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Aula 27 – Futuro do trabalho

Professora Candice Almeida

Professor João Filipe Magnani


TEMA: FUTURO DO TRABALHO
Fim do mundo como conhecemos (CLOVIS ROSSI, FOLHA DE S. PAULO)
Um amigo diplomata, um dos talentos que o Brasil desperdiça, ou muito poucos ou muito especializados ou de baixa renda.
me lembra, em brilhante análise sobre as mudanças que se Bingo. A destruição do emprego faz parte da chamada "Quarta
avizinham, o seguinte dado: o Banco Mundial calcula que o Revolução Industrial".
comércio internacional (outro alvo da agenda Trump) e as Trata-se do "auge de uma onda de descobertas ligadas à
transferências de fábricas são responsáveis por apenas 20% das conectividade: robôs, drones, cidades inteligentes, inteligência
perdas de emprego no mundo. artificial, pesquisas sobre o cérebro", como diz Klaus Schwab,
A tecnologia responde pelos outros (esmagadores) 80%. criador do Fórum Econômico Mundial.
Desnecessário dizer que não está à vista alguma solução O problema é saber se o trabalho terá mesmo futuro. É
mágica que permita punir a tecnologia para que ela devolva os sintomático, como lembra ainda meu amigo diplomata, que a
empregos que estão sendo perdidos. Juventude Socialista da Suíça, certamente por antecipar que não
Pergunta meu amigo diplomata que pede reserva do nome: haverá trabalho para todos (ou talvez nem sequer para a
alguém em sã consciência acha que voltaremos a ter agências de maioria), conseguiu assinaturas suficientes para um plebiscito
turismo como no passado? Alguém acha que a contabilidade vai sobre a instituição de uma renda mínima para todos, tenham ou
voltar a ser feita em livros, a mão? não trabalho (o ex-senador Eduardo Suplicy ficaria feliz). A
Completa: a verdadeira reflexão teria que ser sobre o que proposta não foi aprovada, mas, de qualquer forma, o debate está
fazer em um mundo em que praticamente não há mais empregos lançado pelo menos em alguns países.

No futuro haverá trabalho, mas não necessariamente emprego


O conceito de precariado aponta que a informalidade é a tendência mundial do mercado de trabalho
A vida de empregos temporários, freelancers e “bicos” A Quarta Revolução Industrial deve implicar na perda de
não é um traço passageiro das economias, tampouco uma mais de 5 milhões de empregos em até cinco anos, diz o Fórum
expressão particular de suas crises. As ocupações instáveis e Econômico Mundial no relatório “Futuro do Trabalho”, publicado
flexíveis, segundo estudiosos, já formam o novo rosto do em 2016. As mudanças, segundo o documento, vão chegar na
mercado de trabalho. Se novas maneiras de ganhar a vida estão corrente da robótica avançada, transporte autônomo,
se sobrepondo, algo está, obrigatoriamente, morrendo. Para o inteligência artificial, aprendizagem automática, além do
economista britânico Guy Standing, o colapso acontece com a desenvolvimento acelerado da biotecnologia, de 2015 a 2020.
forma de emprego clássica. “As pessoas estão sendo forçadas Por outro lado, o cenário tecnológico dá força para áreas como
a aceitar uma vida de empregos instáveis, sem uma identidade computação, matemática, arquitetura e engenharia, onde
ocupacional”. haverá um ganho de 2 milhões de empregos.
Standing é Ph.D pela Universidade de Cambrigde e Standing traça o mesmo desenho. “Mais e mais
pesquisa há décadas como as mudanças estruturais no empregos vão ser eletrônicos, ultrapassando qualquer relação
mercado de trabalho, atreladas à globalização e à revolução trabalhista envolvendo empregador-empregado”. Sem vínculos
tecnológica, constroem um novo grupo social e econômico, o duradouros com o empregador, as ocupações flexíveis mudam
qual ele chama de precariado. O termo, surgido na década de a maneira que o trabalhador recebe seu pagamento, sem férias
1980 entre as mudanças do modelo de produção em massa, foi remuneradas e outros benefícios. É a lógica da gratificação
ressignificado em 2011, quando Standing lançou “O Precariado instantânea. “O precariado precisa confiar inteiramente nos
- A nova classe perigosa” - que ganhou edição brasileira pela salários nominais”, pontua Standing. Sem horários e espaços de
editora Grupo Autêntica, em 2013. trabalho fixos e pouca previsibilidade sobre os rendimentos
O precariado do século 20 financeiros, essa classe corre sempre o risco de estar
O conceito sociológico de precariado surgiu na década endividada. “Eles normalmente estão com dívidas e com medo
de 80, na Itália, a partir do movimento social autonomista, de perder suas rendas subitamente”, acrescenta o economista
explica o sociólogo Ruy Braga. O grupo estava preocupado em britânico.
fazer uma análise do trabalho e entender porque as novas Autor do livro “A Política do Precariado: do populismo à
gerações, quando entram no mercado, não experimentam as hegemonia” (2013, editoria Boitempo) o sociólogo brasileiro Ruy
mesmas políticas de bem-estar que as gerações anteriores. Braga diz que a característica de trabalho intermitente deste
No livro, o professor da Universidade de Londres afirma grupo converte-se em um gerador de dívidas. “Porque as
que a população mundial experimenta cada vez menos o necessidades são mais ou menos constantes ao longo do ano,
emprego, no sentido formal, para ocupar vários trabalhos você precisa comer, beber, se vestir e se alimentar”, afirma.
durante a vida. Afinal, construir a carreira dentro de um único Standing ressalta o forte papel da globalização no
tipo de profissão ou passar anos na mesma empresa, exercendo nascimento do precariado. Na visão dele, a progressiva
as mesmas atividades, estão se mostrando opções revolução tecnológica e a facilidade de empresas alocarem
gradativamente inviáveis na economia, seja no Brasil ou no resto empregos e produção onde a mão de obra é mais barata estão
do mundo. agravando a distribuição de renda. Ele diz que há um grupo, o
Se o envelhecimento da população está afetando o dos “rentistas”, que lucraria com o endividamento da população.
mercado de trabalho, o contrário também acontece: as novas “Eu não acredito que os robôs vão tornar quase todos os
tecnologias,economia disruptiva e a Quarta Revolução Industrial trabalhadores redundantes. Mas, sem dúvidas, a progressiva
estão conferindo uma cara velha ao emprego tradicional. O revolução tecnológica está agravando a distribuição de renda”,
economista Octavio de Barros, uma das vozes brasileiras do diz o especialista.
debate, explica que esta extinção da ocupação “clássica” cria A perda de direitos, não só trabalhistas, mas civis,
espaços para o aumento do precariado. “O trabalho se torna culturais, sociais, econômicos e políticos é uma das
cada vez mais ‘on demand’ [sob demanda] porque essa é a características definidoras do precariado, segundo Standing.
flexibilidade que o mundo digital impõe”, explica Barros, que foi Quem faz uma leitura parecida é Ruy Braga. O chefe de
economista-chefe do Banco Bradesco por 15 anos e hoje dirige departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo
o Instituto República, a que se refere como um “think tank” de (USP) entende que as mudanças da estrutura do mercado global
onde estuda e acompanha temas econômicos e políticos. aliadas ao aprofundamento da flexibilização estimulam a

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extinção de direitos clássicos do mundo do trabalho, que entra na universidade e o que ele realmente encontra no
intensificando a insegurança e instabilidade das atividades. “É mercado de trabalho. “Eles perceberam que, na verdade, (a
uma maneira muito dura de trabalhar, muito crua, sem nenhum entrada no ensino superior) foi uma aposta na loteria”.
tipo de direito ou baixíssima intensidade de direitos, proteção Ter idade mais avançada torna a situação ainda mais
social, previdenciária e trabalhista”. difícil, na visão do professor da USP. Mesmo qualificada, a
Octavio de Barros pontua que estas grandes mudanças pessoa mais velha que fica desempregada por um tempo não
nas formas de produção e consumo criam a necessidade de consegue voltar ao trabalho exercendo as mesmas funções de
sociedades e governos encontrarem uma nova fórmula de antes, com os antigos benefícios. “Você só volta para o mercado
assegurar proteção social ao trabalhador precariado. “Emprego como consultor, que tem um contrato ali outro aqui”, explica
no sentido clássico, que pressupõe alguma proteção social Braga.
subjacente, seria uma espécie em extinção.” E completa: Mesmo que Standing entenda as novas exigências de
“Entendo que os impactos estão sendo subestimados”. O flexibilidade como não tão justas, se elas significam que “milhões
economista frisa que não enxerga o precariado como uma de pessoas devem aceitar uma vida contínua de insegurança
subclasse ou como um fenômeno anticapitalista. “Muito pelo social e econômica”, o britânico consegue enxergar uma
contrário, é um fenômeno inerente ao próprio capitalismo”. compatibilidade entre o que o precariado e os empregadores
Quem é o precariado querem. “Se formos sensatos, como a maioria das pessoas na
Não é só um perfil de trabalhador que vem acumulando parte educada do precariado entende, não queremos uma vida
as transformações. Para Standing, o precariado está dividido em inteira com um único emprego”, diz o britânico, que define a
três grupos: a geração que saiu da classe trabalhadora típica do maioria dos trabalhos como chata, estressante ou limitada. “Isso
capitalismo industrial; etnias minoritárias e imigrantes que se não vai mudar para a maioria dos trabalhadores. Precisamos ser
sentem desligados da sociedade convencional; e, por último, honestos sobre isso”, pondera, acrescentando que o desafio é
jovens qualificados que não estão satisfeitos com o mercado de garantir que mais pessoas tenham segurança básica de renda.
trabalho. “Então todos podem suportar um emprego instável”.
Barros fala da qualificação ao contextualizar que o Por enquanto, Standing guarda críticas mais duras sobre
precariado é composto por cidadãos que não têm senso de as respostas que a instabilidade do precariado recebe. “Para o
ocupação clássico e aceitam que a vida seja naturalmente antigo proletariado, o principal antagonista era o empregador, o
instável. “São trabalhadores com muita insegurança existencial, capital e o ‘chefe’. Para o precariado, o principal inimigo é o
mesmo com nível de educação bastante razoável”. estado”. Segundo o economista britânico, isto acontece porque
Então, qual seria o sentido da população jovem se a instituição estatal dá forma a políticas sociais que forçam o
preocupar com especializações e formações de alto nível, se o precariado a se comportar de certas maneiras, bloqueando
precariado ganha a vida através de diferentes ocupações ao determinadas atividades. “É o governo que aplica as
longo da vida? Para o economista, a resposta está na educação ‘condicionalidades’ nos benefícios, ou dá prioridade para certos
unida à criatividade. “Só sobreviverão, no médio e longo prazos, subsídios para os ricos ou para as corporações, e não para o
os empregos que dependam de criatividade, inteligência precariado”.
emocional e habilidades sociais”. “Em outras palavras, a Diante do desaparecimento gradual dos trabalhos
educação de todas as gerações deverá se basear no incentivo clássicos, Barros declara que a estrutura social em torno do
à inventividade”, Octavio de Barros. emprego está “perdendo importância relativa, de forma
Na visão de Braga, a formação qualificada e sofisticada inequívoca”. Para ele, o fato de o trabalhador ficar responsável
deve continuar como incentivo para a população procurar o por uma atividade específica do sistema produtivo está deixando
ensino, mas ele reconhece que o cenário tem atritos com essas de ser uma realidade, e níveis hierárquicos cairão ainda mais.
buscas individuais. “O problema não é do indivíduo, mas da Apesar dessas mudanças nas narrativas trabalhistas, há
estrutura, tanto a do sócio ocupacional como a estrutura pesquisadores que acreditam que o trabalho deve permanecer
econômica do país”, observa. Nesta mesma linha, Standing no centro da vida social. Para Ruy Braga, mesmo que na
expõe a contradição entre o grande futuro prometido ao jovem perspectiva da economia informal o trabalho
assalariado possa perder o foco, a narrativa se mantém As mudanças nas relações trabalhistas que levam ao
porque “ainda assim as pessoas continuam trabalhando, pode surgimento de um trabalhador precarizado demandam
ser trabalhando em casa, pode ser trabalhando na adaptações por parte das instituições, afirmam os estudiosos.
informalidade, no pequeno negócio”. Elas podem ser de iniciativa do governo, através de políticas
Outro tópico que divide os pesquisadores é sobre se o públicas, e também das empresas, que podem influenciar na
precariado realmente constitui uma nova classe social. Diferente reorganização do mercado de trabalho.
do que acredita Standing, que vê o precariado como uma classe Mas as respostas e soluções para essa realidade não
em formação, Braga defende que, na realidade, eles são parte são consenso entre estes pesquisadores. Guy Standing defende
da classe trabalhadora e vêm crescendo. a renda universal básica como uma reação viável a precarização
Enquanto na Europa o regime de produção em massa do trabalho. “A renda básica poderia dar para aqueles se
predominava, com acesso amplo aos regimes de bem-estar, cansaram ou demandam empregos a oportunidade de
direitos trabalhistas e aposentadoria, os trabalhadores flexibilizar em seus próprios termos ou de aproveitar um
brasileiros viviam uma realidade diferente, aponta Ruy Braga. “O descanso”.
que na Europa, por conta da institucionalização de direitos, de Ruy Braga apresenta ressalvas quanto à eficácia da
garantias, conquistas, lutas sociais, era regra, ou foi grande política de renda básica. Ele acredita que um aumento em
durante muito tempo e se enfraqueceu, no caso brasileiro gastos sociais desse tipo pode, na realidade brasileira, diminuir
sempre foi a exceção”. investimentos em políticas públicas relacionadas à saúde,
Ainda segundo o sociólogo, na realidade do país o que habitação, transporte e educação. A renda básica só seria uma
marca o surgimento desse novo tipo de trabalhador precário é a solução, na visão do sociólogo, se a política estiver
transição de uma economia industrializada para um modelo acompanhada pela redução da conta da taxa de juros. “Você vai
econômico apoiado no setor de serviços. Nesse novo contexto, colocar mais renda na base da pirâmide e eliminar aquilo que é
as características dos trabalhadores são diferentes das a regra hoje em dia. A taxa de juros do governo é uma maneira
encontradas na economia industrial. “É um tipo de emprego com de você tirar dinheiro do pobre e dar para o rico”.
características muito diferentes, mais feminizadas, subalternas, Para Octavio de Barros, entre as instituições sociais que
com uma flagrante dificuldade de organização sindical”. precisam de uma atualização está a organização sindical dos
trabalhadores. “Os próprios sindicatos, em países como a
Como responder ao precariado? Alemanha, já se deram conta de que precisam se envolver mais

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nessas transformações que eliminam as fronteiras entre Na visão de Braga, as reformas que estão em tramitação
indústria e serviços.” no Congresso Nacional brasileiro formam uma agenda oposta
A crítica sobre o modelo de sindicato também é ecoada às proteções ideais ao precariado. “Você tem que apostar em
por Braga. Segundo o sociólogo, eles são muitas vezes hostis uma previdência social mais inclusiva, tem de cortar a taxa de
ao trabalhador e não tem capacidade de representar o juros, baratear a dívida pública, apostar na proteção do
empregado precarizado. “A forma sindical não tem condições de trabalhador porque isso diminui a desigualdade e
negociar com as empresas em nome deles, ou os que negociam consequentemente gera emprego”, lista o pesquisador, que
são sindicatos muito frágeis, por exemplo terceirizados.” também defende uma redução da jornada de trabalho, para
obrigar empresas a contratarem mais gente.

"Uma nova classe de pessoas deve surgir até 2050: a dos inúteis"
Com o avanço da inteligência artificial, Yuval Noah Harari, autor de ‘Sapiens’, prevê que muitos profissionais não
apenas ficarão desempregados, como também não serão mais empregáveis
Com o avanço da inteligência artificial, os humanos Mas a ideia de encontrar significado na vida com essa
serão substituídos na maioria dos trabalhos que hoje realidade alternativa não é exclusividade da religião, como
existem. Novas profissões irão surgir, mas nem todos explica o professor. "O consumismo também é um jogo de
conseguirão se reinventar e se qualificar para essas funções. O realidade virtual. Você ganha pontos por adquirir novos carros,
que acontecerá com esses profissionais? Como eles serão comprar produtos de marcas caras e tirar férias fora do país. E,
ocupados? Yuval Noah Harari, professor da Universidade se você tem mais pontos que todos os outros, diz a si mesmo que
Hebraica de Jerusalém e autor do livro Sapiens – Uma Breve ganhou o jogo”.
História da Humanidade, pensa ter a resposta. Para o escritor, um exemplo de como funcionará o mundo
Em artigo publicado no The Guardian, intitulado O pós-trabalho pode ser observado na sociedade israelense. Alguns
Significado da Vida em um Mundo sem Trabalho, o escritor judeus ultraortodoxos não trabalham e passam a vida inteira
comenta sobre uma nova classe de pessoas que deve surgir até estudando escrituras sagradas e realizando rituais religiosos.
2050: a dos inúteis. "São pessoas que não serão apenas Esses homens e suas famílias são mantidos pelo trabalho de suas
desempregadas, mas que não serão empregáveis", diz o esposas e subsídios governamentais. “Apesar desses homens
historiador. serem pobres e nunca trabalharem, pesquisa após pesquisa eles
De acordo com Harari, esse grupo poderá acabar sendo relatam níveis de satisfação mais altos que qualquer outro setor
alimentado por um sistema de renda básica universal. A grande da sociedade israelense”, afirma Harari.
questão então será como manter esses indivíduos satisfeitos e Segundo o professor, o significado da vida sempre foi uma
ocupados. “As pessoas devem se envolver em atividades com história ficcional criada por humanos, e o fim do trabalho não irá
algum propósito. Caso contrário, irão enlouquecer. Afinal, o que necessariamente significar o fim do propósito. Ao longo da
a classe inútil irá fazer o dia todo?”. história, muitos grupos encontraram sentido na vida mesmo sem
Uma das possíveis soluções, apontadas pelo professor, são trabalhar. O que não será diferente no mundo pós-trabalho, seja
os games de realidade virtual em 3D. “Na verdade, essa é graças à realidade virtual gerada em computadores ou por
uma solução muito antiga. Por centenas de anos, bilhões de religiões e ideologias. "Você realmente quer viver em um mundo
humanos encontraram significados em jogos de realidade no qual bilhões de pessoas estão imersas em fantasias,
virtual. No passado, chamávamos esses jogos de ‘religiões’”, perseguindo metas de faz de conta e obedecendo a leis
afirma Harari. “Se você reza todo dia, ganha pontos. Se você se imaginárias? Goste disso ou não, esse já é o mundo em que
esquece de rezar, perde pontos. Se no fim da vida você ganhou vivemos há centenas de anos”.
pontos o suficiente, depois que morrer irá ao próximo nível do
jogo (também conhecido como céu)”.

Terceirização e trabalho
https://brasilescola.uol.com.br/geografia/terceirizacao-trabalho.htm
Entende-se por terceirização do trabalho o processo pelo as atividades-meio, ou seja, uma fábrica de doces, por
qual uma instituição contrata outra empresa para prestar um exemplo, pode destinar serviços de limpeza, segurança e
determinado serviço. Atualmente, no sistema capitalista em ordenamento para empresas terceirizadas, mas não pode
sua fase financeira, essa prática difundiu-se amplamente em fazer o mesmo para o intuito principal da empresa, que é a
todo o mundo, não sendo diferente no Brasil, onde cerca de produção de doces industriais. Nesse caso, todos os
25% da mão de obra empregada é terceirizada. funcionários que atuam na linha de produção devem estar
Os exemplos de terceirização mais comuns relacionam-se legalmente vinculados à fábrica em questão, e não a uma
com a prestação de serviços específicos, tais como limpeza outra empresa, com carteira assinada e todos os direitos
e segurança. Quando você vai ao banco, por exemplo, pode correspondentes.
notar que os vigilantes não são empregados do próprio Desde o ano de 2004 tramita no Congresso Nacional uma
banco, mas de uma empresa especializada em segurança, o proposta para alterar a regulamentação da terceirização no
que também é bastante comum em edifícios comerciais, Brasil. Recentemente, essa proposta passou a ser bastante
escolas, fábricas e outros. discutida ao ganhar prioridade no tratamento de sua
As causas do aumento da terceirização no Brasil e no votação, levantando uma série de pontos polêmicos sobre o
mundo têm relação com a diminuição dos custos com processo em questão.
funcionários. Afinal, para as empresas, sai mais barato que O primeiro ponto polêmico é justamente sobre a
parte de sua mão de obra seja contratada por terceiros, em proibição acima apresentada. O projeto de lei objetiva
vez de mantê-los sob a sua tutela, o que eleva os gastos com permitir também a terceirização para atividades-fim, ou
direitos trabalhistas e eventuais problemas de segurança do seja, permitir que praticamente todos os funcionários de
trabalho, como indenizações e outras questões. uma mesma empresa sejam terceirizados. Muitos
No Brasil, no entanto, existem determinadas restrições movimentos sindicais, além de juristas e especialistas,
à prática da terceirização. A principal delas é a proibição da afirmam que essa proposta legitima totalmente o processo
terceirização para atividades-fim, sendo permitidas apenas

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de precarização do trabalho promovido pelo processo de riscos de não pagamentos de salários e encargos,
terceirização, além de ferir a Constituição Brasileira. intensificando o processo de diminuição dos direitos dos
De acordo com uma pesquisa empreendida, no ano de trabalhadores.
2010, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Além da precarização das condições de trabalho, existe
Estudos Socioeconômicos (Dieese), os funcionários também outra questão que gera muitas críticas em relação
terceirizados recebiam, em média, 27% a menos do que os ao aumento da terceirização: uma possível elevação
empregados diretamente contratados e que desempenhavam do trabalho análogo ao escravo. Estudos realizados pela
a mesma função. Além disso, verificou-se que os Universidade de Campinas (Unicamp) revelam que a maioria
terceirizados eram submetidos a uma jornada de trabalho 7% absoluta dos trabalhadores resgatados dessas condições era
maior e permaneciam empregados por menos da metade do contratada por empresas terceirizadas, incluindo
tempo. Resumindo: com a terceirização, segundo esses terceirizações para a produção de roupas de grandes marcas
dados, trabalha-se mais, recebe-se menos e o risco de no país.
demissão ou saída é maior. Os defensores do projeto de terceirização do trabalho
Outro ponto polêmico refere-se à proposta de transferir irrestrita no Brasil colocam, por sua vez, que isso diminuiria
para a empresa terceirizada toda e qualquer a informalidade, um dos maiores problemas atualmente
responsabilidade sobre os direitos trabalhistas dos enfrentados no país. Afirma-se que a terceirização das
empregados em questão. Os defensores dessa medida atividades-fim, apesar de atualmente não permitida, é
argumentam que isso diminuiria a burocracia e facilitaria o bastante realizada ilegalmente, gerando uma série de
processo, deixando questões trabalhistas totalmente nas trabalhadores sem registro formal e direitos garantidos em
mãos de uma empresa específica. Os críticos, por outro lado, lei.
afirmam que isso transferiria direitos para empresas menos
qualificadas economicamente e haveria, portanto, maiores

No século 19, parte dos trabalhadores ingleses decidiu combater o progresso tecnológico, que
corretamente viam como uma ameaça a seus empregos, destruindo máquinas. Eram os luditas. Suas ações
acenderam o imaginário popular, mas não foram capazes de deter a revolução industrial. HELIO SCHWARTSMAN

MÃOS À OBRA
Considerando a coletânea, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “O FUTURO DO TRABALHO E AS NOVAS
TECNOLOGIAS”. Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de
sua formação. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender seu ponto de vista, elaborando
medidas para a solução do problema discutido em seu texto. Suas propostas devem demonstrar respeito aos direitos humanos.
O texto deverá ter no mínimo 7 (sete) e no máximo 30 (trinta) linhas escritas.

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