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Resumo: O objetivo do trabalho é apresentar, com base em revisão bibliográfica, conceitos, funções,
objetivos e princípios da Administração Pública e suas relações com a Lei de Responsabilidade Fiscal. O
estudo proposto tomou como abordagem e revisão doutrina relativa ao Direito administrativo e ao
Direito Financeiro e Tributário, assim como revisão de teorias relativas à ciência da Administração.
Abstract: The objective is to present, based on literature review, concepts, functions, objectives and
principles of Public Administration and its relations with the Fiscal Responsibility Law. The proposed
study took as approach and review doctrine concerning Administrative Law and the Financial and Tax
Law, well as a review of theories relating to the science of Administration.
1. Introdução
A exigência do trato responsável da coisa pública, seja no âmbito fiscal, social ou patrimonial, não é
uma imposição única do sistema jurídico brasileiro. As manifestações públicas e cívicas registradas no
Brasil em meados de 2013 refletem o clamor das ruas e das redes sociais, expõem a indignação dos
cidadãos com a corrupção instalada na máquina pública e evidenciam a rejeição popular ao sistema
político vigente no país.
Para esse fim, far-se-á uso de doutrina relativa ao Direito administrativo e ao Direito Financeiro e
Tributário, assim como revisão de teorias relativas à ciência da Administração.
Este capítulo está dividido em três seções, que versão quanto aos conceitos e funções da Administração
e da Administração Pública, sobre os princípios da Administração Pública e quanto a Lei de
Responsabilidade Fiscal.
“Administração é o atingimento das metas organizacionais de modo eficiente e eficaz por meio do
planejamento, organização, liderança e controle dos recursos organizacionais”. A definição de Daft
(2010:06) engloba as quatro funções da Administração – planejar, organizar, dirigir e controlar – e os
seus objetivos – a eficiência e a eficácia.
Com base nos conceitos de Daft (2010:06-08), pode-se inferir que planejar é a “função gerencial
relacionada à definição de metas para o futuro desempenho organizacional e a decisão sobre tarefas e
recursos necessários para alcança-las”; organizar é a função “que se refere à atribuição de tarefas,
agrupamento de tarefas em departamentos e alocação de recursos para os departamentos”; liderar é a
“função administrativa que envolve o uso de influência para motivar os empregados para atingir as
metas da organização”; e controlar é a função “relativa ao monitoramento das atividades dos
funcionários, mantendo a organização nos trilhos em direção às suas metas, fazendo correções quando
necessário”. Robbins (2000:40) empresta significação concisa para o entendimento dos objetivos da
Administração ao esclarecer que “eficiência significa fazer as coisas direito, e eficácia significa fazer a
coisa certo”.
No âmbito público, Di Pietro (2012:50) admite que a expressão Administração Pública pode ser
compreendida em sentido subjetivo, formal ou orgânico e em sentido objetivo, material ou funcional:
“a) em sentido subjetivo, formal ou orgânico, ela designa os entes que exercem a atividade
administrativa; compreende pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer uma
das funções em que se triparte a atividade estatal: a função administrativa;
b) em sentido objetivo, material ou funcional, ela designa a natureza da atividade exercida pelos
referidos entes; nesse sentido, a Administração Pública é a própria função administrativa que
incumbe, predominantemente, ao Poder Executivo”.
Segundo a doutrinadora citada (2012:50), a Administração Pública também pode ser compreendia em
sentido amplo ou em sentido restrito:
b) em sentido estrito, a Administração Pública compreende, sob o aspecto subjetivo, apenas os órgãos
administrativos e, sob o aspecto objetivo, apenas a função administrativa, excluídos, no primeiro caso,
os órgãos governamentais e, no segundo, a função política”.
Mello (2011:153) argui que a Administração Pública pode ser centralizada e descentralizada. A primeira
situação ocorre quando a atividade administrativa “é exercida pelo próprio Estado, ou seja, pelo
conjunto orgânico que lhe compõe a intimidade”. Na segunda ocorrência a atividade gerencial é
executada “por pessoa ou pessoas distintas do Estado”. Ainda segundo o mesmo autor, descentralização
e desconcentração são conceitos diferentes: a descentralização “pressupõe pessoas jurídicas diversas”
enquanto que “a desconcentração está sempre referida a uma só pessoa, pois cogita-se da distribuição
de competências na intimidade dela, mantendo-se, pois, o liame unificador da hierarquia”.
Outra classificação levantada por Mello (2011:156-157) é a da Administração direta e indireta. Citando
Decreto-lei 200, de 1967, o jurista anota que a Administração direta é a “que se constitui dos serviços
integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios” e a Administração
indireta “é a que compreende as seguintes categorias de entidades dotadas de personalidade jurídica
própria: a) Autarquias; b) Empresas Públicas; c) Sociedades de Economia Mista; d) Fundações Públicas”.
Conquanto o art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 reze que a Administração
Pública, direta e indireta, em quaisquer dos poderes e de quaisquer esferas, obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, doutrina e jurisprudência aceitam os
nomeados “princípios reconhecidos”, quais sejam: da supremacia do interesse público; da autotutela;
da indisponibilidade; da continuidade dos serviços públicos; da segurança jurídica; e da precaução.
Carvalho Filho (2012:39-42) acrescenta a este rol, conforme Quadro 1., os princípios da razoabilidade e
da proporcionalidade.
Crepaldi e Crepaldi (2009:263) sustentam que “um setor público organizado e disciplinado é condição
para a estabilidade de preços, para o fomento do crescimento econômico sustentável, com óbvias
consequências sobre a geração de emprego e renda e o bem estar social”.
A Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, chamada Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF),
‘estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal’ da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, abrangendo os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e
também o Ministério Público.
Ampliando a interpretação do art. 1º da LRF, que em seu caput “estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da
Constituição”, Crepaldi e Crepaldi (2009:266) identificam como objetivos da norma referida:
- Propiciar a prevenção de riscos e correção de desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas
públicas;
- Estabelecer critérios, condições e limites para a renúncia de receitas, geração de despesas com
pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive
por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar;
A LRF atendeu ao art. 163 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 que demandava lei
complementar para regular: I - finanças públicas; II – dívida pública externa e interna, incluída a das
autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo Poder Público; III – concessão de garantias
pelas entidades públicas; IV – emissão e resgate de títulos da dívida pública; V – fiscalização financeira
da administração pública direta e indireta; VI – operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; VII – compatibilização das funções das
instituições oficiais e de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais
plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.
3. Considerações finais
Referências
BRASIL. Constituição, 1988. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2012.
BRASIL. Lei Complementar nº 101 de 04 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas
voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm Acesso em 22 jul. 2013.
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2012.
CREPALDI, Silvio Aparecido; CREPALDI, Guilherme Simões. Direito Financeiro: teoria e prática. Rio de
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DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 25 ed. São Paulo, Atlas, 2012.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 28 ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
MOTTA, Carlos Pinto Coelho; FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Responsabilidade Fiscal: Lei
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NASCIMENTO, Edson Ronaldo. Gestão Pública: gestão pública aplicada: União, Estados e Municípios,
gestão pública no Brasil, de JK à Lula, gestão orçamentária e financeira, a gestão fiscal responsável,
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ecológica e ambiental. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
ROBBINS, Stephen Paul. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2000.
Informações Sobre os Autores
Wellington Ferreira de Melo
mestranda em Desenvolvimento Regional Sustentável pela UFC; especialista em Direito Processual Civil
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13653