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DISICPLINA: SOCIOLOGIA II
Texto adaptado por:
Por Luiz Antônio Guerra. Mestre em Sociologia (UnB, 2014). Graduado em Ciência Política (UnB, 2010
Por: Lucas de Oliveira Rodrigues; Por Daniela Diana. Professora licenciada em Letras. Por Letícia Rodrigues Ferreira
Netto. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2015).
Mestrado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2017).
comportamento dos indivíduos vai depender desse aprendizado cultural. Portanto, um menino e
uma menina agem diferentemente não por causa de seus hormônios, mas devido à educação
diferenciada que recebem. É por isso também que maneiras de falar, se vestir, se alimentar, se
comportar, etc. de um povo específico pode ser tão estranho aos olhos de outros povos. O que é
repugnante para indivíduos de uma sociedade, pode ser desejável em outra. Mais ainda: em uma
mesma sociedade, o que era impensável no século passado pode se tornar comum hoje em dia e
vice-versa.
As sociedades humanas historicamente desenvolveram formas diferentes de se organizar,
de relacionar internamente, com outros grupos sociais e com o meio ambiente. Sociedades
distintas vão necessariamente originar culturas diferentes, ou seja, diferentes formas de ver o
mundo e orientar a atividade social.
É por isso que existem tantas diferenças culturais, mesmo sendo todos pertencentes à
mesma espécie humana. As diferenças culturais não podem ser explicadas em termos de
diferenças geográficas ou biológicas. No passado, explicações baseadas no determinismo
geográfico ou genético contribuíram para reforçar o racismo e preconceitos, além de terem
servido como justificativa para a dominação de uns povos sobre outros.
No século XIX, alguns autores estabeleciam hierarquias entre todas as culturas humanas,
defendendo uma escala evolutiva de linha única entre elas. Nessa concepção, todas as culturas
teriam que passar pelas mesmas etapas, desde um estágio primitivo até as civilizações mais
evoluídas que seriam as nações da Europa ocidental. Essa visão etnocêntrica servia aos interesses
dos países europeus em legitimar seu expansionismo e colonização a partir de uma suposta
superioridade cultural.
Tais concepções evolucionistas foram atacadas com o argumento de que a classificação
das sociedades em escalas hierarquizadas era impossível, já que cada cultura tem a sua própria
verdade. Concluiu-se então que não existe relação necessária entre características físicas de
grupos humanos e suas formas culturais. A diversidade das culturas existentes corresponde à
variedade da história humana. Cada realidade cultural tem sua lógica interna, que faz sentido para
os indivíduos que nela vivem, pois é resultado de sua história e se relaciona com as condições
materiais de sua existência. A partir da compreensão da variedade de procedimentos culturais
dentro dos contextos em que são produzidos, o estudo das culturas contribui para erradicar
preconceitos e fomentar o respeito à diversidade cultural.
Vale ressaltar também, que as diferenças culturais não existem apenas entre as
sociedades, mas também dentro de uma mesma sociedade. Basta pensarmos na sociedade
brasileira, nos diferentes sotaques, classes sociais, etnias, gênero, religiões, gerações,
escolarização, origens, etc. É importante levar em conta a diversidade cultural interna à nossa
própria sociedade, para compreendermos melhor o país em que vivemos.
No atual mundo globalizado, o estudo da cultura assume características peculiares,
devido ao desenvolvimento da indústria cultural e de novas tecnologias de informação e
conhecimento. Por um lado, vivemos um aumento enorme do intercâmbio de conhecimento e de
informação entre diferentes sociedades em todo o planeta; por outro, este é um processo desigual
que pode modificar maneiras tradicionais de viver, produzir e se identificar culturalmente.
A cultura é parte do que somos, nela está o que regula nossa convivência e nossa
comunicação em sociedade.
Ao tratar do conceito de cultura, a sociologia se ocupa em entender os aspectos
aprendidos que o ser humano, em contato social, adquire ao longo de sua convivência. Esses
aspectos, compartilhados entre os indivíduos que fazem parte deste grupo de convívio específico,
refletem especificamente a realidade social desses sujeitos. Características como
a linguagem, modo de se vestir em ocasiões específicas são algumas características que podem
Por Luiz Antônio Guerra. Mestre em Sociologia (UnB, 2014). Graduado em Ciência Política (UnB, 2010
Por: Lucas de Oliveira Rodrigues; Por Daniela Diana. Professora licenciada em Letras. Por Letícia Rodrigues Ferreira
Netto. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2015).
Mestrado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2017).
ser determinadas por uma cultura que acaba por ter como função possibilitar a cooperação e a
comunicação entre aqueles que dela fazem parte.
A cultura possui tanto aspectos tangíveis - objetos ou símbolos que fazem parte do seu
contexto - quanto intangíveis - ideias, normas que regulam o comportamento, formas de
religiosidade. Esses aspectos constroem a realidade social dividida por aqueles que a integram,
dando forma a relações e estabelecendo valores e normas.
Esses valores são características que são consideradas desejáveis ou indesejáveis no
comportamento dos indivíduos que fazem parte de uma cultura, como por exemplo o princípio da
honestidade que é visto como característica extremamente desejável em nossa sociedade.
As normas são um conjunto de regras formadas a partir dos valores de uma cultura, que
servem para regular o comportamento daqueles que dela fazem parte. O valor do princípio da
honestidade faz com que a desonestidade seja condenada dentro dos limites convencionados pelos
integrantes dessa cultura, compelindo os demais integrantes a agir dentro do que é estipulado
como “honesto”.
Cultura e diferença
Cultura em mudança
Uma cultura não é estática, ela está em constante mudança de acordo com os
acontecimentos vividos por seus integrantes. Valores que possuíam força no passado se
enfraquecem no novo contexto vivido pelas novas gerações, a depender das novas necessidades
que surgem, já que o mundo social também não é estático. Movimentos contraculturais, como
o punk ou o rock, são exemplos claros do processo de mudança de valores culturais que algumas
sociedades viveram de forma generalizada.
O contato com culturas diferentes também modifica alguns aspectos de nossa cultura. O
processo de aculturação, onde uma cultura absorve ou adota certos aspectos de outra a partir do
seu convívio, é comum em nossa realidade globalizada, onde temos contato quase perpétuo com
culturas de todas as formas e lugares possíveis.
"A cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral,
a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como
membro da sociedade".
(...) Aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das
coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educar
não é a mesma que a nossa.
(...) Muitos de nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam
toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para n os, eram maus corredores, ignorantes
da vida da floresta e incapazes de suportar o frio e fome. Não sabiam como caçar o veado,
matar o inimigo ou construir uma cabana, e falavam nossa língua muito mal. Eles eram,
portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como
conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta embora não possamos aceitá-la,
mas para mostrar a nossa gratidão concordamos que os nobres senhores da Virgínia nos enviem
alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles, homens.
Extraído do livro: O que é educação, de Carlos Rodrigues Brandão. São Paulo, editora
Brasiliense, 1984. P. 8 e 9.
Como podemos ver, tal carta assinala a resistência dos índios americanos ao processo de
aculturação que então lhes parecia totalmente desnecessário, incompatível às necessidades de
sobrevivência na selva.
Para pensarmos um pouco... Podemos contestar o paradigma cultural que nos foi
ensinado? É possível ser diferente daquilo que herdamos em nosso meio social?
Cultura na Sociologia
Características da Cultura
determinada pelo conjunto de saberes, comportamentos e modos de fazer;
possui um caráter simbólico;
é adquirida por meio das relações sociais de um grupo;
é transmitida para gerações posteriores.
Elementos da Cultura
Associada aos valores materiais e espirituais, os elementos da cultura são:
Elementos da Cultura Material: representa as construções, por exemplo, museus, obras de arte,
vestuário, etc.
Elementos da Cultura Imaterial: representa os saberes e valores partilhados entre os membros
de uma sociedade.
Cultura Brasileira
A cultura brasileira resulta da mistura de raças e etnias que constituem o País desde o
descobrimento.
A diversidade cultural brasileira foi influenciada por quatro grandes grupos:
Colonos portugueses;
Os índios que já viviam antes da chegada de Pedro Álvares Cabral (1467-1520);
O negros africanos que foram escravizados;
Os europeus que chegaram principalmente ao fim do período de exploração da mão-de-obra não
remunerada.
Por Luiz Antônio Guerra. Mestre em Sociologia (UnB, 2014). Graduado em Ciência Política (UnB, 2010
Por: Lucas de Oliveira Rodrigues; Por Daniela Diana. Professora licenciada em Letras. Por Letícia Rodrigues Ferreira
Netto. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2015).
Mestrado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2017).
Diferente da maioria dos países que passaram pelo processo de colonização, o Brasil é
marcado pela miscigenação, condição que influencia diretamente na cultura.
Há comportamentos que resultam da mistura de múltiplos grupos. Podemos ver essa realidade em
festas, regras de etiqueta e crenças.
A língua portuguesa, que é um importante elemento da unidade nacional, também está
entre os pontos de destaque da cultura brasileira.
Em consequência das dimensões geográficas, os diferentes grupos que se estabeleceram
no País influenciaram a língua de maneira particular. Assim, há entonações e expressões que
apontam as mais variadas regiões.
Embora seja a mesma, a língua é pronunciada de maneira diferente no Sul, no Sudeste,
no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste. Todas diferem do português falado em Portugal.
Tipos de Cultura
Cultura de Massa
Cultura de massa é o conjunto de ideias e de valores que se desenvolve tendo como ponto
de partida a mesma mídia, notícia, música ou arte. É transmitida sem considerar as especificidades
locais ou regionais.
A cultura de massa é usada para promover o consumismo entre os indivíduos. Esse
comportamento típico do capitalismo, foi expandido de maneira drástica a partir dos séculos XIX
e XX.
A cultura de massa é aquela considerada, por uma maioria, sem valor cultural real. Ela é
veiculada nos meios de comunicação de massa e é apreciada por ela. É preciso entender que massa
não é uma definição de classe social, e sim uma forma de se referir a maioria da população. Essa
cultura é produto da indústria cultural.
A indústria cultural produz conteúdo para ser consumido, não se prende a técnicas. É
produto do capitalismo e feita para ser comercializada. Theodoro W. Adorno, filósofo alemão da
Escola de Frankfurt, é defensor da ideia de que a cultura de massa é imposta pelos meios de
comunicação de massa à população, que apenas absorve aquilo.
Indústria cultural é um conceito de interpretação sociológica desenvolvido por Theodor
Adorno e Max Horkheimer no livro “Dialética do Esclarecimento” de 1944. Este conceito se
refere a produção e utilização da cultura como um bem de consumo industrial, destituindo a arte
e a cultura de suas principais características de interpretação e crítica da realidade. Os dois autores
e o próprio conceito estão inseridos na Escola de Frankfurt, escola de inspiração marxista que
perdurou de 1922 a 1969. A escola tinha como principal método de análise a Teoria Crítica.
A indústria cultural é um termo interpretativo da realidade que os autores percebiam na
década de 1940 relacionada às mídias e comunicações de massa. A sua crítica vai no sentido de
perceber que diferentes grupos sociais dominantes começavam a utilizar a cultura e as artes a
partir da lógica de mercado capitalista. Para os autores, isso é extremamente nocivo pois ao
atender aos ideais de lucro, mercado, aceitabilidade, esses produtos da cultura serão consumidos
como os demais e perdem seu potencial de crítica social e de crítica ao próprio sistema, criando
uma alienação cada vez maior em seus consumidores.
Do mesmo modo que em outros ramos industriais, a indústria cultural transforma matéria-
prima em mercadorias, criando novos padrões de consumo, voltados para atender às
demandas de um determinado público-alvo. (TERRA, ARAUJO, GUIMARÃES, 2009,
p.134).
Por Luiz Antônio Guerra. Mestre em Sociologia (UnB, 2014). Graduado em Ciência Política (UnB, 2010
Por: Lucas de Oliveira Rodrigues; Por Daniela Diana. Professora licenciada em Letras. Por Letícia Rodrigues Ferreira
Netto. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2015).
Mestrado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2017).
Cultura Popular
Cultura Erudita
Preconceitos culturais
Valores e normas
Os valores e normas são aspectos fundamentais de uma cultura, servindo também como
pilares fundamentais da construção de uma sociedade. Para entendermos o motivo para tamanha
importância, podemos observar os costumes de outras nações, como as civilizações que se
Por Luiz Antônio Guerra. Mestre em Sociologia (UnB, 2014). Graduado em Ciência Política (UnB, 2010
Por: Lucas de Oliveira Rodrigues; Por Daniela Diana. Professora licenciada em Letras. Por Letícia Rodrigues Ferreira
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Mestrado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2017).
construíram em volta da religião islâmica. Os papeis sociais que são determinados a partir do sexo
do indivíduo são completamente diferentes. Uma mulher que nasce em um país estritamente
islâmico utiliza a burca (peça de vestuário que cobre o corpo da mulher da cabeça aos pés), que
tem significado a partir da exigência por um comportamento que evoque a modéstia e a castidade.
No entanto, para as pessoas da cultura ocidental, a burca é o símbolo da opressão contra a mulher.
Podemos concluir, a partir de exemplos como esse, que as normas e os valores são
extremamente variados nas diferentes culturas que observamos. A diversidade cultural é um fato
em nossa realidade globalizada, em que o contato entre o que consideramos familiar e o que
consideramos estranho é comum. O contato com ideias, comportamentos, línguas e culinária de
outras culturas, por exemplo, tornou-se tão corriqueiro em nosso dia a dia que mal paramos para
pensar no impacto que sofremos diariamente. Esse impacto molda e transforma normas e valores.
Isso quer dizer que uma cultura não é estática, não permanece a mesma indefinidamente e,
portanto, não pode ser vista como “pura”. O choque cultural ao qual todos estamos expostos
permite-nos conhecer o mundo do outro. Esse conhecimento é, muitas vezes, agente de mudanças
em nossos próprios costumes e valores.
O maior dos exemplos que possuímos é a interferência da cultura indígena em nossa
língua. Palavras como mandioca, bauru, abacaxi ou nomes como Amazônia e Araguaia têm raiz
nas línguas dos nativos de nossa terra. Diante disso, podemos concluir que não é possível falar de
culturas originais. Toda cultura é construída diante do encontro com o diferente.
Bibliografia:
Fonte:
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/sociologia/conceito-cultura.htm
https://www.todamateria.com.br/o-que-e-cultura/
https://www.infoescola.com/sociedade/cultura/
https://www.infoescola.com/sociologia/industria-cultural/
Por Luiz Antônio Guerra. Mestre em Sociologia (UnB, 2014). Graduado em Ciência Política (UnB, 2010
Por: Lucas de Oliveira Rodrigues; Por Daniela Diana. Professora licenciada em Letras. Por Letícia Rodrigues Ferreira
Netto. Licenciatura Plena e Bacharelado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2015).
Mestrado em Ciências Sociais (Faculdade de Ciências e Letras UNESP, 2017).