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Sessão 3 tutorial - Saúde do trabalhador - Andrezza

Objetivos:
- Diferenciar e entender reabilitação profissional e recolocação profissional

O retorno ao trabalho é um conceito que abrange todos os procedimentos e iniciativas


destinados a facilitar a reintegração de pessoas ao trabalho; as quais apresentam redução
na capacidade de trabalho devido a invalidez, doença ou envelhecimento. O conceito de
retorno ao trabalho se aplica ao contexto político atual, que objetiva a manutenção da
sustentabilidade dos sistemas de seguridade social, assim como a redução do impacto
econômico dos afastamentos por doença e retorno ao trabalho gerenciado
inadequadamente, que levam ao desemprego, pensões por invalidez ou aposentadorias
precoces. Em vários países, a questão política central relativa ao retorno ao trabalho é a
falta de sustentabilidade dos sistemas de seguridade social, além da necessidade de
reforma na gestão do afastamento por doença e incapacidade laboral. Os afastamentos por
doenças crônicas e aposentadorias precoces causam perda salarial ao trabalhador, assim
como custo físico e emocional. As empresas, por sua vez, apresentam custo adicional pelo
turnover de empregados e tempo perdido no gerenciamento do afastamento, além do custo
para a sociedade.

A aposentadoria por invalidez implica ônus significativo para as sociedades, agregando-se


aos desafios trazidos pelo envelhecimento da força de trabalho. Uma vez que ocorre, com
frequência, em idade relativamente jovem, reduz consideravelmente a idade de
aposentadoria efetiva. Além dos custos para a sociedade, a aposentadoria precoce tem
consequências importantes também para o indivíduo, pois o trabalho é uma importante
fonte de bem-estar material e psicológico. Um estudo desenvolvido pela comunidade
europeia apresenta perspectiva ampla sobre reabilitação profissional. Enquanto
organizações internacionais discutem a reabilitação, com ênfase no contexto de pessoas
com deficiência, o estudo citado considera que todos os trabalhadores podem estar em
situação potencial de risco de exclusão do mercado de trabalho devido a problemas de
saúde e não apenas as pessoas oficialmente reconhecidas como deficientes. Em
entendimento mais abrangente, isso inclui todos os trabalhadores previamente saudáveis
que se ausentam do trabalho por doenças de médio/longo prazo, ou ausências curtas
regulares (por conta de doenças crônicas), além dos que precisam de suporte para voltar
para o trabalho, seja no local de trabalho anterior ou em local diferente, mesmo que não
tenham sido formalmente reconhecidos como deficientes.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirma que
muitas pessoas com incapacidade para o trabalho deixam o mercado de trabalho
permanentemente, e poucos são capazes de retornar ao trabalho ou permanecer nele.
Portanto, estimular a participação, aumentando a força de trabalho, é uma questão
importante nas agendas científica e política, e há forte ênfase no momento atual para
incentivar as pessoas a trabalhar com sua capacidade residual de trabalho e evitar a saída
permanente do trabalho.

Os serviços de reabilitação devem ser ampliados em países de todo o mundo,


particularmente nos de baixa e média renda. A reabilitação deve estar disponível e
acessível para quem necessita. A reabilitação possui três aspectos diferentes: reabilitação
médica, que visa restaurar a capacidade funcional e mental e a qualidade de vida de
pessoas com deficiência mental ou física; reabilitação vocacional (ou profissional), que visa
permitir que pessoas com deficiências físicas ou mentais consigam superar barreiras quanto
ao acesso, manutenção ou retorno ao trabalho; e reabilitação social, que visa facilitar a
participação de pessoas com deficiência na vida social.

Muitos países europeus apresentam visão holística em relação ao tema e trabalham as


questões voltadas para a reabilitação profissional de forma abrangente, valorizando a
abordagem individualizada do trabalhador e oferecendo possibilidades de seu efetivo
desenvolvimento para reintegração no mercado de trabalho. A comunidade europeia
avança nessa perspectiva com a discussão sobre o trabalho seguro e saudável para
qualquer idade, valorizando a cultura da prevenção na área de saúde ocupacional e
segurança do trabalho e considerando ainda o envelhecimento da população. A cultura
voltada para a doença e a incapacidade restringe o desenvolvimento dos programas de
reabilitação de forma geral, uma vez que a abordagem ampla, considerando a capacidade
residual do trabalhador e suas habilidades e percepções, proporciona um resultado mais
positivo. Analisando-se a produção científica existente sobre o tema, observa-se a busca
direcionada para a identificação de preditores de retorno ao trabalho, com estudos nas
áreas de cardiologia, ortopedia, neurologia, oncologia e de saúde mental que trabalharam a
questão da identificação de preditores de retorno ao trabalho. A diferença de gênero
também foi abordada em alguns estudos.

- Diferenciar e entender acidente de trabalho e doença ocupacional

O acidente de trabalho, basicamente, é aquele acidente que ocorre pelo exercício do


trabalho, resultando em dano ao trabalhador, seja físico ou mental. Sua caracterização
depende de alguns fatores como a necessidade de se estabelecer a relação entre o dano
sofrido e o ambiente de trabalho, ou seja, um nexo causal. Portanto, quando determinada
ação resultar em uma lesão ou doença ao trabalhador e existir uma relação direta com as
atividades laborais desempenhadas, tem-se o nexo de causalidade para configurar o
acidente de trabalho.

Dito isso, o colaborador que sofre um acidente de trabalho, adquire alguns direitos, como:

● Estabilidade no emprego;
● Recolhimento integral do FGTS;
● Benefício previdenciário;
● Pensão por morte (se for o caso);
● Aposentadoria por invalidez (se for o caso).

O benefício previdenciário diz respeito ao auxílio doença acidentário, onde no caso


de afastamento do colaborador por até 15 dias, o auxílio será pago pela empresa.
Se o afastamento superar 15 dias, o pagamento do auxílio passa a ser de
responsabilidade do INSS a partir do 15º dia.

Lembrando que nos casos de acidente de trabalho e de acordo com cada caso, o
trabalhador terá suas despesas médicas e indenizações materiais, morais e estéticas pagas
pelo empregador. Este é um direito consagrado na Constituição Federal e amplamente
discutido e firmado nos tribunais. Isto porque, é obrigação do empregador assegurar o
trabalhador contra acidentes do trabalho. Tais valores devem formar o fundo de assistência
ao trabalhador, sem prejuízo a eventuais indenizações quando incorrer em dolo ou culpa.

Já a doença ocupacional, são aquelas que surgem em virtude da atividade laborativa


desempenhada pelo trabalhador. Portanto, a doença ocupacional está inserida na esfera do
acidente de trabalho, podendo ela ser dividia em duas hipóteses:
1. Doença do trabalho – Estas estão diretamente relacionadas ao ambiente de
trabalho. Isto ocorre por conta de serem adquiridas ou desencadeadas em função de
condições especiais em o que trabalho é realizado, ou seja, o que resulta na doença
não é a atividade desenvolvidas, mas as condições do ambiente de trabalho;
2. Doença Profissional – Estas estão diretamente relacionadas às atividades
desenvolvidas por determinada categoria profissional resultando em doenças que
estão listadas na relação elaborada pelo antigo Ministério do Trabalho, agora
incorporado ao Ministério da Economia.

Importante lembrar que nem todas as doenças podem ser consideradas como doença
ocupacional e consequentemente, equiparada a acidente de trabalho, são elas:

● Doenças degenerativas;
● Doenças próprias ao grupo etário;
● Doenças que não resultam em incapacidade laborativa;
● Doenças endêmicas desencadeadas em trabalhador habitante de região em que ela
se desenvolve, salvo os casos em que se comprove que a doença é resultado direto
de exposição ou contato com a natureza do trabalho.

Qual deles dá o direito ao auxílio previdenciário?

Conforme pode se observar, a doença ocupacional é equiparada ao acidente de trabalho,


ou seja, faz parte dele. Desse modo, tanto acidentes ocorridos no ambiente de trabalho
quanto doenças adquiridas devido às atividades laborativas são passíveis de auxílio
previdenciário.

Contudo, para caracterização do acidente de trabalho ou doença ocupacional e a


obtenção do auxílio previdenciário, será preciso comprovar o nexo de causalidade entre o
acidente e o agravo, assim determina a lei.
O responsável por avaliar se houve essa relação entre acidente e trabalho será a perícia
técnica do INSS. Somente após a aprovação da perícia sobre o caso, o segurado da
previdência social poderá obter o auxílio doença acidentário.

O Dr. Henrique Lima se dedica de forma constante às demandas desse mercado, com a
finalidade de garantir uma assessoria de nível elevado e segurança jurídica.

- Entender como o Terapeuta Ocupacional atua no processo de reabilitação profissional e


recolocação profissional

Em complementação, mas com base em outro referencial, Barros, Lopes e Galheigo (2007)
afirmam que esse fazer contém significados múltiplos que se sobrepõem e que participam
de processos de formação de identidades, sendo, além de um processo relacional, um
processo político. Nessa direção, pontuam-se aqui as possibilidades de contribuição da
terapia ocupacional, em suas dimensões técnica e política, para lidar com demandas em
torno dos processos de redução da capacidade laborativa dos sujeitos e de ações que
possam levar ao retorno das atividades profissionais.

Observa-se, assim, que o campo da Saúde do Trabalhador iniciou sua constituição


posteriormente ao da Reabilitação Profissional, posicionando-se criticamente diante das
concepções e da atenção direcionadas aos trabalhadores brasileiros até então (final dos
anos 1970), especialmente, no âmbito do setor saúde, ampliando-se também para as ações
de reabilitação profissional e buscando o desenvolvimento de intervenções para além da
visão do trabalhador como seu único objeto, lidando com a necessária interferência,
conforme pontuado por Lacaz (2007), nas relações e na organização do trabalho e nos
processos de saúde e doença, tanto em uma perspectiva individual quanto coletiva.

Ao discutir aspectos do trabalho e da reabilitação, sua correlação, para Lancman e


colaboradores (2004), incorpora discursos e práticas que fundaram a terapia ocupacional,
sendo que processos econômico-sociais (Ghirardi, 2012) e, dentro deles, o de retorno ao
trabalho e ao mundo da produção de bens sociais, têm sido objeto de muitas das
intervenções do campo, já nas primeiras práticas asilares, e, posteriormente, na reabilitação
dos pós-guerras norte-americano e europeu. Também no Brasil, a reabilitação profissional
de indivíduos incapacitados para o trabalho foi um dos principais motes para formação de
terapeutas ocupacionais, juntamente com as práticas asilares destinadas às pessoas
institucionalizadas, fossem aquelas com transtornos mentais ou as com deficiências.

De acordo com Castel (2009), não só a situação dos que não trabalham é inquietante, como
também a precariedade da situação daqueles que trabalham, sendo que grande parte da
população encontra-se constantemente ameaçada de estar aquém do patamar que lhes
permita uma autonomia mínima, com ocupações instáveis, sazonais, intermitentes, com os
mais baixos salários e menor cobertura dos direitos sociais, acampando nas fronteiras da
sociedade salarial.

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