Você está na página 1de 3

ÉTICA E A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

Profa. Ana Carolina Macalli

RESUMO

ABA é uma ciência e sendo uma ciência, ao adotar uma posição de


trabalhar com esta, é preciso ter rigor, ética, seriedade e compromisso com a
verdade. No Brasil, ainda não existe nenhuma lei promulgada que dispõe sobre
o analista do comportamento, então essa categoria de atuação está
desregulamentada no país. Dessa forma, os profissionais devem seguir os
códigos de ética referentes à sua profissão.
De acordo com Risolía (2016), uma opção seria seguir o Código de
Disciplina Profissional e Ética para Analistas do Comportamento do Behavior
Analyst Certification Board – BACB, uma corporação sem fins lucrativos
sediada nos Estados Unidos e criada em 1998 para atender às necessidades
de credenciamento profissional identificadas por analistas de comportamento e
consumidores de seus serviços.
O Código inclui 10 sessões relevantes para o comportamento
profissional e ético de analistas de comportamento, além de um glossário de
termos. Instituiu também que a partir de 1º de janeiro de 2016 todos os
candidatos e certificadores seriam obrigados a aderir ao Código. Conforme o
documento (BACB, 2014) estabelece, e para Risolía (2016) os seguimentos do
Código referem-se a:

1 - Conduta Responsável do Analista do Comportamento: As práticas


profissionais precisam ser baseadas em conhecimento científico.

2 - Responsabilidades do Analista do Comportamento junto aos clientes:


Importância da confidencialidade. Nenhum dado identificável sobre qualquer
cliente pode ser divulgado.

3 - Avaliando o Comportamento: Os analistas do comportamento que usam


técnicas de avaliação analítico-comportamental o fazem para fins que são
apropriados dada a pesquisa atual.

1
4 - Analista do Comportamento e o Programa de Modificação do
Comportamento: Envolver e receber autorização dos responsáveis para o
planejamento dos programas e para sua implementação.
5 - Analistas do Comportamento Enquanto Supervisores: Devem assumir total
responsabilidade em todos os aspectos que envolvem essa função.
6 - Responsabilidade Ética dos Analistas do Comportamento para com o
campo da Análise do Comportamento.
7 - Responsabilidade Ética dos Analistas do Comportamento para com os
colegas.
8 - Declarações Públicas: Os analistas de comportamento cumprem este
Código em declarações públicas relacionadas aos seus serviços profissionais,
produtos, ou publicações, ou para a profissão de análise do comportamento.
9 - Analistas do Comportamento e Pesquisa: Os analistas comportamentais
projetam, conduzem e relatam pesquisas de acordo com os padrões
reconhecidos de competência científica e pesquisa ética.
10 - Responsabilidade dos Analistas do Comportamento para com o BACB: Os
analistas do comportamento devem cumprir este Código e todos os padrões e
regras do BACB.
Em relação ao desenvolvimento do trabalho em Análise do
Comportamento Aplicada (ABA), no ano de 2019, a Comissão de
Desenvolvimento Atípico apresentou à Comunidade analítico-comportamental
brasileira a versão mais atualizada dos critérios para a obtenção de uma
acreditação específica para prestadores de serviço em ABA ao
desenvolvimento atípico/TEA da Associação Brasileira de Psicologia e
Medicina Comportamental – ABPMC. Esse documento traz a caracterização
dos papéis, suas atribuições e respectivas qualificações para a atuação de
todos os agentes de ensino e estabelece os seguintes critérios: analista do
comportamento - supervisor; analista do comportamento - assistente e o
aplicador/técnico. O supervisor é responsável por desenvolver e gerenciar a
intervenção baseada em ABA. Deve apresentar título de Mestrado ou
Doutorado em Análise do Comportamento ou Título de BCBA fornecido pelo
Behavior Analyst Certification Board (BACB). Ter cursado disciplinas de Análise
do Comportamento realizadas em cursos de pós-graduação Stricto e/ou Lato
Sensu e graduação na área da saúde e educação que tenham conselho

2
representativo de classe. O assistente é responsável por auxiliar o Supervisor a
operacionalizar a implementação da intervenção baseada em ABA. Mas, ele
não tem autonomia para tomada de decisão em relação à avaliação, ao
planejamento e à implementação da intervenção. E, o aplicador é Responsável
pela aplicação de procedimentos elaborados pelo Supervisor. É o membro da
equipe que viabiliza a realização do número de horas necessárias para a
intervenção acontecer. Não tem autonomia para tomada de decisão em relação
à avaliação, ao planejamento e à implementação da intervenção. Além disso,
ele precisa ter concluído o ensino médio e feito cursos livres de Análise do
Comportamento com temas relevantes à sua prestação de serviços com carga
horária mínima de 60h.
Em relação aos conhecimentos que esses profissionais precisam ter
para atuar com a análise do comportamento aplicada, o Analista do
Comportamento - Supervisor precisa deter conceitos avançados em Análise
do Comportamento, Legislação vigente sobre os direitos das pessoas com
deficiência, pesquisa e análise de artigos científicos e conhecimentos
específicos sobre prevenção à violência e sexualidade. Avaliação inicial e
continuada, anamnese comportamental, desenvolvimento de PEI/Currículo e
avaliação de qualidade de serviço. Delineamento de intervenções direcionadas
para a população alvo, análise de dados e monitoramento de intervenção,
tratamento de dados e práticas baseadas em evidências. E, também, treino de
assistentes, aplicadores, cuidadores e professores. Habilidades de supervisão
e de coordenação de equipe. Já o Analista do Comportamento - Assistente
precisa dominar a Análise Funcional, Desenvolvimento Infantil e Características
Diagnósticas – TEA. Avaliação Direta e Indireta e Protocolos de Avaliações
Comportamentais. Técnicas para o ensino de novos comportamentos, técnicas
para minimizar comportamentos e Manejo de Comportamento. Enquanto o
Aplicador/técnico, deve dominar Conceitos Básicos da Análise do
Comportamento e Comportamento Verbal. Técnicas de observação e registro e
Medidas do Comportamento. Conduta Ética na prestação de serviços em ABA.
Por fim, esse documento divulgado em 2019, afirma que nos próximos
três anos será elaborado um código de ética para os profissionais que atuam
com a análise do comportamento.

Você também pode gostar