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Psicologia do

Trabalho
Prevenção e Gerenciamento dos males Psicossociais no Ambiente
Profissional

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Flávia Alves Ribeiro Monclùs Romanek

Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Unidade Prevenção e Gerenciamento dos males Psicossociais
no Ambiente Profissional

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:

Thinkstock/Getty Images
• Prevenção e Gerenciamento dos males
Psicossociais no Ambiente Profissional

• Aprender a manipular e valorizar os recursos e os processos disponíveis para


a prevenção e/ou o gerenciamento dos males psicossociais no ambiente
profissional.

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

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Unidade: Prevenção e Gerenciamento dos males Psicossociais no Ambiente Profissional

Contextualização

O manejo dos males psicossociais no ambiente profissional objetiva estabelecimento da


manipulação e a valorização dos recursos e dos processos disponíveis para a prevenção e/ou o
gerenciamento dos males psicossociais no ambiente profissional.
Dados da Organização Mundial da Saúde (World Health Organization), no ano de 2009,
apontam que o estresse no trabalho se relaciona primeiramente aos conflitos, segundo ao
absenteísmo e terceiro, consequência dos demais, pode ter relações com os índices de mortalidade
da população.

Texto 1: World Health Organization. Prevention and control of noncommunicable


diseases: implementation of the global strategy. Geneva, World Health Organization, 2009.
Disponível em: http://www.who.org

Chiavenato (2004) aborda as possibilidades de uso para o gerenciamento dos males


emocionais do trabalhador.

Texto 2: Chiavenato I. Administração por objetivos: focalizando resultados. In: Chiavenato


I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 3 ed. rev. e atualizada. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2004.

A leitura e a compreensão acerca dos materiais relacionados à identificação dos males à


saúde emocional no ambiente profissional se tornam importantes para a formulação de bases
para as ações da Enfermagem do Trabalho

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Prevenção e Gerenciamento dos males Psicossociais no Ambiente Profissional

Para iniciar a questão tema central desta unidade, quero sugerir a você a leitura e análise
deste trecho de (Costa, Ferreira, Romanek, Cartaxo, 2014):

“A equipe de Enfermagem que atua no Centro Cirúrgico


vive com frequência situações de conflito o que pode refletir
direta ou indiretamente na qualidade de vida no trabalho e
consequentemente na assistência de perioperatória. Assim,
situações conflituosas são geradas por diversas causas que
afligem os seres humanos, podem ser vista de forma positiva
ou negativa, sendo que, na maior parte do tempo são
consideradas negativas.”

Este estudo, do tipo revisão bibliográfica e análise qualitativa, foi conduzido por enfermeiras
interessadas em descrever e conhecer as causas de conflitos entre os trabalhadores da equipe
de Enfermagem e destes com os demais profissionais de outras áreas médicas atuantes no setor
e a chefia.
Os dados foram coletados em artigos publicados em português, inglês e espanhol no período
entre 2006 e 2011 a partir dos Descritores de Ciências de Saúde estabelecidos previamente.
Dos achados, analisados qualitativamente pela análise de conteúdo temático proposta por
Minayo (2007) , emergiram duas categorias:
• “Elementos desencadeadores de conflitos entre a equipe perioperatória”;
• “Os profissionais envolvidos nos conflitos no Perioperatório”.
Em relação à primeira categoria, “Elementos desencadeadores de conflitos entre a equipe
perioperatória”, há menção dos fatores que foram observados pelos autores como os que, com
mais frequência, causam conflitos no ambiente do Centro Cirúrgico.
Em outras palavras, a literatura disponível para pesquisa no período do estudo destaca que
fatores relacionados ao trabalho, ao ambiente profissional podem representar riscos para que os
trabalhadores de Enfermagem, especificamente, vivenciem conflitos no seu local de trabalho.
O estudo que cito acima se baseia em literatura de Centro Cirúrgico, mas seus achados também
podem se relacionar à prática de trabalho na área da saúde e nas atividades laborais em geral.
Dados da Organização Mundial da Saúde (World Health Organization) , no ano de 2009
apontam que o estresse no trabalho se relaciona primeiramente aos conflitos, ao absenteísmo e
consequência dos demais, pode ter relações com os índices de mortalidade da população.
Com isso, de acordo com os resultados alcançados no desenvolvimento da pesquisa, para os
trabalhadores, os males relacionados ao estresse podem gerar faltas, as quais, frequentemente,
diminuem a motivação para o trabalho, queda na qualidade de seu serviço e aumento do risco
de conflitos, os quais, para a administração da instituição, representam queda na produção do
trabalho com qualidade o que se relaciona ao prejuízo. Vale destacar que ambos os cenários são
indesejados por trabalhadores e por chefia.

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Unidade: Prevenção e Gerenciamento dos males Psicossociais no Ambiente Profissional

Conforme discutimos nas Unidades anteriores, o enfermeiro do Trabalho necessita


desenvolver e exercitar as competências relacionadas:
• ao diagnóstico, à identificação dos males psicossociais
relacionados ao trabalho;
• ao estabelecimento do planejamento, sugestivamente o
Estratégico Situacional (PES), para a determinação dos objetivos
que devem se relacionar à prevenção destes males.
Nesta Unidade, vamos discutir sobre as estratégias disponíveis que são recomendadas para
essa prevenção de males psicossociais no ambiente de trabalho.
Após, apresento um artigo como sugestão de leitura, pois aborda a
relação que se estabelece entre ambiente de trabalho e qualidade de vida
no trabalho.
(Heloani, Capitão, 2003) afirmam que:

Quando a realidade de trabalho vivenciada é ruim para a


qualidade de vida do profissional o psiquismo humano, ou seja,
a saúde mental pode ser abalada, fazendo com que as pessoas
sintam-se desvalorizadas e por isso produzam menos no ambiente
laboral:
“Atualmente, observa-se uma pressão constante contra a grande
massa de trabalhadores existente em quase todo o mundo ... exige-
se um trabalhador complexo, que saiba muito mais além do que
seria preciso para a execução de determinada tarefa”.

Podemos compreender, no discurso dessas autoras acima citadas, que uma estratégia possível
com vistas a prevenção de males psicossociais para o trabalhador é o uso da comunicação para
o estabelecimento da administração por objetivos que valorizem o profissional em um ambiente
enriquecedor objetivando o desempenho das suas atividades, de maneira produtiva, motivada,
empenhada e engajada.
Assim, a participação para a resolução desses casos da Enfermagem do Trabalho é
fundamental, uma vez que suas ferramentas de comunicação está com ambas partes envolvidas.
Além de seu objetivo de prevenir doença e promover saúde no ambiente laboral, é fundamental
para que a ocorrência do mal psicossocial se restrinja ao plano prevenção e não à resolução do
problema, salvo e com exceção aos casos em que a prevenção não seja possível, mesmo após
as tentativas.
Nesse sentido, como alternativa para a prevenção e o gerenciamento de possíveis
consequências negativas para o trabalhador e para a empresa, a partir da literatura acima citada,
pode-se recomendar o uso da Teoria da Administração por Objetivos como embasamento
da administração e da Enfermagem do Trabalho, setor que tem importante papel no que se
relaciona ao desenvolvimento da comunicação entre os trabalhadores e suas chefias.
No processo em que a administração acontece por objetivos, volta-se para as expectativas dos
trabalhadores, responsáveis pelo operacional em associação com a chefia, com os profissionais
que detêm o poder de decisão.

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Acordar os dois tipos de linguagem, para não dizer interesses, de cada um desses dois grupos
é papel da Enfermagem do Trabalho.
Chiavenato (2004), autor que é sugerido nesta disciplina desde a primeira unidade, aborda
a Teoria da Administração por Objetivos como um método atual e eficaz na administração,
uma vez que a instituição traça metas que devem ser alcançadas em relação à produção e o
profissional, por sua vez é orientado sobre essas metas e as maneiras pelas quais há expectativa
de seu alcance.
Se os colaboradores estiverem cientes do que se espera que façam (se lembra do Planejamento
Estratégico Situacional?) e da maneira como se espera que façam, certamente, operacionalizarão
a tarefa em conjunto com a chefia e não, simplesmente, porque lhes foi delegado.
Os objetivos estabelecidos para a prevenção dos males psicossociais do trabalhador podem
ser divididos em três tipos (Chiavenato, 2004) :

São objetivos maiores do ponto de vista da hierarquia,


Estratégicos amplos e são estabelecidos em um prazo maior.

São característicos de cada setor, ou seja, são


Táticos especificamente relacionados às necessidades de cada
local da instituição e acontecem em prazo médio.

Relacionam-se aos procedimentos executados


Operacional detalhadamente e são determinados em menor prazo
do que os demais.

Em relação aos adjetivos da Administração por Objetivos, Chiavenato (2004) aponta que
a comunicação deve fluir entre todos os níveis de hierarquia da instituição de trabalho, o que
favorece a liderança e o direcionamento de recursos humanos, de recursos materiais e do
próprio ambiente laboral, estimulando a participação do profissional e o desenvolvimento da
sua motivação, alimentando o sistema de produtividade em quantidade e qualidade no trabalho.
Para isso, a avaliação necessária é constante por todas as partes envolvidas, administração e
nível operacional e, a partir desta, o treinamento dos pontos, que devem ser melhorados, pode
ser implementado, assim como a manutenção dos pontos positivos.
O objetivo é alcançado a partir do controle do processo de administração e liderança dos
recursos humanos trabalhadores.
De acordo com este autor, a prevenção dos males psicossociais mais a produtividade da
instituição e da qualidade do serviço que se destina a prestar ou produzir tenderá a acontecer.
O trabalhador passa pelo uso desta teoria, traça os seus próprios objetivos ao executar a
ação. Então, é importante que seja escrito a você que os objetivos não necessariamente serão
os mesmos da administração superior, o importante é que eles existem para o trabalhador.
Diferenças em relação às expectativas de cada um dos lados envolvidos no processo de
trabalho são possíveis e talvez até frequentes, o importante é que sejam conjugados entre si,
mesmo que em momentos diferentes.

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Unidade: Prevenção e Gerenciamento dos males Psicossociais no Ambiente Profissional

Neste contexto proposto pela Teoria da Administração por Objetivos, a Enfermagem


do Trabalho previne e/ou maneja problemas psicossociais do trabalhador mediante o auxílio
para o estabelecimento das metas próprias deste trabalhador, ou do grupo de trabalhadores ou
ainda ambas situações. Além disso, promove a orientação sobre as metas ou os objetivos da
instituição.
O papel do profissional do trabalho é relevante para que o diagnóstico da situação que
possivelmente desencadeará problemas à saúde do trabalhador aconteça e vise a sua prevenção.
Chiavenato (2004) cita que os resultados a serem alcançados em experiência, que utilize a
Administração por Objetivos, são:
• Focalização no futuro;
• Visualização para fora;
• Orientação para as pessoas;
• Orientação para clientes;
• Orientação para resultados;
• Criação de inovações;
• Ênfase no para quê;
• Ênfase em pessoas, mentalidade e tempo;
• Iniciativa descentralizada dos subordinados;
• Estilo participativo;
• Delegação e responsabilidade;
• Trabalho em equipe.

A liderança é compreendida como a capacidade de influenciar as pessoas a realizarem suas


atividades propostas com zelo e dedicação.
Essa compreensão a torna ferramenta importante a ser utilizada pelo enfermeiro do Trabalho
no que se relaciona ao gerenciamento, prevenção e manejo dos males psicossociais no ambiente
do profissional.

Partindo dessa premissa, sugere-se a leitura de artigo produzido por Lanzoni, Meirelles
(2013). Disponível em:
http://ref.scielo.org/vnkx9t

As autoras trabalharam nessa publicação, objetivando compreender as contribuições do


enfermeiro no que se relaciona ao trabalho dos agentes comunitários de saúde (ACS) em suas
relações e interações.
Os dados foram coletados qualitativamente a partir de entrevista direcionada pela questão
inicial:
“Como você compreende e experiência as contribuições
do enfermeiro nas relações e interações do ACS com
equipe de saúde e comunidade?”
Junto a profissionais enfermeiros, médicos, odontólogos e os próprios ACS.

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Dessas informações, emergiram resultados relacionados à liderança do enfermeiro. Assim,
o profissional no desempenho da liderança foi considerado importante para o desempenho
profissional positivo dos agentes comunitários de saúde, proporcionando comunicação e
segurança no ambiente profissional.

A comprovação das percepções coletadas no estudo aconteceu pela constatação da


diminuição da rotatividade dos profissionais, além do relato do “bom relacionamento” entre os
profissionais.

Além disso, o fato de se posicionar enquanto membro da equipe, intermediando o diálogo


entre os profissionais que ocupam cargos de administração superior e os que exercem atividades
operacionais, no caso do estudo em questão, os ACS, representou para os participantes
importante manifestação de liderança. Possivelmente, previne males psicossociais no ambiente
profissional.

O poder é outro elemento a ser utilizado como ferramenta pelo enfermeiro do trabalho
para o gerenciamento e/ ou a prevenção de males psicossociais relacionados ao desempenho
profissional e neste ambiente.

Quando o poder é compartilhado ou delegado parcialmente ao grupo de trabalho, no nível


operacional, nesse caso, é chamado “empowerment” e corresponde ao empoderamento
do trabalhador.

Atender-lhe os objetivos de modo a aumentar a motivação pelo seu reconhecimento enquanto


membro participante da estrutura da instituição.

Portanto, o enfermeiro do trabalho exerce, neste processo, importante papel no que se


relaciona à facilitação da interpretação das formas nas quais o empowerement se manifesta.

Nessa direção, é primordial a realização de reuniões periódicas para que sejam expostas as
percepções dos trabalhadores e a explanação dos seus objetivos em relação às suas atividades
e expectativas; afinal, são estratégias para o empowerment.

Outra maneira é a elaboração de impressos próprios relacionados à pesquisa de opinião


no e sobre o ambiente de trabalho. Isso pode estimular a exposição de opiniões, positivas e
negativas, além de possibilitar a proposição de medidas.

Em relação à motivação, sugere-se primeiramente exercício de reflexão, baseado nos registros


de (Bendassolli, 2012):

“Ser reconhecido coincidiria com as qualidades valorizadas


pela organização do trabalho – por exemplo, alcançar
determinadas metas ou apresentar certos padrões de
desempenho.
Para os coletivos, há efeitos problemáticos de estratégias
de reconhecimento baseadas em critérios de eficiência
e eficácia, pois elas tendem a diferenciar as pessoas
conforme seu nível de contribuição para o alcance dos
resultados do grupo ou equipe, refletindo uma lógica
puramente instrumental.

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Unidade: Prevenção e Gerenciamento dos males Psicossociais no Ambiente Profissional

Um desafio para os psicólogos que atuam no campo do


trabalho é contribuir para que o domínio do reconhecimento
não se confunda com o da avaliação de desempenho ou a ele
se restrinja.”

Em relação à ferramenta motivação, acima mencionada pelo trecho do autor do artigo,


pode-se inferir que a motivação é o elemento que pode ser utilizado na Enfermagem do Trabalho
para melhorar o desempenho do profissional, mediante o reconhecimento de suas expectativas
e as adequando às recompensas almejadas e possivelmente ofertadas.
Quando há diferenças entre os dois aspectos, expectativas e recompensas grandes o
suficientes para causar conflitos e estresse no trabalho, ocorre necessidade de intervenção para
adequação das proporções, papel a ser cumprido pela Enfermagem do Trabalho, tendo em vista
a necessidade de prevenção de males psicossociais do profissional.
A premissa da motivação é propor ao profissional os motivos (recompensas) que o levem ao
desempenho da ação esperada pela instituição.
Nessa equação, o enfermeiro do trabalho necessita intermediar o processo de discussão e
esclarecimento para a chefia sobre as expectativas que o trabalhador espera receber.

Para saber mais: Mendes, Araújo Junior, Furtado, Duarte, et al, 2013. Condições e
motivações para o trabalho de enfermeiros e médicos em serviços de emergência de alta
complexidade. Ver. Bras. Enferm., Brasília 2013 mar-abr; 66(2): 161-6. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672013000200002

A motivação no ambiente de trabalho de 42 enfermeiros e 84 médicos atuantes em Serviços


de Emergência estaduais no Município do Recife (Pernambuco), entre o período de outubro
de 2006 e janeiro de 2007 foi estudada. Para a abordagem da motivação no trabalho desses
profissionais foi utilizada a avaliação intermediada por valores do trabalho pela aplicação da
Escala de Valores Relativos ao Trabalho (EVT). Dessa forma, objetivando a verificação dos itens
de estrutura de trabalho nas instituições, foi solicitada ao profissional a opinião sobre:
• o que se relaciona ao conforto;
• aos equipamentos e insumos;
• a quantidade de profissionais;
• meios de diagnose e terapia;
• suporte de laboratório; e
• gerenciamento do trabalho.

Em relação aos resultados, obteve-se que o tempo de formado dos enfermeiros e médico
variou entre 5 e 14 anos, 45,2% entre enfermeiros e 56,0% entre médicos. O tempo de trabalho
dos profissionais variou entre 52,4% de enfermeiros e 66,7% dos médicos têm menos de 5
anos nas emergências. Além disso, constatou-se que os enfermeiros possuem maior tempo de
permanência (33,3%) do que os médicos (19,0%) no Serviço de Emergência.

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Quanto à escolha do profissional para trabalhar na emergência, a maioria (78% dos
enfermeiros e 83% dos médicos) teve essa escolha pelo ponto de vista pessoal.

No que concerne à motivação, os profissionais relataram que a realização profissional é o


fator mais importante, seguido das realizações sociais, estabilidade e prestígio.

No que se refere ao conforto como item de trabalho, 69,8% dos profissionais percebe como
ruim, assim como a manutenção de equipamentos (67,7%). Houve alto percentual de
respostas “Ruim” em referência ao número de atendimentos por turno.

O item melhor avaliado foi o de meios diagnósticos e terapêuticos com 29,0% de


resposta “Bom”, principalmente, o “Suporte do Banco de Sangue” (45,2%).

Em seguida, aparece a o dimensionamento de profissionais, com 26,1% de “Bom”,


sendo que a maior percepção positiva se refere à quantidade de médicos (33,2% Bom).

Os pesquisadores inferem, com base nesses dados discutidos a partir da literatura pertinente,
que os fatores percebidos como positivos pelos trabalhadores podem se relacionar à motivação
para produzir mais e melhor no ambiente laboral, com maior presteza, ou seja, promover a
participação do profissional na decisão do ambiente de trabalho pode constituir estratégia de
motivação, aumentando a produtividade.

Assim, esta Unidade se encerra a partir do entendimento das ferramentas disponíveis para a
prevenção dos males psicossociais no ambiente de trabalho.

Agora, destaca-se outro estudo, desenvolvido no Município de Aracaju (Sergipe) junto a 20


enfermeiros sobre as suas percepções e o significado de equipe motivada e as estratégias utilizadas
para o alcance da motivação. Para a coleta dos dados, foi aplicado um questionário constituído
com perguntas sobre o tema, as informações coletadas foram abordadas qualitativamente pelo
método da análise de conteúdo na modalidade categorial.

Além disso, os enfermeiros atuavam no setor de Pronto Socorro, no Setor de Internação (Clínica
Médica e Cirúrgica), na Unidade Semi-Intensiva, na Unidade de Tratamento de Queimados, na
UTI Pediátrica, na Pediatria e no Centro Cirúrgico. Dos 20, 18 eram do sexo feminino e dois
do sexo masculino, a média do tempo de formação dos profissionais participantes da pesquisa
foi de 9, 7 anos.
Dos resultados, emergiram as informações:
• O significado de motivação foi atribuído por 17 enfermeiros
como sendo um conjunto de técnicas.
• As técnicas mencionadas como sendo a fonte de motivação
dos indivíduos foram: ambiente de trabalho organizado,
bons salários, carga horária de trabalho reduzida, cursos de
capacitação.
• Três enfermeiros perceberam a motivação como elemento
próprio do indivíduo, ao entusiasmo, necessidade de realização
e reconhecimento profissional.

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Unidade: Prevenção e Gerenciamento dos males Psicossociais no Ambiente Profissional

Em relação à percepção da motivação da equipe que lidera, os achados foram:


Para 12 enfermeiros, suas equipes não são motivadas e apontaram os seguintes fatores
como causadores da desmotivação:
• sobrecarga de trabalho;
• falta de reconhecimento dos gestores;
• ausência de bom relacionamento entre gerência de
enfermagem e equipe assistencial.

A desmotivação percebida na equipe está relacionada aos fatores que estão intimamente
ligados com a questão da autorrealização do indivíduo e do tipo de tarefa que ele exerce e o
componente salarial assume uma conotação diferente. Se dentro da teoria dos dois fatores ele é
apenas um recurso utilizado para garantir a satisfação no ambiente de trabalho, nesse contexto,
o salário possui também um significado de forma de reconhecimento do trabalho.
Entretanto, 08 enfermeiros (40%) consideraram suas equipes motivadas e apontaram nelas
as seguintes características:
• trabalho em equipe;
• realização das tarefas com agilidade e sem questionamentos;
• não questionamento das escalas diárias de atribuições.

Foi questionado também se os enfermeiros consideravam motivadoras as seguintes políticas


motivacionais utilizadas por eles:
• participação de toda equipe na elaboração de planos
assistenciais;
• estabelecimento de liderança democrática;
• cultivo de bom relacionamento entre os membros da equipe;
• reconhecimento de um bom trabalho executado.

Uma parcela significativa de entrevistados respondeu que não se considerava motivadora


da sua equipe. Relacionam essa desmotivação à ausência de fomento, à falta de tempo para
colocá-la em prática e, até mesmo, à carência de motivação própria.
Entretanto, três respondentes afirmaram que não se consideram motivadores da sua equipe,
simplesmente, pelo fato de não possuírem uma equipe fixa, dada a rotatividade dos enfermeiros.

Os autores concluem que elementos desencadeadores de


desmotivação na equipe de trabalho se relacionam à rotatividade,
ao salário, às condições de estrutura e recursos.

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Material Complementar

Para aprofundamentar seus conhecimentos no tema da unidade, segue abaixo


um link sobre a “Motivação da equipe e estratégias motivacionais adotadas
pelo enfermeiro”:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672010000100006

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Unidade: Prevenção e Gerenciamento dos males Psicossociais no Ambiente Profissional

Referências

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Anotações

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