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Conceito de Ritos

Segundo Segalen (2002, p. 31), ritos um conjunto de actos formalizados, expressivos,


portadores de uma dimensão simbólica. O rito é caracterizado por uma configuração
espaço-temporal específica, pelo recurso a uma série de objectos, por sistemas de
linguagem e comportamentos específicos e por signos emblemáticos cujo sentido
codificado constitui um dos bens comuns do grupo.

o rito como um sistema cultural de comunicação simbólica, constituído de sequências


ordenadas e padronizadas de palavras e actos, em geral expressos por múltiplos meios.

Tipo de Ritos

Encontramos diferentes tipos de ritos tais como de iniciação, de passagem, de


purificação entre outros. Vezes há em que estes se encontram de algum modo
interligados, pois que a transição de uma situação á outra não é contrário a passagem a
uma outra.

O rito de iniciação é um processo destinado a realizar psicologicamente no indivíduo a


passagem de um estado do ser considerado inferior, para um estado considerado
superior, ou seja, a transformação do dito profano em iniciado/purificado; através de
uma série de actos simbólicos, provas físicas e morais, em que se procura incutir neste a
sensação de que o mesmo morre, a fim de renascer para nova vida e daí o nome segundo
nascimento (Papalia; Olds & Feldman, 2006).

Os ritos de iniciação são instituições culturais praticadas nas zonas centro e norte de
Moçambique. Portanto, é comum afirmar-se que são constituintes dos direitos culturais,
que são uma das importantes dimensões dos direitos humanos.

De acordo com Magaia (1998), o ritual de iniciação é uma das práticas mais importantes
da cultura tsonga, desempenhando um papel crucial na preservação da identidade e dos
valores tradicionais.

Segundo Amide (1998), Rito de passagem, são consideradas fases ou etapas


momentâneas na vida dos indivíduos, tendo em vista uma necessidade específica que
pode ter a ver com vários assuntos da vida social, representam sempre uma etapa
passageira.
Funções do Ritos

Os ritos são importantes pois que tem uma função simultaneamente psicológica, social e
protectora.

Garantem a explicação de eventos considerados anormais ou sem explicação lógica,


fazem com que as pessoas vivam de acordo com os modelos definidos pelos próprios
rituais e alterando deste modo seus comportamentos, ajudam a honrar e satisfazer os
antepassados, ajudam a lidar com eventos extremos tais como a morte, nascimento, e
bem como situações de insegurança resultante de várias situações (Amide, 2008).

Cerimónia Tradicional

Uma cerimónia tradicional é um evento que celebra uma ocasião especial de acordo
com os costumes e tradições de uma determinada cultura. Essas cerimónias são
realizadas há séculos e têm um significado profundo para as pessoas envolvidas. Neste
glossário, vamos explorar o que é uma cerimónia tradicional, suas características e os
diferentes tipos que existem ao redor do mundo (Agier, 2001).

Características de uma cerimónia tradicional

As cerimónias tradicionais têm várias características distintas que as diferenciam de


outros tipos de eventos. Uma das principais características é a presença de rituais e
símbolos específicos, que são realizados de acordo com uma sequência estabelecida.
Esses rituais podem incluir a recitação de palavras sagradas, a troca de objectos
simbólicos ou a realização de gestos específicos segundo (Wegher, 1999).

Tipos de cerimónias tradicionais

Existem diversos tipos de cerimónias tradicionais ao redor do mundo, cada uma com
suas próprias características e significados. Algumas das mais conhecidas incluem:

Casamentos tradicionais

Os casamentos tradicionais são cerimónias que celebram a união de duas pessoas. Cada
cultura tem suas próprias tradições e rituais para esse tipo de evento, como a troca de
votos, a bênção dos anéis e a realização de danças tradicionais. Essas cerimónias são
uma forma de unir famílias e comunidades (Turner, 2013, p. 98).
Funerais tradicionais

Os funerais tradicionais são cerimónias que marcam a passagem de uma pessoa para o
além. Elas são realizadas de acordo com as crenças religiosas e culturais de cada
comunidade, e podem incluir rituais de despedida, orações, discursos e enterros. Essas
cerimónias têm como objectivo honrar a memória do falecido e proporcionar conforto
aos familiares e amigos.

Cerimónias de iniciação

De acordo com Amide (1998), as cerimónias de iniciação são eventos que marcam a
transição de uma pessoa para uma nova fase da vida. Elas são comuns em culturas
tribais e podem incluir rituais de passagem, como testes de coragem, tatuagens ou
provas de habilidade. Essas cerimónias têm como objectivo preparar os indivíduos para
os desafios e responsabilidades da vida adulta.

Cerimónias religiosas

As cerimónias religiosas são eventos que celebram a fé e a espiritualidade de uma


comunidade. Elas podem incluir rituais de adoração, orações, cânticos e leituras
sagradas. Essas cerimónias são realizadas de acordo com os preceitos de uma
determinada religião e têm como objectivo fortalecer a conexão entre os fiéis e o divino.

O meu ponto de vista

As cerimónias tradicionais são eventos que desempenham um papel importante na vida


das pessoas e das comunidades. Elas são uma forma de honrar tradições culturais,
transmitir valores e marcar momentos significativos. Cada tipo de cerimónia tem suas
próprias características e significados, mas todas têm em comum a importância de
preservar e celebrar a cultura e a identidade de um povo.

Referência Bibliográficas

ALTUNA, Pe. Raul Ruiz de Asúa.(2014). Cultura tradicional bantu. Águeda


(Portugal): Paulinas.

AMIDE, João Baptista. (2008). Wayao'we' no conhecido Niassa: os valores culturais e a


globalização. Maputo: Diname.
WEBER, Max. (2001). A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo:
PIONEIRA.

TURNER, Victor W. (2013). O processo ritual: estrutura e antiestrutura. Tradução de


Nancy Campi de Castro e Ricardo A. Rosenbusch. Petrópolis: Editora Vozes.
Organização social

Conceito

Segundo Weber (1922), uma organização social pode ser entendida de diferentes
maneiras, dependendo do contexto em que é utilizada. No âmbito da antropologia
cultural, refere-se à maneira como as sociedades humanas se organizam em grupos,
comunidades e instituições, incluindo estruturas de parentesco, sistemas políticos,
económicos e de poder, normas culturais e valores compartilhados.

Organização social o fenómeno que permite diversos elementos distintos vivendo em


comunidade. Para além da estrutura social básica, há a organização de um todo
complexo (sociedade) dividido em partes distintas (indivíduos)

Organização social, segundo Raymond Firth, consiste na ordenação sistemática de


relações sociais pelos actos da escolha e da decisão. A partir de uma organização social
os indivíduos fazem escolhas baseando-se nas normas da estrutura social. A organização
social diz respeito norma como os homens se relacionam através de suas acções.

Conceito de Família

Etimologicamente, este conceito deriva do latim FAMULUS que significa escravo


doméstico, e o mesmo foi criado na Roma Antiga para designar um novo grupo social
que surgiu entre as tribos latinas ao ser introduzida a agricultura e a escravidão. É um
conceito bastante difuso e pouco específico, pelo que é comum vermos um casal que
juntos possuem filhos, falarem simultaneamente da “minha, nossa e sua família”, de
modo a se referir a família que cada um pertence ou provém, a que juntos construíram, e
a do esposo ou da esposa individualmente (Agier, 2001)

A definição da família tem estado associada a certos elementos considerados quase que
universais e perenes tais como sejam: a convivência debaixo de um mesmo tecto, a
reprodução biológica (filhos), reprodução económica (renda para sustento), entre outros.
Isto acontece porque a família é vista como algo universal, ou seja, existe em todos os
agrupamentos humanos.

Murdock, define família como sendo “um grupo social caracterizado pela residência
comum, cooperação económica e reprodução biológica”. Para Lucy Mayr é “um grupo
doméstico no qual os pais e filhos vivem juntos.” Hoijer e Beals é “um grupo social
cujos membros estão unidos por laços de parentesco”.

A partir destas definições de vários autores pode-se entender a família como: um grupo
social normalmente composto pelo casal e seus filhos, que se caracteriza pela
cooperação e simultaneamente de conflito em que pessoas de diferentes gerações
partilham um espaço, orçamento, afecto e desafecto, trabalho, tendo em vista
reprodução biológica e social do grupo. Nele também podem ser incluídos os parentes
afins, dependo da sociedade.

Funções da Família

Para certos autores, não devemos falar das funções da família, uma vez que esta não se
encontra a funcionar, e sim actuando para responder a certas necessidades de cada grupo
num momento específico. Além de que as ditas funções que normalmente consideramos
exclusivas da família podem ser entregues a outras instituições, tais como as creches
que educam as crianças devido a ocupação dos pais, asilos para idosos que acolhem
pessoas que são vistas como encargos pelos seus familiares ou que não possuem família,
centros de acolhimento para pessoas desfavorecidas, etc.

Apesar desta posição de certos autores, é legítimo afirmarmos que esta possui funções, e
que tais funções guiam-se por dois principais objectivos que podem ser consideradas de
Nível Interno que é a protecção psicossocial dos seus membros e o de Nível Externo
que visa acomodação (socialização ou educação) a uma cultura e sua posterior
transmissão a outras gerações. Assim, podemos então indicar algumas das funções
gerais da família que se enquadram nestes dois grandes objectivos (Copans, 1989).

- Geradora de Afecto: faz com que entre os seus membros haja sentimento de desejar
bem ao próximo, - Proporcionadora de Segurança e Aceitação Pessoal: ao dar segurança
e aceitar o próximo sem apontar possíveis defeitos naturais, promove um bom o
desenvolvimento pessoal natural, -Proporcionadora de Satisfação e Sentimento de
Utilidade: através da distribuição de actividades que satisfaçam a cada um dos seus
membros, sem excluir ninguém, -Asseguradora da Continuidade das Relações,isto
através da promoção de relações duradouras entre os seus membros, -Impositora da
Autoridade e Sentimento do que é

Correcto, garante a aprendizagem das regras, normas e obrigações, para saber o que
deve ou não fazer na sociedade; -Proporcionadora de Saúde aos seus membros, protege
a saúde dos seus membros dando apoio as necessidades dos seus membros em possíveis
situações de doença.

Tipos de Família

A divisão e classificação das famílias segundo tipos específicos, mostra que as


sociedades apresentam diferenças na maneira como se organizam. Assim, encontramos
os seguintes tipos de famílias mais comuns no mundo. Elementar ou Simples: também é
conhecido como Nuclear, Imediata, Primária, ou Natal-Conjugal, é definida como uma
unidade formada por um homem, uma mulher e seus filhos que vivem juntos em uma
união reconhecida pelos outros membros da sua sociedade. Constitui a base da estrutura
social de onde se originam as relações primárias de parentesco, sendo contudo efémera
já que ela pode desaparecer com o crescimento dos filhos e a consequente saída do lar, e
devido a morte dos pais.

Extensa, também denominada de Grande ou Múltipla, é uma unidade composta de duas


ou mais famílias nucleares ligadas entre si por laços consanguíneos ou série de
familiares próximos tanto pela linha masculina ou feminina, e geralmente não por
ambas e duas ou mais gerações. Este tipo de família pode abranger também para além
da nuclear, os avós, tios, sobrinhos, afilhados, etc.

Composta: também designada por Complexa ou Conjunta, é uma unidade composta por
três ou mais cônjuges e seus filhos. Este tipo de família refere-se a um núcleo de
famílias separadas mas ligadas pela sua relação com um pai comum. Conjugada-
Fraterna: refere-se a uma unidade composta de dois ou mais irmãos, suas esposas e
filhos, sendo que o laço de união é consanguíneo.

Classificação da Família quanto a Autoridade

A família também pode ser analisada sob ponto de vista da autoridade, ou seja, olhando
para quem de facto detém e exerce o poder dentro desta num determinado momento.
Assim temos: Patriarcal: em que a figura central é o pai, que possui autoridade de chefe
sobre a mulher e os filhos. Todas as decisões sobre qualquer assunto cabem
exclusivamente ao homem.

Matriarcal: é o inverso da patriarcal, ou seja, aqui é a mãe que é a figura central,


detendo deste modo toda autoridade e por conseguinte todas as decisões cabem a
própria mulher. Paternal ou

Igualitária: aqui encontramos uma diferença, que se traduz na equidade de poder, ou


seja, a autoridade é mais equilibrada entre ambos os cônjuges de acordo com os
assuntos e questões específicas a decidir dentro da família, havendo aspectos que devem
ser.

Referências bibliográficas

Agier, M. (2001). “Distúrbios Identitários em Tempo de Globalização”, edições Mana;


Brasil,

Copans, Jean, (1989). “Antropologia: Ciência das Sociedades Primitivas?” edições


afrontamento; Lisboa, 3ª edição.

Cunha, M. P. P. (2000). “ A Natureza da Raça”, in Sociedade e Cultura 2; Cadernos do


Noroeste, Série Sociologia, vol. 13 (2).

Durkheim, E. (1912). The Elementary Forms of the Religious Life. New York: Free
Press.
o

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