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Comportamento Verbal

Dra. Ana Rita Coutinho Xavier Naves


CRP: 01/11281
Comportamento Verbal

Comportamento
Operante

Reforço Comunidade
Mediado Verbal
Conceitos Importantes
• Reforço do comportamento verbal:
– A maior parte do comportamento verbal depende
de reforço social.
– O comportamento verbal exige apenas reforço
intermitente para ser mantido.
– Reforço mediado:
• Ocorre depois que uma resposta foi emitida;
• Aumenta a probabilidade futura desta resposta;
• É resultado da ação de outro indivíduo.
Comportamento Verbal
• É estabelecido e mantido por reforço;
• O reforço é mediado por outra pessoa;
• O comportamento da outra pessoa que resulta
em reforço deve ter sido especificamente
treinado para reforçar o falante.
• Irrelevante:
– Topografia do comportamento: músculos usados,
gestos, etc...
– Características dinâmicas da resposta: velocidade,
intensidade, etc.
– Estímulo verbal ou não-verbal
Comportamento Verbal
• É um tipo de comportamento operante e
como tal, apresenta variabilidade;
• Todo comportamento verbal envolve
comunicação, mas nem toda forma de
comunicação é comportamento verbal (e.g.,
comunicação entre os pássaros – padrão fixo
de ação).
Conceitos Importantes
• Comunidade verbal:
– O comportamento verbal ocorre geralmente na
presença de outra pessoa (ouvinte como um SD)
– A audiência muitas vezes seleciona o assunto ao
reforçar diferentes tipos de operantes verbais.
– “As pessoas que ouvem e reforçam o que uma
pessoa diz são membros da comunidade verbal
dessa pessoa – o grupo de pessoas que falam
entre si e que reforçam as verbalizações umas das
outras.”(Baum, 2005/2007, p. 137)
Fala
Gestos como Eventos que
apontar pertencem às 3
categorias: pessoas
falando com outras
Comportamento
Verbal pessoas

Fazer sinais
Gritos ou
outros sons

Escrever um “Uso de Comportamento Animal não-


livro na linguagem” Vocal humano pode
emitir sons
intimidade
do escritório, (chamado de
sem ouvinte alarme como
padrão fixo
Recitar um poema de ação)
para si mesmo
Aprendizagem do comportamento
verbal
• Modelagem:
– uma nova resposta operante é aprendida por meio do
reforçamento diferencial (em geral, a combinação de
reforçamento posiBvo e exBnção) de respostas cada
vez mais próximas da estabelecida como objeBvo.

• Aprendizagem genera@va:
– Um novo padrão surge não da construção direta, mas
da recombinação espontânea, não diretamente
treinada, de certos padrões pré-existentes
(estabelecidos de modo independente).
Correspondência ponto-a-ponto:
– O esPmulo discriminaQvo deve ter dois ou mais
componentes;
– A resposta deve ter dois ou mais componentes;
– O primeiro componente do esPmulo deve
controlar a primeira parte da resposta, o segundo
componente do esPmulo deve controlar a
segunda parte da resposta e assim por diante
(e.g., falar “cachorro”, diante da palavra escrita
“cachorro”)
• Controle formal:
– Há correspondência ponto-a-ponto entre as
variáveis de controle e a resposta.
• Dizer “estímulo” diante da palavra “estímulo”
• Controle temático:
– Não há correspondência ponto-a-ponto entre as
variáveis de controle e a resposta.
• Dizer “resposta” diante da palavra “estímulo”
Divisão dos Operantes Verbais
Controle Formal Controle Temático

• Ecóico • Tato
• Cópia • Mando
• Intraverbal
• Tomar Ditado • Autoclítico
• Textual
Ecóico
• A resposta é vocal;
• É controlada por um estímulo antecedente verbal
auditivo;
• Há correspondência ponto-a-ponto entre o
estímulo e a resposta (controle formal) – não é
definido pela correspondência acústica, mas pela
correspondência de unidades fonéticas;
• O significado (o falante entender aquilo que
ecoou), não entra na definição de
comportamento ecóico.
Transcrição/ Cópia
• A resposta é escrita;
• É controlada por um estímulo antecedente verbal
escrito por outra pessoa;
• Há correspondência ponto-a-ponto entre o estímulo e
a resposta (controle formal);
• Na transcrição não há a necessidade de haver
similaridade formal (a letra A escrita de diferentes
formas), já na cópia, propriedades geométricas
similares, são uma característica crítica em sua
definição;
• O significado também não entra em sua definição.
Comportamento Textual
• A resposta é vocal;
• É controlada por um estímulo antecedente verbal
escrito;
• Há correspondência ponto-a-ponto entre o estímulo e
a resposta (controle formal);
• O significado também não entra em sua definição.
• “A leitura com compreensão inclui outros
comportamentos com ou sem fala vocal ou subvocal,
assim ela é mais (provavelmente muito mais) do que
simplesmente um comportamento textual”(Catania,
1998/1999, p. 256).
Tomar Ditado
• A resposta é escrita;
• É controlada por um estímulo antecedente
verbal vocal;
• Há correspondência ponto-a-ponto entre o
estímulo e a resposta (controle formal);
• O significado também não entra em sua
definição.
Análise Funcional (Controle
Formal)
Antecedente Comportamento Consequência
Ecóico
SD Auditivo Resposta Vocal Consequência
Social Generalizada
Transcrição/Cópia
SD escrito Resposta Escrita Consequência
Social Generalizada
Tomar Ditado
SD Auditivo Resposta Escrita Consequência
Social Generalizada
Textual
SD Escrito Resposta Vocal Consequência
Intraverbal
• A resposta é verbal;
• É controlada por um estímulo antecedente
verbal;
• Não há correspondência ponto-a-ponto entre
o estímulo e a resposta (controle temático).
– E.g., responder “Bem” diante da pergunta “Como
você está?”
Intraverbal
• Um link na cadeia de respostas intraverbal
está sob controle exclusivo do link
precedente.
• Se interrompermos a cadeia de respostas
intraverbais de um falante, o controle pode
ser perdido.
• Associação livre – depende de história de
reforço.
• Tradução.
Intraverbal
• Informal: Aprendido no cotidiano
– Tudo bem?
– Tudo.
• Formal: Aprendido no ensino sistemático
– Quem descobriu o Brasil?
– Pedro Álvares Cabral
• Idiossincrático: Encadeamento particular a um
falante
– Como você está?
– Estou ótima.
Tato
• A resposta é verbal;
• É controlada por um estímulo antecedente
não-verbal, um objeto ou um evento, ou uma
propriedade de um objeto ou evento;
• Não há correspondência ponto-a-ponto entre
o estímulo e a resposta (controle temático).
– E.g., dizer “flor” diante da presença de uma flor.
Mando
• A resposta é verbal;
• A forma da resposta é controlada por uma
operação estabelecedora;
• Não há correspondência ponto-a-ponto entre
o estímulo e a resposta (controle temático).
– E.g., você tem um compromisso e quando você
olha para o seu relógio verifica que ele está
parado. Você pergunta a uma pessoa próxima
“Que horas são?”
Análise Funcional (Controle
Temático)
Antecedente Comportamento Consequência

Tato
SD Não-verbal Resposta Verbal Consequência Social
Generalizada
Mando
Operação Resposta Verbal Consequência Social
Estabelecedora Específica
Intraverbal
SD Verbal Resposta Verbal Consequência Social
Generalizada
Relações funcionais perturbadoras
• Tatos inadequados: Dificuldade em descrever os
próprios comportamentos e eventos ambientais:
– Observações pobres: Faltam dados sobre as contingências
• C: Eu quero sair do meu emprego.
• T: É?
• C: Está impossível trabalhar com o meu chefe.
• T: Como?
• C: Ele me trata horrivelmente.
• T: O que ele faz?
• C: Ele não me trata como um ser humano.
• T: O que ele faz?
• C: Hoje ele me deixou tão nervoso que eu quis bater nele.
• T: O que ele fez?
• C: Ele é um idiota...
– Uma observação pobre deve ser trabalhada antes da
queixa propriamente dita.
Tatos inadequados
• Mentira: Relato de evento que não ocorreu
• Se o terapeuta pressiona o cliente a emitir respostas que têm a
forma de tatos específicos, mas não se assegura de que seu
comportamento verbal está sob controle de estímulos
discriminativos relevantes, ele pode evocar comportamentos no
cliente que se assemelham a tatos, mas que não são.
• O comportamento de mentir é usualmente, se não sempre, um
comportamento de esquiva – a presença de um ouvinte que pode
liberar uma punição, é um evento crítico na emissão de uma
mentira.
• É importante ressaltar que tatos fidedignos é mais importante do
que o relato de eventos que são reforçadores para o ouvinte.
Tatos inadequados
• Por que alguém vem para terapia e torna impossível a
ajuda terapêutica?
– O cliente pode não querer ajuda.
– O cliente pode estar na terapia em busca de amor e
atenção, não de ajuda.
• O terapeuta deve modificar o comportamento verbal
de um controle de audiência indesejável em mentir,
para as relações entre contingências, advindas de um
tato adequado.
• O terapeuta deve reforçar o relato de comportamentos
perturbadores e então tornar estes comportamentos
perturbadores como ponto de partida para um
trabalho de resolução de problemas.
Tatos inadequados
• Negação:
– O cliente não consegue responder verbalmente a um
evento enquanto ele pode responder verbalmente a
um mesmo tipo de evento sob outras condições.
• “Eu pensei que nós tínhamos o casamento perfeito”
– Os eventos que o cliente nega têm um efeito
emocional no cliente que não é reconhecido por ele
como relacionado ao evento.
• Falta de sono, irritabilidade.
– A operação estabelecedora para a negação é a
punição inerente em tatear um evento amedrontador.
Negação
• No caso da negação, questões diretas ou dicas
do terapeuta não funcionarão como estímulo
discriminativo.
• A melhor forma é acompanhar o relato do
cliente e tentar determinar a fonte do
problema corrente.
Relações funcionais perturbadoras
• Mando inadequado:
– Comportamento manipulativo: mando disfarçado de tato;
– O termo manipulativo não agrada aos analistas do
comportamento, tendo em vista que todo comportamento
verbal é manipulativo no sentido de ser emitido porque
produziram conseqüências positivas ou esquiva de
conseqüências negativas no passado.
– O comportamento se torna perturbador quando o
resultado em longo prazo é quebra de relações
interpessoais.
• Obs.: Geralmente o comportamento manipulativo gera reforço
porque não permite uma resposta negativa do ouvinte.
Mando Inadequado
• Comportamento de fazer exigências:
• O cliente demanda diretamente atenção, ajuda, elogio,
dinheiro ou outros reforçadores em uma freqüência alta.
• Adultos e crianças demandam ajuda quando não
precisam. O reforço para tal mando pode ser atenção
correlacionada com a ajuda, ou o menor esforço que
a tarefa requer quando alguém faz a parte mais difícil
ou a parte que falta.
• Tal comportamento impede iniciativas maduras e
tomada de autonomia.
Relações funcionais Perturbadoras

• Intraverbais recorrentes: o indivíduo conversa


com ele mesmo e não se atém às mudanças
no ambiente
– Repetição de regras;
– Visão pessimista de mundo;
– Auto-imagem distorcida.
Comportamento Governado
Verbalmente
Regras: Descrição verbal da
contingência
Regras como estímulo discriminativo

• Regras são estímulos especificadores de contingências que


funcionam como estímulos discriminativos fazendo parte de
um conjunto de contingências de reforço.
• Necessidade de especificar: a resposta que se quer emitida, a
consequência e a ocasião
• No entanto, é possível que uma regra seja seguida sem que
haja a especificação de alguns dos elementos, pois a
aprendizagem prévia capacita as pessoas a inferir os
elementos ausentes.
• E.g., Parem de usar o celular durante a aula...
Regra como operação estabelecedora

• A regra pode aumentar ou diminuir o valor


reforçador de um determinado estímulo.
• E.g., Jogue na Mega Sena que você pode ficar
milionário...
Regras
1. Fornecem uma forma rápida de ajudar ou
controlar respostas do outro que geralmente
são reforçadoras para quem apresenta a regra
2. Pode ter efeito imediato
3. Facilitam e mantêm a aprendizagem quando a
consequência está em longo prazo
4. Diminuem o tempo de aprendizagem diante
de um evento que pode ter consequências
aversivas
Comportamento governado por regras X Comportamento
modelado pelas contingências

• Regras são aprendidas mais rapidamente


• As regras tornam mais fácil o aproveitamento de
semelhanças entre contingências, enquanto o
processo de generalização pode prover uma
resposta fraca
• As regras têm valor quando as contingências são
complexas, pouco claras ou quando não são
muito efetivas
• A pessoa que segue instruções acata conselhos,
atende advertências ou obedece a regras ou a leis
Estabelecimento do comportamento
governado por regras

• O comportamento governado por regras


deve ser primeiro modelado pelo agente
que controla

• É necessária uma história passada de seguir


instruções
Sensibilidade comportamental
• As regras podem produzir uma redução na
sensibilidade comportamental às
contingências
• Quando as contingências mudam e o
comportamento não se altera, diz-se que o
comportamento é insensível às contingências
Quando usar regras na clínica
• As regras devem ser utilizadas em situações
muito específicas, é necessário que haja
justificativas claras para a sua utilização.
• A intervenção por regras é mais rápida, mas é
possível levar o cliente a chegar à mesma
conclusão sem que o terapeuta formule a
regra para ele.
Quando as regras são seguidas
• Dependência:
– Quando o terapeuta diz ao cliente o que fazer, não
cria condições para que o próprio encontre as
suas soluções.
– O terapeuta não cria condições para que o cliente
aprenda a analisar a situação de modo a
identificar as variáveis controladoras do seu
comportamento e os possíveis cursos de ação a
partir de tal análise, sendo necessário que o
terapeuta execute esta tarefa para ele.
Quando as regras são seguidas
• Insensibilidade:
– As contingências descritas pela regra formulada
pelo terapeuta podem se modificar.
– Sob o controle da regra do terapeuta, o
comportamento descrito na regra pode demorar
muito para se adaptar à nova contingência, ou até
mesmo, pode não se adaptar.
Quando as regras são seguidas
• Submissão ou baixa assertividade:
– O uso de regras pode estar relacionado à
dificuldade dos clientes de argumentar em favor
das próprias opiniões ou até de dizer “não”.
– Pessoas que provavelmente foram punidas no
passado ao discordarem de opiniões,
principalmente as proferidas por figuras de
autoridade (e.g., terapeuta), tenderão a assentir,
mesmo que a opinião do outro não faça o menor
sentido para elas.
Quando as regras são seguidas
• Quando tudo dá errado:
– Terapeuta fornece uma regra que, quando seguida
pelo cliente, não produz as conseqüências
descritas.
– Situações como essas podem ser desastrosas para
o vínculo terapêutico e para a relação de
confiança entre o cliente e o terapeuta.
Quando as regras não são
seguidas
• Formulação da autorregra: “sou
incompetente”
– Muitos clientes concordam plenamente com as
regras impostas pelo terapeuta.
– O problema, na maioria das vezes, não é saber o
que fazer, e sim, como fazer.
– O controle pelas contingências é mais forte que o
controle pelas regras.
Quando as regras não são
seguidas
• Distorção do tato:
– A contingência próxima pode aumentar a
probabilidade de emissão do comportamento de
relatar o seguimento da regra, mesmo quando
não foi seguida.
– Como o terapeuta não tem meios de verificar se a
regra foi ou não seguida, ele pode reforçar o
relato do seguimento e não o seguimento da regra
em si.
Quando as regras não são
seguidas
• Resistência:
– Muitos clientes podem considerar a situação de
controle (terapeuta dizer-lhes o que deve ser
feito) como extremamente agressivo.
– Ao levar o cliente a formular uma autorregra, a
probabilidade de segui-la é muito maior.
Quando as regras não são
seguidas
• Correspondência entre dizer e fazer:
– Ao se modificar o comportamento verbal que
descreve contingências, ou seja, ao se apresentar
ou modificar regras, não necessariamente o
comportamento descrito por ela se modificará.
Autorregras
Autorregras
• Quando a descrição verbal das contingências são
formuladas ou reformuladas pelos indivíduos
cujo comportamento passam a controlar, dizemos
que estas descrições são autorregras.
• Autorregras exemplificam o caso em que parte do
repertório (no caso, verbal) comportamental
afeta outra parte do repertório do próprio
indivíduo (verbal e não-verbal).
Autorregras
• Autorregras podem ser explícitas (públicas) ou
encobertas (pensamentos).
• A comunidade verbal também pode
estabelecer contingências planejadas para
modelar estas descrições verbais do
comportamento feitas pelo e para o próprio
indivíduo.
Por que as pessoas formulam autorregras?

• Um indivíduo cujo comportamento é


suscetível a um conjunto de contingências
pode formular autorregras a respeito destas
contingências porque ele pode reagir mais
eficazmente quando o controle pelas
contingências estiver enfraquecido.
Qual o papel da comunidade verbal?

1. A comunidade verbal pode questionar


retrospectivamente o indivíduo sobre quais
autorregras ele utilizou para controlar outros
comportamentos e reforçá-lo pela
correspondência entre esses outros
comportamentos e seus relatos acerca deles.
Qual o papel da comunidade verbal?

2. Ela também pode solicitar aos indivíduos que


estabeleçam planos que serão utilizados no
futuro para orientar seu comportamento em
uma determinada situação e posteriormente
também reforçar uma correspondência entre
o comportamento verbal e não-verbal.

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