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Fórum 1

A Administração Pública Origem e a Importância do Direito Administrativo

O Direito Administrativo tem suas origens historicamente ligadas ao surgimento do


Estado moderno e à necessidade de regulamentar a actuação do poder público. No
contexto europeu, especialmente após a Revolução Francesa, houve uma crescente
intervenção estatal na vida social, económica e política, o que demandou a criação de
normas específicas para disciplinar essa actuação (Torres, 1998).

Segundo EIRÓ (2002) Inicialmente, o Direito Administrativo surgiu como um conjunto


de normas esparsas, que regulavam aspectos pontuais da actividade estatal. Com o
tempo, essa área do direito foi se consolidando e se desenvolvendo, especialmente a
partir da sistematização de princípios e institutos próprios, como a legalidade, a
impessoalidade, a supremacia do interesse público, entre outros.

Na França, o marco inicial do Direito Administrativo é associado à criação do Conselho


de Estado, em 1799, que foi responsável por emitir pareceres jurídicos sobre questões
administrativas e contribuiu para a consolidação de princípios e doutrinas próprias desse
ramo do direito.

Importância do Direito Administrativo

1. Garantia dos direitos dos cidadãos: O Direito Administrativo estabelece as normas


que regem a actuação do Estado na prestação de serviços públicos, na concessão de
benefícios e na tomada de decisões que afectam os direitos dos cidadãos (FONTOURA,
1959). Ele assegura que essa actuação seja pautada por princípios como a legalidade, a
moralidade e a eficiência, garantindo a protecção dos direitos individuais e colectivos.

2. Organização e funcionamento do Estado: O Direito Administrativo disciplina a


estrutura e o funcionamento dos órgãos e entidades que compõem a administração
pública, estabelecendo regras para a actuação dos agentes públicos, a realização de
concursos públicos, a celebração de contractos administrativos, entre outros aspectos.
Isso contribui para a eficiência e a transparência na gestão pública.
3. Promoção do desenvolvimento económico e social: Ao estabelecer normas para a
prestação de serviços públicos essenciais, como saúde, educação, transporte e
segurança, o Direito Administrativo contribui para a promoção do bem-estar social e o
desenvolvimento económico do país. Ele também regula a actuação do Estado em áreas
como o meio ambiente, a urbanização e a protecção dos consumidores, garantindo a
sustentabilidade e a qualidade de vida da população (CHIAVENATO, 2006).

4. Equilíbrio entre os poderes: O Direito Administrativo desempenha um papel


importante na manutenção do equilíbrio entre os poderes do Estado, estabelecendo
limites e controles para a actuação do poder executivo, bem como garantindo a
fiscalização e a responsabilização dos agentes públicos por eventuais abusos ou desvios
de conduta.

Em resumo, o Direito Administrativo é fundamental para a organização e o


funcionamento do Estado de direito democrático, garantindo a protecção dos direitos
dos cidadãos, a eficiência na gestão pública e o desenvolvimento sustentável da
sociedade.

Referencias Bibliográficas

TORRES, António Maria M. Pinheiros. (1998). Introdução ao Estudo do Direito.


Editora Reis dos Livros. Lisboa.

EIRÓ, Pedro. (2002). Noções Elementares de Direito. 3ª ed., Editorial Verbo.


Lisboa/São Paulo.

CHIAVENATO, Idalberto. (2006). Administração de Recursos Humanos-Fundamentos


Básico.,( 5ª ed.). Editora Atlas S.A. São Paulo,

CHIAVENATO, Idalberto. (2002). Recursos Humanos (edição compacta). (7ª ed.).


Editora Atlas S.A.. São Paulo.

FONTOURA, Amaral. (1959). Introdução a Sociologia.Ed. Globo. São Paulo.

NOÉ, Fernando Gil. (2008). Manual de Organização do Estado. s/ed., Beira,


Fórum 2

Os Actos Administrativos e a Responsabilidade Administrativa

Os actos administrativos são uma importante ferramenta de gestão pública, pois


representam a manifestação de vontade da Administração Pública em relação a
determinado assunto. Segundo Hely Lopes Meirelles (2015), o acto administrativo é
“toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa
qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e
declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria”.

No entanto, é importante destacar que a Administração Pública não está isenta de


responsabilização pelos seus actos. O princípio da responsabilidade administrativa está
previsto no artigo 37, §6º, da Constituição Federal, que estabelece que “as pessoas
jurídicas de direito público e as de direito privado prestador de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros”.

A responsabilidade administrativa

A responsabilidade administrativa pode ser entendida como a obrigação da


Administração Pública de reparar os danos causados por seus actos, omissões ou
condutas ilícitas. De acordo com Di Pietro (2016), a responsabilidade administrativa
pode ser objectiva ou subjectiva. Na responsabilidade objectiva, basta a comprovação
do dano e do nexo de causalidade entre o dano e a conduta da Administração Pública
para que haja a obrigação de reparação. Já na responsabilidade subjectiva, além do dano
e do nexo de causalidade, é necessário comprovar a culpa ou dolo do agente público
para que haja a obrigação de reparação.

Outro aspecto importante a ser destacado é a possibilidade de anulação ou revogação


dos atos administrativos. A anulação ocorre quando o ato é considerado inválido desde
sua origem, enquanto a revogação ocorre quando o ato é válido, mas perde sua eficácia
em razão de fato superveniente. De acordo com Meirelles (2015), a anulação pode ser
realizada a qualquer tempo, enquanto a revogação deve ser feita antes que o ato produza
efeitos.
Sintetizando, os actos administrativos são uma importante ferramenta de gestão pública,
mas a Administração Pública deve estar ciente de sua responsabilidade pelos seus actos
e da possibilidade de anulação ou revogação dos mesmos. É fundamental que haja
transparência e legalidade na actuação da Administração Pública, garantindo assim a
efectividade dos serviços prestados à sociedade.

Responsabilidade Administrativa

De acordo com Sousa (2008), a responsabilidade da Administração por actos de gestão


privada assenta em dois traços característicos:

a) É regulada, em termos substantivos pelo Código Civil;


b) Efectiva-se, no plano processual, através dos Tribunais Comuns.

A matéria vem regulada no art. 500º CC, em conjugação com o disposto no art. 501º
CC. Da articulação entre esses dois preceitos resulta que, nos casos de prejuízo causado
por actos de gestão privada, o Estado é solidariamente responsável com os seus órgãos,
agentes e representantes, pelos danos por estes causados aos particulares no exercício
das suas funções.

De acordo com Richard (2003), a responsabilidade administrativa refere-se à


capacidade que as pessoas jurídicas de direito público têm de impor condutas aos
administrados. Esse poder administrativo é inerente à Administração de todas as
entidades estatais, como União, Estados, Distrito Federal e Municípios, dentro dos
limites de suas competências institucionais.

Referências Bibliográficas:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella (2016). Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, .

MEIRELLES, Hely Lopes (2015). Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo:


Malheiros Editores.

Richard. L. M. (2003). Direito Administrativo: Actos administrativos e seu


funcionamento. 3ed. Sao Paulo: Marcos Almeida.

Sousa, M. (2008). Direito Administrativo Geral. São Paulo: Malheiros Editores.


Forum 3

A Organização da Administração Pública e Seus Princípios.

A organização da administração pública é um tema de grande relevância no estudo do


Direito Administrativo. Segundo o autor Hely Lopes Meirelles, a administração pública
é "o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado que exercem a função
administrativa" (MEIRELLES, 2015, p. 63).

A administração pública pode ser organizada de diversas maneiras, sendo as principais


formas a administração directa e a administração indirecta. A administração directa é
composta pelos órgãos integrantes da estrutura do Estado, enquanto a administração
indirecta é formada pelas entidades dotadas de personalidade jurídica própria, como as
autarquias, as fundações públicas e as empresas estatais (DI PIETRO, 2017, p. 154).

Princípios da administração pública

Além da organização, a administração pública também é regida por princípios, que


orientam a actuação dos agentes públicos. Dentre os principais princípios da
administração pública, destacam-se a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a
publicidade e a eficiência. Esses princípios foram introduzidos na Constituição Federal
de 1988 e têm como objectivo garantir a transparência e a efectividade das acções do
Estado (BRASIL, 1988).

O primeiro princípio é o da legalidade, que determina que a administração pública deve


agir dentro dos limites da lei e do direito, sendo vedado aos agentes públicos agir de
forma contrária aos preceitos legais.

O princípio da legalidade é a pedra angular da administração pública. Este princípio


estabelece que todas as acções da administração devem ser baseadas na lei. Isso
significa que os funcionários públicos devem seguir estritamente as leis e regulamentos
vigentes, sem espaço para actuação baseada em interesses pessoais ou arbitrários
(Weber, 1978)

O segundo princípio é o da impessoalidade, que exige que a administração pública trate


todos os cidadãos de forma igualitária, sem distinção de raça, cor, género ou qualquer
outra característica pessoal. Segundo Bandeira de Mello (2007), a impessoalidade
assegura que o interesse público prevaleça sobre interesses privados. Assim, a
administração pública deve agir de forma impessoal, sem privilegiar ou discriminar
qualquer pessoa ou grupo.

O terceiro princípio é o da moralidade, que impõe aos agentes públicos a observância de


padrões éticos e morais na condução dos assuntos públicos. O agente público deve agir
com probidade, honestidade e transparência, sempre buscando o interesse público em
detrimento de interesses pessoais ou de terceiros.

Di Pietro (2019) argumenta que a moralidade é um complemento à legalidade,


assegurando que a administração pública não apenas siga a lei, mas também opere com
integridade.

O quarto princípio é o da publicidade, que determina que a administração pública deve


tornar públicas todas as suas acções e decisões, de forma clara e acessível à população.
Assim, a publicidade é um instrumento fundamental para a garantia da transparência e
da accountability da administração pública.

A publicidade é um princípio que exige que os actos e procedimentos da administração


pública sejam transparentes e acessíveis ao conhecimento público. Isso permite que os
cidadãos estejam informados sobre as acções do governo e possam exercer controle
social (Carvalho, 2018)

Por fim, o quinto princípio é o da eficiência, que exige que a administração pública
actue de forma eficiente e eficaz, buscando sempre a optimização dos recursos e a
prestação de serviços de qualidade à população. Esse princípio foi incluído na
Constituição Federal de 1988 pela Emenda Constitucional nº 19/1998, visando a
modernização da administração pública e a melhoria da gestão dos recursos públicos.
Para Osborne e Gaebler (1992), a eficiência é chave para uma administração que deseja
se adaptar e prosperar em um ambiente em constante mudança.

Resumindo, a organização da Administração é a estruturação das pessoas, entidades e


órgãos que irão desempenhar as funções administrativas; é definir o modelo do aparelho
administrativo do Estado. Essa organização se dá normalmente por leis e,
excepcionalmente, por decreto e normas inferiores.
Referências:

Bandeira de Mello, C. A. (2007). Curso de Direito Administrativo. São Paulo:


Malheiros Editores.

BRASIL. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília,


DF: Senado Federal.

Carvalho Filho, J. S. (2018). Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas.

Di Pietro, M. S. Z. (2019). Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Forense.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella (2017). Direito administrativo. (31. ed.) São Paulo:
Atlas.

MEIRELLES, Hely Lopes, (2015). Direito administrativo brasileiro. (42. Ed). São
Paulo: Malheiros.

Weber, M. (1978). Economia e Sociedade. Brasília: Editora Universidade de Brasília.

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