócio consigo mesmo.
No início do século XIX, com o advento do liberalismo econômico, a economia
começou a se desenvolver de maneira a expandir e diversificar as relações jurídicas,
sendo necessário estabelecer uma ferramenta para expressar a vontade dessas
pessoas.
O surgimento do mercado de massa é um fenômeno social, econômico e
cultural do século 20. Isso se deve ao período de expansão industrial e
implementação comercial do século 19. Mudou a estrutura tradicional do contrato,
exigindo que tais negócios jurídicos impulsionassem a economia, de forma a agilizar
a prestação de serviços e atender o crescente consumismo.
A contratação individual ou paritária cedeu à contratação em massa, levando
as relações privadas a assumirem uma conotação massificada, ou seja, indivíduos
ou contratados equivalentes dão lugar a empregos em larga escala, de modo que as
relações pessoais mostrem uma conotação em larga escala.
O desenvolvimento da sociedade de consumo atingiu tal nível que o comércio
legal se tornou personalizado e desmaterializado (MARQUES, 2002) e, finalmente,
um método contratual em larga escala, utilizando um modelo único com termos
gerais na assinatura do contrato. É fornecido ao público em um modelo padronizado
que geralmente é impresso e preenche apenas os dados pessoais de cada
contratado, identificação de objeto e preço.
Segundo Reale (2009), o contrato surgiu como requisito social, é uma forma
de regulamentação legal das operações econômicas, pode circular pela riqueza,
mas, além das funções econômicas, o contrato também possui função social, pois
traz grandes diferenças entre as pessoas, uma vez assinadas pelo acordo de
vontade, ambas as partes devem cumprir. Hoje, essa prática se tornou comum,
permitindo a realização de mais empresas. Como resultado, não é incomum que
eles contenham termos controversos e causem controvérsia (alguns são
considerados abusivos).
O fato de o Brasil atualmente ocupar uma posição importante em defesa do
consumidor é inegável. Segundo Benjamin (2002), com a promulgação da Lei nº
8078, de 11 de setembro de 1990, tornou-se o primeiro país do mundo a conceber a
Código de Defesa do Consumidor como um todo, concebido como una de geral,
englobando todos os grandes tomas que integram o Direito do Consumidor.
Se a situação pré-contrato neste "Contrato" é digna de atenção, ainda é
necessária atenção extra no campo dos contratos de consumo. Existe uma
verdadeira revolução na legislação brasileira, sem regras que garantam efetivamente
o equilíbrio contratual entre consumidores e fornecedores. Com o desenvolvimento
da sociedade, os bens de consumo são cada vez mais necessários, e a produção e
distribuição de tais mercadorias aumentaram, de modo que os contratos adesivos
foram usados em larga escala.
Se por um lado, se um contrato vinculado traz benefícios aos consumidores,
porque é um método mais rápido de assinar um contrato, e não há maior burocracia
para obter bens de consumo mais rapidamente, um contrato vinculado pode ser
extremamente prejudicial por causa da oferta. O revendedor é um fornecedor que
redige o contrato unilateralmente; portanto, é benéfico incluir termos injustos.
O fornecedor especifica unilateralmente os termos e fornece conformidade
aos consumidores que podem ou não cumprir os termos do contrato.
Coincidentemente, além de inserir termos injustos, os fornecedores geralmente o
fazem por meio de redação, o que dificulta o entendimento dos consumidores e não
inclui termos que restringem direitos e ainda não oferece uma oportunidade de
entender o contrato com antecedência. Em face do exposto faz-se necessária uma
reflexão mais aprofundada acerca do tema na tentativa de um entendimento a luz do
ordenamento jurídico, bem como de esclarecimento de pontos relevantes.
Nesta perspectiva, o objetivo geral desta pesquisa é fazer um apanhado dos
estudos desenvolvidos por diversos autores sobre a proteção contratual constante
do Código de Defesa do Consumidor (CDC), com análise das Cláusulas Abusivas
nos Contratos de Adesão. Já os objetivos específicos são analisar a importância e
utilização dos contratos de adesão; analisar a eficácia e eficiência do CDC junto ao
consumidor quando da execução do contrato (vínculo estabelecido), em casos de
necessidade de revisão contratual por força de cláusulas abusivas. Em relação à
problemática do trabalho, a pergunta que se faz é: a doutrina e a jurisprudência
estão dando atenção devida, às cláusulas abusivas existentes nos contratos de
adesão?

2 CONDIÇÕES DE VALIDADE DOS CONTRATOS

Os requisitos ou condições para a validade de um contrato devem ser


estudados através de duas ordens, a saber, uma ordem geral e uma ordem especial.
Estas ordens são comuns a todos os atos e negócios jurídicos e são específicas ao
contrato. Os requisitos gerais são os requisitos estipulados no Artigo 104 do Código
Civil, ou seja, a capacidade do agente, os objetos legais, prováveis, definidos ou
determináveis e a forma prescrita pela lei ou a forma não protegida por lei, enquanto
o requisito específico é o consentimento mútuo.
Abstraindo o estudo das condições gerais de qualquer negócio jurídico,
quanto ao específico, o consentimento recíproco ou acordo de vontades, importante
lembrar que deve ser ele livre e espontâneo, sob pena de ter sua validade atingida
por alguns dos vícios ou defeitos do negócio jurídico como é o caso do dolo, do erro,
da coação, do estado de perigo, lesão ou fraude (artigos 138 a 165, do Código Civil).
Por outro lado, há situações que se assemelham a contratos dessa natureza,
como bem observado por Gonçalves (2013) que “ocorre no cumprimento de
mandato em causa própria, previsto no artigo 685 do Código Civil, em que o
mandatário recebe poderes para alienar determinado bem, por determinado preço, a
terceiros ou a si próprio.
Na última hipótese, aparece apenas uma pessoa ao ato da lavratura da
escritura, mas só aparentemente, porque o mandatário está ali também
representando o mandante. Este, quando da outorga da procuração, já fez uma
declaração de vontade”.

2 CONTRATOS

2.1 CONCEITO

A palavra contrato vem do latim contractu, que significa processamento. Nada


mais é do que a participação dos interesses das pessoas por certas coisas, ou seja,
este é um acordo para criar, modificar ou destruir uma vontade de direitos (DE
PLACIDO; SILVA, 2010). Em outras palavras, um contrato é um consenso comum de
duas ou mais pessoas no mesmo objeto. Atualmente, o contrato é independente de
seu tipo e é caracterizado por negócios legais, cujo objetivo é criar obrigações entre
as partes. Além disso, guia três princípios básicos: autonomia voluntária, supremacia
da ordem pública e compulsão.
Da mesma forma, para que o contrato entre em vigor, são necessários certos
requisitos, como: presença de duas ou mais pessoas; capacidade geral de vida civil;
empregabilidade específica; consentimento das partes; legalidade do objetivo do
contrato; possibilidade real ou legal do objeto de negócios; finalidade do contrato e;
a economia do objeto
Seu processo de formação começa com negociações preliminares que
resultam em obrigações extracontratuais, ou seja, vontade de declarar, fazer uma
proposta, oferta ou solicitação para produzir o efeito pretendido da parte. A
declaração unilateral virá apenas de um dos contratados que protestam, e o outro
contratante deve obedecer à declaração.
Com o novo Código Civil, a matéria contratual sofreu modificações estruturais
no que diz respeito à função social do contrato e ao princípio da boa-fé contratual.
Segundo Meirelles (2002, p. 205), “contrato é todo acordo de vontades, firmado
livremente pelas partes, para criar obrigações e direitos recíprocos”.
Mello (2007, p. 593), por sua vez, define contrato como sendo
a relação jurídica formada por um acordo de vontades, em que as partes
obrigam-se reciprocamente a prestações concedidas como contrapostas e
de tal sorte que nenhum dos contratantes pode unilateralmente alterar ou
extinguir o que resulta da avença”.
Para Diniz (2012, p. 87),
contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem
jurídica destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as
partes, como escopo de adquirir, modificar, ou extinguir relações jurídicas de
natureza patrimonial.
Na visão de Gomes (2007, p. 134), entretanto, contrato é um negócio jurídico
bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes à observância de conduta idônea a
satisfação dos interesses que regularam".
Por fim, Beviláqua (2006) entende por contrato o acordo de vontade de duas
ou mais pessoas com a finalidade de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir o
direito (2006, p. 108).
Numa visão mais contemporânea contrato é um tipo de negócio jurídico
bilateral que gera obrigações para ambas as partes que convencionam, por
consentimento recíproco, a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, verificando assim a
constituição, modificação ou condição do vínculo patrimonial.

2.2 TIPOS DE CONTRATO

Os tipos de contrato o classificam conforme sua finalidade jurídica, podendo


contrato de compra e venda (caráter bilateral e consensual); contrato de troca ou
permuta (troca de bens de valores desiguais anulável, se não houver expresso
consentimento entre as partes); contrato estimatório (as partes envolvidas são a
consignante e o consignatário; contrato de locação de coisas (parte se obriga a
ceder a outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa infungível,
mediante remuneração).
Há outros tipos, como o contrato de comissão, onde alguém adquire ou vende
bens, em seu próprio nome e responsabilidade; o de corretagem, no qual o corretor
aproxima pessoas que pretendem contratar, procurando conciliar interesses; o de
transporte (pessoa ou empresa se obriga, mediante retribuição, a conduzir de um
local para outras pessoas ou coisas animadas ou inanimadas; o de fiança (uma ou
mais pessoas prometem garantir ou satisfazer obrigação não cumprida pelo
devedor, assegurando ao credor seu efetivo cumprimento) e, por fim; o contrato de
compromisso, no qual as partes confiam a árbitros a solução de conflitos de
interesses.

2.3 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS CONTRATOS

As leis contratuais são baseadas nos princípios e valores da trilha


constitucional, porque são baseadas na efetividade dos direitos básicos, na
sistematização e aplicabilidade das relações legais entre os sujeitos.
Os principais princípios do direito contratual são o da autonomia de vontade
ou autonomia privada, da supremacia da ordem pública, do consensualismo, da
relatividade dos efeitos dos contratos, da obrigatoriedade dos contratos ou da força
obrigatória dos contratos, da revisão dos contratos, da boa-fé objetiva e da função
social dos contratos.

2.4 PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DE VONTADE OU DA AUTONOMIA PRIVADA

O princípio da autonomia da vontade estipula que as partes são livres para


celebrar contratos e, geralmente, sem a intervenção do Estado, podem celebrar
contratos de nomeação ou mesmo contratos sem nome estabelecidos entre as
partes. Para complementar, Rodrigues (2009, p. 15), afirma que:
O Princípio de Autonomia de Vontade consiste na prerrogativa conferida aos
indivíduos de criarem relações na órbita do direito, desde que submetam às
regras impostas pela lei e que seus fins coincidam como o interesse geral
ou não contradigam.
Para Diniz (2003, p. 23)
Além da liberdade de criação do contrato, abrange a liberdade de contratar
e não contratar, liberdade de escolher outro contratante, liberdade de fixar o
conteúdo do contrato, escolhendo quaisquer modalidades contratuais
reguladas por lei, devendo observar que a liberdade de contratar será
exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
É importante observar que a cláusula de abuso não aparece apenas nos
contratos dos consumidores e pode ser determinado que o abuso esteja em
contratos civis comuns, como é o caso em que uma cláusula que renuncia aos
benefícios de um pedido é inserida em um contrato de garantia.

2.5 PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA

Embora as partes sejam livres para celebrar contratos, elas devem obedecer
a questões sociais, morais e de boa natureza, como restrições legais, portanto, a
autonomia da vontade e dos parentes é governada por leis dos princípios da
moralidade e da ordem pública (RODRIGUES, 2009).
Pode-se dizer que esse princípio deriva do anterior, porque limita a autonomia
da vontade e coloca o interesse público em primeiro lugar. Suas origens remontam
ao início do século passado, devido à ampla liberdade contratual devido ao
desenvolvimento da industrialização, que levou a enormes desequilíbrios contratuais
e aproveitou vantagens economicamente mais fracas.

2.6 PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO

Segundo este princípio, o conceito de contrato decorre do consenso das


partes. Quando chegam a um consenso, podem prosseguir sem qualquer forma de
coerção. Sob as condições acordadas, quando a lei possui procedimentos adicionais
para determinados contratos, o contrato é uma exceção.
Diniz (2003, p. 36), ainda afirma que
Segundo este princípio o simples acordo de duas ou mais vontades vale
para gerar um contrato válido, pois a maioria dos negócios jurídicos
bilaterais e consensual embora alguns, por serem solenes tenham sua
validade condicionada a observância de certas formalidades legais.
É importante entender que o contrato geralmente é acordado por ambas as
partes (independentemente de o objeto ser entregue, o contrato será aprimorado),
mas existem alguns contratos reais que só podem ser aprimorados com a entrega
das mercadorias e não podem atender ao contrato de vontade (normalmente),
comodato, mútuo, de empréstimo e depósito.

2.7 PRINCÍPIO DE OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS


O contrato estabelece uma lei entre as partes. Depois que as partes
concluem, elas não podem ser modificadas, a menos que acordado por ambas as
partes. Apesar do princípio de autonomia da vontade, ninguém é obrigado a concluir
o contrato. Uma vez atingida a vontade, se o contrato for válido, as partes são
obrigadas a cumprir a vontade.
Diniz (2003, p. 37) ressalta.
Por esse princípio, as estipulações feitas no contrato deverão ser fielmente
cumpridas, sob pena de execução patrimonial contra o inadimplente. O ato
negocial, por ser uma norma jurídica, continuando lei entre as partes, é
inatingível, a menos que ambas as partes o rescindam voluntariamente, ou
haja escusa por caso fortuito ou força maior (CC art. 393, parágrafo único)
de tal sorte que não se poderá alterar seu conteúdo, nem mesmo,
judicialmente, entretanto, em se admitido, ante o princípio do equilíbrio
contratual ou da equivalência material das prestações, que a força
vinculante do contrato seja contida pelo magistrado em cenas
circunstanciais excepcionais ou extraordinárias que impossibilitem a
previsão de excessiva onerosidade no cumprimento da prestação.
De acordo com o princípio da autonomia privada, todos os que concluem um
contrato são obrigados a cumpri-lo, devendo-se observar que, de acordo com o
princípio dos contratos obrigatórios, as partes estão vinculadas pelo acordo.

2.8 PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS CONTRATOS

De acordo com esse princípio, o contrato afeta apenas as pessoas que


participaram do contrato e expressaram seus desejos, exceto em circunstâncias
excepcionais que não usam ou danificam terceiros que não participam do
relacionamento contratual (RODRIGUES, 2009).
O princípio da relatividade da validade do contrato busca manter a noção de
que a validade do contrato afeta apenas aqueles que expressaram seus desejos, ou
seja, eles só têm efeito sobre a parte contratante e não envolvem terceiros.
Como uma instituição típica de direito privado, o contrato tem o efeito de
"influência mútua" e reflete a regra "diferença entre si", no entanto, o princípio inclui
exceções. Por exemplo, na garantia e tutela de terceiros e o contrato de concessão
de crédito externo.

2.9 PRINCÍPIO DA BOA-FÉ

De acordo com esse princípio, as partes devem agir com igual lealdade e
confiança, e é inaceitável prejudicar a moral de outras pessoas com desonestidade
em benefício de si mesmas ou de outras pessoas. Trata-se da evolução do conceito
de integridade no nível do comportamento de lealdade de ambas as partes,
enfatizando que essa integridade é contrária à integridade subjetiva no nível da
intenção (estado psicológico).
A boa-fé objetiva pode ser categorizada como um código de conduta e
determina que todos devem ser honestos e confiáveis em todos os relacionamentos
jurídicos, em vez de reter informações especiais relacionadas ao objetivo e ao
conteúdo dos negócios jurídicos. Conforme observado por Gonçalves (2013), um
dos principais efeitos da integridade no campo dos contratos é a proibição de venire
contra factum proprium, ou seja, na vedação de que a parte exerça uma posição
jurídica em contradição com o comportamento assumido anteriormente.

2.10 PRINCIPIO DA REVISÃO DOS CONTRATOS E A FUNÇÃO SOCIAL

O juiz para determinar a revisão do contrato pela onerosidade excessiva,


deverá verificar os seguintes requisitos:
a) Vigência de um contrato comutativo de execução continuada que não
poderá ser aleatório, porque o risco é de sua própria natureza, e, em regra,
uma só das partes assume deveres; b) Alteração radical das condições
econômicas no momento da execução do contrato, em confronto com as do
instante de sua formação; c) Onerosidade excessiva para um dos
contratantes e benefício exagerado para o outro; c) Imprevisibilidade e
extraordinariedade daquela modificação, pois é necessário que as partes,
quando celebraram o contrato, não possam ter previsto esse evento
anormal, isto é, que está fora do curso habitual das coisas (DINIZ, 2005, p.
169).
Quanto à função social, o contrato não pode significar reflexo de simples
pretensões individuais dos contratantes, mas instrumento de convívio social e de
preservação dos interesses da coletividade (NERY JUNIOR, 2006).
Haverá um intervencionismo cada vez maior do Estado nas relações
contratuais, no intuito de relativizar o antigo dogma da autonomia da
vontade com as novas preocupações de ordem social, com a imposição de
um novo paradigma, o princípio da boa-fé objetiva. É o contrato, como
instrumento à disposição dos indivíduos na sociedade de consumo, mas,
assim, como o direito de propriedade, agora limitado e eficazmente regulado
para que alcance a sua função social (MARQUES, 2006).

3 CONTRATOS DE ADESÃO

O contrato de adesão é um tipo de contrato de qualidade, no entanto, para


outros, além de serem chamados de contratos a granel, os contratos complicados
ainda aparecem como verdadeiros contratos coletivos (VENOSA, 2011).
Na sociedade de consumo, devido ao grande número de sistemas de
produção e distribuição, Marques (2002, p. 34) acredita que o comércio legal foi
despersonalizado e, atualmente, na maioria dos casos, o método de contratos a
granel ou contratos padronizados é dominante. Existe uma relação contratual
privada entre contratados com vantagens econômicas ou tecnológicas, seja no
contrato entre a empresa e seus clientes, fornecedores ou funcionários.
É importante observar que essas novas tecnologias contratuais para
prescrever unilateralmente o conteúdo do contrato também são usadas por
empresas listadas ou concessionárias de serviços públicos (por exemplo,
fornecimento de água, eletricidade, serviços de transporte, correios, telefones). Um
grande número de técnicas de emprego também é usado no campo dos contratos de
trabalho; no entanto, a análise dos contratos de trabalho não é objeto deste estudo.
Portanto, muitos autores costumam comparar contratos de adesão com
contratos equivalentes ou negociados quando estudam contratos de adesão, como o
nome indica, percebendo que, nesse caso, as partes estão amplamente envolvidas
na definição de seu conteúdo. De acordo com a definição de Bittar (2004, p. 67):
"Devido a leis ou ordens regulamentares anteriores, ou devido às partes, ou devido a
esses dois fatores, existem algumas cláusulas preferenciais, enquanto a outra Isso é
apenas para aceitar seus termos”.
Na definição de Wald (2006, p. 87), ele não conceituou o contrato fixo como
contrato ponto a ponto, porque o contrato de paridade não usava esse tipo de
contrato em sua classificação geral de contratos, e o contrato fixo refere-se quando
um deles, o contratante ou nenhum dos dois discutiu a liberdade contratual dos
termos do contrato, mas só pode aceitar ou rejeitar o contrato considerando a
natureza do contrato ou a segurança jurídica das condições do contrato como casos
padrão.
A definição do autor acima mencionado é quase a mesma que a definição nos
princípios gerais, porque ele acredita que os dois contratados podem não estar livres
para discutir a possibilidade de termos do contrato. Para ser consistente com o
Estado sem impor termos, ambas as partes esperam assinar um contrato.
Diniz (2003, p. 5) tende a usar o termo contratos dependentes, porque esses
contratos ficam a critério de uma das partes - porque não é determinado se os
policitantes não podem simplesmente discutir ou modificar o conteúdo do contrato ou
seus termos insistirão na vontade de fazer uma oferta para abrir licitantes.

3.1 CLÁUSULAS ABUSIVAS


Para o fornecedor, o poder de celebrar contratos e os direitos estipulados
pelos termos das partes interessadas significam que o risco é reduzido e os títulos
assumidos são controlados, portanto, o fornecimento de relações de oferta legal por
meio de cláusulas gerais padronizadas geralmente ocorre quando o fornecedor de
bens ou serviços estipula essas cláusulas em condições favoráveis, aumentando
assim a relação com a pessoa garantida.
As regras devem ser a igualdade de interesses e condições. No conceito de
Nery Junior (2010, p. 1.379), cláusulas abusivas são aquelas que são prejudiciais à
parte mais fraca da relação contratual do consumidor: opressivas, pesadas, irritantes
ou excessivas injustas (...).
Como a maioria dos contratos de adesão, os consumidores não têm
possibilidade real de modificar os termos e condições fornecidos. É raro (se não
impossível) encontrar contratos com base nos termos discutidos, avaliando
cuidadosamente as várias consequências legais da assinatura de documentos.
Muitos abusos ocorrem devido ao conhecimento insuficiente dos
consumidores, eles não entendem seus direitos e finalmente concordam com o
contrato sem discutir seus termos ou regras. O Código Civil também estabelece o
equilíbrio do contrato, citando os princípios de honestidade e justiça, ou seja, a
função social do contrato.

3.2. CLÁUSULAS ABUSIVAS E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


(CDC)

A preocupação básica do CDC e o equilíbrio que deve ser mantido entre as


partes de uma relação jurídica determina atenção especial à proteção contratual do
consumidor. A finalidade é promover lealdade, transparência e equilíbrio nas
relações entre fornecedor e o consumidor. “O CDC não admite a fraude, o intuito de
enganação, cláusulas obscuras, minúsculas e contratos que coloquem o consumidor
em situação de desvantagem exagerada” (OLIVEIRA, 2010, p. 316).
Nem todas as cláusulas que podem ser invalidados foram indicadas, mas
apresentaram princípios e valores norteadores para a análise do caso concreto
como disposto do artigo 51 IV, que considera nulas as cláusulas que estabeleçam
obrigações consideradas iníquas, abusivas que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou seja, incompatíveis com a boa-fé ou a equidade. Desta
forma, sendo nulo, nenhum efeito sora produzido ou poderá haver motivação com a
exclusão, além de prejuízo para o próprio contratante.
A Lei é clara no sentido de que o elenco das cláusulas abusivas indicado no
dispositivo e exemplificado por meio da expressão “entre outras”, não deixa qualquer
dúvida à abertura do rol. A legislação visa evitar abusos não apenas no âmbito das
relações de consumo, embora o CDC seja mais incisivo neste ponto, por outro lado,
o Código é bastante claro ao definir as sanções das cláusulas abusivas indicada
expressamente pela própria lei, seja ao afirmar que as cláusulas são nulas de pleno
direito no § 2º do artigo 51.
O Código Civil aplicável subsidiariamente, impõe certas diretrizes e formas de
controle. Sendo assim, toda relação jurídica desigual, seja ela civil ou comercial,
deverá ser submetida a apreciação judiciária, para coibir desequilíbrios flagrantes,
seja por onerar em demasia a parte mais frágil ou por prever privilégios e garantias
excessivas à parte estipulante.
Entretanto, para a caracterização de qualquer cláusula abusiva, nos termos
da sistemática adotada pelo CDC, independente de análise subjetiva da conduta do
fornecedor, se houver ou não malicia, intuito de obter vantagem indevida ou
exagerada pelo fato de que, em nenhum momento a Lei 8.078/90 exige a má-fé, o
dolo do fornecedor, para a caracterização da abusividade da cláusula.
Desta forma, conforme o inciso I, toda estipulação que trouxer vantagem ao
fornecedor, de cujo teor constar ofensa aos princípios estabelecidos no CDC, será
presumidamente exagerada, podendo ensejar a nulidade da cláusula. Inúmeras
outras cláusulas consideradas abusivas pela jurisprudência, tendo sido editadas pela
Secretaria de Direito Econômico, por meio das Portarias de n° 4. de 13.03.98 e n° 3
de 15.03.2001.
O Código de Defesa do Consumidor inova consideravelmente o espírito do
direito das obrigações, e relativa a máxima do pacto realizado. A nova lei reduz o
espaço antes reservado para a autonomia da vontade, proibindo que se pactuem
determinadas cláusulas, impondo normas imperativas, que visam proteger o
consumidor, reequilibrando o contrato, garantindo as legitimas expectativas que
depositou no vínculo contratual.
A proteção do consumidor, o reequilíbrio contratual vem em seguida, quando
o contrato já está perfeito formalmente, quando o consumidor já manifestou a sua
vontade, livre e refletida, mas o resultado contratual ainda está inequitativo.
4 METODOLOGIA

O tipo de pesquisa foi revisão bibliográfica descritiva, tendo por desenvolver


esclarecer e transcrever conceitos e ideias com vistas na formatação dos problemas
mais precisos ou hipóteses para estudos posteriores. Segundo Marconi; Lakatos
(2007) a pesquisa descritiva procura descrever as características do fenômeno
pesquisado ou de determinada população pesquisada. Estabelece, desta forma,
relações entre variáveis e utiliza-se da pesquisa de campo para coleta de dados.
São utilizados instrumentos para pesquisa que podem ser inventários,
questionários entre outros. Utilizou-se também a pesquisa bibliográfica subsidiada,
na sua maior parte, por fontes secundárias: doutrina e jurisprudência. A Legislação,
que constitui fonte primária ou documento direito também foi utilizada.
Segundo Gil (2008), a pesquisa bibliográfica consiste no exame da literatura
científica para levantamento e análise do que já se produziu sobre determinado
tema.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa mostrou que o CDC surgiu para solucionar essa deficiência,


abordando, como um todo, regras que protegem os direitos do consumidor. Embora
o Diploma Jurídico não tenha trazido o conceito de cláusulas abusivas, ele
apresentou uma lista exemplar e, depois, coube ao agente da lei aplicá-las e
qualificá-las no caso específico. Tendo em vista a utilização do método bibliográfico
por meio de pesquisa e estudo de doutrinas e artigos, entre outros, pode-se concluir
que os contratos nem sempre expressam essa realidade garantida por lei,
principalmente no Código de Defesa do Consumidor.
O presente estudo partiu de uma pesquisa sobre contratos de adesão, tendo
em vista esse fato, percebeu-se que as necessidades de um mundo globalizado não
mais sustentavam que, nas relações de consumo, principalmente os contratos, suas
cláusulas anteriormente discutidas. Sabe-se, por exemplo, que os contratos de
adesão oferecem inúmeras vantagens sobre as relações contratuais, principalmente
as relações com os consumidores, entre as quais racionalização contratual, redução
de custos e uniformidade.
Em virtude de suas cláusulas predisporem apenas uma das partes, a mais
forte dá origem à existência de cláusulas injustas, ou seja, aquela que atende à boa-
fé e coloca o consumidor em uma posição mais desfavorável do que a já possuído.
Por outro lado, a revisão feita sobre o terreno mostrou que os contratos de adesão
refletem a realidade dos dias, como forma de micro simplificar e melhorar as
relações contratuais, principalmente as de consumo.
Os objetivos deste estudo foram alcançados e o tema abordado contribuiu
para o enriquecimento, pelo menos teórico daqueles que participaram não apenas
como desenvolvedores, mas, sobretudo, é claro, colegas, principalmente porque
todos nós, o uso diário pelo menos uma vez neste contrato que foi tratado nesta
pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcelos e. O código brasileiro de proteção


do consumidor. São Paulo. Saraiva. 2002.

BEVILAQUA, Clovis. Código Civil anotado. Rio de Janeiro: Francisco Alves. 2006.

BITTAR, Carlos Alberto. O direito dos contratos e dos atos unilaterais, São
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DINIZ, Maria Helena. Tratado teórico e prático dos contratos, São Paulo: Saraiva.
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