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Procuradcr da Repu.blica.
"i*:i"';1iril""",*:" - Da ordem dos Advo-
lnstituiçöøs de
Direito Administrativo
Brasiløiro
aDuu,\L
tluo tìiochuelo, ó2
toner 3242'8ó07
25
Ruo Sen, Poulo Egidio,
Fone:3107'5872
Soo Poulo-SP
t
I
1936
:
LIV R,ARIA EDI TORA FREITAS B ASTOS
Ruas Bethencotirb
da Silva, 27-l- e 13 de il,faio, 74e76
rl
I
ÏNTRODUCCÃO
I
O estucio dc dir.:ito aclministrativo plesr_rp¡tõe autts rle
tuclo o ccnhecimento geral da estructur¿r do Esl.¿ldo e iie suli
organiza,ção constitucional (tr).
;
E' €.sfie o objecto da introcluccão que e>ramina. ent ccn-
I
juncto. o funccionamento clo mecanismo do Es'uaclo tlo qu€ se
reìacicun¿¿ colm o nosso regimen aclministrativo.
FIa uma, evi¿Ìente faLta cle hornogeneicìacle e clt: unidacìe ern
toda a, ncssa organização adminisrrativa clei'ido ¿ìo ìlr:ocessc de
tran-qfoynraçã"o do Estado Brasileiro clescle a rer¡oincão cle Lg30.
processc' clc acìaptaçã,o progressiva. o.uer: na ordern social e eco-
nomiea quer rla orrlem ¿,r:lministr¿tirte, a lnra. nova" estr''.icti,ie
constitucional.
Dellfro clesse quaciro ex¿minaremos a noção do EsteiiLt.
especialrnente clo Esta.clo federadc, a compeb{ncia ger:rl rl¿r
Uniã,..r. t-ì.rs Estados e dos rnunicipios, o llosso regimen de iles-
centializaeão politica e arl.m!nis-Lr¿rliv¿r e. finaime;rte, os,l'-
gãos cla a,c.lrninistraçäo autonorna, íni.egra,dos na, orgi:nizlcão
rio EstarXo e cuja irrportancia é primordial dentro clo ro::sl
reginle n a;ir:r i n istrativo.
I e da collectividade.
sua actividade'
I
t, Deve-se, portanto, aqui, examinar a theoria do Estado
roducção ao direito adrninisi:ra-
I
Deve-se, por isso, como in apenas como uma introducção geral ao Direito Administlativo,
I
¡
sobre o
fixar p,i*o'ãiål*ente as idéas fundamentaes
t
I que, no dizer de MERrEl, é apenas uma das secções em que se
tivo, t
Estado. I divide o estudo das actividades do Estado.
I
Não seriamos nós, quem ousâria clefinir enr uma {ol'mulil
Effectivamente, a activid I
A composição dos orgáos 'uttotl-T1::tt' Não foi sempre, effectivameníe, a mesma a conce¡rção clo
iuridico' terão de variar
de
as suas funcções, Jä;-3ytt"*a Estado.
de sua estructu-ra'
accordo com as peculiaridades Esta evoluio com as condições econcmt'cas, a estri-¡ctru'4,
do Estado é uma com-
^å evolução da vida
O que se nota na social e os principios philosophicos dominantes.
)
I
desta
administrativo o exâme 'ques- (3) L'État d[odetl1e et son droì,t, pg. 717. G. Cmr¡, La
(2) Não cab eno estudo do direito sociotogiåîä'i"t..¿"cçã,o ír sci'encia JELLTNEK,
Vita del Diritûo.
rão que interessa_.ma,, ã'i;":L;;";i"-ã l
-CI¡
INSTITUIçõES DE DiR.EITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO 15
.t4 T¡{EMISTooLES BRANDÃo c¿,va¡,clNrt
As theorias sobre as diversas formas cle tìo'er.no siro rÌu
Tno a,s aeronaves, e as embaixadas, legações são, pelo mesmo
maior lelevancia llo esttid'o da organisação politica; solr o pcliio
principio, consideradas prolongamento do territorio de seus
de vista puramente aclministrativo, por,ém é secund¿uio ri sell
representantes.
intet'es.qe.
O Poao éo conjuncto de individuos que compõem o
Estado.
E intuiiiva a necessiclade deste elemento, porquanto o Es- Xr{,-liìll'trAS Ðfl ÐS'I'.\.D{)
fadrl se apresenta, an'æs de tudo, corno uma organisação ju-
rir.ìica da sccieciaCre, embora varie o numero de seus membros. O Estaclo pode ser estudaclo €nÌ sua estr.uctnr,¿r r)r1 lì¡ù conl-
O terceiro elemento ê o Gouerno, poder de imperio, 'uam- posiçã-cr de seus orgãos de governo.
j-rem ehamado soberun'ia. Na -q*a estructura temos as cliversas fcrrmas c{e Est¿rdo.
-
Sem autoriclade, sem um poder clirigente, não é pcssivei cuja divisão ¡nais commum é a dle Ðstado sirnples e Esta,do
ac'hiiibùir-se quaiquer organisação. Impõe-se, pelc rnenos. a com¡rosto. No primeiro caso, tenlos o lìsL¿rdo urrij.aticr. rim só
e:iislencia de urna vontacle qäe coordene as activici:r:r,es indi- povc. Lirrl só territo¡iio, Lìrua unica ¡roirer'ania e uln Govel,rio g,.re
virÌ,-iaes e l'epres,elte o þlstado nâs sllâs leiações internas e er- centraÌisa, que exerce a plena s.cberani¿r intern¡, e inret-ilacir.-
ierir,':res,. nal. r'eçrlesentanclo a I'ontacie do l"lsi;ado.
Esse -eccier ai¡sch,ito €;ì1 slia conceitLiaçã,o i.heorica. lJe slxer- Ì{o se.gundo caso, o -Ðst¿lrlo g¡lp¿¡rs{.9, teljrr:,s (,ìl-r ¿ìs rini,,ics
p€-cs(Ia,es Ele Estacic.q c:ver"scs dei.;si¡o cle urn Lririco
t€ t-"ci' meio ,cie ciivergos orgãos, qlìe ïeplresentam as dl,i.feren- sol_.er"¿r,r:."
for:ma clile náo nais se jlrslifi:a (J-C), ci.i ¿r Lritiãi: ,t,eaì c¡,1 _
cei:, fr-ir:cções io EstaCo, legisìação, jurisclicgão e ¿',dministracão. i-,r._
,il-:r'i,r-.s esses uodeles são iirìrerentes á" sr¡berania e s:omente
vern" thecricarnente. da .frisãc ce r-livsi'sor-; Esia¡rurs Ê.iiît i,lìÌ r.ii.
a;n i¡ii:ti'"iie dessa soberaniz ê que Þodem ser exercidos.
conl r.tníì¿t linica e:.i:-rcss.1o iilielnacicp,eL.
(-ìi-irrr--qe ma,is enl,re os JÌsiaakrsl cornl:osios
Esta, pe,--tence oviigilrÀr'i¿"tinente á ldaçño. O Govel:no it ¡r: ctirfi.ri.:r'a-
cöc¿s e F;ei,'ìeyaçõest äe Esiados.
,e:re.rce. po.-tanto, por rielegaçáo Co i:roprio povo'
i¡ii,ro c¿ibe 'aquí aÐi,eciacã,1 clei¡,;1:tlia tltt ri:r:1ll.nÌ..i.,-.. ¡¡rÌr o
i.\- oi:'Lgt-:m clo pcrier ccnsli t'.r.e cbjecto cÌe Largja.s dìvergen-
¿ia,s l,hecricas" c.ìt'duzindo-se da,hi tcda a d.ou'¿rina solrre a,s for- ilollta rle ','i-si,¿; aciLii.itjr.:il.¿iir,,o l..t-, i.e,i ,t; - (,r-, ,, ,,:,i.. ,r. r. r ,.ìì r,.<_
:.,._
(i{ì) i,,,-:r' :j. l¡¡*}¿2r.. 'i).LtiiLtlù r;ii ,t'j :li;i ir:J¡,;¡;¿¡,:,jrJ:¡¿i,:, -,,,.
- i,e {ìenet.aie, :rq. .l.i
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i..
(9) Ver' -l-'" Dr-ÌculT, Sa¡n,e¡'ainaié et Libt¡t4. pg. lì? e segr:intes
INSIrTIJryõES DE DIREITO .ADMTNISTRÄ.IIVO BR.aSTLEIRO 17
r.6 THEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI
do Estado federal, corno categoria juridica distincta. (Tocqua-
noregimendamaiorunidadepoliticaeterritorial,oquenos vrLLE, e WArTz, de um Xado, e C¡J,rrou¡l e Spyopl, do outro).
impõa um regimen toclo especial cie centralisação politica e 2.o A segunda theoria segue cluas diversas:
descentralisaçáo administrativa. - que considera o traço distinctivotendencias
a primeira do Esiado federal,
Devemos, âssim, para melhor explana'ção do assurnpto'
a participação das collectividades membros na formação da
examinar as cliversas doutrinas sobre o systema federativo, vontade federal (Zonrv, Bonnl e Lorun); e a segunda que não
doutrinas que se multiplicam em virtude da cliversidade de es- julga sufficiente esta condição, que, no entender de seus aclep-
tructuras federativas dos paizes cujas condições historieas e tos, p,ode existir em outras organisações cornpo,stas. Conside-
irnposições politicas levaram a adoptar essa forma organica'
ram por issq necessarias outras condições que dizem com a
Déixamos as demais modalida"des acima enumeradas por-
estructura dos Estados membros. (La,reNo, JELLtNrr, BRIE,
que é de interesse immediato o estudo do regimen adrninis-
RosIN, C.IRRÉ DE MAI.BERc, GIDEL).
trativo vigente entre nós, baseado na forma federativa.
3.o A terceira theoria é sustentada por l{lnuni,, Gten-
REGXMEN FIXÐEP"ATII/O
-
KE, e HaNs KnlsnN, que pela sua complexidade examinars-
I
I.
mos ern seguicla mais clemoradamente.
Não se poderia estudar o nosso direito adrninistrativo'
Doutri,na de Ca'l,laoun (2) e Seadel, e a do FEDERA-
h
'tr
Bra-
sem fixar a m:atureza da estructura organica do Estado
T ISTA- Tocqueui,lle e Wo;i,tz.
siïeiro. -
A historia administrativa do tsrasil tem gyrado' ern grân- é attrih,uto essencial do Eçta,do, una e indi-
de parte, err¡ torno das attribuições do Impertlo e das
Provin- 1A soberania
cias, no regimen Imperial, e da União e dos Estados'
no re- visive-l perl,,ence aos Estados rnemlcros, ou ao Estado
I central . No primeiro caso temos urna União ou Conf,ederação
girnen republicano.
de Estados; no segundo caso, temos um Estatlo unitario.
A Federação era umå velha aspiração republicana' e mes-
rno entre os partidarios do antigo regimen' os
havia que eram É insustentavel essa theoria porque náo se pode negar a
s mâis existencia do Estado Federal, corno por exernplo os Estados-
mais federaiistas do que propriamen'te monarchisf¿-r'
Unidos, o Brasil, a Argentina.
f,ederalistas do que republicanos'
Uma das modalidades da theoria é a sustentada pelo "Fe-
A Federação é, por definição, um Esiado composto'
Uniáo soberana Estaclos a'utonomos deralista" por TocquEviLI"E (3) e Warnz (4); é a da dupla so-
O dualismo,
- - -' berania.
caracterisa todo o sYstema'
as dou-
Dentro clesta fãrmula, porém, variadissimas são Segundo estes autores:
do regimen federal'
trinas existentes' sobre a nâ't'utøa a) Pelo pacto federal, abandonam os Estados uma
Especialmente nos Estados Unidos' os systemas
foram -
parte de sua soberania ern beneficio da Uniã,o, reservando pa-
em torno de
largamånto debatid.os, e lutas renhidas travadas ra si uma parte dessa soherania. IIa, por consegïinte, uma
principios. repartição de soberania;
j\4'ousr<nnii (1f) assim classifica as diversas doutrinas:
llega a existencia
(2) "Ðisaot'trse on tlæ Consl. o,nd Government ol tlæ U. S." 'Works,
l.o Theoria da Co-soberania, é a QLle I, pg. 318. -
- (3) De la Démoct'atie en. ,Ameríque, tì . I, pg. 27'l .
(4) Apud LamNn, Le ftroit Publi"c d,e I'Empire Allen.and, \I . \
pg' 132' pg. 109.
tff l f eot'ia JuTiilictt d'el ÐsLado Fed'era!, IIATNES, The Americøn Doctrine of Judtiøittl Suptrantøcg. pg. 187.
a,
18 TIIEMISTOCLES BRAND.ÃO CAVALC^ô.NTI
TNSTTTUIçõES DE DrRErTo ADMINISTRATTVO BßASTLETBO 19
coactivoß s€m que' collectividade,s membros, além de terem uma competencia m¿l-
des, juridicas' com todos os seus elementos teriat limitada, ainda deve ser restricta a realidade territorial
só por isso, sejam elles soberanos' verifi- de suas normas. lodas ellas como as da comrnunidade total,
A subordinagao dos Estados membros á Federagão' devem ser conjugadas, coordenadas e submettidas sómente á
ca-se, segundo L^ls'ÀNo (11)' sob
dois aspecto's:
simples districtos Cbnstituição Federal. (14)
a) como partes constitutivas' comoexerce direct¿ e im- Dahi decorre a soberania unica da ordem universal do
geographico*, o"dt ã poder de Imperio se
Estado, emanada da Constituição Federal.
naediatamente; que det'êm e
b) como corpos administrativos. proprios'o poder de Imperio'
exercern, .* qoutiä^iu de intermediarios' ÐIVER,SAS THEORIAS
e sob a sua vigilancia'
segundo as normìas for est'e impostas
d'ous autores dois
Para MousKrrELI (12\ , ha entre esses È
seguintes principios
Þ
nas Disciplínares.
3.o-Aformaamericana,doNewDeal,francamentein. Cepltulo Y Dineita Cosi.umeiro e Praxes Admitis' ,:l
pelo Estado'
tervencionista, sendo a economi¿ contrôlada tratíoas. Decisões e- Jurispruilencio. Preceàentes Adtninish'ali'
4.o-
osocialismoreformistaououtrasformulasuniver- oos. Jurispruìlencia dos T¡ibunaes. i
do systema Clptrulo V[ Estatistica.
salmente applicadas de economia dirigida' dentro -
constitucional' i
* #
CAPITULO I
D itet,sas
.iou, Irre_
o Ma21or.
Bonnat ri,
-É,
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TIÍEMISTOCI,ES BBANDÃO CAVAI,CANTI rNstrTUIçõEs DE DÍREITo ADMrNrsrRATrvo BnAsrLEtRo 88
t 82
i!
t'
ì
D'Alossro define o direito adminietrativo:
(9) dtoit priv,é, du droit pénal et de Ia procédure ne
'i. peuvent pas protéger ou tout au moins pas d'une
-ì "il complesso delle norme giuridiche interne
che re- façon suffisante en raison de la façon même dont
pubblica'
j golano i rapp''rti fra I'amministrazione elles sont conçues, les intêrêts spéciaux de l'admi-
I
in quanto ugit"" per il raggiungimento delle. sue nistration publique. En vertu de cette évolution, ne
i proprie tittaiiu e i soggetti ad esso subordinati"' doivent être aujourd'hui rangées en Allemagne dan.s
.l le droit administratif au sens étroit que les dispo-
RaNnLntrI (10): ,.:-r.:ll
sitions de droit public dont la réunion eonstitue un
droit spécial de I'administration publique"^
"Il diritto amministrativo e quella pafte'del diritto
pubblico itterno, che regola l'organizzasione della Dentro do systema administrativo dos Estados Unidos
[\ pubblica amministrazione in senso subbietivo'
la F. Gooxow (13) define:
ne derivano"'
sua attivitá pubblica, e i rapporti che
"Le droit administratif est cette pattie du dtoit tlui
Orno MlYnn (14): fixe l'organisation et determine la compétence des
autorités chargées d'executer la loi, et qui indique
public propre
"l,e droit administratif est le droit
à
aux individus les rémèdes pour la viol¿tion e lettrs
l'administration"' dfoits ".
Fmtz FlrtNon (12), em contraposição a esse conceito' O nosso Unucu,ÀY (14) declara acceitar a definição de
faz observações que devem ser aqui transcriptas: L¡,rnnnrÉno, que elle assim traduz:
Talvez com mais justeza, Basta, porém, essa intromissão do direito publico na e*q-
doc dois ramos do di phera do direito privado, e vice-versa, para tirar a autonomia de
a posição
juridico vigente: cada um dessqs ramos do direito. A universalidade das normas
juridica^s contrapõe-se a toda tentativa de divisão, que só se
t "O direito Publico e o dir justifica dentro de um criterio systematico de duvidoso valor
(parados por um abYsmo. Na vi
scientifipo.
( se completam um ao <rutro. Já
ra a mais recente legislação d
reito publico nas instituições
cular no que diz com a liberd
rém. fazendo-se abstraçåo dess
privado pode servir de base a
duzir consequencias do direito
braremos ¿inda que existem
devem ter a sua solução dentr
Ainda mais: em Llma. mesma
binam elementos do direito Pu
E' lrern veldade que nem ;
reito administrativo de outro j
os cotceitos de F. FlorNnn. Ai t
idêas clvilistas, das quaes ain "d
I
par', infelizm€nte, iì3ra crear n
$
il
cuia ¿pplicaçåo na esPheta ad
modern,as instituições juridic t tt
intervenção do Estado na es å
ne 'sciencia tlo direito, ou se contrarieva o Beu flictos e das exigencias politicas e sociaes, que cumpre ao po-
das de publico amparar de accordo com neeessidades variaveis.
de Quaes as vantagens e os inconvenientes
Ha, porém, um terreno em que as norlnas clevem ser fi-
xas, em que a rigidez não preiudica a acção do poder publico.
E' naquillo que diz com os direitos individuaes, com a estru-
ctura ds' regimen administrativo, das normas penaes e pro-
e.essuees que presidem á actividade do Estado na ordem estri' Como se pode eoncluir, do eXposto, as difficuldades de co-
ctamente burocratica e administrativa. clificação do Direito Administrativo sã,o praticamente insu-
peraveis.
D'Alrssro citantlo Posada, distingue tres tendencias di-
.Como demonstra Amr,no Mpncrl (8), de todo.s os rarnos
ver*as ern relação á Codifica4ão do Direito Administrativo.
A primeira, re'presentada por MltrtEIN, LAFFEßßIÉRE, do direito codificado, o administrativo é aquelle c¡ue e<tntém
Mawtor,ttxl, de GIoANIS, MEüccI, entende que o direito admi maior quøntidai,e de materia juridica.
nistrativo não é susceptivel de ser codificado. A illimitação dos fins do Estado manifesta-se conlo rima
rêde inextricavel de tarefas atlministrativas. Focie-se aEreg-
A segunda sustent¿ a these contraria, favoravel á codi- gar em um só Codigo o direito de familia, o direiLo heredita-
ficaçã.o : l--)ucnocq, MANNA, Slrtt¡-M¡nm.
rio, os direitos reaes e de obrigações, mas seria ttm absurdo
A terceira, finalmente, DE GnnlNno, OoLMuRo, que acha
um Codigo que comprehendesse toda a materia jurÍdico-admi-
a impossibilidade relativa, contingente e actual, mas não reco-
nistrativa.
nhece nenhuma incompatibilidade entre o direito administra'
tivo e a codificação. A difficuldade da codificação está, a nosso vêr:, nåio só
na quantidade do mate,rial a ser empregado na coclificação,
Citaremos uma quarta corrente, BTELSA, que admitt¿ a pos-
mas principalmente em duas 1:artieularidades, primeiro a tle-
sibitic{ade da codific¿ção de uma parte, a administrativa pro-
cessidade de uma revisão constante das normas regulamenta-
priamente, o qu€ exclúe a esphera politica, do poder executivo,
res, segundo a descentralisação adtninistrativa eonseqttente a
Foram feitas tentativas paÍa a' Codificação do Direito Ad' descentralisação politica, que se caracterisa especialmente pe-
rninistrativo, e.specialmente na França, como o proiecto de la divisão da competencia legislativa.
Cnatn':пt¡ apresentado ao Senado francez em 1868 ' E' possivel, porém, e esta foi a soltrção sempre preferida'
Nota D'At Esslo que o Governo Fascista ordenou egual- codifica¡ uma parte do Direito administrativc'' fix:rrldo &¡q ûor-
nrenbe ¿ uniformizagã,o dos textos de cada departamento ou Mi' mas substantivas e adjectivas, que presidern á organisacão e
nisterio. funccionamento de um certo ramo da administração publica'
Ewr Fortuguat foi tambem realizada uma larga obra de Os nossos Codigos de Minas, de Aguas, tr'lorestal, de Ca-
cr¡dificação do direito adminístr¿tivo e fiscal sob a orientação ça e Pesca, o de Contabilidatle Publica, os Codigos de Posttr-
ilo gnveruo Saiazar. ras e de Saride Publica, constituem exemplos frisantes, embora,
uma das rnaiore.s <tifficutdades da codifieação consist¿ muitas vezes sejam apenas compilações, consolidações de leis,
nir sysiematisação geral da materia. Em um trabalho de gran- systematisadas em um texto unico.
cle v¿ior', urn autor italiano Dott. Gnnnum. L. Boccolr, fez a
analyse clo.+ diversos systemas. (?)
Pot aii pocle se ver a situação da doutrina relativamen-
te ¿o assumpto e as divergencias profundas que presidem a
qualquer idéa. de systematização, divisáo e classificaçã'o das
rnateria.s que interessam ao direito administrativo ou fiscal.
{rì tst. di t)ititto larrtir¡isúr u,tiuo ltcLli,(til(r, vol. I, pg. ì10 e segs,!
}
(8) Teotia Genel'ul del Det'acho Administrati.uo, pg' 16(;
{7i T.,a codíii.ettzion.t, del. dit'itto a,mtninì.slrcttíto, t933.
rNsîrTUrçõEs DE DIREITO ADMINISTRATM BRASILEIRO 95
.a,') o valor de uma constituição determina-se em relação Annexação de territorios, regimens administrativos, ern_
aos seus medtos defronte á administração; não se pode, assim, prestimos externos;
ajuizar em definitivo sobre o merito de uma constituição, senão 'são outras tantas relações com o direito intern¿cional"
considerando as suas affinidades com a administração. Essas questões são resolvidas ou pero direlto interno ou
pelos tratados e convenções (6).
b) Povo riament
certa ad , essa Pouco'
formará na d da Con Tratados e eorwenções
c) o direito dos particulares de tomar parte no poder le-
gislativo e de dar o seu voto nos momentos decisivos, impõe As normas do direito administnativo não são exclusiva_
\ a obrigação de conhecer a administração. tanto nos seus prin- mente de ordem interna- As relações de ordem internacional
cipios como na sua materia, afim de avahÌar da'bondade da edgem muitas vezes a realização de tratados, convenções, com
ì
Constituição. fins não só de uniformizar as normas internas de diversos
paizæs, como ainda de promover a collaboração internacional.
\ E' por isso que Llsr<v (4) chega a affitmar que "une
em torno de determinada actividade administrativa.
ilreorie pratique de l'État doit se concevoír en termes admi-
nistratifs".
A importancia dos tratados e convenções internacionaes,
na esphera do direito administrativo, é grande na applicação
Como se vê, é mais difficil distinguir do que estabeleeer as
das leis de policia, de saúde publica, e aduaneiras. naquillo que
relagões entre o direito constitucional e o atlministrativo. diz principalmente com a navegação rnaritima e aérea, a radio-
l
telegraphia, a policia sociatr, como a repressão dos toxicos, tra-
COM O DIREITO IN:TERNACIOÈIÄ'L fico das brancas, propriedade industrial e literaria, extradi-
ção e entrada de extrangeiros.
!: Seria longo aqui enumerar todos os tratados e convenções
a
t Nos tratados e convenções sobre poìicia preventiva' re- que interessaln ao direito adrninistrativo; alguns ha, entre-
Ìq¡
i! pressiva e sanitaria, nas attribuições administrativas dos con-
tanto, e recentes, e do maior interesse (?). !.
Í1
¡':
-7
98 TIIEMISÎOCLES BßANDÃO CAVALCANîI r.NsTrTUtçÕEs DE DIREIT\O ADMINISTRA Trvo
BRASTLEIRo 99
t imitacão de entrada de estrangeiros e que podem contribuir principarme'te para o clc,senvolvimento
*$a agricultura (11).
E'esse um principio consagrado pelas Convenções ;ì" Não extrangeira, nã,o teriarnos certa_
nacionaes, como a de lIavana, em 1928 (8), e pelas leis inter- .,' mente co a grave crise do trabalho, cons€_
nas da maioria dos paizes, como a ingleza (Alien order, 1920' quente ã io GZ) -
coüt å-s rnodificações até 1926), a do canadá, Australia e Nova
Zelandia (leis 1.901-1 .925, L.910-1824, 1908 e Repertoire du
Ðxpulsão de es[rangeiros
Ðroit International, Irapnmnr,m et NIE0YET, vol' 7-666/7);
a ilos Estados unidos da America do Norte (Immigration Laws
Rules of January 1, 1930, publicagão official, com as emendas outra faculdade inherente á soberania cro Estado é aquer-
até 1931, da legislação vigente, verdadeira consolidação de to- da de expnlsar os extrangeiros considerados perniciosos
aos
dos os actos respectivos, leis de 26-2-L88Ú, 19-X-1888' 28- interessqq do paiz.
4-1902, 6-2-L9t7, 19-5-1921, 26-5-L924, etc. . . .) ; da Argentina, O principio tem seu pleno fundamento no direito interna_
lei 817 de 19-X-1876, e decreto 2L-72-1923; da Venezuela, lei cional, que não admitte quarquer duvida cie caracter
doutri_
de 16-7-L925, secção II ; as recentissimas leis do Perú, 7-X-1981 nario.
e 27-4-1932, e do Uruguay, de 19-7-1932'
No Brasil, uma politica mais severa vem sendo seguida des-
de a lei de 1921, no sentido de defender o paiz contra a entrada
cie individuos incapaz,es moral ou physicamente e
que nenhuma
contribuição de trabalho podem traz'er para o Brasil' Ant¡s
re¡:resentam pesado onus para a nossa economi¿ (9) '
Os decretos n.o 19.482 de 12 de Dezembro de 1930, e22'453
de 1.o de Fevereiro d.e 1933, vieram regglar especialmente d
entr:¿da de passageir.os de 3.4 classe, e localisar os trabalhado (rl¡ C¡r. Cer,vo, Étud.e st¿r l'érn¡'t¿1.lion. Nellc se cst'cla o
res nacionaes ern nosso territorio' e os
-div-ersos_
processos îrnmigrator.igs 'nos
paizes novos- A.
valo.
Mõ¡rw¡nn,
Nãoexcluemevidenternentetaesrestricçõesasentradasde Les indásù¡^ttl¡las.
inclividuos aptos para o trabalho, dentro dos limites tixados Ir
encontrant nos tlab¿lìros d¿r Co¡rferencia par-
ommetcio do Rio de Janeiro. em 1g2?. reve_
petos $S 6." e ?.o do ¿rl' 121 cla Constituição em vigor, (10)' r tråtånl no Blasil c,erca de .l .400.000 t¡aba_
l
. Serunrlo Or¡ltgrna VIA,NNA {F):.roluçõo tlo pot,o Rrusitci,t-r¡. pg. 14g)
de 1890 ¿té ig01 entta¡:am 6?0.ì4r] immigrantes de clifferentes'iaciona-
lidades .
irO annos-
,ö ?."-- Ð' vedada ¿ ccncentração de immigrantes em qualquer ponto (1:f) alt. 1?g. \ ti ,'. Regularnento î.. tZ0.
do fm¡te,rio,
¿o rÈrritorlo dn Ùniä.,, devencfo a-ìei regular a seleeção, loealisaeño
e ä,o
de 31 de t94z. Tie"rein li;lt. de r0 de J;;;iì:"- áä" rgi.,s. r
a assìnrilaeão do alìenigena." Decreto 2 de Seternhro de i BFf).
100 THEMISTOCLES BRANDÃO CAVAJ,CANTI rNslTTUrçõES DE DIRETTO ADMTNTSTRA.TTVO BRASTT,ETRO 101
lamentada pelo decreto 6.483, de 23 de Maio de 190?' Iei nu- facto dos extrangeiros serem casados com brasileiras terern
mero2.74l^,de8deJaneirode1913,en'o4'241'det92l- filhos brasileiros ou possuirem bens imnloveis no Rrasìì (1t-r) -
Areformaconstituciorraldelg26veioesciarecerrnelhor fnnumeras questões podem ser suscitada,s en:t torno, pr.in-
solvido Pela Constituição em cipalmente, da naturalisação tacita, dadas as clifferentes m,o-
Permitte a exPulsão do ter- dalidades de que se revestem os casos individuaes.
Perigosos á ordem Publica Assim, por exemplo, a questão do titulo declaral,orio pala
ou nocivos aos interesses do Paiz' os casos de naturalisação tacita, tem sido objecto de contro..,er-
sias perante a doutrina e a legislação (16).
A legislação sobre o assumpto comprehende as seguintes
leis e decretos:Lei n.o 569, de 7 de Junho de 18gg, que de-
termina as condições de perda e a reacquisição dos clireitos
I
cionaria. politicos e de cidadãos brasileiros; L€i n.o 1 . g04, de 12 de No-
vembro de 1912, que dá regulamento á naturalisagão dos ex-
trangeiros; Iæi n.o 2.004, de 26 de Novembro de 1g08; Re-
I
gulamentb apptovado, pelo cleqreto 6.948, de 14 cle Junho
de 1908, que regula o processo de naturalisacão. ì
:
As exigencias aqui feitas são, em resumo, as seguinles:
pelo prazo de tres mezes (L4)'
{ l
:. O extrangeiro que pretender naturalisar-se cleve l-eqller.el
ao Presidente da Republica, por intermedio do Miuisterio cla I
Naturatisagãn
Justiça, provando a sua identidade, maioridade legal. resi- :J
- - - -
t: cornprehendida a grande naturalisação' ser o titulo expedido.
de na-
O art. 69 da Constituição de l-891 fixava os casos
ì
Prevê ainda o decreto diversas outras formalidadar,
I
! ttiralisação que foram, em linhas geraes' rnantidos
pelo art' 106 pecialmente com relação á naturalisação de extrangeiros resi- ".-'i.,,
da Constituiçâo vigente, excluidos, porém' para o futuro'
os
dentes nos Estados, antes da expedição do titulo declaratorio, f
\.
i1
casosdeacquisiçãodanacionalidadebrasileirapelosimples e outras. !
Reportamo-nos para melhor estudo da jurisprudencj¿r a", j'
:i
assu EnTtulsãa dø
ir (f4) Sobre o 'hoon¡co ocr*rÓ'
erc'
(
.t
BBASII,EIRO 103
INSTTTUrcõDS DE DIIIEITO ADMINISTRATIVO
10à THEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI
OOIVT O DIRETTO PENAI,
Diccionario de Direito Internacional'
de R'onmco Otrlvto'
(17)'
Naturalisação
Na organisação da justiça, do systema penitenciario'
e e
,r"r¡o
-
Nacionalidade
- - - penal administra-
mais intim¿mente ainda no chamatlo direito
tivo, a respeito do qual trataremos com mais dese'nvolvimento'
OOM O DIREITO OIVIL penal'
I
bre o direito administrativo' nistrativo, ou si finalmente é esta apenas uma parte do di- 1
principios doutri- I
-no"norrnas geraes' os
Não são ,apenas as reito penal, que interessa á administração'
11
I
.,!
narios fundamentu"*, regem ã soluçáo dos problemas ad- A questão pode ser apreciada sob o pottto de vist¿ mate- .l
J¡
sancções ad-
rial, isto é, qua,nto "o "oottúdo, á natureza das
I
ministrativos (18). quer dizer' no que se lr
deve ser resPeitado Þelo Es' vasta coPia de argumentos' que de-
esse é mediato' quer quando é Rocco (rgl paite do conceito das contravençóes admi- ì
aos interesses
militares' etc' fine como "acções ou omissões contrarias
directo, por exemplo montepios' testamentos se vê' ha inte-
..t
a transgressão desses ri
nistrativos do Estado" e por isso mesmo
Em todas .*r*, noî'tOÀ ¿" ãireito civil'
como
preceitps importa na applicação de penas'
resse immediato da administração' Os preceito. ¿o Oit"ito penal no terreno
das contr¿venções
teem sempre Ircr a tutela dos interesses da adminis-
"*"opo a lesão'
tração e portanto t.t"p"" se verifr'ea nas contravenções
o sacrificio de um interesse da administração'
O facto, porém, de se dar ás contravenções
o nome de
e de'
crimes administrativos e ao direíto penal contravencionAl
(1?) Ver BoungoussoN, Traité Gént|t'al de la Nuti'onof,it'é; PnÓsm' in Riui'sta d'i Di'
läernizîonate' Y ' l' pgs' 319 e segs' 1r9) Sul cosí dello drrztlo penale omministratì'oo'
Ro -Otl Trøtto'to
--" tr'EÐoøzr, a¡'oäi'"' titto P¿tbblico, 1909, I, Pe. 386 e sogs
Ver F. Fr'urnun' op' cit" pg' 40'
BRÀSILEIRO 105
104 TTIEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI INSTITUIçõES DE DIREIT,O ADMINISTRAîIVO
ìnlracçõe-r
nominação de direito penal administrativo, não implica em que Mnxztr.¡r (22), FmnraN (23), que denontina as
(24) que
se negue a existencia, nas contravenções, dos elementos consti- e penas fiscaes "direito penal financeiro"' Rec'Gr '
M¿ssmr (25) '
tutivos clo crime, da lesão e da ameaçe a um interesse ju- admitte a existencia de crimes administrativos'
que sustenta a autonomia do direito penal finanaeiro
caracteri-
ridico. das stlucções'
Dahi tira A. Rocco as seguintes conclusões: o,1o, pela natureza especifica
"rp*ialmentæ,
Fr,srNnn colloca, no entretanto' a ttosso ver' o pro-
Ou as cons€quencias de taes factos illicitos não são penâs Fnrcz
no seu sentido verdadeiro, e neste caso não ha crime, nem réo, blema em termos mais claros'
nem jurisdicção criminal, não existe em summa direito penal Ofa.ctocialeiattribuiráatlt'oridadejutiicialcompetencia
para a repressão das contravenções de policiapenale do*s delictos
nem material, nem processual, e não existe outra cousa senão caracter adminis-
direito administrativo penal, ou melhor, uma parte do direito fisea€s, náo importa em reconhecer o
administrativo que tem o caracter penal; tractivo da Pena.
são verdadeiros
Ou, na segunda hypothese, as consequencias d,e taes factos A.s decisões proferidas por t¿l autoridade
coagir' Os juizes se acham
illicitos são verdadeiras penas e então existirá crime, réo, pena iulgarnentos, que visam punir e náo
que diz com' a respoll-
emfim um direito penal material, ernbora falte uma jurisdicção aclstrictos ás normas de direito penal no
penal, uma acção e urn processo, ern summa um direito pro- sabilidade e a aPPlicação da Pena'
com caracter
cessual penal. Não existe um tlireito penal administrativo
Não.se- co¡r-
Dahi conclúe Rocco pela inexistencia de um direito penal autonomo e creado para uso da' administração'
crrmlnåes'
fundern as san'cções administrativas com ãs Pe'!¿ø's
administrativo. e o procedimento par.a a sua
Svr.vro l¡o¡qcnr (20) sustenta uma these inteiramente con-
As suas finaliclades são d.iversas
imposição distingue-se nitidamente
(26)'
traria. Para esse autor, o caracter penal e não administra- cle cerbos
tivo penal do direito arlministrativo, decorre da passagem do i\ tendenci a eadz vez rnaior pàta' a' autonomia
corn o diteito
ramos clo clireito (e isto não se verifica sómenbe
juizo das contravenções administrativas da com,petencia do po-
penal adnr,inistrativo) ' como o clireito industrial'
o direito fi-
der executivo para a do poder judiciario, corno oonsequencia da do desenvolvi-
nanceiro, o direito áo trabalho, etc., deco'rre
abolição do contencioso administrativo (21). cla modi-
mento cle certas relações juridicas em
consequencia
Dahi o caractnr penal das transgressões administrativas
ficaçáo das condições de vida'
e a natureza das saneções dellas decorrentes, de um
O rlireito penal financeiro nasceu da necessidadesancções
Mas, desse principio deduz-se igualmente uma outra con- a applicar
refor'çarnento ¿o poder do Estado, obrigado
sequencia da mais alta relevancia, isto é, si a sancção não ùem de suas leis fiscaes' bem
mais severas para as transgressões
o caracter rigorosamente penal e €scâpa á competencia dos como de pellas especiaes para cohibir
as infracções de me-
tribunaes judiciarios, evidentemente que conserva o seu ca- e crimes comrnet-
tlidas tomãd*= pelo Estado contra os abusos
racter puramente civil ou adrninistrativo.
tidos contra a economia do Povo'
São essas as duas gEandes theses que se defrontam, com
modalidades varias como se vê da enorme bibliographia que
trata do assumpto. Podemos assim citar. I' pg' 11'
(22') Ist. dì Diritto Penal¿ ltøl;iøno' -[ pg.'
(23) Pat'te senero) ¿"i' ü¡'ui" Peiule' \32;' -
¿¿'¡tto peno'te amtttinistra'tt^to penalc
'
\;:^\ LT' *isîiï"tiø-- ¿"1
-i'9ort"tt9'^3^
i limili"iü'- intø f iscale'
(20, Sul cosi dello dnritto penøle ammini^st'. ìn Rilt' di Diritto htÍ' e5\ Lø' definizionà'
!C' ' ll- oo'"'o penale' pe' 89'
''
in Là num¡ø legislnøone ltat,nna,1930'
pg'
1911, pS- 354 e segs- (26) F' Fr'urnun' op' cit'' r'1o'
tãtl Refere-se o ¿uto¡ naturalmente á ltalia.
L06 THEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI INSîITUIÇõES DE DIRETTO ADMTNISTRATTVO BRASILETRO lD't
Esse phenomeno consequente á m As questões potìern .ser examinadas, sem¡lre, pel6 ircder .ju-
tado na ordem economica e financeira, diciario, sob a forrna de sua legalidacle, o que dá uniformidade
tendente¿-obrigarosindividuosaocumprimentodasleis ás normas de direito penal, bern como 1r protecção juclir:ialia
pu- de todos os direitos.
financeiras e economicas dictadas pela defeza do interesse
blico no terre Con¡o mostra muito bern Rocpn, BorqNann (31-), ha urna
E é por rina e a consequente legislação parte do contencioso penal qr-le é de c¿racter adrninistrativo:
tomou maior nos paizes como a Russia e a é aquelle que se acha dentro da compe'r,encia clos Tribunaes
Italia, onde mais accentuada é a intervenção do Estado' administrativos. Estão excluidos dessa definição aqueìles caso\s
O Codigo Penal Sovietico (21) ttaz largos capitulos sobre submettidos aos tribunaes j-uldiciarios, embora na opinião do
delictos economicos e contra a administração publica' o mesmo alludido autor, conservem taes infracÇões' o caracter adminis-
tra,tivo em sen sentido material, puramente objectivo.
Em nosso regimen juricTico todas as infraccões cornmet-
tidas contra a administração publica e em gue houve damnc
â,Fazenda, está na competencia dos tribunaes ordinarios, o que
assim natnreza clas infracgões (28) '
a não exclúe a acção administratir¡a para a repalação clo clalnno.
Na ltalia, igualmente, tomou a questão grande vulto' no- Mesmo a multa tem esse caractet, como o declara exllles-
tando-se especialmente, além do Codigo Penal' a
lei de 7 de samente o art. 4.o do decreto 22.957, de 22-7-L935 (32).
de1 asnormas aate- O Codigo Florestal (31ì), o Codigo cle Caça e Pesca (il4).
das financeiras' os de'
o Codigo de Minas (35), o Codigo tìe Aguas (36). contem todos
e 18 e de 24 de S mesmo
disposições penâ€s, mas attribuem sempr€ a competenc.ia para
a applicação rlas pen.as ás autoridades juoicia.es.
Ha, porém, mais outro assurnpto relevante: Qual a natu-
reza das penas administrativas e transgressões dos regula-
mentos da administração publica? lìual a natureza tlas multas?
iloutrina. Como virnos acima, as m.¡¡ltas impostas pela atltoriclade acl-
Entre nós, ministratÍva não teem o caractev penal e sim o de rep'aração'
rrimento. Aco s
I
constituindo divida activa da União e clos Estarlos.
em tudo quanto
a.spectos.
a primeira quando o juiz, dentro de suas at- rìualisados, demonstrando a tendeucia do nosso direito admi-
tribuições, julga -legal ou illegal a pena applicada pela nistrativo paÍa caracterisar perfeitamente a mr¡lta imposta
autoridade administrativa. Evidentemente elle não em virtude de contravenção.
pode tornar penal uma impoaição fiscal. O seu c¿- Resta, finalmente, exarnina,r a natureza das penas admi-
racter administrativo é incontestavel. nistrativas impostas em virtude da funcção disciplinar cla ad-
ministração publica.
Muito se tem escripto sob¡re este assum¡rto. o rlue .íustifica
(38) ZAxoBrNt, I'e swnøinni administrutì.ts| pg. 83. ¿ variedade de tendencias doutrinarr:;ls e nauitinlllicídacle de
:(SO¡ Op. cit., U, pg. 295.
(40) Ver Der,loz, verb, Pe'ines; Ganneuo, Treitó theori4ue øt pt'a-
t'ùrye d,e Dr. Penal Français, Il, pg. 226.
(41) 'P't'øcís il.e Science et de leglsløtion finnnciéte, P'écis Døllor, _ (42) Ver Ar,rmpx¡, Principi di Dir. PenøLe, Li. pS. 2SB; M¿ìrzrNt.
:3éme édition, 1933, pg. 307.
I, pg. 108 e seg's.. øpr.td Z,.NowrNrr op. cit.. ¡lg. 84.
Ttattnt:Lo,
110 THEMISTOCLES BRANDÃO CAVALCANTI iNsTrTUtçõES DE DIRETTTO ADMINTSTBA TIVO BRASILEIRO IT1
theories. E' preciso, porém, que se diga desde logo, como se movimentam no quadro do servrço a que se acha ligaclo o
ZÀt{osnlr (43), que sómente os autores muito antigos e ante- funccionario".
riores á renovação dos principios de direito publico ê que ad- A pena disciplinar não tem por fim compretar ou sul¡sti-
mittem a confusão do direito disciplinar com o direito penal. tuir a pena publiea ou criminal, mas ¿penas åsseg:urår o cum_
A tendencia moderna é no sentido de admittir o caracter primento do dever profissionar e punir as contravenções
dos
puramente administrativo disciplinar, considerando a situação regulamentos.
do Estado quer dentro do systema eontractual, quer no da su- No mesmo sentido Orm Maynn (47) desenvolve a sua
pnemacia do poder esbatal. these.
O poder disciplinar subsiste independentementæ do poder Esses principios da separaçã,o rlo poder
repressivo penal; o criterio, o fundamento de ambos são ben disciplinar do sys_
tema penal, tem ampla applicação em nosso direit¿.
diversos, no fundo como na forma.
,Consagra essa theorie entre outros, o accordão do Su_
O principio ,geralmente admittido no direito penal, rnn premo Tribunal Federal de 15 de Dezembro cle Ig20:
bis in id,em, não se applica, ¡ror isso, ás infracções que exigem
apenas a applicação de sancções ou de penas disciplinares, "Na applicação das penas regulamentares a
Muitas vezes, como mostra Kauuonm (44), estas ultimas se au_
toridade administrativa é autonoma. ,pouco impor._
manifestam até por meio de simples imposições pecuniarias tando que o inquerito adrninistrativo que ienha dacìo
ou de medidas preventivas de que não se pode eximir a admi- causa á demissão do funccionario uão houves.se tì¡r._
nistração no exercicio de suas attribuições especificas" necido elementos para o procedimento cl.imínal.- (4S).
G. Vrp,¡r, (45) distingue a infracção disciplinar cla in-
fracção penal da seguinte forma: O artigo unico do decreto 20.810, tle l? de Dezembr.o de
1931. prohibiu até o conhecimento pelo poder judiciario das
1) Pela medida disciplinar'.
penas impostas em virtude de transgxessões disciplinares por
2\, Pela jurisdicção disciplinar inteiramente independent¿ autoridade competente,'tn oerb,is:
da penal.
3) Pela acçåo disci¡:linar independente da acção publica, "As transgressões disciplinai.cs como tal ¡,runi_
das pela autoridade comiretente. e.scapam á .iuris_
4') Pela rlifferenQa do processo disciplinar com o cri- dicção da autoridade judiciaria, sendo-lhes vecl¿rl<r
minal. tomar counrecimento de habeas-corprls cu outro"s qu¿ies_
L¿.e¿wo (46) não é rnenos preciso em sua analyse. Diz quer recur.sos que se relacionem cotìì e.ssas puuições.
elle: "As penas disciplinares não teem'ocaracter publico. Ellas revogadas as disposições em contl'¿r.io".
-8
tl4 THEMISîOCLES BRÀNDÃO CAVALCANTI
DE DIREIîO ADMINISîRA
TIVO BRASILEIRO 175
sidade, segundo HAURIoU, de manter o equilibrio dos interesses Dentro do nosso regimen politico,
economicos e sociaes em jogo (3). porém, o direito clecor-
que é a grande fonte
*eadoJa au''.it**ãå"";u"iai-
Esta é uma questão, porém, que examinaremos mais ade- Ji.ulrilt
ante; vale aqui apenas como observação para mostrar a r€- A jurisprudencia tem igualmente. como já vimos,
acção contta a rigidez das normas juridicas e a formação de portancia capital na im_
forrnaçãã ¿" ãi""1t",""."tJ*.."Tli.rnr.._
um direito semelhante ao costumeiro adoptada a idéa á mo- pretando a lei lhe dão
vida, o pensamento do re-
gislador, e appricando
derna technica juridica. assim"o"p""ìü"um
u'l"i-"o* casos individuaes rhe
d'a o sentido imposto p.t*,
O valor do costume na formação do direito administrativo, .onãifo".*ro.iu*s, poriticas e econo-
micas em jogo.
como observa MrRxl (4) é grande como elemento de investi-
gaçáo das fontes juridico-administrativas. Neste terreno é A technica jurispruclencial vem soffrendo,
dos novos principios, g""nau-t"u^formaçao, sob a pressão
realmente importante a constituiçáo dos costumes e usos' principalmente
no que diz com a appricação
As praxes administrativas e a jurisprudencia são sub-
maior está na conciliaçao
das reis sociaes. cujn finaricrade
typos, como ensina MERKL, do costume (5). aos iniãärr". sociaes e econorni_
c's' Ha' portanto, tma razã,o politica srpe'or aos interesses
A praxe decorre da applicação diuturna das leis e regula- rlas partes e que influe
mentos pela administraçáo, que vae fornecendo a chamada ju-
certa natureza. "o^rr'ruàá de decidir questões de
risprudencia administrativa.
Brm,s¿ (6), distinglle o costume da pratica burocratica.
E.
Lamgnnr €m um livlo memor¿rvel,
grande copia cle argnmentos clemonstrou com
O primeiro nasce da consciencia do povo, surge expontanea- como se deu a applicação desses
novos principios á jurisprudencia
m'ente da actividade administrativa; emquanto que a praxe Americara, seguin d.o a tra-
dição do direito anglo-saxon i"o, do^^"àmom_l,aztt.
¿rdministrativa se estende a forma de entender e de interpre
Esse processo consiste, antes
tar as leis e os regulamentos por parte da autoridade. de tudo,
telhnjca, pela applicação dos ..standarts,, na moclificaÇäo da
A verdade, porém, é que a praxe administrativa como o teferimos, que os francezes, a que já acima nos
costume tem influencia secundaria na formação do direito. Va- de modo expr,essivo, tlacluziranr por
"d,irectíaos", o que
lem corno elemento para justificar o procedimento da auto- con-siste em um prå"u.un technico
afJenas a linha de conducta, que fi;ra
ridade na fundamentação de suas decisões. * orienàÇão clo juiz: não fornece
a solução, mas apenas
a orientação g""àt e o espirito que
Ali os precedentes constituem razã"o de equidade que ser- orientar na decisão que vier o deve
vernr de fundamento para justificar determinadas decisões. a dar.-
A liberdade na interpretação e applicação
titue, assim, uma revolução cla lei, cons_
älnrr. rnethorlos de interpre_
"".
;
(8)
p¡"];X$, ','";,);,iïïi,:,ï;;;:"i^ï:;;:,:;l
ibìiograPhia'
d-irit¡s 77¿aþ¿¡to interno. In Rev. de d.iritto pttb!íco, vol. V, pg. 146. (ei iii,"#i.f,i,,;,:";;,Ì:,; r1,?;r,,e2r, pe_. 13e.
CAPITULO VI
que imprimiu Diz o citado ¿utor (63) : Só pode ser objecto de contracto
deu aos seus estudos e ao espirito anal¡'tico quanilo a vontade de cada uma
seus trabalhos. das partes possìre
juridica igual na integraçáo de
Para caracterisar o contracto administrativo propliamen' relação de direito.
relações de direito publico são regula,clas
te dito, impõe o sabio professor as seguintes condiçóes: de mocio
estatutarias sáo pessoaes e resolvem situações juridicas indivi- oonsideram-se illegaes os actos ou decisões administrati-
duaes que estabelecem relações juridicas entre o individuo ou vas em razã"o da não applicação ou indevida applicação do di_
¡ressôa juridica de direito privado e o Estado. reito vigente. A autoridade judiciaria fundar-se-¿ ãm razões
Ora, os actos legislativos são unilateraes por definição e juriclicas, abstendo-se de apreciar o merecimento
de actos
a maioria das vezes impõem normas e obrigações que ligan administrativos sob o ponto de vista cle sua conveniencia ou
necessariamente e, independentemente da maniflestação da opportunidade.
vontade individual, o individuo ao E'stado' Quando se d-eclara que ,uaes actos são invalidos por vicio
Evidentemente, a complexidade do' acto, o seu caracter de illegaiidade, entende-se naturalmente que está comprehen-
bilaterai, não basta para caracterisar o contracto, cuja estru- dida a maior de todas as illegalidades, qaul seja a qo. ã""o"""
ctura é especial e só se integra pelo concurso de elementos for- da inobservancia da Constituição.
maes € materiaes bem d.efinidos' É por isso que o art. 113, no BB da Constituição Fbderal,
referinclo-se ao Mandado de segurança, decla"u. qt.,u este cabe
VAI,NÐAÐIE DOS A"TTÛS A.Dß{II'{ISTßÀTIVOS para defeza de direito certo e incontestavel
ameaçado ou vio_
por acto manifestamente inconstitucional ou illegal de
A validade dos Actos Administrativos presuppõe dua¡ qualquer autoridade.
eondições essenciaes: Os autores italianos (G6) costumam dividir a invalidade
dos actos administrativos por illegitimidade e pelo que elles
a) a sua conformidade com a lei, isto é, a sua consttiu- eha¡nam "vizio di merito".
cionalidade ou legalidade; A illegitimidade decorre da sua nã,o conformidade com a
b) a competencia da autoridade que praticou o actn' lei, e o
defeito de merito, de sua inopportunidade ou iniquidade.
A illegitimidade pode tomar tres aspectos, a saber: in-
A prirneira condiçáosó abrange necessariamente aquellu competencia, excesso de poder, e violação da lei.
actos em que a autoridade que os praticou estava subordinad¡ Ernr nosso direito, a validade dos actos administrativos só
directamente â obediencia ás disposições legaes, excluidos na' pode ser apreciada sob aquelle primeiro aspecto, isto
tur uelles pra ncçáo é, da
.dis ou fóra d legal'
Esta comprehende, como se viu, não só a desobediencia á
estáo, Por todos
lei, masainda a incompetencia da autoridade.
aqueiles cuja execução está entregue ao arbitrio da autoridade
administrativa. Dentro do nosso regimen administrativo e judiciario, a
Mesmo os actos sujeitos ás normas legaes teem uma esfer¡ da autoridade constitue a razã,o maxima da in-
dentro da qual a autoridade administrativa é o unico juiz dr dos actos administrativos, porque comprehencle ainda
conveniencia ou opportunidade da medida, isto é, sómentp ¿ praticados em virtude de uma faculdade ou poder dis-
ella cabe apreciar qual a melhor maneira de executar um act¡ Nesse caso, a lei permitte que se o tenha como
autorisado pela lei.
Por isso é que as nossas leis e a jurisprudencia dos tribu-
naes têm declarado: (65)
(65) Lei n.o 221, d,e 20 de Novembro de 1894, art. J-3, $ 9'', lettra I
INSÎITUIçõES DE DIREIîO ADMINISTRA TIVO I]RASILEIRO
25$
E' evidente que só se entende necessaria a auLot-ìsacäo.
consistant normalement dans les profits qu'il tirera para a execução de serviço publ ico quasi
se confuncl€m com as
de I'exploitation du service, generalement des taxes concessões propriamente ditas. E' Frecrso
qu'il reçoit e autorization de percevoir sur les usag€E guil-as.
du serviceo'.
Os autores italianos costumam dÍfferenciar a,s
concessoer
unilaterae's, ou co'cessão licença, das concessões
A distincção, a nosso vêr, entre a simples licença e a coÞ conces.qões contractos.
biìatera€s, ou
cessã,o,não se acha na forma unilateral ou bilateral da re
lação juridica, m¿Ë.&e-.ggqria nature,za ds-Ê.ifgegão dq3x- Gloncr (7) assim estabelece a differenciacão:
o
aa
"Existenr, dua"s especÍes de concessões.\Ol*u^n. são
ESlffio na execução do p_9¡v-iço- má_
ras pernnissões, pelas quaes paga-se apenÍL_c
méro
obriga-se
Taes concessões não
M¿rnn (4), ou uma forma de administração descentralizadq revogaveis portanto, ad nutum, pera autoridade ^precario,
como entende Ducurt (5). Outras, ao envez, são acompanhaàas de uma disciplina
coTcerrente.
As consequencias que decorrem dessa situação constituem con_
tractua'1, em que a autoridacl'e assume a situação
ire co'tra-
inotivo de maior exame. hente, *r-lbtrahe a cousa âo uso publico ete,,.
A subordinação do concessionario ao Estado, a sua in- ,
. -¿l-ssim. as permissões são mellos actos administraLivos
ùegração, embora sob forma autonoma, ao. organismo adminis' tic¿cio.s'"jus imperii". 1_rra_
--- t'i
258 THEMISTOCI,ES BIIANDÃO CAVALCANTI INSTIIUIçõES DE ÐIREITo ADMINIS TRAîI VO BR,{.SILEIBO 259
poten-
rece procedente, porque na maioria dos casos o direito é
cial, ã sua existencia depende tie condições pessoaes' exigen-
cias technicas, etc', que precisam ser reconhecidas pela auto-
leis (14)'
ame completo das confusões corren-
tem os âctos administrativos chamados
autorizações e as concessões, (15) mostrando o perigo das
con-
E mais adeante:
viço".
ad'ministt'atif, VoJ II -
(19) Ver Princ+pes $eneranLÊ ite droít' q.ulorízazioni'e (27) Ðt'tit. Admin. de l,Empire tlllemand., pg 21:ì
-
1¡e¡ tambem n¿Ne¡.r.rriÏáo'hi--gà";"te delle concøsilom
122) Orm Mny¡n, Dt,oít Admí.n., IV, pg. tG6
a,n¡,minisfrathrc.
(20) Di.gesto ltøIìano, vetb. Demnnìo'
-
v\
meirbe a doutrina Preferida' ClAFivA-r,Iio Dtl Mnl¡ooNçl (J. X.), embora reconhe-
cendo os valiosos interesses publicos a serem protegiclos por.
t'
onsabitídacle Ci'¡i't d'o Estado' pag
{:ìp) l-;ut,ité filementoi re r\e l)roit Ac|minístt.tti.f , pg. 61F.
( 3{r,) } tt¡ eclto ^4 dmi¡n.istra,titro. Vol . I-", pg4 122 .
ção encarrega um
individuo'
expendidos a favor e contra a flreoria (44).
e exPlorar o serviço Publico'
Demonstra o alludido autor que a figuna do c:ontracto não
telnop uma concessäo" é peculiar eo direito civil, que a ausencia, cle discussão da,s clau-
de funcções' como
Mas qual a nabureza clessa delegaçåo ßulas não impede que se tenha a relaçÄo jrrririica ccrlo vel,da_
esta se realisa? deiro contracto, em sua forma como em seu conteúrdo, e que a
ausencia do concessionario não dá por si só ao acto car'cter
unilater¿l.
Não temos duvida em que, pela nossa legislação, quer em ,.para que, no interesse collectivo.
materia de estradas de ferro, como de portos, como de qualquer *: os lucros
tos orl delegados não excecì¿rm ír jr-rsta
t.I serviço publico, a concessão tem caraeter esseneial b¡. r.etri_
tractual. A lei ordinaria estabelece, muitas vezes, a norma o em vígor, não pocleilr mais
geral de taes contractos, fixando condições e peculiaridades que istentes em doutrina quanto á
servem para dar cunho especial ao serviço contractado. publico. Não seria licito pre_
Ha em todo contracto feito com a administração, q,,qmþe- natnrez¿r privacla, guanclo
cimento prévio do contractante que a execuçåo da obrigação de intervir. em qualquel_
se acha subordinada a condições inherentes á natureza do ser- brigações assumid¿r,s.
viço e a posição juridica de uma das partes, e ahi se acha pre-
eisarnente a legitimidacie de cert¿s medidas tomadas pelo Es-
tado durante a vigencia do contracto.
Temos, porém, como indiscutivel que o concessionario do
serviço publico gosando das vantagens e regalias de sua po-
sição perante o publico, subrogado como se acha nas funcções
do Estado, a elle se acha subordinado no que diz com a fisca-
Iisação dos serviços, na restricção dos lucros da empreza e ou-
tros sacrificios que pocie o interesse publico impôr ao Estado.
A leg'itimidade da delegação está, assim, sujeita a uma
condiçâo, a saber, que o Estado com essa delegação não venha
a sacrificar o interesse publico.
S6mente assim justificam-se as vantagens excepcionaes
(isenções de impostos, direito de desapropriação, etc.) conce-
cliclas pelo Estado aos que exploram serviços publicos (46),
Toma, assirn, o contracto de concessão a forma de um ser-
viço publico administrado pelos particulares, mas com os be-
neficios e as consequencias onerosas decorrcntes dessa pre-
missa.
Regulando de maneira definitiva o assumpto, os arts. 136
e I37 da Constituição vigente, estabelecem normas controlado-
ras dos serviços explorados pelas emprezas concessionarias, não
sómente no qll-e diz com a sua composição e organisação, como
ainda determinando a elaboração Ce uma lei federal destina-
cla a regular a fisca,lisação e a revisão das tarifas dos ser-
- l8
CAVAJ,CÀNTI ÐE
2'.14 lIIEMISTOCLES BRANDÃ,O DIR,TqI?'T) ADMTN]ISTRATXVO
BRASILEITiO 275
cidade de New York ao
conhe- BAUDB, Gt eusuir, Fn¿nx¡,untut,
mente em um caso trazido Bela em iBoivuüIctlts, etc., teem
ComPanhia gastou $ 4.000'000, sido os campeões d.essa doutrina,
cimento da Commissão' a tão i¡r'hantemente sustentada
despezas com engenheiros'
custas, etc. uf, c:ìso's'uu'*"te* BelI i;;;1"""
das indemnisações em caso
de :åt ttr;iti;)Tt*not"t'
Na fixação das tarifas e grande o criterio a
uma importancia E' preciso, porém, reconhecer: que
encampaÇão, etc', tem näo rar.as sã,o ¿¿s .eci^qöes
da Côrte Suprerna, dos Tribun"*.
i esse criterio deve ser o do em favor do custo actual (?).
Jt.rio.es, e dås L.tornmissões
co, isto ê' da éPoca em
qlle
E'de salientar a o.pinião clo
sto actual' tambem chamado caso "lu¡_tr;u i.lul.r'.itir. no;iá ciLarl'
SouthwesLern Bell Telephone Case __
- acira largamente
elia se Lg23 _ onde
de reproclucção. ¡ ---:^--^d de
Americanos "inuestment ctcost",
Ão,,imztcsÍ.ry,ent sustentada-
Ao primeiro, chamam os zo segundo' de " repro-
Os partidarios do custo actuai baseam_.se
oríginnlorr" " *îd"li-- ¡*utt*ent" ;
principalmente
" na oscillação do valor da moecla.
Mu- Si aìguem comprou uma casa por ,$ 10.000
gado PrinciPalmente Pelas attaz, ninguem Ihe poderá ."n.u"u-" po" Ìra dez annos
vundel_a agora por
o assumPto $ 20.000, de"sde q¿¡s seja este o ."u ,rulo" actual.
T-Initlos sobre O me,smo
occorre oom o seu valor locativo, gue
ciPalmente com a funcção varia rle accordo com
a valorisação ou desvalori"sacão dá proprieaade.
Si, por outro lado, a casa que tãr äaquirida
;tff":i:t:i duas circumstan'
se_desvaiorizar a $ 5.ûû0 ou
por $ 10.000
$ 0"0000. este será r: seu valor
ciasrasaber: actual pelo qual tem r.le se vender (B).
entre o crilerio legal que serta odo Este será effectivamentu o
1.") a divergencia
economito' itto é' o do
custo sentido estrictamente commercial. "r,Llmento usual, dentro do
preço historico, e- o criterio appticat-o
Mas
aos serviços de
actual i Aqui, "o'" 'ãiufao
torna-se mister indemnizar ",tiJJ,ìi'nl;iiJ:n'u""
as emlrrez¿Ìs do capital
z.o't a dePreciação do v efflglivamente dispendido, pelo que
f.oi realmerrte gasto. A
rnente, se reflectir sobre
a mldida do valor é, aqui, a moeda, e
o capital empatado estará
Dahi a reacçã'o natural sujeito ás fluctuaçõe"s do valor
monet¿rrio.
his
eorttra o valor do custo
u*iiuçeo Pelo valor actual
O caso classico na his (6) L. R. N¡rs¡r, The econotnic of pubtic Utititias,lg3l; p
éo-Suntnversus ,roull),, är* 9:g:-y- l¿ir'r.trt, em um imporranre
custo historico, que fo esra
s¡nte ";:N"ff#';{:.^ent, pa^ 85 e ser¡s., ùt."n.À*'r
o de numerosâs com
648, rle 10 cie Jult¡o de 1gts4:
da Costa do Pacifico' tazoaveis,_aljnea b\ do
e, as ülêSn.tas:
¿rt, l?g, o
ffi t"ltf:'h'^î,î.îïåto3å ão
- Es:uarnrcrrre Çss¡gi¿
Ry a.rid
oo*åTt*'to ver âs aulas dc a"i'outlir.,,,, tt.rt luitr.it :tiilities ri.:ç_
n_of pub[ic..¡ttilitics,, onde se
sões dos .¡rclra
tribunaes
do Ante-projecto da",ñiìän;""
Sub_Commiss¿rr
ro
gração dentro do regimen da adminisfiaçã"o publica'
""'ilå: ;, Tî"fs,r"1î,S :*"
z ij. o 6?.