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PROJÚO GúTICO
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Milirrr' L§boa
Àrqucolocicor ,le EoeeÍhar ra

Poder político e administraçác aa


fl"m"tlâffff á3lltPffi ""."'-J formação do complexo atlânti.o
Ô Àn'rcÕ k'p'ú' nG troDico!' r d'nin(J imp'nJl porrugu'e'
AÁ14 ,.^""',i", ivi xvlur I l-á t'rgo\o MntD rchrndr BJPtrst' porruguês (1645-1808)
ii"-]r". u,;, d. FJnnJ sihr Gôuvár' n'F 'I7trüorcs - Kro
dc JãnarÔ' Cr'ili?ã§âo BrasiLna'
2001'
Maria de Fátima Silva Gouvêa"
lnclui bibli%rífi'
lslN E5-200_0564'0

l BIJtil-HInó J'Poiodoolonal 1500^1822 2 8'6il-


C, n,.,;". - tro.tio, 1822 1889 3' lotugrl -colon'ls- õrsÍ
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l tÉEGo' Joro'
;lil:ir". ü"i" É**"a' s'p'i'' n' i' dc
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Êirimr Silva'
cDD - 981.03

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r,,4.... tt,re*os rescrvrdo'. Prorbrdr a rcproduçio me'orr sem


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ãuÍoriãçâo Por escrilo'

Pfi ii'"e.t"trii'à"^tiüffi H".^

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PF-DIDOS PELO REEMBOLSO POSTÂL . -^.
l.iílã',Jzi.dir. x. ae Jánetro' RJ - 20e22'a70

lmpresso no Brásil
2041, T'A€r-d.ç" *s.rt"." . ..,..rr iôrôulidrs p., Mri,r I .rírndr Búlho . Rotrildo ..:,:/( :
I ptrm?úi v.ôio d.Íc àp(dlo
'Sefl ?rctos luio b.i Pdtkt tbuo c sern Argola ,aao lni prct6-"

"O BÍosil que t ue e se abn'e'ü de A gota.',


Pâdre Antônio Vieirâ

Boa parte da Ínstonografia mais recente sobre o lmpério ultramarino


à português tem se dedicado aestudar determinâdâs carâcteÍíslicas nâ for-
o ma êm que era realizado seu governo, [rem como na originalidade de
operacionalização de sua âdministraçáo ultrâmarinâ. Ponto destacado
iem sido tâmbém a consideÍaçào de troietóias odnífiistíotiuas sei?.
de indivíduos, seia do tratameoto político-âdminisrrativo dispensâdo a
-
deteÍminados teÍÍitórios no ultramar. Tem sido assim identificado um
processo no qual a co[struçáo dessas traietóÍias tornou possível a com-
binâção de uma políticade distribuiçâo de cargos, e porralto de meÍcês
e privilégios, a uma de hieratquização de recursos hurnanos, materiais e
territonais por meio do complexo imperial. Essas trajetórias puderam
ainda viabilizar a formação de uma memóÍia aceÍca de problemas e so-
luçôes implementadas no exercício dagovernabilidade no ultramar. Iden-
liÍica-se, assim, uma economi« polítíco de piuilegios (Bicalho, Frâgoso,
e Gouvêa,2000), dinâmica que pode reforçar os laços de suieição e o
sentim€nto de peÍtença dos vassalos sejam eles reinóis ou ultrâmari-
nos
-
à estrutura políti€â mâis âmplâ do lmpério, viabilizaodo nrelhor
-
o s€u goveÍno.l

l-Ç[ããiL, q*r,Í,-ao po. Lu,z Fer,p. .,. Árêtr.rÍ,o (oúo rqüd. d. ",.pr.rurçio
I pólíD.r.trt. o enro.. p.rÍ.n. mp.nàl ' (À.n(#ro, 2000, p.l0r)
roÇ('CQCCCÇCCaÇ c;c;c ctcccÇcctttaaoar!tttritlttrtt t
{o Nos riórtcos orxÁMrcÂ
caPl t Ú e ^

Repensar a natureza dessas traietórias administrâtiv᧠à luz de deter_ to, a formação política do Império baseou-se na transferência de uma
minados contextos históÍicos, demarcados â pârtir de todo unl colriunto série de mecanismos jurídicos e administrativos dâ mctrópole Pâra as
mâis distarrtes regi6es do globo. Padtoailo, poderes concelhios, gover-
de esúatéBias e práticas adíninisuativas exerittadas pela Cor oa portugue'
nadotes, ouvidores e capitanias hereditáriâs Íoranr alguns dos principais
sa em sua gesteo govetnativa ío ultÍarnar no periodo considerado, é a
prtrposta deste artigo. Para tanto, seráo dcstacad⧠ceÍtas conex6es políti_
institutos âcionados pela Coroa poroguesano ptocesso de organizaçáo
de seu governo sobre o complexo ultramarino em expansão.r
co-adminisrÍadval que interligavarn determinadas áre⧠no Atlàltico Sul
Considerando o Atlântico poÍtuguês, entÍe os séculos XVI e início
O estudo Íoma como pontos de ÍetiÍêícia o estabelecimento da Reparti-
(1645), o reconhecinrento do XIX, é possível identificâr uma dâdâ trajet6ria delineada pela forma
çáo Sul (1643), a oiaçáo do Pittcipado do Brasil
como o BÍasil, pârtes da Áfticâ e Portugal estiveram institucionalmenre
do direito de representaçâo do:BÍasil nas Cortes portuguesas (1653), o
entrelaçados no interior deste complexo. Na década de 1530, foi insti
reoÍdenamento dos linlites âdnúnistrativos separando as caPitanias no
centÍo-sul do B.âsil, bem como a criação do TÍibunal da Relaçáo no Rio tuído na ÂméÍicã o sistema de capitanias hetcditárias; em 1548 foi ain-
deJaneiro (1751) e a transferênciâ da cápital vice-Íeiflal pâra cstacidade da aí cstabelecido, por D. Joáo III, o governo'geral. Já em Angola, a
(1763). Definidas essas bases, será considerada a circulaçáo de determi- primeira capi tania hereditária foi concedida por cartâ ré8ia de 1571.r A
instituiçáo de um governo-geral seria estabelecida em 1592, em respos-
nados indivíduos pelos calgos de Sovcrnâdores do Brasil e Augola no
ta às teflsões geradas pelo controle dos vultosos recutsos iá ProvenieÍ_
p€ííodo. A análise será colcluída Por umâ bÍeve âvaliação de deteÍmina-
tes do comércio local e, mais especialmente, do de escÍavos úicaÍros.'
5 dos empreendimentos exploratóÍios reâlizados uas duas conquistas, adi_
O enraizamento polÍtico'administrâtivo portuSuês nessa regiáo foi um
- cionando-se ainda uma análise da decisão régia em procedcr a transferência
dos fatores a propiciar mais tarde, em 1595, a in§tituição do Á§r?rlro -
da Coroa portuguesa para o Brasil.
privilégio do direito de fornecimento de escravos africanos parte
mercados
-por
consumidores
de negociaotes portugueses em relação aos
hispano-arnericanos.
:, CONSTRUINDO UMA GOVÊRNABILIDADE
Foi üo período da União Ibérica que se pôde assistir â um significe-
tivo enraizamento de institúições polÍtico-âdmioistrativas nas duas re_
À expansão ultramarirrâ portuguesa resultou nâ progressiva conquista
giôes, cofltexto esse posto à prova de forma formidável por oca§ião
de rerrilórios, concotrendo para que a Coroa passasse a atribuiÍ ofícios
e ÉaÍ8os civi§, militares e eclesiâ§ticos aos indivíduos encarrcgados do
goveÍno nessas novas áreas. Passava tâmbém a Coroa a conceder privilé8i_
eÍr : ónio Mmu.lH6p.Dhx NíiÍná *í o lnPéÍio po.tu8três"o.rúPlo niisqrrcl€rtuio d.
os cometciais a individuos e grupos ,l§sociados ao procêsso de expansão
um inpériom.rcdo,.o m.sno tanpo, Pd, d6cotrlinúidid.Bpic'{I. P.lá @.riíán.ir d.
curso. 'Iâis corcessóes âcâbârâm por se coÍlstiluir no desdobrarnento de uma mod.lôi,.,ucion.n" G6prnh., 1995, p. 9).
cadeia de poder e de redes de hierarquia que se estendiarn desdc o reino, rÊn 1J71. Prdo DiB d. Novri! íoi rgrâcHdo rcn. cône$io d. trmr.iPilríiá n* mãÍ6.ot
do rio Cúâía. A@mpâíh{dô dc úii. d. c.m colo os, do' Prorkguim.nro I .rprn§io Pôr
dinamizando ainda mais a progressiva ampliaçáo dos interesses nretro-
úBú.s M .G8ilo- Áo mo .., .n 1J89, inicou e úú p.Ííodo d. tnrô.t c .re ditPur i
polit{ros, ao mesmo tempo que estabelecia vínculos estraté8icos com .r!. or BnrpGr.l. rsci.doi, dcÍlxS ndo um qudlo d. cris. $r. ctlmnútr @6 r ulr_

os vassalos no ultrarnar. Materializavâ_se, ,§sim, umâ dada noçáo de pac- çio dí dolÍio dá ciprhhir por prÍ. dr coÍoâ . . cr'.ção do 8ov.!.ô s.àl Íês roos d.Pón,
ktrdo ído .Ítlo íom.rdo sov€.údor Fancitco dc Aln (Cor.E. 19J7, p/$,-. at §.«io,
to e de soberania (Bicalho, 1998 e Couvêa, 1998a), caÍacterizada poÍ 1971, vol. l, pp. 112 154).
'.L
valores e práticas tipicârnente de Antigo Regime, ou, dito de ourra Íor' 'C.r.{ d.509{, dú.icirv6 qtr..h.8.Í.m I Âfléri.r.sP{nholr.m r.idos do §aculo Xvl
ma, por uma economiâ política de privilégios. Neste mesmo movimen- .Írn prov.oi.n.6do.o6arcio r.âliàdo nê§r r.8iio (Àl.n.xrrc, 2000, P.78)-
<^rir !to !
o ..crM. tor rróp,rot a or ÀM,c^ ,spÉ8.Àr
^rÍr6o

tâlyez mais bem afeÍidâ eniternros do extraordinrário avanço que grupos


dâs invâsões holandesas Ceilão ê.lapão (1609); Bahia (1624);
-
Mombaça e Pernambuco (1630); Luanda, M,rarrháo, S€rgipe € Sio
lrolandeses empreenderam mais tarde sobre a rcgiáo, aindâ no conrexto
da União lbérica. A criação, em 1602, dâ Companhia tlolandesa das Írr-
Tomé (1641) (Mâuro, 1991, pp.74-76). SeÍi^ assim, com os HâbsbuÍgo
dias Orienrais constituiu-se no marco deÍlagrador desse processo dc pro-
de Espânhâ, que Portugal e seus donlÍrios ultÍamarilos tonràriam maior
teÍritóÍios ultramarinos poÍtugueses. Em 1609,
gÍessivas iNeslidas contra
contato e irtimidade com práticas e estrâté8ias administrBtivas mâis
grupos holandeses tomârâm possêssôes portügucsas no Ccilâo e no Já-
complexas, tais como a criaçao da Companhia das írdias Orientais
-liibunal dâ R€lâçáo na Bahia (1587' 1609 e pão. Mais intimidadores forarn, enrretanto, os avanços empreendidos sobre
(1587)i a cÍiâção do
o complexo Adântico, viabilizado por um conjunto de ações sistcmâtizâ-
1626)ri o envio das duas primeirâs visitaçóe§ do Santo OÍício ao Bra-
das pela busca dc intervençáo diretâ na região, entáo considerada uma
sil (159i e 1618); a criaçáo das dioceses6 do Japão (1588), de AnSola
das principais fontes de Íiquczâ da economia européia (Mauro, 1991, p.
e Congo (1596), de Moçaqrbique (1612); a edição dc um novo corpo
74). A câpiiâl da Ámérica poÍtuguesâ foi irvadid em 1624, sendoliberâ-
ale leis Íevistas e atualiz adas as Odenações Filipiaas (1603); a cria-
-
de um Conselho das indias e das Conquistâs UltÍamaÍinas (1604)i da apenas no alo seguinrc. Em 1630 chcgârân os holandeses a krnarnbuco,
ção
noÍte c sul (1608 e 1621); onde permaneceram por mais de duas décadas, sendo deÊnitivamente ex-
a rlivisão do Brasil em doi§ Eovcrnos -
- pelo quâl a§ queix⧠pulsos em 1654.
o estabelecimento do regime de "residênciâ",
A coniugaçáo dessa ocupaçáo holârdesa àquela empreendi da na Áfri-
podeÍiâm seÍ encâmi[hada§ a ouvidores contra governadores (1622);
da Casa ca meddional revela de modo claro a percepção existente acerca das co-
a criaçáo da Companhia de Comércio das Índias Orientâi§ e
nexóes existeotes mtÍe ãs regiões do Atlântico Sul. Os grupos holandeses
de Contrataçáo rla Bahia (1628), com o intuito de ampliar as condi'
à a divisão do Conselho de PoÍtugâl em
Íâpidâm€nte pud€rân perceber âquilo que rá cÍa muito dito e sabido en-
N) çóes de comércio no ultramaÍi €
tre os portugrieses, como nas pâlavÍâs de VieiÍa na epígÍâfe do presente
tÍês secretaÍiâs de Estãdo (1631)-
âÍtigo. A economia âçucareira de Perlarnbuco não poderia sobreviver a
Avançava, assirn, a irrstitucionalizaçáo da goverflabilidadt ibérica so'
contentosem âmauutençáo de seu vínculo visceralcom as regióes fonre-
bre os teÍritórios ultrâmarinos poÍtuguescs. Esse contexto era ainda
fun_
€nrâizâmcnto cedoras de rnão-de'obra cscrava localizadas em África. O âno de 1641
damentalmente caracterizado pela progressiva expansão e
âvanço mârcaria, assim, â chegâda dos holândeses à rcgião de Lua.ndâ, na busca
da presença portr.rguesa no Atlântico Sul. Exeflplos disso foÍâm o
décadas de do controle desse vínculo. Nesse rnesmo a o, chegâÍiam tâmbém ao
d. grupos luso'b.usil.iros sobrc as terrás do Maranháo nas
Maranháo, a SeÍgipe e â São 1bmé, num movimento de progrcssiva ex-
1610 e 1620 €m reação à pÍesençâ fÍancêsai â expansáo dâs trocâs
-
comerciais com â regiáo do rio da Ptara autorizadas a paÍdÍ de 158J; pansão sobre os territórios circunvizinhos. Entrementes, gruposluso bra-
- (1604); a sileiÍos passaram a conjugar esforços com vistas àsliminâçáo da presençâ
a tomada em definitivo das serras de Carnbambe, em Angola
permanente em e da irrterferência holandesri em s€us negócios no complexo Atlântico.
fundação de Curitiba (1614)i e â instituição de uma feira
Essa, que iáhaviâsido uma tendênciâ anterior, como por exemplo no caso
Dondo, estimulando o coméÍcio ÍêSional na Íegião do rio Cuaüâ' eÍn
da liberação da cidade de Salvador em 1625, ganhou então fôlcgo reno-
An8olâ (1625).
esses esforços coniügâdos podc ser vâdo poÍ ocâsião da rcstauração da soberania portuguesa em i640. Dc
1 vitalidade econômica de todos
um lado, a Coroa portuguesa começou a implemcntar medidâs que pu-
dessem melhor viabilizar a retomada dc seu goverÍo sobÍe seu coniunto
;illu-a*-]sez, i húionr!.r l6oe,sÍdo PoÍ'ú 'xtinb'm 1626' lor imperial. De outro, grupos instalados em difere»tes re8ióesdo Brasilpas-
"a "o..ç"tr
tu:lú.nc !.írb.l..do .o 1612, saram sistematicamente a se mobilizar ua defesa da soberania lusa, bcrn
'Â diôc.* di Brhi{
íoi.ri.d..D r551-
Lll ra ll D!ÇD!!ü L!! I aLaa|}aaalaa a.!!..... i]l-. -!9999! !!!
Íos Író.rcor. ortrÀMr.À rMr.rrÀ!
^

decoÍrentes dela' Íro con_ comerciâl do Rio de JáneiÍo lqoxe\ 1973,


como do coniünto de relaçóe§ so'ioeconômic᧠W.267-271). Destaca-se o fâto
dc que o estabelecimento da Repartição Sul- um ârrifício âdministrâtivo
texto das invasóÊs holândesâs
responsávelpela gesráo goveÍnativa dâs áreâs nâ tegiáo suldaAmérica por-
,.,i"t 0.,.",.,. .edidas determinadas pela CoÍoa portuBuesa foi toguesa
ac.Jlao do'Coaselho Útramarino, em iulhode 1642' reeditando em -estevê viscerâlmente associado à constiOisão de mecanismos que

Índias das Conquist⧠ultramâri- melhor viabilizassem a resrauração dasoberaria portuguesa naÁfiicá
o ;e.it"ao Conselho das me-
.rro".'""tito
'nas. a âdministrâ- iidional, entáo sob ocupa$o hotandesa. Estratégia essa que deve ser tam-
Estabelecir_"e, ,""im, um óÍ8ão câpaz de uniÍotmizaÍ
t€Íerentes bém avaliada em termos de sua singularidade em facc do quadro de
cão do ulrrámâr. Competiã_lhe a8e$ão de todos os negócios
Verde e Íiagilidade política gerado pelo fim da União lbéricâ. Súdiros e yassâlos de
1.. e",rat" ao e,".if,'irrdia, Cuiné, ilhas de Sáo Tomé e Cabo
A elimi- diferentes regiôes no Império sâo convocâdos a pÍestâÍ os importaníssi-
i. r"J"r .t a".ri. em Áfricâ vinculados à Portugal
mos serviços de defesa de sua Coroa recém-restaurada.
,rr:" ã...."a* "..itórios
iraiâs sinãlizav n a cresceíte importância do Àtlânti-
como o novo Momento singular na história político-administrariva do conrplexo
to no cenário imperial. SiSnilicativã Íoi lâflbém á ÍoÍma
e padÍo- Atlântico, na medida ent que se deseocadeav4 a paÍrir de entáo, uma se-
..gi." i.ir*ri.à ".* n-a busca ile uma maiot racionalizâçáo
esse talvez o qüência de eventos bastanre significativos no desenrolâr d€ umada{iatÍa-
,iir.ao a.ieo*-o a" "eus lerrilóriosul(râmarinos sendo jeróriâ administrativ â do Brasil. Dirrarnizava-se uma
iitif""a" -nÍeÍido à novâ irrstiruição' Esrabelecia se' dessa economia políticâ de
".rt'"irrf
t^ u*ranre poderoso e muito respeitado por parte de
privilégios viabilizada pela concessão de mercês e privilégios dispensados
i"rrn",
"iur*f
io,to. o, qu" la. a"p.ndiãm scndo um ór8ão
deliberativo e bastante tanto ao Brâsil
- enquaÍito área privilegiada no inredor das hierarquias
tomo critéÍio d( espaciais do conjunto impcrial quanto aos homens inter-relacionados
à- ."t""*.if"" a* *cieJades de nutigo ReBime' teve nobreza
-
pelo tonjunto de polÍticas então {riculadas pela Coroa e seus vassalos.
."i..:o a" ,.r. pr.sidentes â lirulâçáo de fidalguia de primeira Nesse sentido, a cârtâ rógia de 26 de outubro de 1645 determinou a ele-
. , ireri".*r.,ien.i,.nr negócios ultramarinos A nomeâçáo do Màr_
do Brasil' ondc vaçáo do Estado do Brasilà condiçáo dc "Itincipado',. Tiâra-se de medi-
irri a" ú""*f,*, 1"'gc Mascarenhcs' recém-thegado
damuito pouco problemarizadâ pclâ historiogÍâIia sobre o período, sendo
ior. vic.-rei entÍê 1640 e 1641, como seu primeiÍo Presidente'-pôde
à".""t"* . p*. a. Srasil em Íelaçáo âo ImpéÍio como um todo ê's apenâs citâda de formâ periférica e assistemárica, tendo sido considerada
poÍ Pedro Calmon como um reílexo dos "melhores propósitos- da Coíoâ
que as relatavam no mo_
mâtéÍias eÍarÍLdistÍibuidas pelas conselheitos'
em resposta às pÍovasde fidelidade demonstradas porseus súditos ameri-
fÍam freqüentes as consultas régiâs' bem como a
-"n,o Aa "o"ro,rçao' cânos por ocÀsião da Resraurâção porruSuesa (Cãl ]mor\ 19 59,
que seriam inteÍpo§tosao parecer do rei
(Cae_ p- 642\. Já
.ooJriçau a. p.á.".tos FÍalcisco Bethcncoürr considerou essa mcdida umâ "compensâção sim-
Âno, 1967, Pnssin\'
'_" governador-do bóiica de :aonta" no âmbiro da ausênciâ de referência ao Brasil nos rítulos
f.t , o*it a" f,,*tnamento desses expedientes quc o utilizâdos pelos r€is portugues€s enrrê osséculos XVI e XVIII (Berh€ncourt,
ti"ie lalei,.r' o célebre Salvador Correia de Sá' toi convocado em 1643
ger;'l '1998, vol.
ll, p. 333). PoÍ seu inrcrmédio o herdeiÍo do úono pâssou a
o tinrlo dc "governador e administrador
'-.. "ttiã'ãn" " ""'mir
Errn â ele atÍibuidos auronomiae poderes indc-
sistematicamenre se intitulaÍ "Principe do Brasil,, até 1g17.?
ã* -i'* i.i- *,ro"
as_
,"f,aa" territórios do sul do Bresil' estâbelecendo'se
I* "r" t.,". a" *"".,.,çào esPecífiG' a "Repartisão armar
".^i.t,", do Sul"' como ficou
"Cls D. JoIo v$iôú,.o !734, ô iituto d. p,iresrd. ú.n p.,rü êr, o_ M.Íii FÍâí.isc.
uma ftota que le6.l, . Í'hn. Írinhr D. Ma.ir l. Eí. ríiulo íoi.nÉo Goí..hido prrá dBHcr.. pojiçto d.
..rfr."ia". f.i .ü ,*tU'im encarregado da misao de polriyêl h.rd.ní dô ro.o .nqúinro rs pris nio riv.sm ú6 fithô !.rio. O ,tvrá d. 9 .t.
que acabou por rea-
poa.... ."rg",r. Lu*a" do domínio holaldês' taÍefa iitr.irô d. r8t71lr.Íoú o ínrto d..,príúcip. do BÍ*il,,p* o {,.,,pÍincipcdo R.iÍo.Unido

I ír- *."t*', *f".ços reuniilos com o apoio de gÍupos iÍstalâdos Íâ P!âça d. Po.'t3rl, do AÍrsil. dd^l8,n.f, nrr,r.ndo ânlllâ o.ído d. princip. dâ B.iÍi
.rrlruro. not r rórr< or À DriÀMrc^ rMpErrÁr

Valc salicntar, cntrctanto, quc essc fâto €onfigurou uma notável ino- .liês
ça de Joâo Fernandes Vieira e Ândré Vidal de Negreiros. anos de,
vaçâo na forma de ser da gestáo administrativa ultÍamaÍinâ. A elevaçáo pois, Luândá erã Íetomâdâ em razáo dâ ação coordenada por Salvador
do Brasil à condição de Principado ÍepÍeseirtou, àquela alturq algo de C.orreia de Sá. Essa reconquisra suÍgiâ conro uma coroaçáo de esf.orços
imerúâ sigrificaçáo política, especiâlmcnte quândo se considera o coutexto coaiugados entre os súdiros luso-c&iocâs, ã Coroa e scus oticiais insrJa-
dâ R€staurasão portuguesa. Â condiçáo de Principâdo €vocava valores e
dos no Brasil. De um lado, a cidade do Rio de e sêus .homens
Janeiro
noç6es de govemabilidade e vassalagem que alçavam o Brasil â uÍlÚ posi-
bons" passavarn a acumular desde 1642 úrulos e privilégios concedidos
. çáo deveras diferenciada no cont€xto imp€riâld€ entáo. Em graflde me- pela Coroa o priviléBio dos cidadáos do porto (1642), a faculdade de
dida, buscava-se aproximar o Brasil, de forma mais Íntime, de seu soberano -
nomear em caso de mortc o sucessor do governadoÍ (1644) e o título de
Íecéin-restauÍado. Um rei ausente fisicarnente, mas que procurav4 poÍ
"leal elreróica" cidade ( 16471 (Bicalho,1998, p.258). De outro, provia-
€s§e expedi€nte, ÍeafiÍmar a §uâ pres€nçâ e os elos que os unia a seus
se finall,lente soluçáo às demandas advindas do gÍupo de traficâÍtes
de
vassalos ultramãriros, e rgaic especificarnente aqueles do complexo Arlân-
êscravos e deproprieriáÍios rurâis da Âmórica portuguesâ e mais especial-
tico Sul.3 mente os da praça merc-antil do Rio deJaneio (Âlencâstro, 2000, pp.23t_
Essa alteÍaçáo se Íelacioravâ a um contexto polÍtico mais âmplo, no 238), Vale áinda lembrar que os homens envolvidos nessa empreitada
quâl a Coroa poÍtuguesa passava a mobilizar mecâiismos quê melhor não
seriam esquecidos pela CoÍoâ posteÍiormente, recebendo uma complexa
promovessem s€u governo sobre o coniunto de território§ vinculâdos àr
trarDâ de mercês e privilégios que favoreciam o conjunto de todas as suas
suâ soberâniâ. No caso do Brasil em paÍticulaÍ, destacã-se o lato de que
atividades socioecon6Í icas, como, por exemplo, no caso bem estuda-

f, essa alteração se inseíiâ em um pÍocesso de gradativa (oncessão de dtulos
do deSalvador Correia de Sá (Boxer, 1973, pdssirz & Fragoso,2000, pp.
à "conquista" americãn4 delinealdo-se uma trajetóÍia político-admids-
71.721.
Eâtiva capaz de explicitd uma dada estrâtégiâ dc goveÍno. EstratéBia fssa
A propósito da elevaçáo do Btasil à condição de principado, vale ain_
informada por uma economia política de privilógios, vale repetir, tecen-
da lembrar que essa decisão aconreceu pouco &rtes dâ realização d.s Cortcs
do vfu€ulos e sentimertos capâzes de relacionâr indivíduos em ambas as portugue$§ de 1645 -1 646 eÍn Lisboa. A convocatória das Cortes foi
acorn_
margens do Atlânlico. panhada da edição do "Parecer do Marqr:ês de Montalvão, D.
O ano de 1645 assistiria ainda à couvocaçáo das Cort€s de Lisboa, à Jorge de
Mascarenhas, para servir nas Cortes que se fizeráo na cidade de Lisboa
recriaçáo do Conselho de Estado, bem como à deÍlâgÍação da iísurreiçáo
em 1645". Nesse texro, al€rtâvâ Moltaváo sobre os perigosque poderianr
luso-brasileira em Pernambuco corrrao dornrnio holaldês. sob alideran-
tesultar do descontentamento gerado pelo "rumot,'do "povo", afirmâl-
do que as populações estâvâm táo insâtisfeitas com a nova ordem portu-
'!oM Áhrcz rÍnnoú N íôrmr .ôhô d H.brbnrSo ácioMrxm inínnior poli.ion oso o
d. v ic.{.indo . o dô Co Í çlho d. Po íngil. .nqurn lo n.iG d. su p.t çiô drs "srud rd.J' do tuesâ que já mesmo questionâvam se não seriâ melhor voltü à ârtigâ
.ci&trtid8no r.ino poÍtu8trê!.6 Ír,,iodódilrrncirmrtrtô íôi.D súsdo p.L Uniio lbérna. ordem castelhana (aprl Cardim, I998a, p. 100). As exiSências fiscais
o "PonuÃ.ldor Filip.3 n:o * tiúIi oÍÍfl'Ido sb.. . rBidôtr.iâ do r.i, aii sin sbr. produzidas pela guerra de Restauração, bem como â instâbilidade políticâ
ünr .üÉnciN'. E.rm asiú §.r r.cu!s! trtiliado! ú.4 d. Ío.o, r{r .rFdGnG, 1í
- *
^litr.l,
ycaituíó!-,Ío* gerada pela quebra da oÍdem oulrora insrituída pelá UDião Ibéiicq âli-
ido d. Eíorça! Íí.culo.. nêniÍrlià. Gntõ6 8.ráds p.l. Íomr coôo
Pôrn'rrltrvir * in..Íidô Íorqudos di mo.lÍquü hnpinicz, krrindo + o E§,tuio dê mentavarn um quadro de instabilidade polírica, concorrendo para uma
TomiÍ (1581). S.sMdo o ruror, lonân.l.toÍâs.060.id. v'c.{.n'{do-. pos'Elm.nt.l maior necessidade de convocação das Corres por parte da Coroa bri-
-sn*ituírú !
d. Pi,rôpido, rqu' cônsid.rrdâ .ú nErinÍG d. Bflndc opo(ircu poli-
Íq, ÀcloordG.m momHÍosd. mÍor ír,gilinrdr Jr sov.í'rbilúlad. r dr so&Í:nrtD.ur. Santina
r (Bora ,illrr.l, 2ooo, .sp..iilm."t. o crpirúlo Iv). A8rãd.çoà P.dro CfdimrtÀ'.to!r Montalvão viriâ tâmbém a ocupar, antes de sua morte em 16j2, ás
n'dk{rô d.§ núpo itrúí,D ..t r.Í0r prestigiosíssimas posições de procurador do Senado da Câmaa de Lis-

a a a.a.a a a a.a a-a a aa a a a a a a a a a a a r a.. a....... /r t . t . r,-,r,^,-l


DüQ üCüOü !O O!l!§ ! I ü ! r !! a ra.alt !r{l!tttr!!itltoÇÇcíc CU
Á D'{Àú <Á 'úrtirÀt

"escutava" seusvassalos, pÍocurândo agir como §e fosse um Pâi


em bu§-
d€s€flrolár dos
boa cargo que usufruía enoÍme ascendência §obÍe o o pro'
- (CaÍdim' 19984' P' ca da melhor soluçáo possível. Se, Por um lâdo, isso confirmava
trâmites p;líti;os na§ Cortes portugue§as de então gr€ssivo reconh€cimento da imPortânciâ Político_administÍativâ do Brâsil
t€ndo sido
vedor da Fazenda, rnembrodo Consclho de E§tado'
126)
-,o p.inr.i.o pt".id"nte do tccem'criado Conselho Útramarino' Vale
io cen,irio mais amplo do complcxo imPeÍial bem como dos direitos
-
âdquiÍidos pelos gtupos que empreenderam sua "conquistâ"
(Mello'
t "iná
aqui rcpeti.' uma vez mais, o fáto de que Montalváo foÍa nomeado'
em
por outro, conÍiÍmâvâ ajá iístãlada tendência da Coroa
otítu' 1997,passiml
1i39, for lrilipe lv de EsPânha, governador-gerâl do Bra§il' com -,
em co[ceder privilégios e mercês a §eus t€rriióÍios e vâs§alos mãis
caÍos
tarefa de
lo d. '"vi.e-rei do Brasil". Aí esteve encarregado da dificílima
e leâis.
pÍocedeÍ ao iuÍamcnto da Coroa portuguesa no Íe§caldo da.RestauÍa_
pelâ pÍesençâ de gÍa des O Marquês de Montalváo, iá aqÜi citâdo taotâs vezes, estivera atu-
6o portrgr..", "itu"çao bsstante dificultada ando politicamenre até o ano anteÍior à ediçáo dessâ nova m€dida'
ten-
d" *op"" castelhanas na Bahia' bem como em râzáo dos âtuando
do ari entáo ocupado cargos-chave e pÍovavelm€nte tâmbém
po"rí"lis fo.o, de resistência à Restaurâção - como foi o caso -da
"on,ing"ni",
em tavor rlessa decisào. O ano de 1653 marcou o final de um
período
em Sáo Pâulo Se-
incipiente tentetiva de aclâmaçáo de Amâdor Bucno de fr€qüente convocâçáo das CoÍtes, rcuDiÍIdo os trôs Estados'
promo_
a argumcntar
Íia Montâlváo possivelme[te uÍn dos elementos_chave -
do Brasil à con_ vendo n reconstÍuçáo dos vínculos necessários para a cdição de
políti_
ou talvez até mesmo â propor - em defesa da elevaçáo
câs que tânto confirmâssem o lânçamento de Úovos
tÍibutos, bem como
dição de Principado. À singularidade de sua trajctóÍia
admini§tÍativa e príncipes de
o "levantamento, luramento e aclâmâção" dos novos reis e
* politica pessoaliálvez tenha concorrido paraque ele formulasse propostx
portuguesâ em mo_ PoÍtugal restaurâdo (Cardim, 1998â, pp 95-96) Em relaçãg ao Brasil'
em Íavor da mcthor gestão governalivâ dâ Américâ precârie_
â siru;ção era talvez âinda mais complexa, considerando_se a
mento político táo frágil para a Coroa'
ilade tlas conexóes que interligâvâm as §uâs difeÍentes pa es entrê
si'
da Coroa em
Esse seria também, possivelmeote, o câso da dccisáo especialmente em face das difi'
bern como deste ao coniunto impetial,
reconh€cer, em 1653, o direito de represe taçáo
do Bꉤil nas Cortes Sul'
pelo culdades político-administrâtivâs entáo elfÍentâdas uo Ádântico
,o.*go"r". "n,:o .on,ocaJas' outÍo a§sunto pouco problematizado Ne"se sentido, seria muito bem-vinda uma alterâção
que Pudesse refor_
no entantot
coniunto da historiografia brasileirae portuguesa' mâsque! americanâ e a CoÍoâ porlu_
çar a ligação entre o "todo' da conquista
um, questão d. singulff impoÍtânciâ ío contexto históÍico
dâ épo_
"voca guesn.
ca. A fragilidade dasoberania portuguesâ nesse
momento concoÍreu em
Nâo surpÍeende a§sim obseÍvâr que, em 1654 um ano apóso reco'
favor rla-utilizaçáo m*is fÍ€qüente dâ esttâtégia de
co vocação das Cor- -os holande§es te"
nhecimento do rlireito dê representâ§ão do BÍa§il
-'
res (1645, 1646 e 1653), na definiçáo dos
rumos políticos a seÍêm se- Tratâ-se
nhafi sido cxpulsos de modo deÍinitivo daAmérica PortugÜesa'
goiio, pá" Coro". Segundo Pedro Cardim' elâ cvocava uÍr "es'ilo de essa de uma relação que não pode §er eslâbelecida diretamente,
mas que
'goràà p"rti";p"at, i. q/ol tonnua pãrte atíva os difelentes efltidades
.n ..,"n,o p".""" bastânte válidâ de seÍ considerada em termos dâ
"q* co-purhn- o todo social" (Cardim' 1998a' P 76) modo' "., desse direito pôde alimentar §e[timento§ de pct-
-Desse. forma como a
adquitidos' que
iortlccià-se, imagem do rci que ÍêsPeitavâ os direitos "o.,cessão
lensa e vir§sâlagem dos súditos luso_bra§ileiros no contexto
pós'restaü_
qtlc a completa expulsáo dos
racionista. É sempre bom Dão esquec€r
lilhot *B P'rúrn§írs
IiãIt-.* + ua" r*, on. , .'ror d' Mo!'ivio qqnto doi!M**1t'l'l e em
holâÍdeses e aÍestauraçáo dâ §ob€Íania portu8uesa no BÍasil
,"".".,-*lito, r.úrqu! h'leinka JcJ.íiDo fl:::lL]: âçáo de Portugueses e^ngo-
luso-
l*",*.- a* ,,i""p-a"" *po'í"t do trupo d' f'drlto! portus*s qu 'íÉÔ p'r6rnc la foram levaclas a cabo graças aos recur$os c à
;;;*,ú,, á,..;d.; a,-.o.á ti'po a' s'60"'"' tó72 rBotra tuvrr'z' 2000
hrasileiros instalados no Brasil.
x03 riórrcoi a or ÀM,cÀ rúFER,Âr

RelâÉes enúe e§§e contexto e o período marcado pela existênciâ dâ dos maiores exemplos dess€ coltexto talvez teíhâ sido a ação
._Um
Companhia Geral de Comércio do BÍasil e a atividade missionáÍia do Pa- militár empreendida contÍa o reiDo do Coogo, outrora o grande alia_
dre Antônio Vieira devem ser também estóelecidas (ca 1649-1659). De do de Portugal na região, por grupos luso-brasileitos instalados em
um lado, um 8rânde pÍoieto de integrâção do coíjunto dâs âtividâdes eco- durante o governo de ninguém menos tlo que André lidal de
nômicás e ÍneÍcárúis, envolvenr.lo diversos grupos no complexo impcÍiáI. A ^ngola
Negreiros ex-líder resrauracionista em pernambuco, como indica-
companhia organizou frotas e usuftuiu vários êstancos comerciais no Bra-
-
do acima. À célebre batalha de Ambuilla (1662) marcou â irágicâ e
{ sil. Tinha também competêlcias militares no que se referia à luta coutra os definitiva derrota congolesa frenre ao avanço poÍruguês sobre aifricâ
holandtses em Pernarnbuco. ld€alizada. conc€bida por Vieira ábrigon sob meridional.r, §egr.rndo Luiz Felipe de AlencâstÍo, esse seria um dos
elc-
seu patrôcínio vultosos câpitais de crisúos-novos eÍbteotes em Portugál mentos mâis importântes no restabelecimento do complexo ultrama-
nâquelâ épocâ. De outro, a vigência, a partir de 1655, de um curro período Íino poÍtugüês apósofim do "longo cetiveiro irnposto peiosHabsburgo"
em que os jesuítâs, sob â lidirang de Vieit4 usufruíÍam consideráv€l po- (Alcncâst.o,2000, p.296). Decapitado o rei âfricano, teriasua
caúça
der sobre os íodios do BÍãsil, áÍrgariando plena autonomia na condução dâ enterradâ em Luande e suâs insígnias régias enviadas como troféus pata
atividade missionária entáo empreendida"!o Buscava-se garantir meios que Lisboa, ambos encenados como símbolos da grandc vitória l-lsa (Sou_
mclhor propiciassem o desenvolvimênto daeconornia e do povoamento da za,1999, p.77t.
América portuguesa, possibilitando assim uma maior opeÍacionalização do

o Boverno ultramarino na reSião no contexto pis-Restauraçâo.


o\ Pode-se assim dizer que as décadas de 1640 a 1670 ÍoíalI. Ínarc dà,\ 2. REDEsENHANDO TRONTEIS,§ E TRA,IETóRIÂS ADMINISTRAÍIVAS
por urna rara densidade na aplicâção de práticrs e estratégias dinamizadoras
das relações político-administÍativas no l\tlântico Sul português, Com a  já mencionada dimensão globalizântc do tráfico negreiro emrelaçãoâo
restauÍaçáo de Pernambuco, os principâis líderes luso-brásileiros pâssâ- conjunto de atividades econômicas empreendidas no Atlântico Sul pôde
Íâm â governar capitanias circr.rnvizinhas, além da possibilidade de, sub. fâvorecer a corrolidaçáo de uma posiçáo preponderante do Brasil
na re-
sequentemente, Bovernar Angola.:' Trárâvün-se de me€aÍrismos que mais giáo. A viÍadâ do século XVII paÍe o XVIII âssistiu ao grâdual desloca-
pÍontamenfe restabeleciam os n€xos qü€ histoticameote vi[hâm dando mento daquilo que tem sido caractcrizado como o.ciclo da mandioca,.,
seotido âo coniunto de interesses polÍticos e €€onômicos prevale€ettes Ílo pâIâ uma eÍa dominadâ pela economia geÍada pela exlração de
ooro no
complexo do Atlântico. Nasegunda metade do século XVII, a dimenúo centro-sul do Brâsil (AlerrcasrÍo, 2000, pp_ 251-256). A melhor dcmârca_
globalizante do trráfico negteiro na gestão de todâ essa regiâo f€z com que ção dâs fÍoÍteiÍas luso,brasileiras serviu rambém de cenário pâra a
fosse taÍnbém nec€sslirio alimentáÍ €ssas €onexões por iot€rmédio dâ prG redefiniçáo de mecaoismos mais efetivos de governo na região eÍn face
pÍiâ expansão dessâs:iÍêas dc intêresse, bem como pela obtenção de coÃ- dessc contexto de progressiva rralsÍonnasão econômicâ.
cessóes adicionais de mercês e privilégios por pârtê dos iodivÍduos Um primeiro quadro de alteraçôes pode ser observado na forma como
relâcionâdos. se êncontÍâví[n demaacadas a§ fronteiras eclesiásticas no Atlântico Sul.

)'ÀtrEdaçio ini.i{rcíi. cor«didr .p6!.ó r.hdo.G índi6 do M{.úhro d 1652, ,Prccdo de.xpâ io qN r xLrs.Í,r no íltino qn Êt dô ícnto XvI.com r Índrçio
sído poftriom.nt impliád{.ft r.lição.or d.n.n r.,núriot ü.í.í.lr9l, p.l0r}. ptídiô d. Pu.eo
do aovo po. vohr.l. t67J, toc,tiudo h,r no i"i.rjo..q;.,
rloiô Fêm$dB Viênx íoi gôv.r,rdor dà P.râlbâ (16J5-r6J8). dc rtntol, (lóJ8-1661), d..ú&l(í co jbrom^ndongo
chis.on rí.$rráqninh.nrorq,t6m.i.o!,, hí.d. Lun;r.
.{qü.no Ándré Vidâl d. N.Briror gov.rnou o M.tánhao (r65J-!656), P.ôrúbuo (1657. .xprndnrdo.Í BUrtmrDr. or porrúgu.Ís prrr o,ú1, prrr B.nrmtr (Rns!lt.Wood. I993c,
1661 .1667), Ansolá (1661-1666)c Pdíâibr@ (1661) (Mdio,2000, pôr,r). p. 129).

I 'n" rsc
lrt rl L /a a f .l-.1 r-
)D Üaaaf D Üa f ÜaaI Di I I aIl f a oa a at o r !a a. a I !t.! tt t t. rtr rt
ro3 Írôrr.or
..rtru!o, ^ D. iM,cÀ rMFrr

de novos bispados suftagâneos


asistiriam à criaçáo Câio Boschi argumeurou tâmbém que, a despeito das grandes disrân-
Oc anos de 1675 a 1677
(1676) Foram as- cias, os bispâdos e demâis insrânciâs eclesiásticas uo ulüarnar porruguôs
ao da Búia, enáo elêvado à condiçáo dc arcebispado
Em 1677' o náo estavâm alheias umas das outrâs, citando o exemplo do Sínodo
sim criados os de Olindâ (1675), do Rio de Janeiro 11675\'
cnglobando ernba§ a§ conqui§ta§ Diocesano da Bahia ern 1707, que contou iom a presença de vários bis_
bispado de i{ngola e Congo - -
Passou
Bahia' per" pos, inclusive D. Luís Simóes Brandão, bispo de Ângola, enrão hospeda-
da§ autoiidades eclesiásricas da
'também à esÍ*a dc influênciâ do por nove meses pelo primâ2, D. Sebastião Monteiro daVide (Boschi,
manecendo vinculado ao arcebispado de Salvador' O
bispado do Maranhão
ficando entÍetâÍlto subordinado ao arcebispado de 1998a, p. 376).
foi criado em 1677,
mais diÍet'r- Dois fbram os demaisprocessos dc modificação observados na demar-
Lisboa, confirmando a iá hisrórica tendência de associar_se
nessa maté_ cação de frontciras administrarivas aquiconsiderados. De unr lado, acria-
mênte â l-rsboa â região norte da Âmérica Mais significativa
ria foi, entietanto, a instalaçáo na Búia do Tribunal da RelaÉo Eclesiâsticâ çáo da capitania teal dâ Nova Colônia do SâÍtíssimo Sâcram€nto, na
pxrâ o iulSaÍnento maÍgem esquerda do l{io da Prâta, em frentc à cidade de Buenos Aires,
(1678), constituindo-se em tdbuíal de segunda instânciâ
de matérias desse foro €specífico.11 ApÍimorâva_se, assim' a organização lo ano de 1680. De outro, as descobertas de nrinaç de ouro no centro+ul
mais impoÍtante§bÍaços de exercício do Sovcrrro poÍtuguês
na do Brasil crD Íins do século XVII, faror que propiciou um coniunto de
cle um dos
erltre cssÀs d; reoÍdenaçóes nâs fÍont€irâs das câpiteliãs da Íegião, âlimeotândo uma
Íegiáo, pos§ibilhârldo uma maioÍ e melhor comunicâçáo
nâ Sestáo im_ progressiva maior importânciâpolitíco-âdmidsirativa do Rio deJâneiÍo
veisas instancias, auxiliaÍ€s administrâtivos fundâÍnentais
tro 8ov€rno dâ Américâ poítuguesa como um todo.
periel de então.
\ ObseÍva-se tãmbém umâ significâtiva ciÍculâçáo de
titulares eclesi' O estabelecimento da colôniâdo Sacramenro nas margens do Rio rla
portugueses A existêncix Prâtâ em 1680 iÍrâugurou um período de g.ândes tensôes entre grupos
ásticos pelos diferentesbispados ultrarnarinos
pode §er obse âda espanhóis e portügueses ali instalados. SeÍviu de morivo parâ a eclosáo
de conexóes administrativas cntte o Brasil c Angola
nas trâietóÍiâs ecle§iráslicas de pelo menos
quatro bi§pos em particular' dc conflitos rnilitares nategiáo, que âcâbaram por resultar na recorren-
1687 e 1691' pâs- te perda e recupetaçáo de seu controle por parte dos portuguescs, bcnr
D. Joáo Franco de Oliveira foi bispo de Angola entre
ao arcebispado da Bahia, carBo que ocupou até o
ano como nâ assinâtura d€ tratados irternacionâis sobre â regiáo enrre âs
sanio diretamente
seÍ âindâ obseÍ_ CoÍoãs ibéricas. Meis significativâ tâlvez tenha sido, a forma como se
dc 1700. No século XVIll, tÍê§outros ex€Ínplos devem
entre 173 8 buscou dar vazáo a umâ ãntiga demanda de grupos insralados no cen-
vados, D. Antônio do Desterro Mâlh€iros foi bispo de Angola
'1746 e 1773 quase quarenta anos rro-suldo Brasil. fortementeâssociâdosâoconrérciodecontrabandocom
e 1746 e do Rio de Janeiro enrre - de Santa loês a região da prata peruana. Essa ligação foi fortalecida durantc a Uniáo
rle exercício seguidos entte os dois bispâdos; D' MâÍluel
âcumulando Ibérica. pcríodo em que tàl comércio chegou a contaÍ (om a autorizà-
ocupou o post; de bispo de Aogola entre 1746 e 1762'
tamttm o cargo rla Búia êntre 1760 e 1761; ê finalmente' D' Luís Brito ção Íormal para Íuncionamento, como iá citado. Além disso, vâle tam-
entte 1802 bém destacar a forma como atuaram os funcionários réBios em pÍol da
Homem, bispo de Àngola enne 1792 e 1802 e do MaÍânháo
mobilizaçáo de forças militares na região, tanto em teÍmos humânos
e 1813 (Bos;hi, 1998, p.434 & 1998+p.374)' Continuidade
observa-
â5 fbr_ como de i stalações de defcsa e de rralização de câmpanhas contra as
daem termos espaciais e temporâis, que âuxiliam a comPÍeender
,nu"p"lr" qr"i"...*"t.iâ a portu8uesa no Atlântico Sul'
SoveÍnabilidade
forças castelhanas.ra

í**f,.ãi...a., no snt' 6d' Mr.ri^ d'


' 'rv.r r.lL1Ír. ú *.mplo dr ConB lr.n. d. Bov.Í!'rdo.do Rio d? J,'.io núr
^d,ádr,
"--búprdôr
Sa"'f.,rf., .. ,rot, o*"a"
"rúd(nrdor
uskm Aub'h'idÚ s PELIÀ d' Oorlr' d' ci"b;'
^dtntd
"Em
ios rró Frcot orNÀMrcÂ
^

pclo MaÍquês de Pomba'i em 1759. Essa nrurlança reforçava o porlcr


A câpitaniâ do Rio de Jâneiro gânhou iurisdição sobre â colónia de
moDâqüico diantê dos pârticularismos e pÍivatismos admilistrarivos de-
Sacrammto pela primeira vez em 1698, tendo também subordinado
a
ré8ia de 22 de corÍentes dâ âutonomia associâda às câpitâniâs hereditiirias.
câpitâÍia de São Paulo no âno ânte or' coDfoÍme a caÍtâ
Câberia aindâ considerar a formâ como foram Íeoídc ada§ certâs tra-
novembro. Se desde 1679 as câpitânia§ do §ul do Brasil se encontravarn
o qua- ietóriâs administÍativas no complexo fulfultico seteccntistâ. Para eÍeho dâ
§uboÍdinâdas ão Sovernador do Rio de Janeiro' a partir de entáo
i presente discussáo, serão aqui considerados apena§ a conces§ão do título
dro polÍtico'administrativo liderado pela capitania fluminense tolnar'§€-ia
de vice-rei aos oficiais €ncarregados do governo do Bra§il e alguns exem_
müito mês comPlexo. Na primeira metâde do século Xvlll, â
pÍeocupação
plos de traietórias admirústÍativas individuais no Atlântico Sul.
.. *orà"nar o"."fo.ços milifârcs, Políticos e âdministrativos em defesa
A psrtir de 172Q osindivíduosque octrpavam o cargo de governador-
ilâ fÍonteira no sulpâssou a esrar profrIndâmetrte entÍelâçadâ a umâ
pol!
geÍâl pâssaram a ser sistemâticamente agraciados com o título de ,rc€_rei
tica de controle interno que Propiciou umâ maioÍ vigilância sobre
e§ ati_
(Boxer, 2000' pp' do Brâsil. Até então, apenas três governâdores€erais haviam recebido ral
vidades de extrâção do oulo na Íegião das Minas
distinção: o iá citado Marquês de Moltâlvão (1640'1641), nomeado
265-284\. -
'uice-rei e cipitôo-Beneíal de mor e gueta e da rcstnuração do Brasil" -
A extinçáo dâ capitania de São Viceote em 1709 resultou do resta_
entáo rornada com o obietivo de cxpulsar os holandcses de PeÍnambucoi Vâ§co Mas_
belecimento da capitania de Sáo Paulo e Minas do Ouro,
ficou constihrída a carenhas (1663-1667) e Pedro de Noronlra (1714-1718). Com a nomeâ-
inrlependente em relaçáo àdo Rio deJareiro' Em 1713,
qão de Vâsco FeÍnandes Cesar de Meneses (1720_1735), o títülo Pâssou a
s@ caoiiuria do Rio Cralde de Sio Pedro. Mais tâÍde' em 1720' â regiâo dà5
ser con€edido de foÍma sistemátiÉ âté 1808 Se, PoÍ um lâdo' não se co_
trlinr. foi des*embrada da cípitanir de 5ão Páulo, lomàfldo_se uma capi'
adminis- nhece um diplomáÍé8io qu€ tenha elevado o Bra§ilàcondiÉo de vice-rei
tânia independente. O âno de 1735 testâbêleceu a suboÍdina@o
d€ Santâ no, por outÍo peÍcebe-se o tecolúecimento de sua imPortânciâ políticâ nâ
§ativâdacaPitoliâde Milas Gerais ao Rio deJaneiÍo À câPitaniâ
então mexadâ p€ssoa indicadâ para o câÍgo responsável por sua admilistrâçào e SoveÍno.
C-atarina foi desmembradâ da d€ São Paulo em 1738, sendo
Rio Grande de Sao Trâra-se de medidâ dc gra de importância políticâ' considerando-se os vâ_
à do tuo de Janeiro, bem como todo o teÍÍitório do
de Coiás e do lores pÍevalecentes nâ socicdade pornrguesa de Antigo Regime. Recorriâ-
Pedro. Bem nrais tarde, em 1748, foranr criadas as capitanias
a quâl pâssou a ficáÍ mais se, âssiD, a uma €strâtégia anteriormente utilizada em Íelaçáo a PortugâI,
Mato Grosso, desmembÍad⧠da de Sáo Paúlo,
ássim' um quando de sua próptia inserÉo in$titucional no6 quadros dâ Uniáo lbérica,
umã vez mexada à capitâfliâ do Rio de JanciÍo'r' Observâ'§€,
momento em que foi reduádo à condiÉo de vice_reinado no interior da
quadÍo de fteqüentes âlteÍaçõe§ nos âtributos de suieiçáo e iurisdiçáo dos
monarquiâ hispânica (BouzâÁlvâÍez, 2000, cap. lv). Observa-se assim' no
vários oficiais encarregados do goverlo nesses tertitóÍio$ revelando
os
política de ação que melhor pu- início do s€culo XVItt, umâ significativâ âlt€râ§áo no perÂl dos homens que
desafios enfrentados na definiçáo dc uma
pela Coroa' yieÍaÍn â ocupú o catSo no Brâsil, §istemâticamente arregimentados no
desse assegurar a implementâçáo dos obietivo§ encaminhados
interior da nobreza titrÍadâ" Estes pas§arâD tãmbém a permanecer no pos_
Ese contexto tevelou a pÍogres§iva eliminâçáo do §is'tema de capitâriás
capitadas Íé- to poÍ peÍíodos más Prolongados, alguns até mesmo Por mais de dez anos
heteditárias, à medida que a CoÍoa o iâ substiirindo Pelo de
primeiro (Monteiro, 1998, pp. 539-540).
gias, quadro que acabaria por resultar na coopleta aboliçáo do
No âmbito da administrâção coloniâl' é possível perceb€Í que o
exetcício de det€rmirados cargos administrativos csPecialmente o
íoi rno' d' 175'l l7tt, PoÍ Ncu'vr do n(rÍo
F,'t.,"'-o,t,t*".a- fo-* .,,odtr.d^ ceÍtas
-
peÍmanências que toríârâm
de governador-geral
(ord'nrçio dr( íronr'tra dÀr P'qÚ"r -possibilitou
Mrqué!do Pomi,l,6ub.kmdo umrth íErtiv' possível â conslrução de umâ memóÍiâ âmpliâda de práticâs e estraté_
crpúánirt o &iíl d..triio.

r llt l l l a. aaa t aaaaaaaaaAeaa , a a a a a a . . . . . .,.-.. rra,trla^-,r rt.-


f,uuT5t*rt*:uÜr õ Ü Ü tr Õ .| Ú ü n
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I

siássoveÍÍativâsimprcmcntâdâsno
rmpérioportusuôs. Exped€nciae ::â:i:11*jrTT::;'J::-:"*XTlffi',ffi':l:'.:f::;'#:irã
que con_
I

í..?ri" monopolirrdas por um seleto grupo de indiv íduos Nesse s€nti-


período em que exerceu €xtensiva iurisdição militar, nâo âpeías ná capita'
;;;;;;;,;;."r ,or tais circr.ritos administÍativos. para o fato ni, do Rio d";"n"i.o, -as rambém nosierritórios do ceutro e do sul do
"" a atenção
do- a historiograÍia mais Íêcente tem chaoado BÍâsil. Tornou-se cólcbre por ter empreendirlo uma séric de gestões adnri'
de assegurar para sI o
d" qu" d.t...in"d$ famílias Íoram capazes nistrativas e militâres em prol de um maior control€ dJs rcgiõ€s de SacrÂ-
b€m como de um coniunto de menro e dás Minas Gerais, exibindo muito freqücntemente umaiurisdiçâo
controle de acesso a certas posrçóes,
teis.como lítulos, renças' por vezcs mris cxrerrsí c sigrific iv.| do que iqueh atribuida a pesoa Jn
,ri"itegio, a".orr.n,.. dessas ocupaçóes,
que, ao contráÍio de outÍas arlstocra_ sirua,lo rra Balria (Rusrell-wood, l9q8d, p. 109).
-"..erl É ,.*pr" boÍn lembrar §e mâÍltinhã prioritariamente
vice-rci ,lo Bresil, e úo
cias€uÍopéiãs, a nobÍczÀ porrÉguesâ náo A rnagisrraruÍa tem sido tâflrbóm apo tãda como ourro impoítânte es-

*Jl;tjÍ;*u:i;:i'"11Tfi::ili$::**1iffiili:
---;ié;;;,i48-549).
t9is, pp-
;';:,,fi,'"";l:n"*,x1ffit"lilT:ffiT:il:":,lxffixil:
setor na burocracia do Brasil
identiiicar ccttos padróes de formaçáo dessc
multicontinental a caracterizar o ImpéÍio
ul- coloniâl À existência de umarelaçáo simbiótica cntre â coroa e os mâgis-
" ';tu*za
porrúguôs coÍcorrcu para que muitos desses
altos oficiais pres_ rados üa.nsÍormava-os nos defeúres maisimpoÍtântes da autoÍidade ré'
tÍamarino paru
,*r"-_...r4* i., aU"Íentês teÍritórios coloniâis. lssodecoltribuiu
ceÍtas lefldôn
*ia, por meio da aplicaçã o d^ iltstiço áo Íei,
Individualmcnte, acabavam
ã"a. ,ir. a" *o."lo de experiências e a de finiçáo muitas vezes enredados nrs *rlh"" g"rr,l"" p"lo. inreresse\ econômicos
possivelmente osdo governo deÀngo_
À. "*
ciâs na ocupâçáo de calgos, como prcvalecentes nos locais prr" o, qo"ir- no*eados, ficando assim vul-
"."ln
ô ;:J.';rJu,:;;;-,.1oú..r,,ao "* .a+o às traietóriai eclesiá§ticâs '6 íeráveis ao rráIico de inÍluôncias quc fazia parte rlo sistemâ de nomeações
alguÍrs hisroriâdoÍes têm identiíicado
ceÍtâ hierârquia para os postos de menoÍ i.porta.r.i, uo ."."lao d, burocracia colonial. Náo
XVlll o
^*i* "..aá,"o i,n..io, aa administraçào portuguesa. sdculoNo '
e o"
tem sido id€Dtificadâ uma preponderância de rlescendentes da nobreza na
""u...*ir"
ãrasil estaria no topo rlessa cadeia, seguido do Eoverno de
.onstituiçáo desse grupo na América portuguesa, contando mais fre'
^rr8olr o"
quâdro contrastavâ
por fim, viriao dc Macau. Esse ncssa área pelo pai na posterior
ão4 e mais além, oüentenlente a plévia ocupaçáo de cargos
rm fins do sé.
I".1" i"**. aí"ir,ira daquele que pode str-observado desempennou ,romeaçáo de um lilho- Havia urna notória hierarquização entre os mem-
quândo o Estàdo da Indiâ
culo XVI e ao longo do xvtl, brosda magistrarura, desiacando.se especialmente os desembargadores da
ultrdÍrâÍina Portuguesã
,íÀa .at ".,,tta na dilràmicâ governativa 1998, p' 2421'
Casa da S'plicaçao de Lisbor, seguidos dos desembargadores da
Relaçáo

rr.a.'rilJ., rsgt, pp. s:9-540 & B€thencouÍt, Jo porro (s;hw;u, D?9, passiÃ). A seguir vinharn os dcsembargadores
"';;;;ú;i.* desracado ainda o fato de que o
pcrfrl geral dos do
das Relaçoes de Goa c de sjrador'e, ,'u ig,.,nda m.taile do setecentos,
vice-reis difetiu muito pouco uIn Rio de Jâneiro. Hâvia idciãlmenre uma rerdêrcia dos desembargadores
de
*o".-làor""L "^pi*iâs,gerais e d,os que, em determinâda§ câPitanias. foi
ã" .r". no s.xf, dt"ntanilo ainda Goá de contâr com melhotes condiçôes para uma posterior nomeação na
desses car8os Destâ:'s::1T-b^:: Casa da suplicaçio de Lisboa situaçáo que se revcrte ao longo
do século
signiÂcativa a longe"idrde na ocupaçáo
o exemplo de Gomes keire a6Ímd como o
i*n.Jil;;-oã" ""
perfil dessa ocupaçáo. xvnl à medida que as regióes do Atlântico passaram a se
pos'
principal cenário polÍtico do ImÉÍio poÍtuguês' À paÍtir de €ntáo, os
io"n"-"si"t."n."b,,"ireiraeramavidarnentepreferidosperoconjuntode
1fl";:ifx;;.;,..;::.1.i,"i:.,":.l;:,*Í:::XtlfJ:'^;iJ1-1T.;#*
l,-,.oô-ie,nvrriô!iÍd,vlduoson,p.rrú"Í8o"quiv';ÚíoBn'l'ro^'{olr'ro candidatos existenles'
.-' (ÀrÚr!nÔ !o0o'pP J06'J07)
I i.*. a.
".i.,"- 'o*iíinÍrnE
xor r.óprco3 À orNÁMr.a rMpÉÀrÀ!

Segundo Stuarr Schwartz, é ainda possível identificar dois tipos de peÍíodo subseqüente, quâ do esreve â caÍgo do
Eoverno-gerâldo Brasil.
caÍÍeiÍa Ía mâgistrâtura poÍtugu€sa â pârtir de 1680: uma que se de- possibilitaram provav(lme le uma maior ârticulaçáo entrc os
interesses
senvolvia no ambiente do Atlântico, atrevés de Porrugal, África portu- preralccentes em ambas as márgens do Àtlârtico (Couvêa, 2000â, pp.
guesa, ilhas atlànticas e Brasili outra coÍlsti tuídâ por aquelesque serviâm 329-330)
no Estado da Í[dia. O reconhecimento público do sucesso das carreiras Já Lourenço de Almâd, se âpresenra como um clássico âdminisrra-
individuais desenvolvidas em ambosos cenários seriademonskâdo pela dor uliramarino serecclrristâ. Após rer sido governador da Madeira, foi
nomeação pâra â Casâ dâ Suplicâsão de Lisboâ ou paÍa o Tribunal da nomeado para o governo de Angola ltTOS-1709). Dali seguiu para o
relaçáo do PoÍto, definiudo-se assim um circuito ampliado da carreira posto de Sovernador-geral do Brajil (1710-1711). Nesrâ po;içáo;com-
dâ maSistÍânrra portuguesa. pánhou, dâ Bahi4 o desenrolar da Gucrta dos Mascâtes, em 1710,
asso_
Vale por fim considerar a possibilidade de se obse ar ümâ reladva ciando-se favoravelmcnte aos interesses da nobreza da terrâ de Olindr.
associâçáo enEe o excÍcício subseqüente de cargos de governador em re- Ao fim de seu governo, permâneceu por iniciativa pÍópria na Bahia,
giôes do Atlânrico Sul, especiâlmenre em Ángola e no Brasil duranre o passando depois a viver €m Lisboa, quando ocupou a posiçãc
de mes-
seculo XVIII. A despeito de Russell-tü(,Iood ter afirmado não ser o cârgo de tre-sâlâ na CoÍte c o posto de presidênte daJunia de Comércio
aré sua
BovernadoÍ deAngola"algo deseiável", é possível perceber o lugar inicial morte, etln 1729.
por ele dcsempcnhâdo no desenÍolaÍ de várias traietóriâs adminisrrativâs Outro ex€mplo éo deAntônio dc Almeida Soáres ê portugal, primeiro

o empreendidas no complcxo imperial (Russell-Wood, 1998a, p- 177). Dos
19 governadorcs-gerÍs e vice-Íeis que esriyeram à frente do governo do
Marquês do lavradio, sobrinlo do célcbre cardeal D. Tomris de Almeida"
primeiro patriarca de Lisboa. A máioÍ Íelevância desta persooâgem devcu_
Brasil eutre 1697 e 1807, pelo menos cinco riveram prévia pr€serça no colrexõ€s familiares e ao fato de ter acumulado, ao Iongo do tem-
se âs suas
goverro do citado território tuso-africâno. Interessâ âqui apenâs avaliaÍ po, funçôes governâtivas de destaque, como a de governador de Angola
brevemente alguns exemplos que podem explicitâr â forma como o perfil (1749-175J) c do BÍasil (1760). Sua curra permaDência naAmérica porm-
de determinadas tÍâietórias administrativas individuais constiiuiu uma gueseresulrou de suanrorre súbita, em
ianeirode 1760.Jáseü filho, segun_
poderosâ €strâtégia de governo do lmpério. do Marquês do l-avradio Luís de Almeida Soares portugal
João de Lencastre, descendente de D. João ll, exemplificâ como de- €nvolvido com - - csieve
a administrâçâo do Brâsil cnrre 1768 e 1779, iDicialmeorc
terminâdâs conjunturâs históricâs possibilitaÍârn a emergência de novos na condiçáo de governador e crpitão-genetal da BrIiâ e, a partiÍ de 1770,
gÍupos no cenÍio político português. Suâ trajetóÍia adminisrrativa ilus- como vice-rei. Suâ administração na Américâ portuguesa corstiruiu um
trâ brm como a combinaçáo em umâ só pessoa de experiências div€rsas, exemplo clássico daquilo que se buscava realizar no r:ltramar na era
serviu como estrâtégia de goveÍno túrto Íto Ícino quaÍrto lro ultÍamâr. pombalina. Além de nobre dc Iinhagem, uma das cÍedenciais que
ranto o
Paticipou ele de forma destacada na guerrâ de Restaureção, entre I640 e habilitavam para o cargo era o fato de ser militar de carreirâ-
1665, período em que constituiu relaçóes clientelares de grânde rele- Talvez o exemplo mais significativo daquilo que se quer equidemons-
vâ[ciâ polÍticâ. PosteÍiormente, deu início à sua cârÍeirâ de oficial ré- tÍar tenha sido a trajerória âdmidstrrtiva de Antônio Álvares da CuIha.
gio, sendo nomeado comissário-gêrãl de caválaiiá" governador de Angola Conde da Cunha. Sobrinho do destacado diplomata poÍiugüês D. Luísdâ
(1688-1691) e governador-geral do Brasil (1694-1702), onde combateu Ctrnha, serviu em alguns dos mais imporrantes postos dâ administraçâo
o quilombo dos Palmares. Em 1704 serviu na 8ucÍra de sucessão espa- imperial na seguDda metade do século XVIlt. Foi depurado nrJunrâ dos
nholâ. A s€Buir, passou pelo Coflselho de Gucrra, rendo sido, mais rarde, Tr6s Estados, membro do Conselho de Cuerra, governador e câpiráo-gc-
nom€ado goveÍnador do Algarve. Sua longa permanênciâ em Angola e o neÍÂf de Angolâ (1753-1758), vice-rci do Brasil 11,263-t767l e, pat fim,

l! r i t t t r t t t ? t t ? t. Q i o r, o a . a . ...,.,.,.r .,.,.).,
)c.tatoaüD Da..Iaaaa aaa a aaaa.a aa aa aaaa aa aa
xor i BóPrco! Àúr(^
aaaaaaaa
rMr!ir^!
c^PÍrÚ to t ^ Dr

presidente do Conselho Ulrramârino (1768). R.velou §ingulâÍ preocupâ- uma goveÍnabilidade táo caiacterística da forma como se exercra a sobe-
rania portuguesa sobre seu Império ultramarino.
Éo com o alargamento do complexo impeÍiâl poÍtuguês, tendo exPlora'
do aregião do Cuango, em Angola, com o intuito de viabilizar a travessia
d" África-
t Estes exemplos explicitam â associâçáo gradatiYa, eü um nresmo in_ :I REDEfININDO UMA GOVERNAAIIDADE

divíduo, do exercicio de altos cargos governamentais em diferentes ter_


ritórios côloniais, bem como em instituiçóes encaÍregadas da coordenação Os ártos de 1752 e de 1763 ássisiirâm à introdução de mudanças adminis-
das políticas encaminhadâs pela Cotoâ, como o Conselho Ultramarino, Eativas significativâs nâ balança de poder político instalado no complexo
a Casa de Suplicação de Lishoa, dentre outras. O conh€cimeÍto acu_ Atlâ,ltico Sul português. Itimeiramente um novo tribunal da relação Íoi
mulado nos diferentes estágios dess€ exercício administrativo cousubs_ estabelecido na cidadc do Rio de JaÍreiro. Essa decisão, em certâ medidâ,
tanciou uma forma singular dc governar o Império. De urn lado, davâ rcsposta às demardas das câmaras concelhias da regiáo das Minas
constituía-se uma elite imperial, recÍutada no irterior da alta nobreza, Gerais, insatisfeiras com moÍosidâde na aplicaçáo da justiça régia em face
a

cÚjos grupos familiares vinham dando provâs de uma íntimâ associâção das longâs distâncias que âs sepâravaro do tÍibunâl da Bahia- tle todo modo,

com â CoÍoa na implementaçáo e defesa d€ sua soberania em ocasiócs cabe destacar que o estabelecimento de tâl instituiçáo nâ capitânia íuminense

chavc como a da RestauÍação poriuguesa. Dâvâm provas dc sua dedica' explicitâva o reconhecimento ré8io da cresccnte importâÍciâ do centÍo-sul
do Brasil em relaçáo às demais regiões dâ América portugucsa- De um lado,
çáo pâra com os interesscs mais cârosda novâdinastia, disponibilizândo
a expáÍrsáo econômicâ gerada pela extraçio do ouro, de outro, os confli tos
Jl recDÍsos de suâs câsas, constituindo laços entre si. Definiâ_se, dcssa íor'
ma, um núcleo mâis coeso de inteÍcsses em redor da governabilidadc nrilitaresem tonro de Sacrarnento, Êzeram do Rio deJaneiro a nov.rrirrual
_ capital do Estado do Brasil. O tribunal foi criado com poderes e competên_
imperial portuguesa. I)€ oütÍo, consubstâociava'se um coniuoto de es'
tratégias, bem como uma meurória, dedicadas ao exercício desse gover_ ciâs similares àquelâs do tribunal instalado na Bahiâ. Suaiurisdiçáo, entre-
no, viabilizadas pelo acúmulo de infornraçóes e pelâ constituição d€ uma tanto, englobava as áreâs situadas desdc a capitaniado Espíriro Sanro âté â
visão mais alargadâ do Lnpério corno um todo, aÍnbos produzidos pclâ Colônia do Sacramento, incluindo ainda o sertão do Mato Grosso.rT
circulaçáo desses homens nos âltos postos administrativos nas rcgióes Outro polto aserdestacado foi â transfeÍência dâ câpitâI do Btasil no
ultrâmarina3, ano de f763, por ocasião dâ nomeação do Conde da Cuúa como seü
Desenvolvia-se, assim, umâ mâior peÍcepçáo da diversidade dos pro- vicê-rei. O ato de suâ nomeação transfedu de forma obrigatória o 6ítio de
blemas enfteirtados, bem como da similirude de situâçôc§ e estratégias Íesidênciâ do vice-rei bem como o local de asseÍto do SoveÍno do Bra'
sil
-
pârâ â cidade do Rio de Jâneiro. Seguindo ordens expressas do pró-
pâssíveis de uso no exercício de soberãtliÀ PoÍtuguesa em âc⧠táo dis_ -
tant€s e dͧpares entre si. Dessa maneira, tomãva tâmbém formâ um com_ prio Marquês de Pombal, o Conde da Cunha passou a implementaÍ
plexo pÍoc€sso de hieÍaÍquização dos homens encaÍregâdos dessa gestáo medidas que propiciaram a melhoÍiado porto da nova capital, bem como
governâtiva, bem como dos espaços geridos. Como visto âcimâ, no sécu_ de suas fortalezas, arnbas em r€sposta àLs necessidades de melhor autiliaÍ

lo XVI ser vice-Íei do Estado da Índiatrazia em si maispÍesúgio e mercês s€u comércio, confiolar a região das minas e defender a nova capital diante

do que ser govetnador-gcral do Brasil. No século Xvlll, e§ta relação se dos conflitos militares em curso no^tlântico Sul.
inverteu completarnente. Hierarquizando os homens por meio dos Privi'
légios cedidos em contrapârtida à Prestação dos "seÍYiço§" de governo, modo, Íiqv, o tibüÍí dá Aâhir.ntio trpoísrv.l P.lâtir..s9üê irm d.d. r Briil
"D6r
pÍoduziam-s€ múltiplas espirás de podeÍ, articuladas cntre si, viâbilizando ft r úpnríiâ do Rio N.sÍo ls.ns^nz. t979, Pô$in).
{ós rróPrcos
^ orNÀMr.a
(ÀPlruto , rM.ÊRrÁr

issas medidas provavelmente t€forçaÍâm âiÍda mais a fotma


como lmpério, benr como àdemalcaçáo das fronteiras ultramarinas, de modo a
o §á- garantir meios pârr umâ possível expansão das mesmâs em razão da des-
ôes no Atlàrtico Sul se encontravam interligâdas Náo bâsta§s€
coberta de novas fontes de riqueza material (Domingues, 1991, pírssrr ).
transatlântico e o númeÍo de oficiais â circular pelos goveÍnos dess€s
pedi- Para tanto, a reforma da Univcrsidade de Coimbra (1772) âcâbou poÍ
iiórios, é possível râmbém observar uma tendência âo envio de
I de auxílio Por Parte dâ administraçáo de Angolâ
ao SoveÍno do BÍa' Íesultar no estabele€imento da Faculdade de Filosofia NâruÍal, insrirui-
Um ex.mplo intire""ante dis§o foi â aqui iá citada expediçáo organizada çáo que viria à se tornãr responsável pela lbrÍnâçáo âcàdômica dessc gru-
po. Outra instituição luldamentâl nesse contexto l'oi aAcadcmia Realdas
r Salvador Correia de Sá em meâdos do século XVII De destaque
r tam-
do Btâsil parâAn_ Ciênciâ5 de Lisboa,criâdâêm 1779, que funciorou como umgralde ceu-
m foÍam os incês§ântes pedidos de envio de cavalos
lla, veiificados »os anos d c 1666, 1688, 1715 , 1720, 1726' l7
s3 e 17 54 tro de trocade informaçóes col€tadas pelos vários oficiaisÍégios encâÍre-
gadosdessàsexpedisóespclosscrtôesdo Impéíio. Desencadeava-se, dcssa
imonsen, 1978, pds§i ,ecÍ.capítulol1) Cârtâs tégias foram edhadas
: Iongo desse período, determinando que nenhuma enrbarcaçáo deixas' forma, unr programa exploratório bastante ambicioso, considerando-se
ás pÍecáriâs condiçôes mareÍiais êxistenres parâ tal. Âs fronteiras aleste e
: o Brasiiem direçáo a Ál]gola sem que ântes elnbaÍcasse o mâior núme-
a ocste do complexo Atlântico surgiam como as marcas geopolíticas dos
o possÍvel dessrs ânimais.
PaÍa além dessas solicitaçõês, a segulrdâ metâde do século
XVIII ser- espaços a screm desbravados.
(, íiü também de ccnáÍio pâÍâ umrgrande inovâçáo na forma como a Co_ Carnpo bastante Íreqüentado atualme»te por historiadores é este que
l\) coordenândo sua§ políticas no comPlexo trata das viagens cientíÍicas or adninistrntiuasts empreendidas na segun-
toa poÍtugue§â viúâ
^tlântico
em XVlll. AlexâídÍe Rodrigues f.erreir4 natural da Bahia,
M,rà.nto inlà.rn"do p"los desdobtarnentos das reforma§ pombâlinás da metade do século
político dedicado â constitui-se, pÍovavelmente, noexemplo mais conhecido da histori ografia
cursor que tornâsse po§sívelâedição de um pÍoSrama
sobr€ o assunto, como o pÍotótipo do oficialda Coro4 membro daÂcâ-
Íecuperâçáo econônricâ do Estado poÍtuguês Para tanto, reconheceu_sc
para sua reali- demia das Ciências e engajado em expediçóes exploratóriâs em fins do
a necessiáude de formur uor gÍupo de hoÍnefls habilitados
zação a partir dos quad(os da administÍâção meropolitalra c ultramari' século XVIll. Vâstâ é a bibliogtafia que se tem dedicâdo ao estudo de suâ

nr. Bor.*uo., or.int, o d€senvolviÍlento das potmcialidades Vingem filosóficn \1783- 1792), que percorreu ascâpitanias do GÍão-Pârá,
"stimulâr Rio Ne8ro, Mâto Crosso e Cuiabá. (Domingues, 1991; Ramirrelli, 1998 i
econômicas cxi§tentcs r1o lmpério, esPeciâlnrente no complexo Adântico'
de Simon, r983).
De um lado, a preocupaçáo com a mclhor composi§ão d⧠secÍctaÍiâs
Estarlo e a lomtaçáo dos altos administradores ultrârnaÍinos
que âuxiliâ_ OrrtÍo oficial régio também estudado por alguns historiadoÍes, espe"
ssem na implementaSo de tal programa Homens como o célebre secíe- cialmente aqu€les do lnstituto Histórico GeogÍáfico e Brasileiro no sécu-
tário de Estâdo Martinho de Melo e Castro, ou Francisco XâviÊr de loXlx e, mais recentemente, poÍ Sérgio BuâÍque de Holanda, é Francisco
Mendonça Furtado iímão do Marquês de PombâI, govemâdor da ca- José de lacerda e Almeida (Goüvêa, 2000b, p. 112). Natural de São Pâü-
-
pitaniâ do GÍáo'Pará e Maranháo na década de 1750 - e Francisco lo, estudou em Coimbre, ond€ concluiu suâ formaçáo como matemático
Inocêncio de Sousa Coutinho - pâi do futuro ministro de
ktado D' em 1777. Convocado pelâ CoÍoa pâra iDtegÍfi â missão que procedcu à
Rodrigo de Sousâ Coutinho, governadot de Ángola na década de 1760 demacação dos limites fronteiriços enr resultado ao Tratado de Santo
e

170 coordenaram esforços conjugados, encaminhâdos pela metrópo-


-
le na efetivação desse Programa.
De outr; lâdo, constituíâ-§e taEbém uma elite intelectual' habilitada
'r^si[ mnêrdâ por N.il Sríi.r (2000) .n &u.rtudo $bÍ.. viiscn do oúvido. fr.í.i@
Xrvi.r Rib.ko d. S.mp.io ú r..liat .o,ctrÀo 1177 4-177 5) o.d.í.d: n r .*pn Íi. d. §ro
a píoceiler âo íecoÍhecimento das potencialidades existenie§
em todo o ^

] t t e t t I t I I t t t t t t t t t t t t Q t i t t r ) ? 1 ) r, ), .a I n a.ro.,^ Õ-^J
oedicâo. incluindo seu fróprio lídcr, ao chegarà região do Cazembe'
em 1780 em dire§ão â B€léd' no
íorte
[defonso (1777), PaÍtiu de Úsboa in,"i d.lno,..r.* 1798, Lacerda e Almeida escrevelu o Di'áio da uia'
daba(ia amâzóni-
ffiH;;ffi;i; relo curm dos rios integrânres eem de MoLambique no io
Senn. no qual registrou nolícias sobre os
:; ffi*; ;# ;;".:T r'eo;
-':I;*d;'#';:Í::#[.lT:: Io,rfliro. enr.e colonos e o governador, destacarrdo as diliculdades do
as
detalhado acerca da expediçáo explorái coÍtÍole metroPolitano §obreessas áreas' Seus esforços consolidaram
,#ü;il;:;:""t't'l:'I:"'[:'o::':i'J:,[X"'i,|";
t governâdoí d
bases sobre
"s
quais seriam íealizâdas, mai§ tâÍde' a conquista €uropéia

-^_^'a' "t" oosro de das áreas mais centrais do continente afÍicaflo'À


proieto por-
aí era a eÍetivaçâo de um ântigo
]l tii,iru..'rJ,ntssá a r'lo tontirrente afn câno
como aqui iávisto'
Seus registros identificaram um ambieote de
precário exercício da so-
à C'roâ er'm
lli'"*. " *"i,,..uá a, beÍenia portugües4 âfrrmando que os oficiais que ali tcstâvafl
"avessi administradores porrugueses enr que viviam na tegiâo'
ã.ri" irã,rt" r.,r'm dosprimeiros subservi.ntes aos poucos homens de poder eferivo
" produzidas Por outÍos
i"?il",",*"-r'""0:l';1'::iii:.X'r';,,Til1tr*5:;lT; Nesse sentiilo' suas anâi§es não diferiarn em muito
lnrpé'io' Stia
da tÍâ
ratóriâ que intentasse ârealização viaiânies luso-brrsilciÍos entáo espâlha'los Pclos serrões do
foram Íeitos pelo entáo gover'
i?l,rr'*r" ."r.,tt"t tais sistematrzados na í portugues4 seia nr Á[rica meridional, rodos estar arn à plocura
Coutinho' que defcndeu do conjunto
nador de Angola. Francisco lnocênclo
de Sousa
,nelho.es m.ios puta o alarganrento político e económico
,le ^méri(
'.":il;;:í;;;;;iâ daoLupação por pol esses sert6es
de co'rsoridrçào c cxpánsão imperial. Cumpre lembrar âqui o fato de que o inteÍesse
ruguesa no continente
re ..r{irmava uma r.,rdênciâ histórica no Império português' qual sel4
a de

' -
.:-^t^ ior n retomados. na década dc
iilentifrcaçào rlo complexo Atlântico como áreâ ptiorit&ia
. no coniunro d3s
Os Dlânos de Francisco lnocenclo
t;#::"' il;:; ioi'rgo d' sou"u countinho' entáo ministÍo da
dos estudos realizados por Fran-
políticas governativa§ empreendidas pela Coroa'
náo foi por_
*I M;;í;;-ú",.ar' Sabe-se q,e copias em 1796 N€ssà
Co,rs"id..ando_se todos o§ elementos âqui iá apontados,
.iã ino.cn.io foraír entregue§ a Lacerda c Almeida por onde tâÍto sem Íazâo qüe D. Joáo, o pÍíncipe re8ente, acabou
por ordenar a

:X;. ;;';1; ;;;;;'egudJ da 'r''.'rcnçao dus tc*irórios ransferência de sua Corte para a cidade do Rio de Janeiro em
1807'

;::"::;, ;;; il;{; *"::i::,1


lli;;]',:ti:f :
";.];;[[:'i Ilssa decisáo sürgiu como estratégia de eofÍcntâmento do complexo

apÍesentava interesses de t ouar.lro dr advcrsirlades politico_militâÍes eílão enlí€ntadas Por noílu_


""tt',dali'...", i. ,poio n.rr.ri"l ro" quais sr darir a op('io
exDtdição padeceria, €ntretantor P sâl conrinentâ1. Dtfirriram'se arsim as bxes sobre as
coroa A despeito disso'
'"àíu.
pela
;:Hl;l;i' ó'laçáo local q,anro da
ã, Coroa em se transferir para a capital dr-r Br'rsil'r' Como o desenr olar
partiram' em 1798' de Tete' sede de um grande enredo histórico, â Coroa chegava em
pessoa àquele que
Lacerda e Àlmeida e sua comirrva
aÍricano' Doenlas
:fi,""ni;;;;;';;"-';na' em direcão ao ocidente
p"'te dos membros da cx'
er" o cintro mais fun<larnentâl do complexo Àtlântico'
então transfor-
1808'
endêmicas dizimariam tÍ'g't"*tnt" " '"io' mado no coraçáo do lmpério, da própria monarquia" Osmarcosde

ãããIl*n.,tu ,. a. toú. Íthdisiihl Pr' ú dc@b'rhr po$'noÍm'íE Erliz-


0". ,.ü."uJ., ttn' lrdo hmb's úiliaô' ús 6tud:' le1:ld.oj e'li
ii.'ü*iã*".,r,á "r.t**,
s"*ú dê r.ndÍ4 kndo Ecbido umr
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o..i'ro bàEít' dÍ'rrrE d'quJr obÍ rü no c&do '
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.il;;;:;;;;;;- "r*rt,. rhdkrr dr coo' drdr,utrícrr d'

ffi*$*m*.r*"'ffi
fuo.rpot.ódq.Borh'u

112
<a.lÍuro e No! rióPrror  orr^*,c^

1815 e 1818 traduziram a redefiniçâo de uma Íormâ de seÍ da Prdpriâ correrânr para que màis târde, por ocasião do Íetorno da Corte portu,
a
governabilidade imperial, processo em que as dimensôcs êspâciâle eco' gal, D. .Joáo oprasse por deixar ficar no Rio de
Janeiro o seu herdeiro
nômicl coÍcorreram para uma grande âlteÍaçáo dos estatülos sociâis diteto, seu filho D. Pedro, ele que afinal Íbr^, até 1g17, o plíncipe
clo
eÍrtáo prevalecentes nâs hierârquias viSerrtes naquele coutexto. Proces- Brasil.
so que também recorÍiâ á uma €conomia políticâ de pÍivilé8ios iofor_
mâdâ pcla concessáo de priviléEiosc me.cês€m contrapâÍtida à lealdade
\ e aos serviços prcstados à Coroa em momento dc imensa fragilidade de
cxeÍcício de suâ soberania.
Sob o ponto de vista do Estado do Brasil e dos vassâlos ali instala-
dos, a transmigraçáo da família Íeal pâÍa aAmérica introduziriâ mudâr-
§âs fundámentaisnâ formâcamo estavâm inseridos no coniunto imperial.
Medidãs diversas esvaziarâm parcialmente muitos dosconteúdos formais
que então revestiam o Brasil con) sua roupa8em colonial, em especial a
abeÍtuÍa dos portos em 1808 e o tratado comercial com a Inglâterrâ dc
1810. O ápice desse pÍocesso deve ser observado em dois momenros
chave: a elevaçáo do Brasil à condição de Reino Unido a PorttrSâl c
Algarves (1815) e a aclamaçáo de D. João VI enquanto rei de PortuSâl
no Rio de Jaoeiro (1818). Se por um lado era o Príncipe Regente quem
êm pessoâ goverÍava o Brasil desde 1808, por outÍo, estâs duas ocasi
óes Íornrslizarâm a elevaçáo institucional dâ conquista americanâ â um
patamâr político-âdministrativo nunca aÍtes experimcntâdo. Mudançâ
que concorria positivanrenie para o fortalecimento dos sentimEntos dc
pertençâ âo Império poÍtuguês. Forâm, por €xemplo, os YeÍeâdores do
Senado da Câmara do Rio d€ Janeiro que estiverâm à ÍÍcnte da oÍ8ani-
zação da coletados fundos necessârios à realização de taisenredos ceri'
moniais, bem como encenaraÍn eles pÍóprios- a cerimônia de quebra
-
de escudos por ocasião dâ moÍte de D. Matia I, em 1B 16 (Gouvêa,2000d,

Passiml.
O compl€xo Atlântico aqui considerado havia sido, nesse momenlo,
como que traÍsÍigüÍâdo uo própÍio ImPério mais pÍecisâmente. Portu_
gel coltinental continuava a s€r, evideniemente, â referência fundamental
tâÍrto parâ o exer€ício da soberaria quanto dâ governabilidade portu_
guesa. EntI€tanio, o curso dâ história teimava em situâr o Brasil e as
areas associadasaele em umapo§ição d€veÍâssingular no cont€lto mais
arnplo do lmpéÍio ultrâÍnaiino. Os d€sdobÍamentos desse contexto con-

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