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ESCOLA ESTADUAL “ Prof. Paulo Nobre “ Macaíba – Rio Grande do Norte


Nome :____________________________________ turma : ______ turno: ________
SOCIOLOGIA – 2° ano EJA – Ensino Médio.

Como definir o que é cultura?

Um bom começo é nos observar, olharmos para nós mesmos desde o momento em que acordamos. Acordamos
cedo ou tarde? Dormimos no chão ou em uma cama? Tomamos café ao acordar? Nós nos vestimos? Que partes do
corpo cobrimos? O que consideramos como alimento? O que nos causa nojo e repulsa?

Cada ato diário nos define e define nossa cultura. Cultura é aquilo que para nós é normal, parte do cotidiano. Nem
mesmo pensamos no que estamos fazendo, como estamos fazendo ou porque. Cultura é então este conjunto de
crenças, comportamentos, valores, costumes, como agimos, como pensamos, que objetos utilizamos etc. Cultura
é tudo aquilo que o grupo que nos cerca nos ensina e que é válido para nosso círculo social, ou seja, para todos os
seus membros.

Podemos falar de hábitos, valores, crenças, comportamentos e instituições. Mas, não basta juntar um pouco de
cada para formar a cultura de uma sociedade. Ela é constituída por elementos que formam um todo coerente, onde
cada parte tem uma finalidade.

A cultura de muitos grupos indígenas era baseada no nomadismo. A vida das tribos era estruturada em um
determinado local apenas por um período de tempo. Passado esse tempo, o grupo migrava e se reorganizava para
mais um período. Ao confinar alguns destes grupos em reservas indígenas, sua cultura foi desestruturada, como se
um pilar da construção fosse derrubado, fazendo ruir uma boa parte da edificação.

Assim, devemos compreender a cultura como um sistema integrado, formado por elementos interdependentes.

Não há como introduzir artificialmente novas práticas ou uma nova forma de organização, ou ainda subtrair um
elemento, sem abalar a construção cultural. A mudança artificial trazida por outra cultura esbarrará em valores e
práticas que se amarram formando um corpo único.

Não queremos dizer que mudanças não são possíveis. Mas elas ocorrem gradualmente, de forma que os elementos
envolvidos e interrelacionados também vão lentamente acompanhando a mudança, num movimento de
adaptação. Veja o exemplo abaixo.

A internet e a globalização transformaram a cultura no mundo todo. Aos poucos, a sociedade adaptou-se a teclados,
desenvolveu uma linguagem própria da comunicação virtual, dividiu o tempo gasto em bibliotecas com pesquisas
na rede, aprendeu a usar e-mails e aplicativos ao invés de utilizar sempre os serviços dos correios e da telefonia.

A cada período de tempo, a cada geração, alguns valores são mantidos e outros se modificam para atender a uma
nova realidade. Este movimento é natural e é derivado da evolução e progresso humanos, ou de mudanças no meio
ambiente, geralmente causadas pela atuação humana.

A cultura compreende tudo o que é aprendido no convívio social e compartilhado pelos membros de uma
sociedade. Assim, só há cultura se houver uma sociedade que a crie e alimente. Aqui, a sociedade deverá ser
entendida como um grupo humano, cujos membros tenham a mesma cultura, convivam e relacionem-se,
basicamente, dentro do grupo. É como se fosse um órgão independente.

Se o contato com outras sociedades existir e tornar-se muito intenso, as fronteiras entre uma sociedade e outra
podem se enfraquecer e até deixarem de existir. Quando vemos um índio vestido com a camisa do Flamengo,
calçando sandálias de borracha, ou com um radinho de pilha na mão, sabemos que o contato com a sociedade
urbana não indígena se tornou tão intenso que o conjunto cultural que diferenciava uma sociedade da outra foi
diminuindo.

A sociedade é o palco onde a cultura se desenvolve. Sem esse grupo humano que convive, interage, observa o meio
que o cerca e busca respostas para a sobrevivência junto, não haveria cultura. Mas, haverá casos em que alguns
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aspectos da cultura serão comuns a duas ou mais sociedades. É o caso de religiões. E, também, haverá vezes em
que, dentro de uma sociedade, encontraremos duas religiões diferentes, ou duas línguas diferentes, por exemplo.

AS FORMAS DE TRANSMISSÃO CULTURAL


Quando falamos sobre cultura, estamos tratando do conjunto de ideias, hábitos, valores, aquisições e objetos que
definem a humanidade. Tudo aquilo que tem existência e foi produzido pelo homem, acabando por diferenciá-lo
do mundo natural, pode ser chamado de cultura. Já em um sentido menos extenso, mais próximo de uma leitura
sócio-antropológica, portanto, podemos afirmar que a cultura diz respeito à herança social que caracteriza um
povo.

Artefatos, religiões, arquitetura, danças, comportamento: toda uma extensa rede de produção que irá determinar
uma sociedade, fazendo com que ela seja, ao mesmo tempo, reconhecida e diferenciada de outras existentes pelo
mundo.

É nesse sentido que utilizamos, por exemplo, “cultura japonesa”, “cultura indiana”, “cultura pataxó”. Em todas
essas sociedades, a convivência entre as pessoas e os fatores naturais que as cercavam acabaram por possibilitar a
construção de elementos culturais por vezes bastante distintos, capazes de fazer com que cada uma delas seja
representada à sua maneira.

Mas, não são apenas os fatores naturais e de coexistência humana que definem a construção de uma cultura. Outro
fator determinante - e isso a respeito de sua sobrevivência e de sua continuidade - refere-se à maneira como os
elementos formadores dessa cultura são repassados historicamente. Sim, porque, se certa cultura existe, é porque
suas características foram transmitidas a novas gerações, que, em dado momento, tornaram-se responsáveis por
manter e divulgar esses traços definidores.

Há duas formas de transmissão cultural, ou seja, duas maneiras de fazer com que as culturas sobrevivam, e suas
utilizações acabam sendo definidas, muitas vezes, pelo nível de organização em que as sociedades se encontram.
É importante ressaltar, entretanto, que a opção por uma das formas de repasse da tradição é definida, muitas
vezes, pelas necessidades das diferentes sociedades. Esses modos são:

Transmissão informal ou assistemática

Ocorre em sociedades menos aparelhadas, nas quais não existe um sistema de educação formal, ou seja, escolas
que transmitam de maneira organizada a herança cultural do grupo. Todos os dados que determinarão a
continuidade daquela cultura acabam sendo repassados, então, pelo contato dos novos indivíduos com suas
famílias e com outros membros de sua comunidade. Um exemplo são as tribos indígenas ainda não influenciadas
por elementos exteriores à sua tradição.

Transmissão formal ou sistemática

É a transmissão que acontece nas sociedades que possuem escolas e, por isso, planejam, organizam e determinam
os conteúdos culturais que serão repassados e trabalhados de forma minuciosa. Ou seja: as escolas ensinam novos
conteúdos e acabam sendo, também, um lugar de aprofundamento daqueles que são transmitidos de maneira
informal. Isso significa que, nas sociedades onde há transmissão sistemática, o modo assistemático também existe.
Ele não é, entretanto, o único modo de se entrar em contato com os elementos culturais.

As expressões cultura material e imaterial dizem respeito aos dois tipos de patrimônio cultural que podem ser
observados em diferentes comunidades. O primeiro termo refere-se aos elementos que podem ser palpados, vistos
e experienciados. Trata-se dos artefatos que possuem materialidade. Os elementos da cultura imaterial, por outro
lado, não podem ser palpados ou são experienciados por um curto espaço de tempo. A expressão diz respeito a
tudo aquilo que é construído por determinado grupo social no âmbito da abstração, em especial, os seus saberes.

Cultura Material e Imaterial

Ainda que os elementos que constituem a cultura material e imaterial sejam bem distintos, ambos são importantes
para que possamos conhecer determinada cultura e para o processo de construção e preservação da identidade de
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um povo. Por isso, eles são objetos de estudos e alvos de políticas específicas que garantam a sua preservação. Esse
investimento faz-se necessário, especialmente, em um cenário de intensas trocas culturais e naquelas comunidades
em que a tradição oral se constitui como principal ou única forma de perpetuação dos saberes.

Com isso, fica claro que nem todas essas dimensões da cultura podem ser vivenciadas da mesma forma. O modo
através do qual se conhece a dimensão religiosa e linguística de uma comunidade é diferente de como se conhece
suas expressões arquitetônicas e artísticas, por exemplo. É nesse contexto que podemos identificar as diferenças
existentes entre cultura material e imaterial.

Os elementos da cultura material se destacam por possuírem intensa dimensão física. Nesse contexto, podemos
enumerar as artes plásticas, como pinturas, esculturas e peças de artesanato; os museus; teatros; monumentos;
praças e outros. Os bens que constituem a cultura material podem ser divididos em dois grupos: móveis e imóveis.
O primeiro diz respeito a tudo aquilo que pode ser transportado e organizado em acervos ou coleções. Os bens
imóveis, por outro lado, são fixos. É o caso dos sítios arqueológicos e centros históricos.

A DIVERSIDADE CULTURAL

Para entender o conceito de “pluralidade cultural”, imagine uma ampla sociedade, suponha que ela apresente
alguma identidade cultural predominante, ou seja, com a qual a maioria dos seus membros se identifique. Esse
traço cultural pode ser, por exemplo, uma religião e seus respectivos valores: no Brasil, segundo dados do Censo
nacional de 2000, o cristianismo é um traço cultural predominante, pois mais de 80% dos brasileiros se consideram
cristãos, a maioria deles católicos. Além de uma identidade cultural predominante, suponha que aquela sociedade
imaginária apresente uma série de identidades culturais menos comuns. Se você voltar a pensar nas religiões
brasileiras, pode considerar que as religiões de matriz africanas e o budismo são elementos culturais menos
frequentes nesta sociedade. Para que haja pluralidade cultural, todos os elementos elencados até aqui são
essenciais: a presença de uma identidade cultural predominante ao lado de identidades menos comuns. Porém, a
mera existência desses ingredientes não pode ser interpretada como uma legítima pluralidade cultural.
Numa sociedade culturalmente plural, as minorias culturais são aceitas pelos grupos mais amplos: será que isso
ocorre com as religiões não cristãs no Brasil? Para que determinada sociedade seja classificada como culturalmente
plural, é preciso que seus traços culturais menos comuns sejam respeitados pela cultura mais ampla. Ou seja, a
mera coexistência entre identidades culturais distintas não caracteriza a pluralidade cultural. Para que ela
realmente ocorra, há que se identificar uma coexistência respeitosa entre as culturas distintas. E mais: deve-se
haver uma ampla aceitação de que os traços culturais dos grupos menores sejam assimilados pela cultura
preponderante. Ou seja, numa sociedade verdadeiramente pluralista, existe uma forte expectativa de que ocorra
a integração entre suas diferentes culturas e dos valores que as caracterizam. O contrário disso é a expectativa de
que uma determinada identidade cultural seja assimilada por toda a sociedade, caso, por exemplo, das missões
jesuíticas, que, durante grande parte da história brasileira, buscaram civilizar e evangelizar os nativos do Novo
Mundo, substituindo seus elementos culturais pelos dos colonizadores. Numa sociedade pluralista, atitudes como
o racismo, o sexismo, a homofobia e outras formas de discriminação são duramente combatidos.

Frequentemente, o conceito de pluralidade cultural é confundido com o de “multiculturalismo”. A diferença entre


eles é que, se, por um lado, o primeiro apresenta uma identidade cultural preponderante, o segundo tem apenas
uma grande diversidade de culturas, sem, no entanto, que qualquer uma delas sobressaia às demais. A partir do
que você aprendeu nesta página, é possível desenvolver uma série de reflexões sobre sua própria sociedade. Será
que o Brasil pode, de fato, ser considerado culturalmente plural? Existe alguma identidade cultural que caracterize
a maioria dos brasileiros? Se essa identidade existe, como ela lida com as minorias culturais, aceitando-as e
incorporando-as ou querendo convertê-las numa cultura supostamente mais civilizada e correta? Pensei nisso!

O Brasil é um país com uma cultura muito rica. Na verdade, a cultura brasileira é um grande conjunto de culturas
das diversas etnias que formam nosso país. Por isso, não há uma cultura unicamente brasileira, mas sim, várias
vertentes culturais que formam a cultura do Brasil.

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