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PROFª:DARLING DE LIRA

DISICPLINA: SOCIOLOGIA II
Texto adaptado por:

Cultura. O que é cultura?


Introdução

Na Antropologia e em outras Ciências Sociais entende-se por cultura toda expressão


artística, musical, literária, tradições, gastronomia, de crenças, costumes, da linguagem falada e
escrita, religião, mitos, rituais, e ainda o conjunto de leis e moral de um determinado
povo, sociedade ou civilização.
O conceito de cultura é, portanto, ampliado e não diz respeito somente às formas de
arte e comportamentos de um determinado grupo social ou às expressões artísticas eruditas.
Cultura são todas as expressões artísticas de qualquer grupo social.
O gosto por determinado tipo de arte e música, as tradições, crenças e costumes são
passadas aos grupos por meio da escola, do convívio social ou pela família.
A cultura é aprendida ao longo dos anos e transmitida de geração em geração. As
expressões e afinidades por determinados tipos artísticos, musicais e literários podem mudar ao
longo da vida.
Cultura é um termo complexo e de grande importância para as ciências humanas em geral.
Sua etimologia vem do latim culturae, que significa “ato de plantar e cultivar”. Aos poucos,
acabou adquirindo também o sentido de cultivo de conhecimentos. A noção moderna de cultura
foi sintetizada pela primeira vez pelo inglês Edward Tylor, conceituando-a como um complexo
que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou
hábitos adquiridos por uma pessoa como membro de uma sociedade.
Nesse sentido, podemos dizer que a cultura engloba os modos comuns e aprendidos de
viver, transmitidos pelos indivíduos e grupos em sociedade. Para além de um conjunto de práticas
artísticas, tradições ou crenças religiosas, devemos compreender a cultura como uma dimensão
da vida cotidiana de determinada sociedade.
Uma característica da cultura é que ela é indissociável da realidade social. A cultura está
presente sempre que os seres humanos se organizam em sociedade. A cultura é uma construção
histórica e produto coletivo da vida humana. Isso quer dizer que falar em cultura implica
necessariamente se referir a um processo social concreto. Costumes, tradições, manifestações
culturais e folclóricas como festas, danças, cantigas, lendas, etc. só fazem sentido enquanto parte
de uma cultura específica; ou seja, as manifestações culturais não podem ser compreendidas fora
da realidade e história da sociedade a qual pertencem.
Outra característica da cultura é o seu aspecto dinâmico. Por isso é mais pertinente pensá-
la como um processo e não como algo estagnado no tempo. Isso fica claro no mundo globalizado,
marcado por rápidas transformações tecnológicas, pelo constante contato entre as culturas e
disseminação de padrões culturais pelos meios de comunicação de massa. Porém, mesmo quando
se fala de sociedades tradicionais, não quer dizer que elas não se modifiquem. Todo aspecto de
determinada cultura tem a sua própria dinâmica, pois não existe nenhuma sociedade humana que
esteja isenta de transformações com o tempo e contato com outras culturas.
A cultura de determinada sociedade é passada de uma geração a outra através da
educação, manifestações artísticas e outras formas de transmissão de conhecimento. O

Por Luiz Antônio Guerra. Mestre em Sociologia (UnB, 2014). Graduado em Ciência Política (UnB, 2010
Por: Lucas de Oliveira Rodrigues; Por Daniela Diana. Professora licenciada em Letras. Por Letícia Rodrigues Ferreira
Netto. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2015).
Mestrado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2017).
comportamento dos indivíduos vai depender desse aprendizado cultural. Portanto, um menino e
uma menina agem diferentemente não por causa de seus hormônios, mas devido à educação
diferenciada que recebem. É por isso também que maneiras de falar, se vestir, se alimentar, se
comportar, etc. de um povo específico pode ser tão estranho aos olhos de outros povos. O que é
repugnante para indivíduos de uma sociedade, pode ser desejável em outra. Mais ainda: em uma
mesma sociedade, o que era impensável no século passado pode se tornar comum hoje em dia e
vice-versa.
As sociedades humanas historicamente desenvolveram formas diferentes de se organizar,
de relacionar internamente, com outros grupos sociais e com o meio ambiente. Sociedades
distintas vão necessariamente originar culturas diferentes, ou seja, diferentes formas de ver o
mundo e orientar a atividade social.
É por isso que existem tantas diferenças culturais, mesmo sendo todos pertencentes à
mesma espécie humana. As diferenças culturais não podem ser explicadas em termos de
diferenças geográficas ou biológicas. No passado, explicações baseadas no determinismo
geográfico ou genético contribuíram para reforçar o racismo e preconceitos, além de terem
servido como justificativa para a dominação de uns povos sobre outros.
No século XIX, alguns autores estabeleciam hierarquias entre todas as culturas humanas,
defendendo uma escala evolutiva de linha única entre elas. Nessa concepção, todas as culturas
teriam que passar pelas mesmas etapas, desde um estágio primitivo até as civilizações mais
evoluídas que seriam as nações da Europa ocidental. Essa visão etnocêntrica servia aos interesses
dos países europeus em legitimar seu expansionismo e colonização a partir de uma suposta
superioridade cultural.
Tais concepções evolucionistas foram atacadas com o argumento de que a classificação
das sociedades em escalas hierarquizadas era impossível, já que cada cultura tem a sua própria
verdade. Concluiu-se então que não existe relação necessária entre características físicas de
grupos humanos e suas formas culturais. A diversidade das culturas existentes corresponde à
variedade da história humana. Cada realidade cultural tem sua lógica interna, que faz sentido para
os indivíduos que nela vivem, pois é resultado de sua história e se relaciona com as condições
materiais de sua existência. A partir da compreensão da variedade de procedimentos culturais
dentro dos contextos em que são produzidos, o estudo das culturas contribui para erradicar
preconceitos e fomentar o respeito à diversidade cultural.
Vale ressaltar também, que as diferenças culturais não existem apenas entre as
sociedades, mas também dentro de uma mesma sociedade. Basta pensarmos na sociedade
brasileira, nos diferentes sotaques, classes sociais, etnias, gênero, religiões, gerações,
escolarização, origens, etc. É importante levar em conta a diversidade cultural interna à nossa
própria sociedade, para compreendermos melhor o país em que vivemos.
No atual mundo globalizado, o estudo da cultura assume características peculiares,
devido ao desenvolvimento da indústria cultural e de novas tecnologias de informação e
conhecimento. Por um lado, vivemos um aumento enorme do intercâmbio de conhecimento e de
informação entre diferentes sociedades em todo o planeta; por outro, este é um processo desigual
que pode modificar maneiras tradicionais de viver, produzir e se identificar culturalmente.
A cultura é parte do que somos, nela está o que regula nossa convivência e nossa
comunicação em sociedade.
Ao tratar do conceito de cultura, a sociologia se ocupa em entender os aspectos
aprendidos que o ser humano, em contato social, adquire ao longo de sua convivência. Esses
aspectos, compartilhados entre os indivíduos que fazem parte deste grupo de convívio específico,
refletem especificamente a realidade social desses sujeitos. Características como
a linguagem, modo de se vestir em ocasiões específicas são algumas características que podem
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ser determinadas por uma cultura que acaba por ter como função possibilitar a cooperação e a
comunicação entre aqueles que dela fazem parte.
A cultura possui tanto aspectos tangíveis - objetos ou símbolos que fazem parte do seu
contexto - quanto intangíveis - ideias, normas que regulam o comportamento, formas de
religiosidade. Esses aspectos constroem a realidade social dividida por aqueles que a integram,
dando forma a relações e estabelecendo valores e normas.
Esses valores são características que são consideradas desejáveis ou indesejáveis no
comportamento dos indivíduos que fazem parte de uma cultura, como por exemplo o princípio da
honestidade que é visto como característica extremamente desejável em nossa sociedade.
As normas são um conjunto de regras formadas a partir dos valores de uma cultura, que
servem para regular o comportamento daqueles que dela fazem parte. O valor do princípio da
honestidade faz com que a desonestidade seja condenada dentro dos limites convencionados pelos
integrantes dessa cultura, compelindo os demais integrantes a agir dentro do que é estipulado
como “honesto”.

 Cultura e diferença

As normas e os valores possuem grandes variações nas diferentes culturas que


observamos. Em algumas culturas, como no Japão, o valor da educação é tão forte que falhar
em exames escolares é visto como uma vergonha tremenda para a família do estudante. Existe,
então, a norma de que estudar e ter bom desempenho acadêmico é uma das mais importantes
tarefas de um jovem japonês e a pressão social que esse valor exerce sobre ele é tão forte que há
um grande número de suicídios relacionados a falhas escolares. Para nós, no entanto, a ideia do
suicídio motivado por uma falha escolar parece ser loucura.
Mesmo dentro de uma mesma sociedade podem existir divergências culturais. Alguns
grupos, ou pessoas, podem ter fortes valores baseados em crenças religiosas, enquanto outras
prefiram a lógica do progresso científico para compreender o mundo. A diversidade cultural é um
fato em nossa realidade globalizada, onde o contato entre o que consideramos familiar e o que
consideramos estranho é comum. Ideias diferentes, comportamento, contato com línguas
estrangeiras ou com a culinária de outras culturas tornou-se tão corriqueiro em nosso dia a dia
que mal paramos para pensar no impacto que sofremos diariamente, seja na adoção de expressões
de línguas estrangeiras ou na incorporação de alimentos exóticos em nossa rotina alimentar.

 Cultura em mudança

Uma cultura não é estática, ela está em constante mudança de acordo com os
acontecimentos vividos por seus integrantes. Valores que possuíam força no passado se
enfraquecem no novo contexto vivido pelas novas gerações, a depender das novas necessidades
que surgem, já que o mundo social também não é estático. Movimentos contraculturais, como
o punk ou o rock, são exemplos claros do processo de mudança de valores culturais que algumas
sociedades viveram de forma generalizada.
O contato com culturas diferentes também modifica alguns aspectos de nossa cultura. O
processo de aculturação, onde uma cultura absorve ou adota certos aspectos de outra a partir do
seu convívio, é comum em nossa realidade globalizada, onde temos contato quase perpétuo com
culturas de todas as formas e lugares possíveis.

Como já sabemos, a Cultura é o conjunto de tradições, crenças e costumes de determinado


grupo social. Assim, a cultura representa o patrimônio social de um grupo e a soma de padrões
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dos comportamentos humanos. É a gama do comportamento de um grupo de pessoas envolvendo
seus conhecimentos, experiências, atitudes, valores, crenças, religião, língua, hierarquia, relações
espaciais, noção de tempo, conceitos de universo.
Tudo isso é repassado por comunicação ou imitação às gerações seguintes. Também pode
ser definida como o comportamento por meio da aprendizagem social. Essa dinâmica faz da
cultura uma poderosa ferramenta para a sobrevivência humana e tornou-se o foco central da
antropologia desde os estudos do britânico Edward Tylor (1832-1917). Segundo ele:

"A cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral,
a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como
membro da sociedade".

 Aculturação, Deculturação e contra-aculturação

Sabemos que o intercâmbio entre culturas é algo comum e frequente no mundo


contemporâneo. Sabemos ainda que esse intercâmbio é chamado de aculturação, um processo
cultural que ocorre de forma livre, forçada ou planejada. Nesta aula, veremos que um processo de
aculturação nem sempre acontece sem provocar desagrados, sem a implicação de crises
identitárias. Via de regra, gera outros processos, a exemplo da deculturação e contra-aculturação.
A expressão deculturação foi criada pelo antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro e em
princípio refere-se ao processo de “degenerescência cultural”.
Apesar de sugerir destruição, desrespeito a algo que foi socialmente construído, o
neologismo deculturação não é necessariamente pejorativo e pode ser utilizado para caracterizar
a total substituição de um elemento cultural por outro, ou a adoção gradual de um elemento novo
em detrimento de outro mais antigo. A deculturação pode ocorrer por diversas razões:
Marginalização gradativa, em virtude de rechaçamento, de parte de um grupo social
dominante; devido à decadência moral; por causa de cataclismos que se abalaram sobre a
comunidade decadente, sem forcas para se reerguer. Nem se deve esquecer o abandono ou
ilhamento em que fica uma população quando, quem de direito, dela não se preocupa
(ULLMANN, 1991, p. 323).

A contra-aculturação acontece quando a mudança ou troca já foi iniciada ou efetivada,


ou seja, é um processo que ocorre depois da aculturação. Podemos dizer que é uma reação, a
tentativa de retomada ou resgate dos elementos culturais perdidos. Existe sempre como uma busca
ao passado, como apropriadamente revela Ullmann (1991, p. 321), a contraaculturação manifesta-
se quando um grupo qualquer percebe “(...) estar sendo solapado em seus princípios, desagregado
em sua personalidade, sacudido em suas emoções (...)”.

Mas... Será que é possível contestar a aculturação somente depois de percebermos


seus efeitos?

 Resistência, contracultura e crise cultural

Enquanto a contra-aculturação acontece depois de instaurada a aculturação, a resistência


cultural ocorre antes da mudança, troca ou transformação no modus vivendi de uma sociedade.
Enquanto processo cultural, a resistência consiste na oposição declarada, formal, radical – muitas
vezes levada ao extremo – contra a aculturação. Ocorre nesses casos a rejeição total a qualquer
tipo de mudança ou troca, pois as inovações são consideradas pelo grupo resistente como
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inapropriadas e por vezes desrespeitosas. A resistência cultural é muito comum entre povos
“subjugados politicamente, culturalmente ou pela força (...). Consiste, na maioria das vezes, em
manifestações atomizadas, de grupos às vezes relativamente reduzidos (...) sem forças suficientes
para o combate simbólico em pé de igualdade com a cultura dominante” (COELHO, 2004, p.
337). O processo de resistência cultural pode ser pensado a partir de uma carta enviada por índios
americanos ao governo dos estados da Virgínia e de Maryland, no início do século XIX. A carta
é uma resposta ao convite feito pelos governantes desses estados aos jovens de algumas tribos,
para que fossem estudar nas escolas de algumas cidades. Leia alguns trechos dessa carta:

(...) Aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das
coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educar
não é a mesma que a nossa.

(...) Muitos de nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam
toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para n os, eram maus corredores, ignorantes
da vida da floresta e incapazes de suportar o frio e fome. Não sabiam como caçar o veado,
matar o inimigo ou construir uma cabana, e falavam nossa língua muito mal. Eles eram,
portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como
conselheiros.

Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta embora não possamos aceitá-la,
mas para mostrar a nossa gratidão concordamos que os nobres senhores da Virgínia nos enviem
alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles, homens.
Extraído do livro: O que é educação, de Carlos Rodrigues Brandão. São Paulo, editora
Brasiliense, 1984. P. 8 e 9.
Como podemos ver, tal carta assinala a resistência dos índios americanos ao processo de
aculturação que então lhes parecia totalmente desnecessário, incompatível às necessidades de
sobrevivência na selva.

Para pensarmos um pouco... Podemos contestar o paradigma cultural que nos foi
ensinado? É possível ser diferente daquilo que herdamos em nosso meio social?

Para alguns estudiosos a cultura é impositiva e coercitiva, pois invariavelmente impõe os


modelos de comportamento e conduta desejáveis e aceitáveis, mas cabe aos seus membros
decidirem sobre o que querem e o que desejam. Podemos dizer que os indivíduos estão “livres”
para quebrar as regras estabelecidas desde que estejam conscientes do “preço” que pagarão pela
opção ao diferente: em algumas situações podem ser ridicularizados, mas há extremos em que
podem ser excluídos.
O processo por meio do qual um grupo de indivíduos rompe com o padrão cultural
estabelecido, expressando claramente a subversão ao modelo instituído e inaugurando um outro
padrão cultural, é conhecido como CONTRACULTURA. Um exemplo de contracultura bastante
conhecido, já que conseguiu adeptos em todos os recantos do mundo, é o movimento hippie. Os
hippies constituem o primeiro grande paradigma da contracultura no século XX, e podem ser
descritos como

(...) jovens, adolescentes e universitários na maioria, que se voltaram para as experiências


comunitárias, as drogas ditas psicodélicas, o misticismo oriental, a psicanálise profunda,
teorias sociais anarquistas, o movimento de liberação da mulher, o folclore ameríndio, entre
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outras orientações (...) Na convergência de todas essas e outras manifestações contraculturais
estava o desejo de oposição a uma sociedade cada vez mais dominada pela economia e pela
tecnocracia e cujas duas aparentes alternativas – capitalismo e comunismo de origem marxista
– eram vistas como as duas faces da mesma moeda. O complexo industrial-militar – expressão
de intensa circulação à época –, com sua lógica própria muito mais inspirada em desejos
imediatos do que em preceitos estritamente políticos, surgia como o símbolo de uma opressão
cada vez maior não apenas sobre a existência física das pessoas, mas também sobre o seu
universo interior, o que se conseguia com a manipulação realizada pelos meios de
comunicação (...).

(...) O uso de roupas não convencionais, de origem oriental ou ameríndia, a ostentação de


cabeleiras revoltas e grandes barbas foram traços físicos exteriores comuns a muitos setores
do movimento contracultural, mas não exclusivo deles. (COELHO, 2004, p. 100)

Atualmente, existem muitos movimentos de contracultura: vão desde os neo-hippies às


tribos urbanas, passando pelos movimentos ecológicos, étnicos e homossexuais. Além desses, o
funk e o hip hopper são os exemplos contemporâneos de contracultura, aqui no Brasil.

 Cultura na Sociologia

Da mesma forma, a cultura na sociologia representa o conjunto de saberes e tradições.


Estes são produzidos pela interação social entre os indivíduos de uma comunidade ou sociedade.
A partir das necessidades humanas vão sendo moldados e criados padrões e
comportamentos que geram uma determinada estrutura e organização social.

Características da Cultura
 determinada pelo conjunto de saberes, comportamentos e modos de fazer;
 possui um caráter simbólico;
 é adquirida por meio das relações sociais de um grupo;
 é transmitida para gerações posteriores.
Elementos da Cultura
Associada aos valores materiais e espirituais, os elementos da cultura são:
 Elementos da Cultura Material: representa as construções, por exemplo, museus, obras de arte,
vestuário, etc.
 Elementos da Cultura Imaterial: representa os saberes e valores partilhados entre os membros
de uma sociedade.

 Cultura Brasileira

A cultura brasileira resulta da mistura de raças e etnias que constituem o País desde o
descobrimento.
A diversidade cultural brasileira foi influenciada por quatro grandes grupos:
 Colonos portugueses;
 Os índios que já viviam antes da chegada de Pedro Álvares Cabral (1467-1520);
 O negros africanos que foram escravizados;
 Os europeus que chegaram principalmente ao fim do período de exploração da mão-de-obra não
remunerada.

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Diferente da maioria dos países que passaram pelo processo de colonização, o Brasil é
marcado pela miscigenação, condição que influencia diretamente na cultura.
Há comportamentos que resultam da mistura de múltiplos grupos. Podemos ver essa realidade em
festas, regras de etiqueta e crenças.
A língua portuguesa, que é um importante elemento da unidade nacional, também está
entre os pontos de destaque da cultura brasileira.
Em consequência das dimensões geográficas, os diferentes grupos que se estabeleceram
no País influenciaram a língua de maneira particular. Assim, há entonações e expressões que
apontam as mais variadas regiões.
Embora seja a mesma, a língua é pronunciada de maneira diferente no Sul, no Sudeste,
no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste. Todas diferem do português falado em Portugal.

Tipos de Cultura

 Cultura de Massa

Cultura de massa é o conjunto de ideias e de valores que se desenvolve tendo como ponto
de partida a mesma mídia, notícia, música ou arte. É transmitida sem considerar as especificidades
locais ou regionais.
A cultura de massa é usada para promover o consumismo entre os indivíduos. Esse
comportamento típico do capitalismo, foi expandido de maneira drástica a partir dos séculos XIX
e XX.
A cultura de massa é aquela considerada, por uma maioria, sem valor cultural real. Ela é
veiculada nos meios de comunicação de massa e é apreciada por ela. É preciso entender que massa
não é uma definição de classe social, e sim uma forma de se referir a maioria da população. Essa
cultura é produto da indústria cultural.
A indústria cultural produz conteúdo para ser consumido, não se prende a técnicas. É
produto do capitalismo e feita para ser comercializada. Theodoro W. Adorno, filósofo alemão da
Escola de Frankfurt, é defensor da ideia de que a cultura de massa é imposta pelos meios de
comunicação de massa à população, que apenas absorve aquilo.
Indústria cultural é um conceito de interpretação sociológica desenvolvido por Theodor
Adorno e Max Horkheimer no livro “Dialética do Esclarecimento” de 1944. Este conceito se
refere a produção e utilização da cultura como um bem de consumo industrial, destituindo a arte
e a cultura de suas principais características de interpretação e crítica da realidade. Os dois autores
e o próprio conceito estão inseridos na Escola de Frankfurt, escola de inspiração marxista que
perdurou de 1922 a 1969. A escola tinha como principal método de análise a Teoria Crítica.
A indústria cultural é um termo interpretativo da realidade que os autores percebiam na
década de 1940 relacionada às mídias e comunicações de massa. A sua crítica vai no sentido de
perceber que diferentes grupos sociais dominantes começavam a utilizar a cultura e as artes a
partir da lógica de mercado capitalista. Para os autores, isso é extremamente nocivo pois ao
atender aos ideais de lucro, mercado, aceitabilidade, esses produtos da cultura serão consumidos
como os demais e perdem seu potencial de crítica social e de crítica ao próprio sistema, criando
uma alienação cada vez maior em seus consumidores.
Do mesmo modo que em outros ramos industriais, a indústria cultural transforma matéria-
prima em mercadorias, criando novos padrões de consumo, voltados para atender às
demandas de um determinado público-alvo. (TERRA, ARAUJO, GUIMARÃES, 2009,
p.134).

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Cultura Popular

Cultura popular são as tradições, crenças e costumes construídos e compartilhados por


um povo. A cultura popular pode ser nacional ou regional.
O carnaval é uma expressão de cultura popular nacional, pois é conhecido em todo país
e fora dele inclusive, e as festas ocorrem em todo território nacional. A festa de Parintins, por
sua vez, é de caráter regional e ocorre somente na cidade de Parintins, Amazonas.
A gastronomia e escolhas alimentares também se manifestam em aspecto nacional e
regional. A mistura de arroz e feijão, a feijoada e a caipirinha são pratos e uma bebida que
representam a cultura nacional.
A cuca, o tucupi e o acarajé, por exemplo são expressões gastronômicas das regiões Sul,
Norte e Nordeste, respectivamente, e representam expressões locais e particularidades regionais
dentro do território brasileiro.
A língua falada e escrita também é uma forma de expressão da cultura de um país, de
uma sociedade. No Brasil, embora a língua oficial e mais falada seja o português, o idioma
apresenta particularidades, expressões e sotaques de acordo com a região do país observada.
Desde a chegada dos portugueses em 1500, a cultura popular brasileira foi sendo formada
com a miscigenação entre as culturas portuguesas e indígenas. Posteriormente foram incorporados
elementos das culturas negras e outras culturas europeias.
As nações são um conjunto de diferentes elementos culturais e que formam as
diferentes culturas nacionais.
As expressões culturais de uma sociedade não são estáticas: elas se alteram e se renovam
ao longo dos anos. Novos elementos simbólicos são incorporados. As expressões musicais,
artísticas e literárias, por exemplo, sofrem alterações e espelham o cotidiano da sociedade e
geração em que foram produzidas.
A cultura popular é qualquer estilo musical e de dança, crença, literatura, costumes,
artesanatos e outras formas de expressão que é transmitida por um povo, por gerações e
geralmente de forma oral. Como por exemplo a literatura de cordel dos nordestinos, ou a culinária
do povo baiano, são algumas das formas de cultura popular que resiste ao tempo.
Essa cultura não é produzida após muitos estudos, mas é aprendida de forma simples, em
casa, com a convivência da pessoa nesse meio. Ela está ligada à tradição e não é ensinada nas
escolas. A cultura popular é muito contemporânea, pois ela resiste ao tempo e raramente se
modifica.
Essa cultura vem do povo, não é imposta por uma indústria cultural ou por uma elite. Por
exemplo, o carnaval é uma festa da cultura popular brasileira, o frevo é uma cultura brasileira,
mas é muito mais expressiva no norte do país. Ela representa a diferença de cada povo, desde o
micro até o macro

 Cultura Erudita

Já a cultura erudita é aquela considerada superior, normalmente apreciada por um público


com maior acúmulo de capital e seu acesso é restrito a quem possui o necessário para usufruir
dela. A cultura erudita está muitas vezes ligada a museus e obras de arte, óperas e espetáculos de
teatro com preços elevados. Existem projetos que levam esse tipo de cultura até as massas,
colocando a preços baixos, ou de forma gratuita, concertos de música clássica e projetos culturais.
Como o acesso a esse tipo de cultura fica restrito a um grupo pequeno, ela fica ligada ao
poder econômico e é considerada superior. Essa consideração pode acabar tornando-se
preconceituosa e desmerecendo as outras formas de cultura. O erudito é tudo aquilo que demanda
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estudo muito estudo, mas não se deve pensar que uma expressão cultural popular como o hip-
hop, por exemplo, é pior que uma música clássica.

 Preconceitos culturais

A definição corriqueira de cultura, geralmente, não é tão ampla e abrangente. Muitas


vezes, cultura é entendida como manifestações apreciadas por indivíduos com acesso à educação
formal ou como expressões artísticas eruditas e de difícil alcance das camadas mais populares.
O conceito de cultura abrange as manifestações artísticas, musicais e literárias eruditas,
mas não é excludente. Todo tipo de expressão artística de um povo é cultura e está ligada a
realidade social do espaço em que vivem.
Por isso, tanto música clássica quanto rap ou funk são considerados cultura. Do
mesmo modo, exposições de arte e cinema alternativo são consideradas manifestações culturais,
assim como novelas ou programas de humor.
A valorização de determinadas manifestações está ligada ao preconceito e exclusão social
de determinados grupos. Grupos socialmente excluídos, ou considerados fora dos padrões
impostos pela sociedade, também têm suas formas de expressão culturais marginalizadas e
consideradas de menor importância e relevância.
O entendimento de cultura como todo o conjunto de expressões, costumes e linguagens
citados colabora para a não marginalização de expressões culturais ligadas a determinados grupos.
Assim, podemos entender que a cultura, é o conjunto de costumes, normas e valores que
um grupo ou sociedade possui.
A ideia de cultura é comumente associada à erudição ou intelectualidade. Afirmar que
alguém “não tem cultura”, geralmente, é o mesmo que dizer que a pessoa é ignorante ou não
possui conhecimentos que são considerados de maior refino. Esse é um engano que todos nós já
cometemos algum dia.
O fato é que uma cultura não está relacionada com o valor designado a um tipo de
conhecimento específico, sendo ele erudito ou não. No âmbito da cultura, a Sociologia busca
entender os aspectos que o ser humano adquire ao longo do seu contato social. Esses aspectos são
compartilhados entre os indivíduos que fazem parte de um grupo de convívio específico e
refletem, especificamente, a realidade social desses sujeitos. Algumas características, como a
linguagem, valores normativos ou modos de se vestir em ocasiões específicas, possibilitam a
cooperação e a comunicação entre aqueles que compartilham uma mesma cultura. Isso quer dizer
que o conceito de cultura está intimamente conectado ao conceito de sociedade. Assim, podemos
afirmar que:
Uma cultura não pode existir fora de uma sociedade e, da mesma maneira, uma sociedade
não pode existir sem cultura.
Ao falarmos de culturas, referimo-nos tanto a aspectos materiais, como objetos que
podem servir como símbolos ou as ferramentas e os meios tecnológicos que um grupo possui,
quanto a aspectos imateriais, como crenças religiosas, valores ou ideias. Esses aspectos constroem
a realidade social dividida entre aqueles que a integram, dando forma às relações e estabelecendo
valores e normas.

 Valores e normas

Os valores e normas são aspectos fundamentais de uma cultura, servindo também como
pilares fundamentais da construção de uma sociedade. Para entendermos o motivo para tamanha
importância, podemos observar os costumes de outras nações, como as civilizações que se
Por Luiz Antônio Guerra. Mestre em Sociologia (UnB, 2014). Graduado em Ciência Política (UnB, 2010
Por: Lucas de Oliveira Rodrigues; Por Daniela Diana. Professora licenciada em Letras. Por Letícia Rodrigues Ferreira
Netto. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2015).
Mestrado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2017).
construíram em volta da religião islâmica. Os papeis sociais que são determinados a partir do sexo
do indivíduo são completamente diferentes. Uma mulher que nasce em um país estritamente
islâmico utiliza a burca (peça de vestuário que cobre o corpo da mulher da cabeça aos pés), que
tem significado a partir da exigência por um comportamento que evoque a modéstia e a castidade.
No entanto, para as pessoas da cultura ocidental, a burca é o símbolo da opressão contra a mulher.
Podemos concluir, a partir de exemplos como esse, que as normas e os valores são
extremamente variados nas diferentes culturas que observamos. A diversidade cultural é um fato
em nossa realidade globalizada, em que o contato entre o que consideramos familiar e o que
consideramos estranho é comum. O contato com ideias, comportamentos, línguas e culinária de
outras culturas, por exemplo, tornou-se tão corriqueiro em nosso dia a dia que mal paramos para
pensar no impacto que sofremos diariamente. Esse impacto molda e transforma normas e valores.
Isso quer dizer que uma cultura não é estática, não permanece a mesma indefinidamente e,
portanto, não pode ser vista como “pura”. O choque cultural ao qual todos estamos expostos
permite-nos conhecer o mundo do outro. Esse conhecimento é, muitas vezes, agente de mudanças
em nossos próprios costumes e valores.
O maior dos exemplos que possuímos é a interferência da cultura indígena em nossa
língua. Palavras como mandioca, bauru, abacaxi ou nomes como Amazônia e Araguaia têm raiz
nas línguas dos nativos de nossa terra. Diante disso, podemos concluir que não é possível falar de
culturas originais. Toda cultura é construída diante do encontro com o diferente.

Bibliografia:

ADORNO, Theodor. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: Adorno et


all. Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1978. Coleção Os Pensadores.
BENJAMIN, Walter et al. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. 2013.
JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor, 1997 [1986]. 11ª edição.
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: uma
introdução; São Paulo: Atlas, 2010. 7ª edição.
SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. São Paulo : Brasiliense, 2006. 16ª edição.
TERRA, Lygia; ARAUJO, Regina; GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia
do Brasil. São Paulo: Moderna, 2009. p.134.

Fonte:
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/conceito-cultura.htm
https://www.todamateria.com.br/o-que-e-cultura/
https://www.infoescola.com/sociedade/cultura/
https://www.infoescola.com/sociologia/industria-cultural/

Por Luiz Antônio Guerra. Mestre em Sociologia (UnB, 2014). Graduado em Ciência Política (UnB, 2010
Por: Lucas de Oliveira Rodrigues; Por Daniela Diana. Professora licenciada em Letras. Por Letícia Rodrigues Ferreira
Netto. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2015).
Mestrado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2017).

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