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OBJETIVOS:
Trabalho informal, por definição, é aquele exercido por trabalhadores que não possuem
vínculos com uma empresa, não obtendo, dessa forma, direito aos benefícios e proteções
sociais. Devemos ressaltar que essa forma de contratação é desvantajosa para os
trabalhadores, pois o mesmo fica desprovido de benefícios que são garantidos por lei, como
vale-refeição, vale-transporte dos direitos previstos na CLT – Consolidação das Leis do
Trabalho. Convém acrescentar que dentro dessa modalidade de contratação, não há
carteira assinada, assim como não existe um contrato de trabalho, tal fato acaba por
desamparar o trabalhador de seus direitos.
O perfil dos trabalhadores considerados informais não é constante. As pessoas tanto podem
ter menos como mais escolaridade. De acordo com Bettiol (2010), na literatura sobre o
tema, os trabalhadores informais não são valorizadas e podem sofrer preconceito, ou seja,
há a tendência a serem vistos como forma negativa no âmbito da análise econômica, por
esse estar situado a margem do processo, e não ser núcleo estruturante da dinâmica
capitalista. No entanto, devemos destacar que há quem qualifique essas pessoas como
empreendedoras, pelo fato de encontrarem, em algumas situações, oportunidade de
idealizar projetos de forma mais ou menos autônoma.
Trabalho precário:
O crescimento do trabalho precário tem surgido como uma preocupação contemporânea
central no mundo inteiro desde os anos de 1970. Por “trabalho precário” quero dizer
trabalho incerto, imprevisível, e no qual os riscos empregatícios são assumidos
principalmente pelo trabalhador, e não pelos seus empregadores ou pelo governo.
Exemplos de trabalho precário incluem atividades no setor informal e empregos temporários
no setor formal. O trabalho precário não é novidade e existe desde o início do trabalho
assalariado. O trabalho precário tem consequências de longo alcance, atravessando muitas
áreas que preocupam cientistas sociais, bem como trabalhadores e suas famílias, governos
e empresas. Isso criou insegurança para muitos, e afeta de modo difuso e amplo não só a
natureza do trabalho, os locais de trabalho e a experiência dos trabalhadores, mas também
muitos aspectos individuais (estresse, educação) e sociais (família, comunidade) não
relacionados ao trabalho, bem como a instabilidade política. Por isso, é muito importante
entendermos os novos arranjos dos locais de trabalho que geram o trabalho precário e a
insegurança.
No Brasil, a difusão do trabalho precário aconteceu um pouco depois que nos Estados
Unidos, nos anos de 1990, com o aumento da privatização e da desregulação que
acompanharam um comprometimento a uma ideologia neoliberal e ao “Consenso de
Washington”. A pauta neoliberal também apareceu tardiamente no Brasil, em comparação
com o resto da América Latina, talvez porque já houvesse no país uma estrutura industrial
ampla e sofisticada, diferente do que era encontrado nos outros países da América Latina
(Luna e Klein, 2006).
Uberização do trabalho:
A uberização é um termo muito atual e pode ser, dentre outros contextos, atribuído ao
mundo das relações de trabalho.
No entanto, foi o conceito da prestação do serviço dessa empresa que serviu de pioneirismo
para designar um novo tipo de relação de trabalho.
Sob a alegação de ser uma “economia de compartilhamento”, a empresa Uber deixa claro
que não emprega nenhum motorista e não é dona de nenhum carro resumindo-se à apenas
uma plataforma tecnológica para que profissionais autônomos possam ganhar dinheiro
localizando pessoas que queiram se deslocar pela cidade.
Com o tempo, novas empresas, chamadas de startups digitais, foram sendo criadas ou
migradas para o Brasil em busca de mercados não explorados, vindo a substituir empregos
existentes que possuíssem o mesmo nicho de mercado. Exemplos disso foram a Uber em
detrimento de taxistas e o Ifood em detrimento de motociclistas motofretistas.
Além disso, houve forte apelo de marketing sobre os serviços prestados, oferecendo ao
consumidor inovações fáceis, rápidas e baratas. Ocorre que quando se proporciona um
benefício acima do mercado para o cliente, há, de outro lado, um sacrifício para compensá-
lo.
A importância da proteção social para os trabalhadores foi estudada por Maloney (2003),
quando apresentou razões pelas quais os trabalhadores tornam-se, voluntariamente,
desprotegidos: (1) desvalorização dos benefícios previdenciários por não se submeterem
aos impostos e tributos derivados da relação de emprego, o que não ocorre no trabalho
informal, em que a remuneração é inteiramente monetária; (2) existência de pai ou cônjuge
que tenha emprego e possa garantir proteção para os demais membros da família; (3)
excesso de regulação ao provocar rigidez no mercado de trabalho, estimular a rotatividade
e encorajar os trabalhadores a deixarem seus empregos.
No caso brasileiro, a legislação do trabalho, segundo Pastore (2004), tem se revelado
onerosa e complexa, além de restrita ao trabalhador assalariado com carteira assinada. O
fato de a regulação se restringir apenas ao emprego formal resultaria em desproteção do
trabalho dos informais, bem como no impacto à base de financiamento da previdência. Os
relatos deste estudo indicam situações ilustrativas da dificuldade de adaptar as regras
previdenciárias à realidade dos trabalhadores informais pesquisados. A primeira se refere
às limitações de manter a contribuição em períodos de dificuldade financeira ou de
desemprego, como também em períodos de afastamento por doença ou acidente.
Referências:
Trabalhador informal e Previdência Social: o caso dos trabalhadores por conta própria de
Brasília-DF.
Maria Amélia Sasaki
Ione Vasques-Menezes