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Cultura
2. Desenvolvimento do espírito;
5. Património social;
A cultura é um fenómeno exclusivo do ser humano e representa tudo o que nele não é
inato, não é natural. Assim, sabemos que os atos de comer, beber, dormir, reproduzir-se
e morrer são naturais no Homem, mas que a forma como ele pratica ou organiza esses
atos no seu quotidiano, no seu grupo, é cultural.
Fenómenos culturais
Os instrumentos de trabalho e de produção, os rituais, as crenças, o vestuário, as regras
de comportamento, as formas de comunicação, a culinária, a arte, a arquitetura, as
relações sociais e familiares, a educação, a conceção de bem e de mal ou de certo e de
errado, a hierarquização das necessidades, a religião, a política, as instituições e as
expectativas em relação ao futuro são fenómenos culturais.
“Cultura é o todo integral constituído por implementos e bens de consumo, por cartas
constitucionais para os vários agrupamentos sociais, por ideias e ofícios humanos, por
crenças e costumes.”
Os hábitos alimentares e os rituais das refeições variam muito de cultura para cultura. A
cultura tem, assim, a função social de organizar a interação dos indivíduos, de lhes
atribuir significado e de facilitar a vida em conjunto.
Padrão de cultura
Ao conjunto de normas e símbolos que regem e unificam, numa dada cultura, as
maneiras de agir, pensar e sentir dos seus membros (ou seja, as práticas e
comportamentos) chamamos padrão de cultura.
Por exemplo, a forma como nos vestimos, cumprimentamos e interagimos nos locais
públicos corresponde a comportamentos padronizados, dos quais nem sempre nos
apercebemos, mas que nos permitem saber como agir e o que esperar dos outros em
cada situação.
Já os elementos materiais (ou tangíveis) de uma cultura podem ser encontrados, por
exemplo, nos seus monumentos, na sua arte, nos seus rituais e nos seus instrumentos
de trabalho - em suma, nas suas concretizações objetivas.
Apesar desta distinção, os aspetos materiais e imateriais da cultura não devem ser
encarados separadamente. De facto, eles influenciam-se mutuamente.
Os valores
Os valores são um elemento imaterial da cultura, e dizemos que um valor é a maneira
de “ser ou de agir que uma pessoa ou uma coletividade reconhecem como ideal e que
faz com que os seres ou as condutas aos quais é atribuído sejam desejáveis ou
estimáveis. Pode dizer-se que o valor se inscreve de maneira dupla na realidade:
apresenta-se como um ideal que solicita a adesão ou convida ao respeito; manifesta-se
nas condutas que o exprimem de maneira concreta ou simbólica.”
Assim, um valor é algo que, numa determinada cultura, se considera ideal ou desejável.
Além disso, os valores concretizam-se por intermédio das regras e das normas que, por
sua vez, condicionam os comportamentos.
Valores e normas
“Valores são as ideias que definem o que é importante, útil ou desejável são
fundamentais em todas as culturas. Essas ideias abstratas, ou valores, atribuem
significado e orientam os seres humanos na sua interação com o mundo social.
Outros não estão formalizados, mas apenas inscritos na mente de cada indivíduo - são,
por isso, valores informais -, não deixando de condicionar fortemente as suas ações.
Valores e orientação
Uma das características principais dos valores é o facto de orientarem (ou mesmo
determinarem) as ações das pessoas e dos grupos. Os atores sociais, com efeito, não
pensam, avaliam, decidem e escolhem no vazio - fazem-no, sim, pautados por um
sistema de referências em que acreditam e que consideram desejável.
A diversidade cultural
“Não são só as crenças culturais que variam de cultura para cultura. Também a
diversidade do comportamento e práticas humanas é extraordinária. As formas aceites
de comportamento variam grandemente de cultura para cultura, contrastando
frequentemente de um modo radical com o que as pessoas das sociedades ocidentais
consideram "normal".
O conceito de socialização
“A socialização é o processo através do qual as crianças ou outros novos membros da
sociedade aprendem o modo de vida da sociedade em que vivem. Este processo
constitui o principal canal de transmissão da cultura através do tempo e das gerações.
A socialização é, portanto, o processo pelo qual as crianças indefesas se tornam
gradualmente seres autoconscientes, com saberes e capacidades, treinadas nas formas
de cultura em que nasceram.”
A socialização consiste na interiorização que cada indivíduo faz, desde que nasce e ao
longo de toda a sua vida, das normas e valores da sociedade em que está inserido e dos
seus modelos de comportamento.
Socialização secundária
Já a socialização secundária é todo e qualquer processo subsequente que introduz um
indivíduo já socializado em novos setores da sua sociedade. Acontece a partir da
infância e em cada nova situação com que nos deparamos ao longo da vida: na escola,
nos grupos de amigos, no trabalho, nas atividades de lazer, nos países que visitamos
ou para onde emigramos.
Em cada novo papel que assumimos, existe uma aprendizagem das expectativas que a
sociedade ou o grupo depositam em nós relativamente ao nosso desempenho, assim
como dos novos papéis que vamos assumindo nos vários grupos a que vamos
pertencendo e nas várias é situações em que somos colocados.
Os papéis sociais
“Os membros de qualquer grupo social, seja ele tão grande como uma nação ou tão
pequeno como um clube de dardos de uma aldeia, esperam um certo comportamento
dos que nele são admitidos. Para o grupo sobreviver na sua forma presente, têm de
assegurar de qualquer modo que os que para ele entrem aprendam o comportamento
que se espera deles quando assumirem as novas posições que vão ocupar, como
cidadãos ou como membros do clube. (...)
Imitação - Muitas das atitudes e comportamentos que vemos nas crianças são fruto das
suas observações e posterior imitação. Mesmo na idade adulta, muito frequentemente,
e por vezes sem nos apercebermos, tendemos a imitar os comportamentos, os gestos, as
expressões que observamos, na tentativa de nos integrarmos mais facilmente nas
várias situações do nosso quotidiano.
Os agentes de socialização
Todos os grupos a que pertencemos são agentes de socialização na medida em que nos
obrigam a interiorizar um determinado papel social, seja por aprendizagem, por
imitação ou por identificação. No entanto, existem alguns agentes socializadores
especialmente importantes pela forma como influenciam a nossa vida.
Família
Nos últimos séculos, as funções da família têm sofrido transformações, nomeadamente
a que se refere à educação. Antes, era a instituição responsável não só pela socialização
primária como pela socialização secundária do indivíduo, na medida em que muitas
vezes a criança aprendia um ofício que constituía a principal atividade da família e com
ela permanecia durante a idade adulta.
Na família e na escola existe uma hierarquia das relações interpessoais, mas junto dos
colegas - o grupo de pares - ela aprende o que significa ser igual - ou par - e como
cooperar, conquistar autoridade ou obter o que pretende nessa situação.
Nos jornais, nas revistas e, em geral, nos serviços noticiosos da televisão, da rádio e
da Internet, por exemplo, as notícias que são veiculadas, o modo como são apresentadas
e o destaque que lhes é dado influenciam as nossas opiniões individuais e a opinião
pública.
Representações sociais
Não são só as nossas opiniões pessoais que definem uma representação social.
Encontramo-las na sociedade sob variadas formas a propósito de conceitos, de
realidades e de situações. Elas são-nos transmitidas pelos agentes socializadores e
interiorizamo-las ao ponto de quase nem as conseguirmos questionar.
Mas tanto valores como representações podem ser encontrados e analisados em dois
planos distintos: no plano social, atravessando e dando forma às dimensões culturais
da sociedade; no plano individual, como sistemas de disposições e orientações
interiorizadas pelos atores e que, ao mesmo tempo que sintetizam experiências
passadas, guiam e justificam os seus comportamentos.
A representação social:
- É uma avaliação de uma dada realidade, processo ou situação;
- Pressupõe valores;