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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ............................................................................. 4
3. A SAÚDE DO TRABALHADOR ............................................................................. 8
3.1 Situações que colaboram para o surgimento de doenças mentais ................... 10
3.2 Ações de prevenção visando o indivíduo .......................................................... 12
3.3 Ações de prevenção no trabalho ...................................................................... 13
4. A PSICOLOGIA DO TRABALHO ......................................................................... 15
5. DEPRESSÃO DECORRENTE DO AMBIENTE DE TRABALHO ......................... 18
6. SÍNDROME DE BURNOUT: MANIFESTAÇÕES E CARACTERÍSTICAS .......... 21
6.1 Informar e desmistificar o problema .................................................................. 22
6.2 Não incentivar cargas de horário excessivas .................................................... 23
6.3 Criar programas de qualidade de vida .............................................................. 23
6.4 Oferecer a psicoterapia como benefício corporativo ......................................... 24
7. DOENÇAS MENTAIS EM RAZÃO DO TRABALHO ........................................... 25
8. ASSÉDIO MORAL E SEXUAL NO TRABALHO.................................................. 28
6.5 Consequências do assédio moral ..................................................................... 30
9. CUIDADOS EM TEMPOS DE HOME OFFICE ..................................................... 31
10REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 36

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1. INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.

Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa


disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.

A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser


seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

Fonte: bit.ly/3yQzXSs

Nos últimos anos, muito se tem falado sobre o efeito do trabalho na saúde
mental do indivíduo. Na área médica, constatamos que o trabalho tem duas vertentes,
por um lado positivo, pois oferece ao indivíduo a capacidade de socialização,
realização e retorno financeiro, mas por outro lado, o trabalho pode representar
desgaste mental, além do risco de acidentes e outras lesões.
Entende-se que trabalhadores com condições de saúde desfavoráveis podem
ter fortes impactos sociais, principalmente na economia, pois são responsáveis por
grande parte das finanças do departamento. Cuidar da saúde mental dos
trabalhadores pode prevenir danos pessoais e coletivos, por isso é importante investir
e garantir eficiência e respeitar políticas que valorizem os colaboradores.
Conforme definição da Organização Mundial da Saúde – OMS (2017), a saúde
mental é “um estado de bem-estar no qual um indivíduo realiza suas próprias
habilidades, sendo capaz de lidar com o estresse normal da vida, capaz de trabalhar
de forma eficaz e bem-sucedida e ser capaz de contribuir para a sua comunidade”.
A saúde mental, portanto, é composta por vários elementos:

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A saúde mental não é apenas a capacidade do indivíduo de aproveitar a vida.
Da mesma forma, não se limita a criar um equilíbrio entre as atividades da vida e os
esforços para alcançar a resiliência psicológica. É uma construção complexa que deve
ser vista de muitos ângulos.
A saúde mental dos trabalhadores está ligada ao seu desempenho e
produtividade, palavras que são de ordem mais procurados no ambiente de trabalho
pois, referem-se à eficiência com que os recursos são usados. Podem ser medidos
em termos de todos os fatores de produção combinados (produtividade total dos
fatores) ou em termos de produtividade do trabalho. Em relação às condições que
prejudicam o equilíbrio psíquico, também refletem em alguns indicadores que são
importantes para os recursos humanos, tais como:

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O sofrimento psíquico relacionado ao trabalho atinge a vida de muitos
trabalhadores. Estão associados a experiências angustiantes como medo,
insegurança, ansiedade decorrentes de conflitos que surgem no ambiente de trabalho,
entre outros. A depressão, ansiedade e esgotamento podem ser mencionados como
resultado desse tipo de doença. Infelizmente, o Brasil lidera a lista de países da
América Latina com o maior número de casos de depressão.
Essas complicações acontecem antes mesmo do desenvolvimento da doença
mental, pois mesmo o estresse considerado “normal” por muitos empregadores pode
levar ao comprometimento da força de trabalho. Portanto, é preciso estar atento aos
sinais de esgotamento e sobrecarga.
As próprias doenças mentais, como ansiedade e depressão, estão diretamente
ligadas à retirada e à perda de produtividade. Uma descoberta que é particularmente
importante para as empresas, é de que, estudos descobriram que mesmo levando em
consideração outros riscos à saúde, como obesidade e tabagismo, funcionários com
alto risco de depressão tiveram altos custos de saúde.
De fato, os funcionários com saúde mental comprometida tornam-se um custo
muito alto para as empresas. Todas as medidas de tratamento e prevenção para
esses profissionais devem ser vistas como um verdadeiro investimento. Os programas
de bem-estar no local de trabalho podem ser muito eficazes na prevenção do
absenteísmo no trabalho, e ainda mais quando combinados com medidas de saúde
física.
Ferreira (2013) refere-se à relação com a saúde mental no ambiente de
trabalho como algo que requer um debate profundo, observando que ainda hoje o
Brasil busca constantemente a complementaridade, inserir é o que queremos em
meados do século XX. O autor entende que a inclusão que queremos trata-se da
inclusão econômica, onde o indivíduo esteja inserido em um trabalho, produzindo,
bem como gerando e auferindo renda, ou seja, participando da vida econômica do
país. Assim, menciona ainda que, tratar-se de algo de suma importância o debate
sobre a saúde mental no trabalho uma vez que:

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O estudo em questão merece uma atenção especial, para entender todos os
aspectos da saúde mental no trabalho.
Ferreira (2013) entende que:

Os transtornos psíquicos não são infecciosos, não são patológicos, no


sentido de haver um agente patogênico: um vírus, uma bactéria ou um
parasita e o equilíbrio do meio ambiente, pois os transtornos são o produto
de um desequilíbrio entre o homem e o ambiente onde ele vive e trabalha.
(BOJART. apud. FERREIRA, 2013)

Assim, o desequilíbrio do homem bem como do ambiente em que trabalha pode


se tratar de o maior fator de desencadeamento de doenças ou males considerados
psicológicos.

De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde, declarou em 1947:


“ a saúde é um estado de bem-estar físico, mental e social total e não
exclusivamente a ausência de doença. ” Como derivado disso “Todo indivíduo
tem direito de gozar de um completo bem-estar físico, mental e social, no qual
o indivíduo é capaz de desenvolver as suas potencialidades criativas. ”
(BOJART. apud. FERREIRA, 2013)

Segundo Ferreira (2013), foi na Idade Média que ficou evidente que havia
relação entre certas doenças físicas e algumas profissões e que de fato algumas
doenças se relacionavam indiretamente ao ambiente de trabalho.

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Diversas normativas e declarações buscam orientar a forma como os
trabalhadores devem ser tratados e de como seus ambientes necessitavam estar
adequados, para impedir que os o desenvolvimento de qualquer tipo de doença, seja
física ou psicológica.

3. A SAÚDE DO TRABALHADOR

Fonte: bit.ly/3o9cMOj

Ferreira (2013) esclarece a necessidade de criar-se um Programa de


Prevenção com objetivo de Saúde Mental no Trabalho, onde os prazos sejam
definidos para toda a empresa ou apenas para um determinado setor, com base em
um cronograma que contemple as diferentes fases, bem como as facilidades e
condicionantes existentes, sua implementação.
O próximo passo sugerido pelo autor seria a criação de uma comissão, para
reunir diferentes departamentos e setores, amparado por um projeto que enfoque a
saúde mental no trabalho, bem como métodos e intervenções. Um diagnóstico deve
ser desenvolvido de acordo com: a estrutura da empresa, o número de funcionários,
o histórico, e lembrando que essas informações devem constar no Manual da
Qualidade da Empresa. Em seguida, deve ser feito um diagnóstico da empresa, de
acordo com suas características:

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Essa é uma ferramenta importante para avaliar os fatores prováveis em uma
situação de trabalho que dão origem a problemas de saúde. Portanto, tal análise deve
incluir: as situações no ambiente de trabalho (como ruídos); temperaturas extremas;
ou contato com agentes químicos e até mesmo a questão da iluminação. Deve-se
incluir no processo de análise, situações relativas a como o trabalho é organizado,
além do conteúdo de tal trabalho, ou seja, a quantidade de informação, a presença de
tomada de decisões rápidas, responsabilidades do trabalhador no ambiente de
trabalho, a presença de trabalho extremamente monótono ou, por exemplo, uma
desatenção momentânea que pode ter consequências graves.
Vale ressaltar que existem fatores psicossociais relacionados ao trabalho, os
quais compreendem a percepção dos trabalhadores relativa à situação e às relações
humanas que o envolvem, considerando superiores, colegas ou clientes. Este
conjunto de fatores parece ser integrado e interdependente aos impactos na saúde
dos trabalhadores, que dependem da personalidade, bem como da experiência e
expectativas do indivíduo nessa relação.
Para Oliveira (2001), em geral, quando o trabalho apresenta altas demandas
psicológicas e cognitivas, está associado a baixo poder de decisão e baixo nível de
suporte social, havendo alta probabilidade de afetar a saúde dos trabalhadores.
Porém, entre os indicadores de saúde, destacam-se as prevalências de doença
mental diante de uma situação de trabalho em que esses fatores estão presentes.

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Nesses casos, os trabalhadores podem apresentar reações adversas. Em resposta
ao estresse por diferentes mecanismos patogênicos, cognitivos, afetivos, condução
ou mecanismos fisiológicos, podem causar o aparecimento de doenças mentais e
psiquiátricas em certas condições de intensidade, frequência ou duração.
Estudos epidemiológicos de trabalhadores expostos ao estresse no local de
trabalho revelaram as seguintes disfunções:

[...] sintomas musculares (por exemplo, tensão e dor); sintomas


gastrointestinais (dispepsia, indigestão, vômito, pirose e irritação do colo e
outros); sintomas cardíacos (palpitação, arritmias e dores inframamilares, por
exemplo); sintomas respiratórios (entre outros, dispnéia e hiperventilação);
sintomas do sistema nervoso central (por exemplo: reações neuróticas,
insônia, debilidade, desmaios e dores de cabeça); sintomas genitais (por
exemplo: dismenorréia, frigidez e impotência). (LEVI, 1988. apud.
FERREIRA, 2013).

Outros fatores que podem vir a indicar a presença de estresse no ambiente de


trabalho estão ligados a: alta frequência de acidentes de trabalho, bem como consumo
exagerado de medicamentos além da percepção dos trabalhadores de insatisfação
no trabalho (OLIVEIRA, 2001).

3.1 Situações que colaboram para o surgimento de doenças mentais

As dificuldades decorrentes do rápido crescimento e de um mundo em


constante mudança alteraram o padrão de morbimortalidade dos trabalhadores, com
destaque para as lesões por esforço repetitivo e as doenças mentais. Casos de
doença mental entre trabalhadores são frequentemente observados em países de
baixa e média renda, onde as condições de trabalho são consideradas precárias.
No Brasil, os transtornos mentais e comportamentais foram a terceira maior
causa de incapacidade no país entre 2012 a 2016, em seguida foram: de lesões,
envenenamentos e outras consequências de causas externas e doenças do sistema
musculoesquelético e do tecido conjuntivo (ONU, 2017).
A principal causa desse aumento na prevalência de transtornos mentais
relacionados ao trabalho são as comorbidades como doenças cardiovasculares,

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diabetes, entre outras. Muitas vezes, os trabalhadores podem vivenciar distúrbios
mentais devido a uma condição pré-estabelecida além da sobrecarga de trabalho, ou
o contrário pode ocorrer, o estresse e o desgaste causados pelo trabalho promovem
aos trabalhadores a formação de hábitos passíveis de causar essas doenças. Em
ambos os casos, pode levar a uma diminuição da sua qualidade de vida e afetar o seu
desempenho global em relação à sua vida familiar, profissional, emocional e social
(FERREIRA, 2013).
Dentre os fatores que podem contribuir para a exacerbação do adoecimento
mental no ambiente de trabalho, também podemos elencar situações que banalizam
a violência laboral, como: assédio moral, sexual e psicológico, muitas vezes,
encontram-se enraizados nas instituições e ocorrem de forma sutil, mas impactante;
relações entre colegas e superiores baseadas em relações verticais, incluindo
autoritarismo e competição; pressão sobre a produtividade, pois isso gera lucros para
a empresa e, assim, garante um salário de fim de mês ou promessas de promoção;
acompanhada de uma perda da subjetividade do empregado, pois muitas vezes a
empresa não percebe que esse trabalhador tem uma família esperando por ele, um
pai, mãe ou filho doente, uma carreira, anos de vida, mês dedicado ao estudo e
outras coisas, problemas que permanecem para ele; e, em última análise, uma
redução no valor potencial dos trabalhadores. A seguir serão apresentadas algumas
situações que podem causar problemas e insatisfação no ambiente de trabalho:

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3.2 Ações de prevenção visando o indivíduo

No que se refere à prevenção da saúde mental, um passo muito importante é


instruir e ensinar o indivíduo a reconhecer os sintomas de estresse, bem como as
situações de trabalho que de alguma forma possam afetar a saúde mental. Entre as
ações, deve-se atentar às necessidades de controle sobre os fatores de estresse e
assim usar os recursos disponíveis, um exemplo é a mudança de atitude sobre si
mesmo, que automaticamente irá refletirá nos planejamentos do seu trabalho. Diante
disso, é preciso também buscar estabelecer metas realistas, como ações que visam
simplificar a rotina, reconsiderando a importância do trabalho na vida.
A princípio, de acordo com Ferreira (2013), esta busca se dá por meio de
conversa com os amigos, pessoas de confiança, a respeito de seus problemas,
buscando assim um apoio social. Não dispensando é claro a busca por profissionais
capacitados como psicólogo, médicos, entre outros. A busca por informações também
é de grande ajuda, pois, uma mudança de atitude sobre si mesmo irá implicar na
alteração de crenças, relacionadas por exemplo com a necessidade que o indivíduo
possa ser estimado, ou aprovado pelas pessoas que são importantes para ele.
Por isso, o autor afirma que esta busca se dá por meio da conversa com os
amigos, ou seja, pessoas de confiança, que possam opinar a respeito de seus
problemas, e assim, buscando o apoio social, não esquecendo de buscar profissionais
capacitados, a exemplo: médico, psicólogo, etc. Ainda há a cobrança e “necessidade”
de ser competente de forma plena, e estar realizado de modo a ser capaz de se
considerar digno de valor, além do fato de acreditar que devesse ter o controle sobre
tudo, de ser perfeito sempre. Tais mudanças podem incluir: ser afirmativo; aprender
a expressar seus sentimentos; descobrir hobbies; realizar exercícios físicos; talvez,
fazer uma dieta; relaxar e meditar. Tais comportamentos irão capacitar a pessoa a ter
um comportamento afirmativo, de forma a conseguir ainda uma comunicação
interpessoal, não agressiva.

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3.3 Ações de prevenção no trabalho

O ambiente de trabalho para muitas pessoas é torturante, estressante, exigente


e confuso por causa da pressão. Os líderes autocráticos dão origem a
relacionamentos profissionais ruins, além de afetar o desenvolvimento de seus
colaboradores. Questões como desconfiança de papéis, má gestão, má comunicação
e assédio psicológico e sexual em ambientes insalubres, são alguns dos exemplos
encontrados no mundo empresarial cumulativo, criando condições para desequilíbrios
nas pessoas, causando grandes problemas de saúde e ocupacionais.
Uma ótima alternativa para prevenir esses problemas é promover programas e
congressos relacionados à medicina preventiva em saúde mental e envolver todos os
colaboradores, apresentando novos conceitos, como o biofeedback (PEREIRA,
2014).
Esta alternativa deve ser apresentada regularmente para incentivar a
participação de todos. Essa é uma questão que precisa ser abordada de forma
sistemática para evitar que os profissionais se isolem e abriguem uma dor silenciosa.
É importante abordar uma série de questões, como a importância de uma
alimentação saudável, evitar o consumo excessivo de álcool ou tabaco, e incentivar a
prática de atividade física e o restabelecimento da função alimentar.
Interação permanente entre os profissionais, como por exemplo através de um
canal aberto com diálogo, pode ajudar a aliviar as pressões do trabalho diário e tornar
os relacionamentos mais empáticos. Todos têm um papel importante nas ações
preventivas para evitar problemas de saúde mental: gestores, empregadores, equipes
e lideranças. E no desenvolvimento de medidas de controle no ritmo de trabalho,
sempre pensando em metas alcançáveis em tempo adequado.
Por isso, é fundamental a formação de lideranças para melhorar as relações
pessoais e promover iniciativas que reduzam o estresse e os conflitos pessoais dos
funcionários, momentos de descontração, atribuições de trabalho, pausas e até
mudanças estruturais no ambiente.

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Por diversas vezes nos deparamos com “turbulências” em nossa vida
profissional, e isso é muito comum. São nesses momentos que diálogos e programas
de prevenção devem intervir, ressaltando a importância de falar sobre o tema, com a
intervenção, inclusive, de um especialista. Enquanto o controle emocional e mental é
individual, promover um ambiente propício à saúde mental é uma tarefa coletiva e um
elemento fundamental da qualidade de vida humana.
Assim, como já mencionado, investir em programas de prevenção e promoção
da saúde mental demonstra o interesse da empresa em atingir suas metas e objetivos,
porém, não descura nenhuma preocupação. É um investimento com retorno definido.
O diagnóstico realizado no ambiente guiará as medidas que precisam serem
implementadas para melhorar as condições de trabalho, de acordo com a
necessidade de cada lugar.
A intervenção a ser realizada exigirá medidas a curto, médio e longo prazo e
um programa que estimule os trabalhadores a levar uma vida mais saudável, que
permita seu desenvolvimento, alterando períodos de repouso e a interação dinâmica
entre as pessoas e o ambiente.
Não obstante, tarefas que envolvem alto grau de tensão, se encaradas como
desafio ou oportunidade de aprendizagem, tendem a não serem percebidas como
estressantes (PEREIRA, 2014).

Para Rocha e Glina (2000):

As necessidades humanas fundamentais a serem atendidas no trabalho são:


o controle sobre o trabalho; a interação pessoal; a percepção de suas
atividades dentro do conjunto do processo de produção; o reconhecimento
social pelo trabalho desenvolvido, e outras necessidades ligadas ao contexto
socioeconômico e cultural. (ROCHA; GLINA, 2000 apud. FERREIRA, 2013)

Os programas que sejam destinados a eliminar ou reduzir o estresse devem


estar concentrados na melhoria da organização do trabalho, de modo a incluir
melhorias no planejamento bem como no conteúdo do trabalho, por meio do
estabelecimento de metas de produção realistas, bem como melhor organização do

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tempo de trabalho e melhor interface entre trabalhadores e máquinas ou novas
tecnologias.

A intervenção médica no espaço hospitalar, que anteriormente era pontual e


paroxística, passaria a ser regular e constante: o saber sobre o hospital
permitiria ao médico agrupar doenças e, assim, observá-las de uma forma
diferente, no dia a dia, em seu curso e evolução. Desta forma, produziu-se
um saber sobre as doenças que, informado pela modelo epistemológico das
ciências naturais, ainda não havia sido possível de construir. (AMARANTE,
2013, p. 25)

Ao finalizarmos este capítulo, chegamos à conclusão da possibilidade de


resistência às mudanças no trabalho quando as ações planejadas forem colocadas
em prática, por isso, precisa se promover um ambiente participativo no momento da
implementação das mudanças.

4. A PSICOLOGIA DO TRABALHO

Fonte: bit.ly/3IMZNv8

A psicologia do trabalho atua e observa os aspectos psicológicos das pessoas


em sua relação com o trabalho: desde a seleção e contratação até a satisfação com
o ambiente de trabalho e adequação com a tarefa é realizada.
Cada trabalhador é um indivíduo e deve ser visto a partir de sua singularidade.
Aproveitar o potencial das pessoas e ajudar na resolução de conflitos e queixas são

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atribuições que cabem ao psicólogo do trabalho. A função mais conhecida da
psicologia do trabalho (às vezes também chamada de psicologia organizacional) diz
respeito à área de RH das empresas, com a aplicação de testes psicológicos ao
recrutamento de funcionários (BORGES, 2005).
As atribuições do psicólogo do trabalho vão além:

Em uma organização onde diferentes pessoas vivem cerca de oito horas por
dia, sob pressão para alcançar resultados, a carga de fenômenos psicológicos é
intensa e variada. O psicólogo do trabalho deve compreender e gerir todas estas
situações que são benéficas para a saúde mental dos trabalhadores, mas também
para a saúde da organização, em termos de produtividade e qualidade.
O trabalho não é apenas um meio de ganhar dinheiro, é até mesmo parte da
personalidade de uma pessoa, muitos de nós são identificados por nossa profissão.
Portanto, sentir-se satisfeito com o seu trabalho é essencial para se sentir satisfeito
consigo mesmo. Portanto, é alta a importância social e humana dos psicólogos no
trabalho.
O principal objetivo da psicologia ocupacional é manter um ambiente de
trabalho saudável. Para isso, concentra-se no desenvolvimento profissional geral e na

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solução de problemas relacionados à gestão de pessoas. A sua principal função é
estudar formas de melhorar a qualidade de vida dos profissionais que trabalham.
Por isso é tão importante para as organizações, afinal, passamos a maior parte
do nosso tempo trabalhando. Não buscamos apenas garantir os recursos financeiros
necessários para viver. As pessoas precisam de um motivo para se levantar e se sentir
à vontade para conhecer e trabalhar com seus colegas, não importa o quanto sejam
pagos. A psicologia ocupacional oferece melhores condições para os funcionários
com base em como eles se sentem.
A psicologia organizacional possibilita a gestão estratégica de pessoas. Seus
recursos permitem contratações mais precisas, reduzem os custos de desligamento
de funcionários e melhoram o desempenho da equipe. Isso significa que os psicólogos
organizacionais desempenham um papel importante nas organizações. Como o
capital humano é o ativo mais valioso de uma empresa para atingir suas metas e
objetivos, contar com a ajuda desse especialista é uma forma de alcançar o máximo
de resultados.

Os psicólogos ocupacionais têm um nicho muito amplo no mercado. Podem


atuar em empresas dos mais diversos segmentos, no funcionalismo público, em
consultorias e até na academia, dedicando-se à pesquisa acadêmica.

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5. DEPRESSÃO DECORRENTE DO AMBIENTE DE TRABALHO

Fonte: bit.ly/3rTWgUf

A triagem para depressão no local de trabalho tem o potencial de diagnosticar


trabalhadores com graus variados de gravidade dos sintomas depressivos,
conhecimento da doença e vontade de procurar tratamento com prevalência
impressionante e precisão aceitável. A depressão e seu tratamento têm o potencial
de alterar os resultados ocupacionais, como desempenho, produtividade,
absenteísmo, assiduidade, retorno ao trabalho, participação no trabalho e
desemprego. As equipes têm a capacidade de educar sobre a depressão e seus
métodos, promover a adesão ao tratamento e coordenar e prescrever o tratamento.

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Intervenções que incluem tratamento antidepressivo, intervenções presenciais
por telefone, intervenções presenciais ou baseadas em terapia cognitivo-
comportamental, intervenções multimodais, etc., podem ter benefícios positivos tanto
para sintomas depressivos quanto para resultados ocupacionais, sugerindo que o
ocupacional é executável.
A depressão é caracterizada por um transtorno de humor que afeta a maneira
como uma pessoa se sente, pensa ou age, causando uma deterioração no
funcionamento social ou no trabalho. Um episódio depressivo maior foi definido como
a ocorrência de cinco ou mais dos nove sintomas depressivos maiores em duas
semanas. Os episódios depressivos podem ser causados por fatores biológicos,
psicossociais ou ambientais, incluindo fatores de risco presentes no ambiente de
trabalho. Aqueles que experimentaram um episódio depressivo em sua vida são mais
propensos a desenvolver depressão no futuro.

Infelizmente, a depressão é uma doença que se intensificou no século XXI, ela


está entre nós, e vem se espalhando rapidamente de geração em geração. Trata-se
de uma doença que afeta pessoas de todas as idades, etnias e religiões. Muita internet
que na maioria das vezes os isola; a pressão para ter sucesso na vida adulta e a busca
incansável de uma vida no Instagram são algumas das razões pelas quais mais e mais
jovens estão caindo em depressão.

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A doença ainda é considerada um tabu, mas o tema ainda é amplamente
debatido. As pessoas deprimidas não lutam mais sozinhas e compartilham suas
experiências com pessoas deprimidas para que possam procurar ajuda e aprender a
lidar com uma crise. Uma das maiores dificuldades nessa situação é se tornar um
adulto trabalhador e manter a responsabilidade profissional. A depressão é um dos
principais motivos para não ser rejeitado no mercado de trabalho.
As pessoas trabalham para sobreviver e recebem salários que não são
necessariamente proporcionais ao seu sustento. Portanto, o trabalho tende a
prevalecer como meio de atendimento de necessidades básicas, e não
necessariamente como forma de expressar satisfação pessoal ou valorização das
pessoas. A força de trabalho torna -se uma mercadoria usada na produção de
mercadorias, e o trabalho torna-se irrelevante, alienado, marginalizado (AZAMBUJA
et al., 2007).
A alienação significa que um indivíduo não se sente como um governante ativo
do mundo, mas o mundo permanece alheio a ela, e os produtos de seu trabalho são
"objetos estranhos que a governam" (FROMM, 1983). O mesmo ainda acrescenta:

(...) porque trabalhar deixou de fazer parte da natureza do trabalhador e,


conseqüentemente, ele não se realiza no seu trabalho mas nega-se a si
mesmo, tem uma impressão de sofrimento em vez de bem-estar, não
desenvolve livremente suas energias mentais e físicas mas fica fisicamente
exaurido e mentalmente aviltado (FROMM, 1983, p. 53).

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6. SÍNDROME DE BURNOUT: MANIFESTAÇÕES E CARACTERÍSTICAS

Fonte: bit.ly/3PSJiAb

O aumento dos casos de doenças ocupacionais pode estar relacionado ao


aumento das exigências dos trabalhadores no desempenho de suas funções, que,
aliadas a outras comorbidades, podem se agravar. A preocupação com o bem-estar
dos trabalhadores tornou-se foco de discussão nos últimos anos, pois se pressupõe
que o estado de saúde mental de um indivíduo afeta o bem-estar físico e social,
podendo afetar seu desempenho no trabalho. Muito popular nos países de língua
inglesa, o termo burnout começou a ser utilizado na década de 1970 pelo psicólogo
americano Herbert Freudenberger, que passou a investigar o impacto do trabalho na
saúde mental. Basicamente, burnout significa “combustão”, e por esse motivo é usado
para denotar estados crônicos de estresse e exaustão, além de frustração causada
pelo excesso de trabalho (CAIRUS, 2005).
Outra questão importante a ser tratada é que o burnout que ocorre em um
indivíduo depende de vários fatores pessoais, entre os quais está a sua visão de
trabalho, além de características culturais e organizacionais. Isso significa que cada
trabalhador tem sua própria personalidade, o que significa que todos expostos à
superlotação não ficarão esgotados, pois depende de como o trabalhador percebe o
trabalho, principalmente em situações em que o trabalho estressante ou o trabalho

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relacionado ao cliente é susceptível de afetar os hábitos de trabalho, o que também
pode criar estresse.
A literatura científica indica que a síndrome de burnout tem sido encontrada em
diversos campos, embora algumas profissões sejam mais suscetíveis devido às
características individuais. Os maiores riscos potenciais são aqueles que exigem um
contato mais próximo com o indivíduo, principalmente aqueles relacionados às
emoções. Nesse contexto, destacam-se especialistas nas áreas de saúde, segurança
pública, educação, entre outras. Isso é evidenciado pelo fato de que os trabalhadores
muitas vezes têm que “absorver” as emoções negativas que esses empregos causam,
afetando sua saúde mental (CAMARGO; CAETANO; GUIMARÃES, 2005).
O esgotamento está associado ao nervosismo, sofrimento emocional e
problemas físicos, como dor abdominal, fadiga excessiva e tontura, sintomas esses
que pode indicar o início da doença. Outros sintomas são: dores de cabeça
frequentes, alterações de apetite, insônia, dificuldade de concentração, negatividade
constante, isolamento, fadiga, pressão alta, etc.
Conforme Cosenza (2021) a síndrome de burnout é um distúrbio psíquico
motivado pelo ambiente de trabalho, é necessário haver uma prevenção por parte das
empresas, oferecendo diferentes formas de tratamento, considerando que existem
diversas iniciativas que podem ser realizadas no dia a dia, confira algumas delas:

6.1 Informar e desmistificar o problema

Infelizmente, muitas pessoas desenvolvem a síndrome de burnout sem o seu


conhecimento. De fato, ainda há pouca informação sobre esse tema que possa ajudar
uma pessoa a reconhecer os sintomas e procurar ajuda. A razão para isso pode ser
que os funcionários da sua empresa sejam ineficazes, desmotivados ou até mesmo
ignorantes.
Portanto, é fundamental fornecer aos funcionários informações confiáveis para
que todos estejam atualizados e saibam a causa e tratamento desse distúrbio. Além

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disso, é importante dissipar alguns mitos de saúde mental para tornar mais fácil para
todos relatarem seus problemas.
Uma forma interessante de abordar o tema é envolver especialistas, como por
exemplo, psicólogos, outra forma é organizando workshops para discutir o tema. É
uma maneira interativa e diferente de falar sobre coisas que antes eram
desconhecidas, ao mesmo tempo em que promove a seriedade sobre coisas que nem
sempre são levadas a sério.

6.2 Não incentivar cargas de horário excessivas

Trabalhar horas extras todos os dias é comum, mas cada vez mais as pessoas
estão preocupadas com sua qualidade de vida e bem-estar, por isso as empresas têm
a obrigação de proteger essas bandeiras. Sua organização deve desencorajar o
excesso de trabalho que pode prejudicar sua saúde física e mental. Essa não é uma
posição que deve incentivar e elogiar os funcionários, muito pelo contrário.
Para evitar esse tipo de problema, as organizações de hoje também oferecem
políticas de trabalho remoto e horários de trabalho flexíveis, visando criar um melhor
equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

6.3 Criar programas de qualidade de vida

Uma boa maneira de demonstrar interesse especial pelo equilíbrio emocional


de um funcionário é criar um programa de qualidade de vida. É um conjunto de
técnicas e procedimentos concebidos para aumentar a satisfação e o bem-estar dos
colaboradores num ambiente empresarial.
Proporcionar benefícios voltados à promoção do bem-estar físico, trabalho
remoto, treinamento e hábitos saudáveis são algumas das formas para se fazer no dia
a dia. Entender o que os funcionários desejam em uma empresa é fundamental para

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implementar um programa que crie valor e, ao mesmo tempo, contribua para a marca
do empregador.

6.4 Oferecer a psicoterapia como benefício corporativo

Ao falar do burnout, não se pode olvidar a menção da importância do tratamento


desse transtorno. É importante que as empresas entendam que, em muitos casos,
apenas a ajuda psicológica de profissionais especializados pode ajudar a solucionar
os problemas.
Uma forma de ajudar nesses casos é oferecer psicoterapia como benefício da
empresa, que afinal ainda é um serviço caro para a maioria dos brasileiros. Cuidar da
saúde mental dos seus colaboradores é cuidar do seu negócio. Problemas como a
síndrome de burnout não podem mais ser ignorados ou minimizados. Devemos falar
sobre isso, desmistificá-lo, apoiá-lo, acolhê-lo e orientá-lo.
Quando uma organização faz tudo isso pelos seus colaboradores, ela não se
preocupa apenas com a saúde dessas pessoas, mas com a saúde da própria
empresa, e seu crescimento exige que todos se sintam motivados e felizes.
De fato, a situação atual mostra que o mundo do trabalho está enfrentando
inúmeras mudanças em sua percepção devido aos acontecimentos econômicos,
políticos e sociais. Essas mudanças se baseiam, entre outras coisas, em avanços
tecnológicos, globalização, flexibilidade nos processos de comunicação, terceirização,
sobreposição de empregos, aumento da expectativa de vida e desemprego. Nesse
caso, a insistência nas necessidades e o desejo de aperfeiçoamento profissional se
transformam em teimosia e compulsão, o que gera desequilíbrios em todas as áreas
da vida. No entanto, deve-se notar que a exaustão emocional pode interferir no
trabalho em muitos casos, mas não a causa.

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7. DOENÇAS MENTAIS EM RAZÃO DO TRABALHO

Fonte: bit.ly/3AYN7iN

Devido à natureza dos empregos atuais, o estresse no trabalho e suas


consequências na saúde dos trabalhadores estão se tornando uma preocupação.
Correntes de pensamento no campo da saúde mental e do trabalho de resolução de
problemas, das quais duas se destacam: a teoria do estresse (que investiga o trabalho
e o estresse recebendo o nome de work stress) e as ciências sociais, enfatizando as
relações de poder.
As causas do estresse no ambiente de trabalho são diversas e envolvem
episódios de assédio (uma forma de pressão psicológica ou moral), assédio
psicológico, intimidação e outras formas de violência cada vez mais comuns no
ambiente de trabalho. Esse fenômeno causa danos psicológicos e sociais, gerando
efeitos negativos para os trabalhadores e as empresas. Assim, na tentativa de lidar
com o estresse, os profissionais podem recorrer a comportamentos não saudáveis,
como o abuso de álcool e outras drogas. Além disso, crises econômicas e recessões
também levam a um aumento no estresse relacionado ao trabalho, ansiedade,
depressão e outros transtornos mentais, inclusive levando algumas pessoas ao
extremo de estarem desempregadas (DEJOURS, 1992).
Depressão, abuso de substâncias, ansiedade e estresse diário estão entre as
causas mais comuns de doenças mentais relacionadas ao trabalho entre os

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trabalhadores. No entanto, deve-se considerar que as características pessoais são
muito importantes para estabelecer uma boa relação entre trabalho e saúde mental,
pois, do ponto de vista psicológico, uma determinada atividade motivadora para uma
pessoa pode ser frustrante para a outra. E, para o bem-estar físico e psicológico, é
preciso avaliar as questões sociais, econômicas e ambientais nas quais esse
especialista está inserido.
Há muito tempo a relação saúde-trabalho-doença é objeto de pesquisa, no que
se refere às pessoas e à sociedade. As teorias sobre a relação entre doença mental
e trabalho utilizam pressupostos da teoria cognitivo-comportamental, bem como
métodos relacionados ao exercício e relaxamento para tratamento e prevenção. A
psicodinâmica se preocupa em organizar essa atividade como contribuinte para o
adoecimento mental e ansiedade, enquanto as abordagens epidemiológicas e/ou de
modelagem diagnóstica contribuem para a saúde dos trabalhadores ao abordar os
efeitos do trabalho nos processos mentais, dada a multiplicidade desta realidade.
O campo do trabalho e da subjetividade teve início na década de 80 e, a partir
da concepção do trabalhador sobre suas vivências no trabalho, atuando como eixo de
orientação para o homem. A teoria afirma que, além das características técnicas e
econômicas, o significado do trabalho vai além dos valores sociais, culturais,
valorativos e subjetivos. Buscava-se, portanto, compreender a experiência do
trabalhador e as implicações que o trabalho traz para o processo saúde-doença
(ZANELLI, 2010).
Além disso, existem outras correntes teóricas que sustentam os estudos dessa
relação, como o positivismo, que defende que o adoecimento dos trabalhadores pode
levar a riscos ocupacionais, e o materialismo histórico, baseado na determinação da
sociedade de que a carga de trabalho é considerada parte dos determinantes do
trabalho e doenças relacionadas.
Além disso, também são enfatizados os pressupostos marxistas a favor da
identificação histórica dos processos saúde-doença e da relação entre eles, dada a
relevância histórica e contextual da relação de produção dos resultados, realizados
em termos dos trabalhadores, sejam eles causadores de sofrimento psíquico.

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Assim, teorias da dinâmica psicológica do trabalho e do estresse, as
abordagens epidemiológicas e/ou baseadas em modelagem diagnóstica e domínios
subjetivos e de trabalho correspondem a modelos psicológicos, teoria que avalia a
relação entre sofrimento psíquico e trabalho. De acordo Pereira (2014), existem
muitos distúrbios relacionados ao ambiente ocupacional.
A seguir, listam-se alguns transtornos mais frequentes:

Os prejuízos causados por essas doenças mentais no ambiente de trabalho


são:

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8. ASSÉDIO MORAL E SEXUAL NO TRABALHO

Fonte: bit.ly/3zfpaCM

O assédio moral no ambiente de trabalho pode ser percebido como uma forma
de violência contra os trabalhadores, incluindo a execução de uma série de situações
ofensivas que causam vergonha, humilhação e insulto ao trabalhador. Esses
comportamentos são muitas vezes realizados por superiores, mas também podem vir
de colegas de trabalho, e em suma, visam desacreditar, isolar e desestabilizar
mentalmente esse funcionário no local de trabalho, seu local de trabalho, muitas vezes
com consequências desastrosas tanto para o funcionário e a empresa.
Para definir o assédio moral, o comportamento deve ser repetitivo, ou seja, não
ocorre esporadicamente, mas frequentemente, além disso, o comportamento do
agressor precisa ultrapassar os limites do senso comum, geralmente esperado de
uma relação de trabalho. De fato, em qualquer ambiente de trabalho, os ônus serão
necessários e parte da própria relação de trabalho, mas seus excessos podem levar
ao assédio ético (PELBART, 2000).
Para facilitar e ajudar a entender melhor, a tabela a seguir apresenta as
principais situações típicas e não específicas do assédio moral no local de trabalho:

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6.5 Consequências do assédio moral

Embora este seja um tema que muitas vezes confunde funcionários e


empresas, o assédio moral é um problema muito sério que pode ter uma série de
consequências negativas para ambas as partes. Para o funcionário, essas situações
podem deixá-lo estressado e desmoralizado, ou até mesmo levá-lo a pedir demissão.
Existem situações mais graves que podem prejudicar a saúde psicológica e
física dos funcionários, afetar suas relações emocionais e sociais e, em situações
graves, levar à incapacidade ou até mesmo à morte. Por sua gravidade, esse
comportamento deve ser devidamente prevenido pelos colaboradores e pela própria
empresa, criando um ambiente de trabalho saudável para todos (PELBART, 2000).

O exemplo citado acima é do filme “Tempos Modernos”, do mesmo modo, o


assédio moral no ambiente de trabalho também não é bom para a empresa, pois em
situações graves pode levar à obrigação de pagar danos morais ao empregado. Além
disso, o tédio (desânimo) dos funcionários pode levar a uma menor produtividade,
maior rotatividade de funcionários, mais absenteísmo e licenças médicas,
aposentadoria antecipada de funcionários, custos médicos e de fisioterapia, aumento

30
de erros e acidentes de trabalho, danos à sua marca, multas administrativas e muitas
outras consequências negativas.
A permanência de situações de assédio quando prolongado, causa
instabilidade emocional na vítima, caracterizando um estado latente patológico em
que a incapacidade de superar o ocorrido é entendida como um novo golpe a
enfrentar, vai enfraquecendo gradativamente a força do profissional. Entre os
problemas que podem surgir, os autores destacam também as síndromes de pânico
e burnout.
O comportamento das vítimas irá interferir em outras áreas de seu
relacionamento, muitas das quais acabam recriando situações de violência em
ambientes familiares e sociais. Outros optam por se isolar da família e dos amigos, o
que aumenta as fragilidades e aumenta o impacto e as consequências da experiência
vivida (PELBART, 2000).

9. CUIDADOS EM TEMPOS DE HOME OFFICE

Fonte: bit.ly/3Oi5NgC

Ao que tudo indica, nesse período de pandemia uma das transformações desse
período está aqui. As empresas que implementaram o home office rapidamente

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acharam o sistema benéfico, por reduzir os custos operacionais e por ajudar os
funcionários a trabalharem com mais eficiência (LIMA; BRIDI, 2019).
Os dados da home office pós pandemia tem mostrado impactos em diversas
áreas da saúde mental. Afinal, eles não perdem tempo no deslocamento para o
trabalho, podem aproveitar melhor o tempo livre e ter mais qualidade de vida. Portanto,
a previsão é que o home office cresça mais ainda.
No entanto, a liberdade que um home office proporciona também pode
acarretar riscos à saúde. Se os trabalhadores não tomarem os devidos cuidados,
podem sofrer de doenças na coluna, além dos hábitos que levam ao ganho de peso e
suas consequências.
Para muitos profissionais, trabalhar em casa significa passar muitas horas na
frente de um computador. Embora você possa realizar suas atividades em qualquer
ambiente de sua casa, é importante ter um local adequado que permita observar
determinados tratamentos posturais (LIMA; BRIDI, 2019).

Caso a empresa sinalize a possibilidade de ficar em casa, considere comprar


uma cadeira confortável. Isso ajudará a evitar problemas nas costas e permitirá que
você trabalhe com mais conforto.

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Vale destacara necessidade em não trabalhar com a tela muito baixa. Isso o
forçará a abaixar os ombros e forçará o pescoço a apoiar a cabeça por horas. Além
de causar dor nessa área, essa postura pode causar alguns problemas a médio e
longo prazo.

Além das notas sobre postura, também não podemos ignorar as


recomendações para nos ajudar a manter a saúde ao trabalhar em casa. Enquanto
trabalham em casa, muitos profissionais não são rígidos com os horários das refeições
ou são muito sedentários, principalmente quando as academias estão fechadas. Por
isso, separamos também algumas dicas relacionadas a essas questões:

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Um outro problema para o home office é a proximidade de geladeira e armário.
Pois desse modo, durante os intervalos ou até mesmo nos momentos de ansiedade,
a primeira atitude é correr para a cozinha, e comer em horários inadequados. Além de
descontrolar o peso, esse hábito também é prejudicial ao sistema digestivo, que
precisa de descanso (intervalo) para fazer seu trabalho corretamente e relaxar (LIMA;
BRIDI, 2019).
A pessoa que já tem esse hábito de ingerir guloseimas ou doces durante a
pandemia, deve substituir os alimentos sólidos, como por exemplo deixando uma
garrafinha de água ou chá ao seu alcance. Dessa forma, sempre que aparecer aquela
vontade de correr para a cozinha, beba a água primeiro, pois, na maioria das vezes o
cérebro pede por líquidos, e não comida.

Estudos mostram que mesmo para pessoas que se exercitam diariamente, ficar
sentado por mais de três horas continuamente aumenta o risco de problemas
cardiovasculares. Portanto, não se movimentar ao longo do dia também é um estilo
de vida sedentário. Planeje sua rotina para não ter essas complicações (LIMA; BRIDI,
2019).

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No entanto, se a luz natural não for possível, mantenha o ambiente bem
iluminado. A luz deve ser suficiente, uniforme, não ofuscante, e não causar fadiga
visual. As lâmpadas que continuam a piscar devem ser substituídas. Deve haver um
equilíbrio entre a luz da tela e a luz ambiente. O brilho excessivo e o contraste em
uma sala escura exigem mais esforço visual para ver com clareza.

Outra medida muito válida é desligar a tela algumas horas antes de ir para a
cama. Assim, seu cérebro entenderá que é hora de descansar e preparar todo o corpo
para um boa noite de sono. Praticando os exercícios mesmo estando em casa, é
possível manter uma rotina de exercícios. Muitos especialistas em educação física
compartilham exercícios que podem ser feitos em seu quarto que o ajudarão a passar
por esse período mais saudável.

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10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARANTE, P. Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil.


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Florianopólis, Jan-Mar; v. 16, n. 1, 2007.
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Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 18 jul.
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CAIRUS, H. F.; RIBEIRO JUNIOR, W. A. Textos hipocráticos: o doente, o médico
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CAMARGO, D., CAETANO, D., GUIMARÃES, L. A M. Psiquiatria Ocupacional II –
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FROMM. Erich. Conceito marxista do homem. 8. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores,
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LIMA, Jacob; BRIDI, Maria Aparecida. Trabalho digital, emprego e flexibilização: a
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PELBART, P. P. Saúde mental no trabalho: desafios e soluções. São Paulo:
Editora CIPA, 2000.

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PELBART, P. P. Sob o fio da ameaça, a captura do sentido. Aliás. O Estado de São
Paulo, 2006.
PEREIRA, E. F. et al. Estresse relacionado ao trabalho e queixas musculoesqueléticas
em músicos de orquestra. Revista Dor, São Paulo, v. 15, n. 2, 2014.
ZANELLI, J. C. Estresse nas organizações de trabalho: compreensão e
intervenção baseadas em evidências. Porto Alegre: Artmed, 2010.

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